Olá,
este é o Curto do costume. Pois foi, em vez de bom dia dizemos olá. Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades (como diz o poeta). Não temos vontade de vos saudar com um
bom dia devido ao adiantado da hora, para isso diríamos boa tarde, que seria o
correto. Mas não, um sonoro olá é um mimo de fazer crescer a simpatia e a
empatia. Note, até estamos a sorrir para si.
Por
sorriso, lá se vai ele quando concluímos que os resultados eleitorais em França
foram o que se esperava: ou vencia um ou outro dos candidatos à direita. Ou Le Pen ou Macron.
Como sabem foi Macron, o banqueiro. Disso já tem no PG água pelas barbas no
texto que se segue ao Curto, do Expresso. Andam todos muito contentinhos por
via da vitória de Macron. Está bem, depois falamos. Daqui por uns meses ou um
ano (no máximo) de certeza que já haverá desilusões nos tais contentinhos de
agora, Pois. Macron vai alinhar à direita, bem à direita. Não julguem que esta
afirmação é exagerada. Pensem. Quem é aquele Macron? Pois.
Uma
amiga, Mercedes Rodriguez Perez, abordou no Facebook a eleição de Macron “banqueiro uma vez, banqueiro toda
a vida”, dizemos nós. Diz ela: “Este homem, suportado pelas grandes empresas e porta-estandarte
do neoliberalismo será o encarregado de abrir as portas do fascismo na França
daqui a 5 anos.”
Mais
ainda: “Macron é o prolongamento da classe política das oligarquias da Troika
Europeia e sua defesa dos poderosos. Em prejuízo das classes trabalhadoras
continuará a aumentar as graves divisões sociais e culturais no país vizinho...
Sopram ventos obscuros para todos.” Pois sopram.
É verdade. Teremos oportunidade de testemunhar.
Olá,
adeusinho e até ao nosso regresso. Amanhã. Leia o Curto, pela mão de João
Silvestre, do Expresso (só pode), aparentemente todo contentinho por Macron. Aliás, estas
exultações Macron fazem mesmo parte do interesse do sistema glutão das
liberdades, da democracia, dos direitos dos cidadãos. O João, como tantos
outros, fica muito bem na “fotografia”. Daqui por uns tempos logo veremos se está ou não todo esborratado… Pois.
MM
| PG
Olá,
este é o Expresso Curto
Vive la France!
João
Silvestre | Expresso
Bom
dia,
Macron ganhou, Le Pen perdeu. Isso é uma boa notícia, uma grande notícia. Viva a França, vive la France. Era o que diziam as sondagens mas, já se sabe, as sondagens falham. E muito. Desta vez não falharam e a candidata da extrema-direita não ganhou mesmo. Mas acabou com 35% dos votos, qualquer coisa como 11 milhões de franceses que colocaram a cruz no quadradinho da Frente Nacional. E esta é a parte triste da história de uma eleição onde, pelo caminho, ficaram os partidos tradicionais e venceu um candidato que veio do centro político sem um partido por trás. Para recordar o filme da noite pode ver a cobertura, em direto, do Expresso online. Veja também como votaram os franceses no Le Monde e no The New York Times. Já o El País apresenta a noite eleitoral em fotografias. Reveja também o discurso de Emmanuel Macron no Público.
Pode-se discutir o percurso de Macron, as suas ideias, acusá-lo de ser liberal, ultraliberal, neo-liberal, ex-banqueiro, um homem da TINA (There Is No Alternative, não há alternativa), um futuro fantoche nas mãos de Merkel. Tudo pode ser dito. Não interessa sequer se faz sentido, se é justo ou se é acertado. Mas é legítimo. Pelo menos numa França que não é dirigida por Marine Le Pen e pela sua Frente Nacional. E essa é a grande vitória da noite.
A reação de vários líderes mundiais foi de satisfação. O Presidente da República português enviou uma mensagem de felicitações a Macron onde sublinhou a “vitória da Democracia e do Estado de Direito” e “dos mais elementares valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. António Costa, através do Twitter, felicitou Macron por aquilo que considerou uma “boa notícia para a França, para a Europa e para Portugal”. Também os partidos políticos portugueses reagiram.
As mensagens vieram de todo o Mundo. A Primeira-ministra britânica, Theresa May, foi uma das primeiras a fazê-lo. O The Guardian faz o resumo das felicitações. Donald Trump tweetou e felicitou Macron, mostrando desejo de poder trabalhar com ele.
Passada esta segunda volta das presidenciais começam as interrogações sobre o futuro. E a primeira de todas consiste em saber como irá este voto em Macron traduzir-se em termos legislativos. Já Marine Le Pen, no seu discurso da noite, anunciou a criação de uma nova força política. A primeira volta das legislativas está agendada para 11 de Junho.
