quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Angola | DECLARAÇÃO DE VOTO



Luísa Rogério | Jornal de Angola | opinião

A democracia pode agregar imperfeições. Pode ter defeitos, mas ainda é o melhor sistema político. É o modelo preferencial de governo e edificação de sociedades livres. A ideia sobre a qual se tecem infindáveis reflexões sustenta pensamentos difíceis de condensar em frases breves. Não é preciso ser Hillary Clinton nem estar em campanha eleitoral para concluir que qualquer regime democrático supera a mais branda das ditaduras. Como não existem formatos acabados, o ideal é cada país traçar o próprio percurso assente em estruturas que concorram para a consolidação de processos democráticos.


Na plenitude dos seus quase 42 anos, Angola busca caminhos em prol do fortalecimento da nação. O período eleitoral vai dando indicações do imenso trabalho que os angolanos têm pela frente para que todos os habitantes do espaço geográfico chamado Angola se identifiquem com a nação em perspectiva. Os partidos políticos constituem peças fundamentais. Ultrapassam definições que os incluem indistintamente em conglomerados cujos protagonistas se escudam na defesa dos interesses gerais com o fim de atingirem a realização do ponto de vista material.

Óbvio que os políticos não são sempre os seres bem intencionados que distribuem abraços e beijinhos no decorrer de campanhas eleitorais. Acontece com frequência desligarem as fichas, incluindo as telefónicas, uma vez alcançados os votos que lhes conferem legitimidade para exercer poder. Muitos deles só voltam a recordar-se do “povo em geral” em vésperas de eleições. Talvez por isso se sintam à vontade para ostentar sinais de “crescimento económico” pessoal enquanto sensibilizam a população para votar nos programas de governo que garantem ser superiores aos demais. Acham desnecessário fingir posturas politicamente correctas porque acreditam na demonstração de poder como elemento eficaz de mobilização.

ELEIÇÕES EM ANGOLA | JOÃO LOURENÇO É A MUDANÇA DO QUÊ?



Raul Diniz | opinião

Não há mudança nenhuma em Angola, enquanto esse MPLA que temos permanecer no poder. Que mudança poderia trazer para o bem da maioria dos angolanos o candidato de JES que diz querer dar alguma coisa sem, contudo, dar coisa alguma! O que se pode esperar de um partido retrogrado, alienado, comprometido com a intriga. O que se espera de um candidato cuja campanha eleitoral é assegurada pela casa de segurança do seu chefe, e eventual antecessor? O que traria de mudança um candidato que se serve de   pesquisas falseadas, com a vil intenção de optimizar uma eventual previsão de intenção de voto aparentemente benéfico para si?

Sinceramente esse tipo de atitude apenas ajuda a engessar negativamente a já demasiado duvidosa lisura do processo eleitoral. Daí a pergunta: afinal, com quem, e para quem João Lourenço pensa governar caso o MPLA ganhe as eleições de 23 de Agosto de 2017?

O contingentismo politico negativista vai ou não prevalecer? Teremos o mesmo governismo obsoleto de sempre? O povo quer saber se os bajuladores estarão ou não na linha de frente da governação, não será adultera como sempre?

Outra pergunta relaciona-se com as bestas provenientes da UNITA, que sentem o cheiro de poder de longe, elas serão de novo os bestiais outsiders no MPLA, e num eventual governo do MPLA com JL na presidência? O eleitorado tem sentido um distorcido deslocamento na narrativa dos sucessivos discursos viscosos de João Lourenço, onde se percebe que fala muito e nada diz.

O país vive hoje um estado de gravíssima anomia politica, os angolanos não querem mais eleger um presidente com manipulações do voto, todos desejam que o presidente seja ungido pelo voto popular. O meu pensamento é de todo cartesiano em relação a JES seus filhos, e demais idealizadores que implantaram com ele, o regime ditatorial em Angola. Para mim gatuno é gatuno, e deve ter um tratamento como gatuno.

