O líder parlamentar do PCP sugere
que o Governo socialista quer "passar a outra fase" e livrar-se
"daquilo que possa considerar um engulho para os seus objetivos", num
artigo de opinião publicado hoje no jornal 'Avante!'.
"Que opção quer o Governo
fazer quanto ao caminho a seguir? Quer prosseguir o caminho de defesa,
reposição e conquista de direitos ou quer recuar? Quer encontrar resposta para
os problemas que continuam a atingir a vida dos trabalhadores e do povo ou quer
dar a tarefa por terminada e passar a uma outra fase, esperando colher frutos
do caminho feito de forma a desembaraçar-se daquilo que possa considerar um
engulho para os seus objetivos?", lê-se.
O texto de João Oliveira,
intitulado "aprofundar os avanços, lutar pela política alternativa",
defende a continuidade da reposição de direitos e rendimentos aos
trabalhadores, colocando aquela hipótese sobre as intenções socialistas em
relação às próximas eleições legislativas, no outono de 2019, mas sem referir
explicitamente as posições conjuntas assinadas bilateralmente entre PS, BE, PCP
e PEV e que viabilizaram o atual executivo, nem as recentes declarações do
Ministro das Finanças, Mário Centeno, nas quais defendeu o controlo das contas
públicas face à reversão de medidas de austeridade.
"As sucessivas declarações
de membros do Governo acumulando justificações para travar a concretização de
medidas tomadas ou para dificultar a resposta a outros problemas não são bom
indicador", sustenta o deputado comunista.
O líder da bancada do PCP declara
que "as opções do PS na recusa em romper com a política de direita em
matérias decisivas para os trabalhadores e o povo - de que é exemplo maior a
proposta de alteração da legislação laboral -, na aceitação das imposições da
União Europeia e do euro ou na crescente convergência com PSD e CDS têm vindo a
revelar-se um fator de limitação ou até impedimento dos avanços a
alcançar".
"Procurar criar conflitos
entre trabalhadores da administração pública com carreiras específicas
(professores, militares, forças e serviços de segurança, justiça, saúde) e
outros trabalhadores - ou mesmo com o resto do país - para assim poder recusar
a contagem integral do tempo de serviço para progressão nas carreiras é uma
opção errada", atesta.
Para João Oliveira, "fazer
contas aos milhões que custam as medidas de reposição de direitos e rendimentos
dos trabalhadores e do povo mas deixar por contabilizar os milhares de milhões
que estarão disponíveis para o Novo Banco durante oito anos é uma opção
injusta".
O líder parlamentar comunista
reitera a necessidade de prossecução do caminho de "aprofundamento das
medidas de defesa, reposição e conquista de direitos, da conquista de novos
avanços, da luta pela política alternativa, patriótica e de esquerda que dê
resposta aos problemas estruturais do país".
Lusa | em Notícias ao Minuto |
Foto Global Imagens
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