Uma das surpresas da noite foi o sucesso do ‘partido’ dos brancos e nulos que chegou aos 12%. Um valor histórico, lembrou o Le Monde, que analisou o comportamento destes votos nas últimas décadas. O que vai acontecer agora é uma das principais questões colocadas em toda a imprensa nacional e internacional. Pode ler, por cá, no Expresso, no Público, no i, no Observador ou no DN. E lá fora, por exemplo, na edição europeia do Politico, no Financial Times, no The Wall Street Journal ou na revista The Atlantic.
Na opinião, a eleição esteve também naturalmente em destaque. Algumas sugestões apenas: Tony Barber no FT fala sobre a “vitória incompleta” de Macron; Clara Ferreira Alves no Expresso pede que se celebre “com champanhe”; Alexis Brezet (diretor do Le Figaro) quer os olhos postos nas legislativas; Rui Tavares no Público avisa que pode ser uma última oportunidade para a Europa.
Sobre o programa que Macron poderá aplicar há já muitos artigos publicados. O Le Monde, por exemplo, apresenta as principais linhas do seu programa e também faz uma shortlist daquelas que poderão ser mais difíceis de concretizar. Como é o caso da proibição de telemóveis em escolas, da tributação das multinacionais pelos lucros gerados em França ou da introdução do método proporcional no apuramento de deputados nas legislativas. O Público deu destaque a um trabalho da Reuters sobre o programa centrista do mais novo presidente francês de sempre. Já o francês Les Echos elege as 10 principais medidas.
Além do programa interessa também saber que será o primeiro-ministro de Macron. O Le Figaro deixa alguns palpites. Um dos potenciais ministros das Finanças é Jean Pisani-Ferry, economista, ex-diretor do influente think tank belga Bruegel e que é um dos conselheiros económicos do presidente eleito. Para se ter uma ideia das suas ideias políticas pode-se dar um saltinho ao site académico Vox que reuniu precisamente alguns dos seus escritos nos últimos anos. Bem como de Phillipe Martin, outro dos assessores económicos de Macron. Pisani-Ferry defende reformas na Europa, como a criação de um Fundo Monetário Europeu ou algum tipo de mutualização de dívida, mas quer regras orçamentais apertadas e não propõe grandes ruturas a nível europeu.
As eleições francesas estão na primeira página dos jornais portugueses: “França marcha com Macron e dá esperança à Europa” (Público); “Alívio”(DN); “Macron promete restaurar os laços entre Europa e cidadãos”(JN); “Macron derrota Le Pen. Europa respira de alívio”(i); “Emmanuel Macron, Monsieur Le President” (Jornal de Negócios). E também dos internacionais, como se pode ver na ronda feito pelo britânico The Guardian.
Macron ganhou, Le Pen perdeu. Isso é uma boa notícia, uma grande notícia. Viva a França, vive la France. Era o que diziam as sondagens mas, já se sabe, as sondagens falham. E muito. Desta vez não falharam e a candidata da extrema-direita não ganhou mesmo. Mas acabou com 35% dos votos, qualquer coisa como 11 milhões de franceses que colocaram a cruz no quadradinho da Frente Nacional. E esta é a parte triste da história de uma eleição onde, pelo caminho, ficaram os partidos tradicionais e venceu um candidato que veio do centro político sem um partido por trás. Para recordar o filme da noite pode ver a cobertura, em direto, do Expresso online. Veja também como votaram os franceses no Le Monde e no The New York Times. Já o El País apresenta a noite eleitoral em fotografias. Reveja também o discurso de Emmanuel Macron no Público.
Pode-se discutir o percurso de Macron, as suas ideias, acusá-lo de ser liberal, ultraliberal, neo-liberal, ex-banqueiro, um homem da TINA (There Is No Alternative, não há alternativa), um futuro fantoche nas mãos de Merkel. Tudo pode ser dito. Não interessa sequer se faz sentido, se é justo ou se é acertado. Mas é legítimo. Pelo menos numa França que não é dirigida por Marine Le Pen e pela sua Frente Nacional. E essa é a grande vitória da noite.
A reação de vários líderes mundiais foi de satisfação. O Presidente da República português enviou uma mensagem de felicitações a Macron onde sublinhou a “vitória da Democracia e do Estado de Direito” e “dos mais elementares valores da Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. António Costa, através do Twitter, felicitou Macron por aquilo que considerou uma “boa notícia para a França, para a Europa e para Portugal”. Também os partidos políticos portugueses reagiram.
