O
ativista angolano Luaty Beirão, que coordena um projeto de monitorização do
processo eleitoral em curso, admitiu à Lusa que o dia da votação de hoje foi
"mais tranquilo" comparativamente com 2012, com menos denúncias e
queixas.
"Correu
melhor do que em 2012. Houve um período do dia em que caíram bastantes
reclamações, mas por comparação com o dia 31 de agosto de 2012 [eleições gerais
anteriores] foi sem dúvida muito mais calmo, muito mais tranquilo",
explicou.
Luaty
Beirão é um dos fundadores da associação cívica angolana Handeka, que lançou o
projeto 'online' de monitorização do processo eleitoral denominado
"Jiku", para receber e divulgar queixas dos eleitores e eventuais
ilegalidades.
A
principal queixa dos últimos dias, explicou, prendeu-se com os casos de
eleitores com locais de voto trocados, face à previsão do processo de registo
eleitoral, que decorreu entre agosto de 2016 e março último.
"Fiquei
surpreendido pela positiva, menos denúncias de eleitores desesperados. Parece
que o desespero foi até ontem (terça-feira) e depois as pessoas conformaram-se.
Hoje foram poucos os que ainda foram às assembleias e tinham os seus locais
trocados", explicou Luaty Beirão.
O
conhecido 'rapper', um dos 17 ativistas que em março de 2016 foram condenados a
penas de prisão efetivas pelo tribunal de Luanda, diz que
"aparentemente" terá havido uma afluência às urnas mais reduzida,
face às eleições de 2012.
"É
que toda a gente reporta que chegou e votou em dois ou três minutos",
acrescentou.
Agora,
diz, vai começar a "segunda fase" deste processo e "ponto
crítico", tendo em conta as eleições de 2008 e 2012.
"O
que costuma acontecer é que a esta hora começam a cortar a luz nos bairros, tem
que se fazer a contagem crítica em condições deploráveis, começa a haver
queixas de pessoas que interferem no processo de contagem. Estamos à espera de
receber isso, porque aconteceu nos outros anos, mas ao mesmo tempo espero que
não aconteça", afirmou.
Vários
ativistas anunciaram a realização esta noite, em Luanda, de vigílias à porta
das Assembleias de Voto, para garantir a transparência desta fase do processo
eleitoral angolano.
"Esses
são os pontos críticos agora. A abertura das urnas, a contagem, a distribuição
das atas e a afixação das atas síntese no exterior da assembleia. Vamos
aguardar, para ver como corre", concluiu Luaty Beirão.
A
votação nestas eleições gerais arrancou pelas 07:00, em todo o país, e as urnas
fecharam às 18:00, conforme indicação da Comissão Nacional Eleitoral, que prevê
resultados provisórios num prazo de 24 horas.
Em
algumas artérias da cidade de Luanda a Lusa constatou um reforço policial, mas
não há registo de incidentes.
A
estas eleições gerais concorrem seis formações políticas concorrentes - MPLA,UNITA,
CASA-CE, PRS, FNLA e APN - e havia 9.317.294 eleitores em condições de votar.
Nas
eleições gerais são eleitos o parlamento e, por via indireta, o Presidente da
República e o vice-Presidente.
PVJ
// EL | LUSA
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