Ferreira
Fernandes | Diário de Notícias | opinião
A
decisão da sede do Infarmed ir de Lisboa para o Porto pareceu-me bem, para
começo de conversa. No demasiado centralizado Portugal haver um movimento que
contrarie o vício das prioridades - "que remédio, outra vez
Lisboa..." - à partida leva vantagem. Foi isso que escrevi, ontem:
regionalizar fortalece o todo. Mas dizê-lo não encerra a questão. Depois do
inicial "dou de barato...", há que saber se a decisão não custa de
mais em relação às vantagens, já com a regionalização incluída. Prós e contras,
enfim. Ir para Viseu, por exemplo, também seria regionalização mas uma das
funções do Infarmed é que especialistas seus possam ir com facilidade a
Amesterdão, para contactos frequentes com a Agência Europeia de Medicamentos
(EMA). Ora, só uma cidade com aeroportos como a Portela ou Pedras Rubras podem
garantir essa condição. Um pró para o Porto, pois regionaliza e liga-se à EMA
com facilidade. Por outro lado, o caríssimo e moderno laboratório do Infarmed
em Lisboa não é, dizem-me, transferível. Ponderou-se na decisão o custo
adicional de outro laboratório, quando já temos um? Um contra, talvez, para o
Porto... E assim por diante. O que eu quero dizer é que os interesses públicos
têm de prevalecer numa escolha política. Entre eles, sim, também, o interesse
dos 385 trabalhadores do Infarmed, com o grave incómodo de mudar. Mas, embora a
ter em conta, os 385 não podem, nunca, ser o argumento prioritário. Porquê?
Porque o Infarmed é do povo (cerca de dez milhões).
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