Angola | UNITA ACUSA O MPLA DE “ASSASSINATOS SELECTIVOS”



O cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais angolanas, Isaías Samakuva, dedicou dois dias da campanha eleitoral aos mercados e feiras de Malanje, por serem os locais onde o povo consegue ter “a panela sempre no fogo” e algum rendimento. Além disso acusa o partido/Estado (MPLA) de “enveredar por assassinatos selectivos de cidadãos por motivos políticos”.

Os mercados de Chauande e de Katepa, arredores da capital da província de Malanje, a mais de 400 quilómetros de Luanda, juntam todos os dias centenas de pessoas, para comprar e vender de tudo um pouco, e foram visitados terça e quarta-feira por Isaías Samakuva, num apelo cada vez mais directo ao voto e às propostas da UNITA para o país.

“Mas antes é preciso que estes cidadãos nos coloquem no lugar em que podemos influenciar as coisas, e isso pode ocorrer no dia 23 de Agosto”, disse, em Chauande, o candidato da UNITA à eleição, indirecta, para Presidente da República, sempre rodeado por apoiantes, vendedores e clientes daquele mercado.

Depois de dias marcados por promessas eleitorais, como o salário mínimo de 500 dólares (83.000 kwanzas) em Angola ou um Governo “inclusivo e participativo”, tentando afastar fantasmas de caça às bruxas com uma eventual liderança da UNITA, face aos 42 anos de poder do MPLA, Samakuva deixou-se ficar pelo apelo pessoal ao voto nos mercados de Malanje.

“O cidadão também sente a nossa presença junto dele. Eu penso que para transmitir a nossa mensagem este contacto directo é muito importante, daí a necessidade de, sempre que pudermos, passarmos por estas localidades. Porque é aqui onde eles passam a sua vida. É aqui onde conseguem, como eles próprios dizem, ter o fogareiro aceso e a panela sempre no fogo. Então, é aqui que temos de os encontrar”, apontou.

Angola | SAMAKUVA A PRESIDENTE! RETÓRICA SOBRE MPLA É SEMPRE O MESMO...



FICARÁ MESMO TUDO EM ÁGUAS DE BACALHAU OU VÃO ENGOLIR MAIS UNS TANTOS SAPOS VIVOS?

Fernando Vumby | opinião

Estou a ser confrontado como uma serie de perguntas desde que publiquei o artigo com o titulo "Samakuva daria num bom presidente para todos nós e votar no JL/MPLA é trair Angola e os angolanos".

Pergunta: Kota o que achas se a UNITA aceitar a batota?

Resposta: Eu acho que se a UNITA aceitar a batota eleitoral com os mesmos argumentos de sempre ( em nome de uma paz vista por um canudo). O melhor, para bem de Angola e dos angolanos, que poderão fazer é desaparecer como partido político da oposição e aliarem-se ao MPLA clara e abertamente.

O melhor entre aspas sim, porque não quero acreditar numa aliança MPLA/UNITA mesmo por mais que os manos da UNITA se pintem. Desde que vi num circo um urso a conduzir um carro e um cão a escrever chinês, para mim o impossível deixou de existir e precisamos não esquecer que o país em causa chama-se Angola - que hoje é comparado com um circo que treina palhaços de todas as nacionalidades e para todos os gostos. Sob o risco de serem zombados até pelo diabo e mais sete, ou vistos, condenados e consagrados pela opinião internacional como os crónicos mais bazezas da história da humanidade, o que ninguém gosta.

POLÍTICA É UM JOGO SUJO?

E quem acredita ou pensa já ter visto tudo está enganado, olha que ainda não escrevi tudo que vi com os próprios olhos desde os tempos da outra senhora ...

Onde só se vendia fuba a quem comprasse um gato, onde nos mercados ateé blindados e munições se compravam, onde há mães que transformam as suas próprias filhas em merenda para os generais porque dá fama e dinheiro, onde até os mortos votam e tudo fica como se nada fosse. Espero apenas que este meu duvidar não seja um tiro no meu próprio pé.

