Pelo
menos uma pessoa morreu, cerca de 10 estão feridas e mais de 50 foram presas
este sábado em duas províncias durante as manifestações que exigiam a autonomia
da região conhecida como Lunda Tchokwe.
Sábado
violento em Angola. A Polícia Nacional, em colaboração com as Forças Armadas
Angolanas (FAA), reagiu com balas de fogo a uma série de manifestações
convocadas pelo Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, na manhã deste sábado
(24.06), nas províncias do Moxico, Lunda Norte e Lunda Sul.
Pelo
menos uma pessoa foi morta, outra foi baleada na cabeça e encontra-se neste
momento sob cuidados médicos numa unidade hospitalar, enquanto outros oito
manifestantes estão gravemente feridos. Mais de 50 pessoas foram detidas
durante a ação das autoridades de segurança.
A
reportagem da DW África em Angola constatou que na província do Moxico não se
registou nenhum incidente. Contudo, a cidade de Luena, capital da província,
foi sitiada pelas forças de segurança.
As
manifestações visavam exigir o fim das perseguições permanentes e prisões
arbitrárias contra os ativistas do movimento, assim como a abertura de um
diálogo com o Governo angolano para o restabelecimento da autonomia da região
de Lunda Tchokwe, que compreende as províncias ricas em diamante e madeira,
nomeadamente as Lundas Norte e Sul, Moxico e Cuando Cubango.
Violência
policial
À
DW África, José Mateus Zecamutchima, presidente do movimento que reivindica a
autonomia da região diamantífera angolana, descreveu a situação no terreno.
"A
Polícia abriu mesmo fogo contra os manifestantes. Aqui no Saurimo, província da
Lunda Sul, estão presas quatro pessoas. Em Canfunfu – Lunda Norte, temos oito
feridos. Também na Lunda Norte, no município do Cuango, temos mais de 50
pessoas presas e aqui a polícia disparou mortalmente contra o senhor Pimbi, de
35 anos, que é pai de quatro filhos".
Ainda
de acordo com o relato de Zecamutchima, há outros dois feridos em estado grave
no hospital, um deles o senhor que foi baleado na cabeça.
A
situação neste momento é de grande agitação e tumulto. A população está
bastante revoltosa e as autoridades policiais não dão sinais de abrandamento na
reação brutal com que investiu contra os manifestantes.
As
três províncias onde decorreram as manifestações estão praticamente sitiadas
com elementos das forças de segurança, Polícia de Intervenção Rápida e vários
soldados da Polícia Militar, assim como vários agentes dos serviços de
inteligência à paisana.
Liberdade
Apesar
desta situação tumultuosa, o líder do Movimento do Protectorado revela-se firme
em continuar com as manifestações na região, por considerar estar em causa a
defesa dos direitos e das liberdades dos povos daquela região.
"Seguramente
que vamos continuar a ter esse comportamento da polícia. Agora eu não posso
desmoralizar o povo. O regime é que deve parar de disparar contra aqueles que
estão a se manifestar livremente e que estão somente a exigir os seus direitos.
Eu não posso mandar as pessoas parar. O povo está a manifestar-se sem armas e
ninguém está a atirar pedras à polícia. Ninguém fez vandalismo", declarou
Zecamutchima.
Por
outro lado, Zeca Mucamutchima, diz-se apreensivo com a sua falta de segurança.
"Estou
aqui nas Lundas sem segurança, aliás, tenho estado a explicar isso a todo o
momento daquilo que temos estado a viver. Como explico a comunidade nacional e
internacional, essa manifestação não foi espontânea. Nós escrevemos ao
Presidente da República, no dia 12 de junho, anunciado a realização desta
manifestação, distribuímos documentos a todos os governos e comandos
provinciais da região. Portanto, não compreendemos por que é que hoje no dia da
manifestação indicada a polícia vem disparar indiscriminadamente contra a
população", questiona-se.
A
DW entrou em contato com o Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola,
Ambrósio de Lemos, mas obteve resposta.
Nelson
Sul d'Angola (Luanda) | Deutsche Welle
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