As mensagens vieram de todo o Mundo. A Primeira-ministra britânica, Theresa May, foi uma das primeiras a fazê-lo. O The Guardian faz o resumo das felicitações. Donald Trump tweetou e felicitou Macron, mostrando desejo de poder trabalhar com ele.
Passada esta segunda volta das presidenciais começam as interrogações sobre o futuro. E a primeira de todas consiste em saber como irá este voto em Macron traduzir-se em termos legislativos. Já Marine Le Pen, no seu discurso da noite, anunciou a criação de uma nova força política. A primeira volta das legislativas está agendada para 11 de Junho.
Uma das surpresas da noite foi o sucesso do ‘partido’ dos brancos e nulos que chegou aos 12%. Um valor histórico, lembrou o Le Monde, que analisou o comportamento destes votos nas últimas décadas. O que vai acontecer agora é uma das principais questões colocadas em toda a imprensa nacional e internacional. Pode ler, por cá, no Expresso, no Público, no i, no Observador ou no DN. E lá fora, por exemplo, na edição europeia do Politico, no Financial Times, no The Wall Street Journal ou na revista The Atlantic.
Na opinião, a eleição esteve também naturalmente em destaque. Algumas sugestões apenas: Tony Barber no FT fala sobre a “vitória incompleta” de Macron; Clara Ferreira Alves no Expresso pede que se celebre “com champanhe”; Alexis Brezet (diretor do Le Figaro) quer os olhos postos nas legislativas; Rui Tavares no Público avisa que pode ser uma última oportunidade para a Europa.
Sobre o programa que Macron poderá aplicar há já muitos artigos publicados. O Le Monde, por exemplo, apresenta as principais linhas do seu programa e também faz uma shortlist daquelas que poderão ser mais difíceis de concretizar. Como é o caso da proibição de telemóveis em escolas, da tributação das multinacionais pelos lucros gerados em França ou da introdução do método proporcional no apuramento de deputados nas legislativas. O Público deu destaque a um trabalho da Reuters sobre o programa centrista do mais novo presidente francês de sempre. Já o francês Les Echos elege as 10 principais medidas.
Além do programa interessa também saber que será o primeiro-ministro de Macron. O Le Figaro deixa alguns palpites. Um dos potenciais ministros das Finanças é Jean Pisani-Ferry, economista, ex-diretor do influente think tank belga Bruegel e que é um dos conselheiros económicos do presidente eleito. Para se ter uma ideia das suas ideias políticas pode-se dar um saltinho ao site académico Vox que reuniu precisamente alguns dos seus escritos nos últimos anos. Bem como de Phillipe Martin, outro dos assessores económicos de Macron. Pisani-Ferry defende reformas na Europa, como a criação de um Fundo Monetário Europeu ou algum tipo de mutualização de dívida, mas quer regras orçamentais apertadas e não propõe grandes ruturas a nível europeu.
As eleições francesas estão na primeira página dos jornais portugueses: “França marcha com Macron e dá esperança à Europa” (Público); “Alívio”(DN); “Macron promete restaurar os laços entre Europa e cidadãos”(JN); “Macron derrota Le Pen. Europa respira de alívio”(i); “Emmanuel Macron, Monsieur Le President” (Jornal de Negócios). E também dos internacionais, como se pode ver na ronda feito pelo britânico The Guardian.
OUTRAS
NOTÍCIAS
Cá dentro
Por cá, ontem foi dia de futebol e com algumas emoções. À noite, enquanto o mundo - os benfiquistas talvez não tanto – acompanhavam os primeiros resultados das eleições francesas, o Benfica vencia o Rio Ave com um golo solitário de Jiménez a 15 minutos do fim (confira todos os detalhes no site do Record). Está agora a uma vitória do título. Mas Rui Vitória não quer embarcar em euforias antes do tempo. A propósito, leia também a crónica do jogo do Azar do Kralj na Tribuna do Expresso. Onde também não deve perder, já agora, a crónica do jogo do Sporting na manhã de ontem e que terminou com uma derrota por 1-3 com o Belenenses. Uma manhã que não caiu bem a todos. Faz lembrar a história de um outro atleta (na altura do Sporting, agora do Benfica): “Já cheguei à conclusão que, de manhã, só estou bem é na caminha.” Lembra-se? Se não se lembra reveja aqui (ao segundo 26).
Domingo à noite é dia de comentário de Marques Mendes na SIC e, como é habitual, o comentador trouxe algumas novidades. Começou por assegurar – tal como António Costa já tinha feito na semana passada – que Portugal vai mesmo sair do Procedimento por Défice Excessivo no final deste mês. Marques Mendes disse também que o PS convidou, sem sucesso, Júlio Magalhães, diretor do Porto Canal, para se candidatar à Câmara do Porto. O partido já desmentiu.