Ainda assim quero acreditar que a UNITA honre o bom nome das tantas vítimas deste regime e de todos aqueles que acreditem nela como capaz de tirar Angola do lamaçal em que JES, Nandós, Kopelipas e outros bardamerdas mergulharam por ganancia e apetência pelo sangue alheio.

ALTICE, OU O TRIUNFO DOS SOCIOPATAS



As autoridades portuguesas entregaram uma das pérolas da economia nacional, a Portugal Telecom, a um polvo multinacional chamado Altice, propriedade de um indivíduo que tem como pátria o dinheiro, chamado Patrick Drahi, e agora lavam pilaticamente as mãos perante a hecatombe humana anunciada, e que não se fez esperar.

José Goulão | AbrilAbril | opinião

Em ocasiões como estas, de tal maneira frequentes ao longo de décadas que podemos qualificá-las como um comportamento sistemático, é habitual centrar as atenções e as responsabilidades das nefastas consequências sobre os beneficiários directos da malfeitoria, deixando na sombra aqueles que a promovem e facilitam – os quais têm obrigação de conhecer, e sem dúvida que conhecem, o jaez dos indivíduos e entidades que contemplam com as benesses. Seria errado escrever aqueles com quem fazem negócio, porque não é de negócio que se trata, mas sim de submissão da qual as principais vítimas são os cidadãos portugueses.

O volátil ministro Santos Silva, sempre com palavra fácil para uma coerência improvável, declarou que também ele faria greve ao lado dos trabalhadores da PT, se fosse um deles, por causa da entrada violenta que a entourage de Patrick Drahi fez na empresa, pronta a não deixar pedra sobre pedra.

Era greve que Santos Silva faria se estivesse na PT… E como membro do governo o que faz? Coitado, nada pode fazer. Há as entidades reguladoras, essas coisas inúteis para um regime que tem a desregulação como objectivo; e se exemplos faltassem bastava-nos apreciar o comportamento desse expoente regulador que é o Banco de Portugal. Será que além de obedecer a Bruxelas, pagar a dívida, reverenciar o défice, deixar os reguladores desregular não há nada mais que o governo tenha para governar?

Coitado do ministro, que nem governa em casos de lesa-pátria, nem faz greve, apenas fala, na prática escarnecendo dos milhares de trabalhadores que estão com os empregos em risco depois de o país os abandonar nas mãos de escravocratas.

Porque é impossível que o ministro Santos Silva, os seus colegas deste governo e dos governos anteriores não conheçam a história da aberração social que é o dono da Altice a quem ofereceram a PT. É certo que os grandes empresários da actualidade são cleptocratas ou para lá caminham, e, se não fosse Drahi o beneficiado, seria um outro qualquer. No entanto, era elementar conhecer bem as pessoas e as instituições a quem se entregam as vidas de milhares e milhares de famílias portuguesas.

É claro que se o interesse nacional fosse prioritário, se os cidadãos portugueses fossem mais importantes que as amortizações das «ajudas» da troika ou a obsessão do défice, a PT e muitas outras grandes empresas não precisariam de ser oferecidas a ninguém, continuariam nas mãos do Estado como entidade que tem o dever e a obrigação de representar todos os portugueses.

Portugal | AS AVIONETAS E OS PILOTOS SHOW-OFF



O retrato dos últimos anos é assustador e mostra que Portugal tem um problema gravíssimo com aeronaves.

Ana Sá Lopes | jornal i | opinião

A queda da avioneta na praia de São João da Caparica chocou o país. Morreu uma criança e um homem de 56 anos. Todas as mortes são estúpidas, mas as mortes por acidente são profundamente chocantes. Morrer numa praia porque uma avioneta decidiu aterrar na areia é algo completamente incompreensível.

Em abril, em Tires, despenhou-se outra avioneta. Morreram cinco pessoas – os quatro tripulantes da aeronave e uma pessoa que estava a descarregar o camião sobre o qual a avioneta caiu. Três pessoas ficaram feridas. Em março, no aeródromo de Ponte de Sor, houve outro acidente, do qual resultou um ferido. 

