quinta-feira, 23 de novembro de 2017

PORTUGAL | Infarmed? É fazer as contas



Ferreira Fernandes | Diário de Notícias | opinião


A decisão da sede do Infarmed ir de Lisboa para o Porto pareceu-me bem, para começo de conversa. No demasiado centralizado Portugal haver um movimento que contrarie o vício das prioridades - "que remédio, outra vez Lisboa..." - à partida leva vantagem. Foi isso que escrevi, ontem: regionalizar fortalece o todo. Mas dizê-lo não encerra a questão. Depois do inicial "dou de barato...", há que saber se a decisão não custa de mais em relação às vantagens, já com a regionalização incluída. Prós e contras, enfim. Ir para Viseu, por exemplo, também seria regionalização mas uma das funções do Infarmed é que especialistas seus possam ir com facilidade a Amesterdão, para contactos frequentes com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Ora, só uma cidade com aeroportos como a Portela ou Pedras Rubras podem garantir essa condição. Um pró para o Porto, pois regionaliza e liga-se à EMA com facilidade. Por outro lado, o caríssimo e moderno laboratório do Infarmed em Lisboa não é, dizem-me, transferível. Ponderou-se na decisão o custo adicional de outro laboratório, quando já temos um? Um contra, talvez, para o Porto... E assim por diante. O que eu quero dizer é que os interesses públicos têm de prevalecer numa escolha política. Entre eles, sim, também, o interesse dos 385 trabalhadores do Infarmed, com o grave incómodo de mudar. Mas, embora a ter em conta, os 385 não podem, nunca, ser o argumento prioritário. Porquê? Porque o Infarmed é do povo (cerca de dez milhões).

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