Outras notícias: o PSD quer que governo lance campanha de vacinação; o Bloco de Esquerda insiste quea revisão dos escalões de IRS deve avançar; Salgado procurou ajuda no Dubai contra OPA da PT; Pablo Carreño Busta venceu o Estoril Open.
Machetes dos jornais: “Investigadores e docente do superior também vão poder entrar no Estado” (Público); “Combustíveis simples detém 70% do mercado”(DN); “Fronteiras: Combater crime só no horário de expediente”(JN); “19 milhões por dia em combustível” (Correio da Manhã); “”(i); “Salgado procurou no Dubai aliados contra a OPA” (Jornal de Negócios); “Cheira a festa”(Recorde); “Está quase”(A Bola); “Jiménez acende a Luz”(Jogo)
Lá fora
Num dia marcado pelas eleições presidenciais francesas, houve ainda assim outras notícias. Na Venezuela, o político da oposição Leopoldo Lopéz foi finalmente visitado na prisão depois de vários dias sem contactos e até com rumores sobre a sua morte. A situação no país continua a ferro e fogo. A sua mulher diz que está “vivo e de boa saúde”.
Dos EUA chegam duas notícias de temas completamente desligados ambas no Financial Times: o banco Goldman Sachs é o maior beneficiado com o prazo alargado para cumprir a regra Volcker que limita as operações arriscadas que os bancos podem fazer; o número de estudantes estrangeiros nas escolas de negócios está a cair devido às maiores restrições à entrada no país.
O partido de Angela Merkel derrotou os sociais-democratas do SPD nas eleições regionais do estado alemão Schleswig-Holstein. Em Espanha, o El Pais conta como a política externa está a complicar a vida ao Podemos.
FRASES
“Meus amigos, vou servir-vos com humildade, com força, em nome da nossa divisa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Vou servir-vos com amor. Viva a República! Viva a França!”, Emmanuel Macron, Presidente eleito francês
“Apelo a todos os patriotas a juntarem-se a nós para participar no combate político decisivo que começa esta noite. Comprometo-me a apostar numa transformação do nosso movimento com o intuito de constituir uma nova força política”, Marine Le Pen, Líder da Frente Nacional e derrotada na eleição de ontem
O QUE ANDO A LER
Em 2012, Eike Batista era o homem mais rico do Brazil e um dos dez mais ricos do planeta. Tinha uma fortuna avaliada em 30 mil milhões de dólares (€27 mil milhões). Agora Eike, como é conhecido e tratado no Brazil, está em prisão domiciliária, acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. E as suas empresas estão falidas desde 2014. Esteve preso da prisão de Bangu 9 e saiu no final de abril. Mas tem um prazo curto para pagar uma fiança de 52 milhões de reais (€15 milhões) – que Eike alega não ter – senão poderá regressar a cadeia.
“Brazilionaires”, publicado ano passado por Alex Cuadros, é uma visita à história dos milionários brasileiros num país onde a pobreza vive paredes meias com as mais descaradas demonstrações de riqueza extrema. Cuadros é jornalista e durante anos trabalhou para a agência Bloomberg em São Paulo.
Ao longo de quase 300 páginas conta alguns episódios – como o atropelamento de um ciclista pobre pelo filho de Eike num McLaren SLR (que valia mais de um milhão de euros) e a forma como as autoridades foram compreensivas com ele – mas descreve também o ciclo de rápida prosperidade do Brasil. Melhorou a vida de muita gente mas não foi suficiente para acabar com todos os problemas. Longe disso. E, pior, acabou.
Como Cuadros bem lembra, a revista The Economist fez capa no final de 2009 com o Cristo Redentor a levantar voo e o título “Brazil takes off” (“O Brasil levanta voo”). Nesse ano, o ano da Grande Recessão global, o PIB brasileiro caiu. Mas em 2010 voltou a crescer e logo a um ritmo de 7,5%. O pior veio depois. A economia entrou no vermelho em 2015 e nos dois últimos anos já acumulou uma queda superior a 7%.
E depois há toda a corrupção, os escândalos e os políticos envolvidos. A história dos bilionários brasileiros é a história recente do Brasil, para o bem e para o mal. E Alex Cuadros, apesar de americano, fala português e pontua o seu texto com palavras e expressões brasileiras. Para tentar captar o espírito do nosso país irmão.
A informação vai continuar aqui, em tempo real, no Expresso Online e, como sempre, teremos os principais temas do dia no Expresso Diário às 18 horas. Tenha um excelente dia.
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