O
primeiro-ministro, António Costa, reiterou hoje, no Luxemburgo, que Jeroen
Dijsselbloem "não tem a menor condição" para continuar a presidir ao
Eurogrupo, e lamentou que o político holandês nem sequer se retrate das ofensas
dirigidas aos países do sul.
"O
presidente do Eurogrupo deve ser um mobilizador, e não um fator de divisão. O
senhor Dijsselbloem já mostrou por diversas vezes que não é capaz de ser um
mobilizador, e desta vez foi particularmente ofensivo relativamente aos países
do sul. E, falando muito francamente, pior do que ele disse ao [jornal]
Frankfurter Allgemeine Zeitung, são as explicações que tentou dar, pois
demonstraram que ele não compreende o que fez e como ofendeu profundamente os
povos do sul da Europa", declarou António Costa.
O
primeiro-ministro português falava numa conferência de imprensa conjunta com o
seu homólogo luxemburguês, Xavier Bettel.
Respondendo,
em francês, a questões de jornalistas luxemburgueses sobre a oposição do
Governo português à continuidade de Dijsselbloem à frente do fórum de ministros
das Finanças da zona euro, Costa disse que é primeiro-ministro de um país
"que sofreu uma profunda crise nos últimos anos e fez um esforço
incrível" para reduzir o défice de 11,5% para 2,1% do Produto Interno Bruto
(PIB).
Um
país que "sofreu medidas de austeridade muito duras", permanecendo
ainda assim profundamente europeísta, pelo que não pode "tolerar" as
declarações do presidente do Eurogrupo, considerou o chefe do executivo
português.
"Por
isso, não podemos aceitar as palavras do senhor DIjsselbloem e, sobretudo, não
podemos aceitar como presidente do Eurogrupo alguém que nem sequer compreendeu
o erro que cometeu", criticou.
Costa
referiu ainda que o Governo português tem registado que o pedido de demissão
foi apoiado "por todos os grupos parlamentares no Parlamento Europeu, com
uma única exceção" (Liberais) e que "é evidente, quer pelos
resultados eleitorais na Holanda, quer pelo processo de formação de governo na
Holanda, que algo vai acontecer".
"A
nossa posição está dita, é a posição que temos, e o senhor Dijsselbloem não tem
a menor condição para exercer as funções que está a exercer", declarou.
Já
o primeiro-ministro luxemburguês, questionado se apoia o pedido de demissão
formulado pelo Governo português, considerou que o Eurogrupo é a sede própria
para se discutir a questão e que cabe aos ministros das Finanças da zona euro
decidir se Dijsselbloem tem ou não condições para continuar.
Na
terça-feira, Dijsselbloem reiterou que nunca foi sua intenção ofender os países
do sul da Europa, insistiu que as suas declarações foram mal interpretadas, e
disse estar totalmente empenhado em prosseguir as suas funções.
Numa
altura em que se encontra sob um coro de críticas do Parlamento Europeu, na
sequência da entrevista ao jornal Frankfurter Zeitung, mas também por não se
ter disponibilizado a participar esta semana num debate no hemiciclo de
Estrasburgo sobre o programa de assistência à Grécia, Dijsselbloem dirigiu hoje
uma carta a dois eurodeputados espanhóis que o haviam interpelado em 27 de
março passado, após ter dito que não se pode pedir ajuda depois de se gastar
todo o dinheiro em álcool e mulheres.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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