Estamos a falar só deste ano que ainda não acabou: sete mortos em acidentes de aeronaves. Em 2014 e 2015 houve 21 acidentes – 11 mortos e 15 feridos. Um relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários diz o seguinte: “Os pilotos envolvidos em acidentes fatais, a baixa altitude e acrobacias eram, geralmente, muito experientes. Os pilotos em acidentes fatais também eram tipicamente muito experientes.

Provavelmente acreditaram que a sua experiência lhes permitia voar com segurança em condições que os outros são aconselhados a evitar.” E diz pior: “Mais de metade dos voos a baixa altitude e acidentes com manobras acrobáticas envolveram uma ‘audiência’ – geralmente, amigos no terreno, mas às vezes passageiros a levar para um voo. A tentação de ‘mostrar’ para impressionar aqueles que estão a assistir foi fatal em muitos dos casos.” 

Os acidentes com aeronaves sucedem-se (em 2012 houve 10 mortos). O retrato dos últimos anos é assustador e mostra que Portugal tem um problema gravíssimo com aeronaves. Não tem com aviões, mas tem com aviões que, alegadamente, podem ser pilotados por pessoas que gostam de “impressionar aqueles que estão a assistir”. Há um problema sério com avionetas que é preciso pôr em discussão pública o quanto antes.

Foto: Mafalda Azevedo

Relacionado em jornal i

Portugal | SISTEMA FISCAL QUE AGRAVA DESIGUALDADES É DEMOCRÁTICO? É CONSTITUCIONAL?



Um sistema fiscal que agrava desigualdades, que favorece o capital e prejudica o trabalho, e que não respeita a constituição da República

A repartição primária do rendimento entre o Trabalho e o Capital em Portugal é cada vez mais desfavorável ao Trabalho. Em 2008, os “Ordenados e salários” representavam 36,6% do PIB e, em 2016, essa percentagem tinha diminuído para apenas 34,2%, enquanto o Excedente Bruto de Exploração, de que as empresas se apropriam, aumentou no mesmo período de 40,6% do PIB para 42,8% do PIB.

Os trabalhadores, embora constituam a esmagadora maioria da população produtiva do país, recebem uma parte cada vez menor da riqueza que criam. E para isso contribui também o sistema fiscal português que, contrariamente ao que dispõe a Constituição da República, tem sido um instrumento utilizado para agravar a repartição primária dos rendimentos, penalizando as classes de menores rendimentos e protegendo e favorecendo os mais ricos.

Em O Diário | Ler texto completo [PDF]

*Titulo PG

PCP critica Governo por não reconhecer Assembleia Constituinte da Venezuela



O PCP defendeu esta quinta-feira que a posição do Governo é "contrária aos interesses da comunidade portuguesa" e à necessidade de "estabilidade política" no país.

Um dia depois de o Governo ter seguido a opção da União Europeia, de não reconhecer a Constituinte eleita no domingo, o PCP afirmou, em comunicado, que "a segurança da comunidade portuguesa residente na Venezuela implica a condenação das ações desestabilizadoras, terroristas e golpistas".

Os comunistas portugueses têm apoiado o Governo do presidente Nicolas Maduro e acusam os Estados Unidos e a União Europeia de contribuir "para alimentar atos de ingerência".

É uma "atitude de respeito pela soberania da Venezuela e da sua ordem constitucional e não a contribuição para alimentar atos de ingerência que, indisfarçadamente a administração norte-americana e a própria União Europeia prosseguem", que ajudará a "assegurar a normalização da situação" no país, lê-se no comunicado.

Logo na segunda-feira, o PCP saudou o "ato de afirmação democrática" da Venezuela nas eleições de domingo para a Assembleia Constituinte e exigiu que o Governo português tenha uma "atitude de respeito pela soberania" do país.

