Martinho Júnior | Luanda
No
momento em que em Astana uma emergência progressista com uma geoestratégia que
busca equilíbrio para o século XXI ganha expressão e impulso, Hamburgo expõe-se
como uma decrepitude bárbara, vassala e feudal que já a ninguém consegue
iludir, ao esconder-se no rótulo estafado de auto proclamada “civilização
judaico-cristã ocidental”
1-
Pode ainda não significar que à barbárie exposta no “Grupo dos 20” a
humanidade conseguiu encontrar um paradigma justo e sustentável de civilização
ajustado à “Organização da Conferência de Xangai”, como é óbvio e se
tivermos em conta quanto a revolução industrial e a nova revolução tecnológica,
tocadas pelas contradições infindáveis do capitalismo, têm sido desequilíbrio e
desrespeito para com a humanidade e para com o planeta…
Pode
ainda não significar que a humanidade deixou de dar prioridade a políticas de
armamento, ao invés de garantir paz, equilíbrio, alimentação, educação, saúde e
lar para todos os humanos, garantindo simultaneamente respeito para com sua
própria e tão mal cuidada “casa comum”…
Pode
ainda não acontecer que a civilização seja efectivamente sustentável, como
acontece quando se esgotam em 7 meses os recursos que, arrancados à Terra, se
deveriam esgotar num ano!...
Todavia
em Astana vislumbra-se uma luz ao fundo do túnel, enquanto em Hamburgo as
chamas do inferno estiveram presentes nas ruas como nos salões de contingência.
2-
Em Astana gigantes que são potências nucleares emergentes e têm diferendos que
se arrastam, como a Índia e o Paquistão, procuram formas de integração num
universo multipolar empenhando-se em processos modernos capazes de buscar um
patamar saudável de relacionamentos no interesse comum, cultivando as
potencialidades duma exponencial “rota da seda”, ou uma nova fórmula
de “ganha-ganha” conforme à expressão descomplexada do presidente
chinês, Xi Jimping.
Em
Hamburgo, num “G-20” preso à hegemonia unipolar, as contradições
foram explícitas em relação ao clima (com a renúncia ao Acordo de Paris por parte
da administração republicana de Donald Trump, recém inaugurada), como até à
extensão da presença militar sob a bandeira dos Estados Unidos e da NATO em
três mares (Báltico, Mediterrâneo e Mar Negro), por causa do gaz que a
aristocracia financeira mundial procura vender aos vassalos da Europa por
preços superiores aos praticados pela vizinha Rússia!
A
projecção duma emergência euro-asiática a caminho do fomento de relacionamentos
muito mais saudáveis entre os estados, as nações e os povos, esteve neste ano
de 2017, face a face com a barbárie institucionalizada a coberto
da “civilização judaico-cristã ocidental”… e as obras, como as práticas
respondem e afirmam o carácter de ambas as iniociativas!
3-
A China, a Rússia e a Índia, presentes em Astana como em Hamburgo, tiveram o
privilégio e a oportunidade de ver a direcção dos seus respectivos estados ser
os únicos a poder melhor balancear as opções ao nível das principais potências
económicas globais numa via de inclusão, enquanto os componentes da “civilização
judaico-cristã ocidental” (ao nível da presença no “G-20”)
continuam-se a excluir, ao manterem os cânones de domínio quanto de vassalagem,
nos enredos de corrente fluência até nos relacionamentos “in”.
É
evidente que o conteúdo das duas mensagens, uma com raiz em Astana, a outra com
raiz em Hamburgo, não passaram despercebidas aos observadores mais atentos,
onde quer que eles estejam e, para África e América Latina, houve também a
possibilidade de melhor entender, de balancear e de discorrer sobre as opções a
tomar.
4-
Para Angola, ávida de paz e em época eleitoral, não podem passar despercebidas
Astana quanto Hamburgo, nem a contradição entre ambas (o que é da emergência
multipolar com geoestratégia virada a ocidente, destino da “tota da seda” e
o que é da hegemonia unipolar minada por contradições intestinas sob a ponta
dos fusis) por que o balanço é muito importante para se optar e decidir no
presente quanto no futuro: a longa luta contra o subdesenvolvimento, apesar das
nuvens tenebrosas do capitalismo neoliberal e o cortejo de choque e terapia,
decorre neste século XXI na tentativa do país poder ser resgatado de trevas e
sequelas de barbárie que se arrastam do passado, mas estando no presente, há
que saber evitar o muito que se há a evitar e enquadrar
o “ganha-ganha” capaz de conferir outra dimensão civilizacional.
Entre
as contradições seculares (práticas de conspiração), que conduzem ao saque e as
obras estruturais em função das matérias-primas, qual a melhor opção a
tomar?...
Também
para Angola o balanço é entre barbárie e civilização, aprendendo com as
contradições resultantes da experiência histórica e antropológica, em especial
com a contradição a Savimbi, promovido a “freedom fighter” pelo
neoliberalismo que a administração de Ronald Reagan estreou nos Estados Unidos…
Para
Angola, Savimbi enquanto “freedom fighter” foi
a “somalizadora” entidade que concentrou a mais bárbara das
expressões e tão mau uso fez do conhecimento sobre o relacionamentos dos
factores físico-geográfico-ambientais, com os factores de ordem humana no seu
próprio país, tanto quanto nos vizinhos (ao nível de toda a região).
Aquilo
que Savimbi não realizou em 1992 em função da sua decisão de partir para
a “guerra dos diamantes de sangue”, sabemo-lo hoje que Samakuva e
Chivukuvuku vão tentar realizar finalmente em função do voto, todavia, nem
mesmo assim eles deixaram de representar as opções de risco na direcção do
saque!
À
barbárie pertencem as tensões, os conflitos e as guerras, à civilização está
aberta a longa trilha da lógica com sentido de vida alimentada com uma possível
geoestratégia de desenvolvimento sustentável e um inevitável combate à
corrupção!
Aqueles
que fomentam a corrupção e os ambientes sócio-políticos em que se movem
Chivukuvuku, Samakuva e os aficionados de Gene Sharp, são as duas faces da
mesma moeda, utilizada pelos grandes mestres da ingerência e da manipulação: o
engenho e a arte dos procedimentos contraditórios, típicos do domínio da
aristocracia financeira mundial!
Fotos
e figuras:
- Símbolo
da Organização de Cooperação de Xangai;
- O “G-8” de
Astana representa o peso Euroasiático na conjuntura global, mais
uma “complicação” no “inferno de Hamburgo”;
- Ângela
Merkel no “G-20”, entre o “cacete” de Trump e
a “cenoura” de Putin: “quo vadis” desamparada Merkel?;
Sem comentários:
Enviar um comentário