Ana Alexandra Gonçalves* |
opinião
Só a ideia faz muitos salivar.
Bloco central é o principal palco para a promiscuidade entre poder político e
económico, como os últimos quarenta anos demonstram. Bloco central é o contexto
ideal para que muitos negócios venham a conhecer a luz do dia, sobretudo com o
enfraquecimento dos serviços públicos que abrem as portas aos conhecidos
negócios.
Rui Rio, novo líder do PSD,
mostra-se adepto da ideia, como se estivesse já convencido da derrota do seu
partido nas próximas eleições, manifestando uma indisfarçável vontade de estar
no poder, mesmo sendo forçado a dividi-lo com o PS. Resta saber como se
comportará a orfandade de Passos Coelho, a mesma que depositou tantas
esperanças na eleição de Santana Lopes, e que vê agora um arauto do bloco
central à frente dos destinos do partido. De resto, se pretenderem honrar o pai
Passos Coelho, essa orfandade lutará contra o bloco central e, por
consequência, contra a nova liderança.
Paralelamente, António Costa
proferiu declarações que mostram a sua intenção de continuar a dar preferência
à actual solução política, mantendo-se "no mesmo caminho e com a mesma
companhia". Para já é esta a posição de Costa.
Seja como for, a ideia do bloco
central é demasiado apelativa para que os sectores mais poderosos da sociedade
portuguesa abandonem a mesma. Aliás, é indiscutível que a eleição de Rio já nos
pôs a todos a falar em bloco central - facto particularmente inquietante.
Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão
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