A União Europeia recusou, na quarta-feira, reconhecer a Assembleia Constituinteeleita no domingo na Venezuela e pediu que a "instalação efetiva" daquele órgão seja suspensa, de acordo com declarações da chefe da diplomacia, Federica Mogherini, em nome dos Estados-membros.

Também na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou que Portugal, tal como os restantes países da União Europeia, não pode reconhecer a Assembleia Constituinte da Venezuela eleita domingo, a qual classificou de "um passo negativo".

Lusa | em TSF | Foto: Henry Romero/Reuters

MILITARES E HOLLYOOD: AS RELAÇÕES PERIGOSAS



Documentos inéditos revelam como o Pentágano, CIA e NSA agem para silenciar visões críticas no cinema e TV e obter apoio público ao estado permanente de guerra

Tom Secker e Matthew Alford | Outras Palavras |  Tradução: Inês Castilho

Quando começamos a nos interessar pela relação entre política, cinema e televisão, na virada do século XXI, aceitamos a opinião de consenso, segundo a qual um pequeno escritório do Pentágono [o Departamento de Defesa do governo norte-americano] havia, a pedido, assistido à produção de cerca de 200 filmes ao longo da história do cinema moderno, com uma mínima interferência nos roteiros.

Como éramos ignorantes. Mais precisamente, como fomos enganados.

Recentemente, recolhemos 4.000 novas páginas de documentos do Pentágono e da CIA por meio da Lei de Liberdade de Informação (Freedom of Information Act). Para nós, esses documentos foram o prego final no caixão.

Eles demonstraram, pela primeira vez, que o governo dos Estados Unidos influenciou, nos bastidores, mais de 800 importantes filmes e mais do que 1.000 títulos de TV. A maior estimativa anterior, de um livro acadêmico de 2005, era de que o Pentágono havia interferido em menos de 600 filmes e num punhado de programas de televisão não especificados.

O que significa a vitória do chavismo na Constituinte?



Victor Hugo Majano

O processo eleitoral vivido domingo na Venezuela e seus resultados quantitativos mostram claramente um triunfo do chavismo, que além disso tem uma poderosa correlação no político e no simbólico. 

A "batalha final" nem foi em Miraflores nem se decidiu com balas: foi com votos e o resultado foi contundente. O chavismo agora tem toda a legitimidade e o suporte legal para avançar sem vacilações numa profunda modificação do quadro constitucional para assegurar a paz, fortalecer a institucionalidade e recuperar o equilíbrio da economia.

Uma análise preliminar permite identificar um conjunto de pontos chave sobre as consequências dos factos:

1) Fica demonstrado que a oposição associada à MUD [coligação da direita] não é maioria.

2) Tão pouco é a expressão das expectativas e necessidades da maioria ou dos principais sectores do país. Nem sequer dos sectores dominantes.

3) Não estão ao serviço dos interesses nacionais e sim de factores externos bem identificados, o que nem sequer tentam disfarçar ou dissimular.

4) Demonstraram seu carácter violento e sua irresponsabilidade no uso da violência.

5) Pela sua parte, o chavismo demonstrou que é o único bloco político capaz de propor e impulsionar um projecto nacional inclusivo, que incorpore os principais factores sociais, institucionais, económicos e políticos do país, entre os quais não estão excluídos os vinculados organicamente com a oposição agrupada na MUD.

6) A MUD, em contrapartida, deixou para a história sua não pertinência política que a converteu numa ameaça para a independência, a paz, a estabilidade institucional e o equilíbrio económico da Venezuela. O bloco opositor não pode superar a simples pretensão de tomar o poder e, em vez de desenvolver uma proposta política, ficou preso numa dinâmica absolutamente destrutiva.

7) A origem e desenvolvimento do conflito agudizado desde 2012 é de carácter económico e é determinado pelo acesso e a distribuição da renda petrolífera. Em consequência, a Venezuela não pode continuar a evadir o debate sobre a superação do modelo do rentismo petrolífero assim como de todos os elementos simbólicos derivados. Isto exige aproveitar a posição vantajosa da Constituinte para tomar decisões radicais que desmontem as estruturas produtivas altamente dependentes do sector externo.

