quinta-feira, 24 de agosto de 2017

ELEIÇÕES EM ANGOLA | Luaty Beirão diz que dia da votação foi "mais tranquilo" do que o de 2012



O ativista angolano Luaty Beirão, que coordena um projeto de monitorização do processo eleitoral em curso, admitiu à Lusa que o dia da votação de hoje foi "mais tranquilo" comparativamente com 2012, com menos denúncias e queixas.

"Correu melhor do que em 2012. Houve um período do dia em que caíram bastantes reclamações, mas por comparação com o dia 31 de agosto de 2012 [eleições gerais anteriores] foi sem dúvida muito mais calmo, muito mais tranquilo", explicou.

Luaty Beirão é um dos fundadores da associação cívica angolana Handeka, que lançou o projeto 'online' de monitorização do processo eleitoral denominado "Jiku", para receber e divulgar queixas dos eleitores e eventuais ilegalidades.

A principal queixa dos últimos dias, explicou, prendeu-se com os casos de eleitores com locais de voto trocados, face à previsão do processo de registo eleitoral, que decorreu entre agosto de 2016 e março último.

"Fiquei surpreendido pela positiva, menos denúncias de eleitores desesperados. Parece que o desespero foi até ontem (terça-feira) e depois as pessoas conformaram-se. Hoje foram poucos os que ainda foram às assembleias e tinham os seus locais trocados", explicou Luaty Beirão.

MPLA | Partido do Governo em Angola diz que vitória eleitoral é "inequívoca"



O secretário do Bureau Político do MPLA para as questões políticas e eleitorais, João Martins, anunciou hoje que a vitória daquele partido, no poder em Angola desde 1975, nas eleições gerais de quarta-feira, é "inequívoca, praticamente incontornável".

O responsável falava aos jornalistas na sede nacional do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em Luanda, no final de uma reunião destinada a fazer o balanço preliminar das eleições gerais, cujas assembleias de voto fecharam às 18 horas de quarta-feira.

"A vitória do MPLA é inequívoca, praticamente incontornável, e está-se a consolidar em termos numéricos e acreditamos que nas próximas horas já podemos começar a anunciar os números que são ansiados pelos cidadãos", disse João Martins, na mesma declaração, logo após o cabeça de lista e vice-presidente do partido, João Lourenço, ter abandonado a sede do partido.

Numa altura em que decorria o escrutínio das 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, e quando a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), no seu último pronunciamento, cerca das 23 horas de quarta-feira, não avançou resultados provisórios nem prazos para o efeito, o responsável do MPLA afirma que a vitória do partido "está a ser confirmada a cada passo".

"O que temos a dizer é que devemos aguardar com serenidade, quer os resultados que vão ser divulgados pelos órgãos institucionais competentes, nomeadamente a CNE, quer aqueles que outros setores vão fazendo a sua divulgação. O MPLA está confiante, cada vez mais confiante, agora com maior certeza, depois de já ter feito uma apreciação preliminar dos resultados que os seus delegados de lista forneceram ao centro coordenador da campanha e que estivem em apreciação pela direção do partido", acrescentou.

Mais de 9,3 milhões de angolanos estavam inscritos para escolherem quarta-feira, entre seis candidatos, o sucessor de José Eduardo dos Santos - que não integrou qualquer lista candidata -, com a votação a decorrer até às 18 horas.

Esta votação envolve a eleição direta do parlamento (220 deputados) e indireta do Presidente da República, que será o cabeça-de-lista do partido mais votado.

Jornal de Notícias | Foto: João Lourenço no momento da votação | Manuel de Almeida/Lusa

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