PAICV
e sindicatos cabo-verdianos pedem mais informações sobre o contrato de gestão
da TACV Internacional com o grupo islandês Icelandair. Patrões congratulam
Governo pela iniciativa.
O
Governo cabo-verdiano assinou
um contrato com a Icelandair, na quinta-feira (10.08), que
prevê que o grupo islandês assuma a partir de segunda-feira (14.08) a
gestão do negócio internacional da companhia aérea pública cabo-verdiana
TACV.
O
negócio custará ao Estado cabo-verdiano 925 mil euros anuais e visa preparar a
empresa para a privatização, cujo decreto-lei já foi aprovado pelo Conselho de
Ministros.
Segundo
o ministro da Economia, José Gonçalves, o plano de negócios prevê que a
Icelandair reforce a frota internacional da TACV com mais dois aviões no
imediato, aumentando para cinco até final do próximo ano e 11 dentro de três
anos.
Em
reação ao contrato de gestão, a líder do Partido Africano da Independência de
Cabo Verde (PAICV), o maior da oposição, Janira Hopffer Almada, acusou o
Governo de beneficiar grupos económicos, em prejuízo dos interesses do
país.
A
líder partidária entendeu que é por isso que o Executivo de Ulisses Correia e
Silva não divulgou nem o contrato de gestão nem o plano de negócios,
criticando, por isso, a "falta de transparência e o secretismo" do
negócio.
"É
uma situação obscura. Tudo indica que há grupos económicos determinados que
estão a ser protegidos, que os interesses do país não estão a ser
salvaguardados, e é por esta razão que o Governo não está a falar claro com os
cabo-verdianos", protestou.
"Gestão
desrespeitosa" pelo Governo
Por
isso, Janira Almada informou que deputados do seu partido pediram ao Governo
informações detalhadas sobre o acordo, o qual, suspeita, também incluiu a
concessão do aeroporto do Sal e CV Handling.
"Como
é que se pode gerir recursos estratégicos do país desta forma?",
questionou a líder partidária, considerando que o Governo está a fazer
"gestão atabalhoada, atrapalhada e desrespeitosa".
A
secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores Cabo Verde (UNTC-CS), a
maior central sindical do país, Joaquina Almeida, disse esta sexta-feira que o
Governo agiu "de forma unilateral", sem consultar ou partilhar
qualquer informação com os parceiros sociais.
A
secretária-geral da UNTC-CS afirmou que houve apenas um encontro com um membro
do Governo, para informar da assinatura do contrato no dia seguinte, mas não
avançou os meandros do contrato nem se foi feito algum estudo de avaliação para
se tomar as decisões.
"Apesar
de não se conhecer os meandros desse contrato, fazemos fé de que todos os
deveres e obrigações contratuais foram acautelados de modo a salvaguardar os
interesses nacionais", disse a líder sindical em conferência de
imprensa.
Soluções
para a TACV Internacional
Por
sua vez, o Presidente da Câmara de Comércio do Barlavento (CCB), Belarmino
Lucas, comentou que a solução é boa, sublinhando que não se trata de uma
privatização, mas sim um contrato de gestão, que permite que a TACV continue a
ser uma empresa de capitais públicos.
"É
uma solução que nos parece boa, na medida em que vai ao encontro que desde há
muito tempo se vem preconizando para a TACV em temos de solução, que passa pela
sua reestruturação, por encontrar um parceiro estratégico capaz de trazer o
negócio da aviação", reforçou.
O
representante de entidades empregadoras considerou que se trata de uma solução
que consegue conjugar a estratégia que se pretende para o país em termos do
negócio aéreo, que é de fazer Cabo Verde um 'hub' aéreo nessa zona do Atlântico
Médio.
"Deste
ponto de vista a Icelandair tem uma enorme experiência nesta área, conseguiu
transformar a Islândia no 'hub' do Atlântico Norte e esperamos que possa
replicar essa experiência e estratégia em Cabo Verde", perspetivou, em
declarações à televisão pública cabo-verdiana.
Belarmino
Lucas sublinhou ainda o facto de o novo gestor trazer mais aviões, considerando
tratar-se de um "cenário extremamente positivo".
O
presidente da Câmara de Comércio de Sotavento, Jorge Spencer Lima, disse à
rádio pública cabo-verdiana que "concorda completamente" com o
Governo quanto à parceria, considerando que era preciso encontrar uma solução
para a TACV Internacional.
Spencer
Lima disse que já há solução em Cabo Verde e não há monopólio internacional,
onde o país já tem várias alternativas de saída, pelo que a assinatura do
contrato de gestão é uma "medida útil".
Agência
Lusa | em Deutsche Welle
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