8) As condições de violência de rua e o contexto de ameaças em que se deu a votação obrigou o chavismo a assumir um compromisso maior. Paradoxalmente essas condições podem ter funcionado como um estímulo à participação. Assim se verificou em 2002-2003 após a sabotagem petrolífera, em 2004, antes do revogatório, dentre outras datas. Hoje o chavismo descontente e uma parte dos nem-nem (se se pode falar de tal categoria) foram votar. O melhor que poderia esperar a MUD era a indiferença.

9) O chavismo agora converte-se no principal moderador e impulsionador da conversação política, mas isso o obriga a ser mais inclusivo (no militante) e mais amplo no temático, no momento que se envolve no concreto de cada factor social.

10) Uma boa parte das obrigações do chavismo implica a construção de uma cosmogonia e de uma teleologia do povo venezuelano que seja capaz de ser uma alternativa aos valores culturais do capital. Isso inclui aspectos relacionados com o transcendental e a religiosidade.

O original encontra-se em www.albatv.org/En-claves-Que-significa-la.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

Adiada para sexta-feira instalação da nova Assembleia Constituinte



O Presidente da Venezuela adiou para sexta-feira o ato de instalação da nova Assembleia Constituinte (AC), para permitiu uma melhor organização estrutural e logística do evento.

"Foi proposto que a instalação da Assembleia Constituinte, em vez de ser quinta-feira, seja organizada bem, em paz, com tranquilidade e com todo o protocolo necessário, na próxima sexta-feira às 11:00 (16:00 em Lisboa)", afirmou Nicolas Maduro.

O ato de instalação da AC estava inicialmente previsto para quarta-feira, e deverá ser presidido por Maduro, de acordo com fontes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder).

O adiamento da instalação pretende ainda garantir o apoio logístico da comissão presidencial para a Assembleia Constituinte aos 545 eleitos, dos quais 173 são representantes setoriais, 364 territoriais e oito índigenas, oriundos de várias regiões do país, indicou Maduro.

O Presidente venezuelano acusou a empresa SmartMatic, responsável pelo escrutínio eleitoral, de tentar manchar a AC, com a denúncia da manipulação de dados nas eleições de domingo passado.

China apoia Venezuela e critica interferência de países estrangeiros



A China afirmou hoje que a votação para a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, celebrada no domingo passado, decorreu de forma "estável, no geral", e apelou a outros países para que não intervenham neste processo.

"A China segue sempre o princípio de não intervenção nos assuntos internos de outros países e defendemos que haja igualdade e respeito entre as nações", afirma em comunicado o ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.

A eleição Constituinte na Venezuela decorreu, no geral, de forma estável, e anotamos as reações de cada parte", aponta a mesma nota, que não menciona os episódios de violência decorridos durante os comícios e as acusações de manipulação dos resultados.

Em comunicado, o ministério diz desejar que o Governo e oposição venezuelanos tenham um diálogo "pacifico" e "de acordo com a lei", e resolvam os diferendos, para "poder manter a estabilidade do país e desenvolvimento da economia e da sociedade".

"A China confia que o Governo da Venezuela e o seu povo sejam capazes de resolver os seus assuntos internos", lê-se na mesma nota, acrescentando que ter um país "estável e desenvolvido corresponde ao interesse de todas as partes".

Os Estados Unidos anunciaram sanções contra o Governo do Presidente Nicolás Maduro no dia a seguir aos comícios, enquanto na quarta-feira a União Europeia anunciou que não reconhecia a Assembleia Constituinte e advertiu de que intensificará a sua resposta, caso se continue a "minar os princípios democráticos" no país.

A China é um dos maiores parceiros comerciais da Venezuela, que chegou a ser o principal destino dos investimentos do país asiático na América Latina.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto Reuters

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