Pesquisa aponta que dois terços
dos alemães consideram racismo problema grande ou muito grande no país. Mas
política migratória e refugiados não são as maiores preocupações na Alemanha.
Uma pesquisa representativa,
realizada nesta semana por telefone pelo instituto de opinião pública
Infratest-dimap, mostrou que dois terços dos alemães consideram o racismo um problema
grande ou muito grande na Alemanha. A sondagem sobre o clima político no país
foi encomendado pela emissora pública ARD e pelo diário Die Welt.
Especialmente eleitores do
Partido Social-Democrata, do A Esquerda e do Partido Verde a preocupação é grande:
entre 73% e 77% dos consultados disseram ver o racismo como um problema.
Por outro lado, 62% dos
simpatizantes da legenda populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD)
são da opinião de que há apenas um pequeno problema ou até mesmo problema
nenhum.
Embora a maioria dos alemães com
histórico migratório considere o racismo um grande problema (68%) no país, eles
se diferenciam apenas ligeiramente dos alemães sem antecedentes de migração
(63%).
Ao menos de acordo com a
pesquisa, a integração bem-sucedida dos imigrantes também parece ser uma
questão de tempo. As pessoas que vivem na Alemanha há décadas são consideradas
por 62% dos entrevistados bem ou muito bem integradas. Quanto aos migrantes que
vieram para a Alemanha apenas nos últimos anos, a cifra positiva relativa à
integração é de somente 28%.
Na opinião dos alemães, no
entanto, as políticas de racismo, migratória e de refugiados não são os
principais temas no país. Se levada em conta a atual tendência na Alemanha como
um indicador, os cidadãos têm em outras áreas preocupações ou questionamentos
maiores.
No topo da lista de prioridades
está a política de saúde – 69% disseram considerá-la muito importante. O pano
de fundo disso: milhões de alemães dependem de cuidados de enfermagem, os
custos são altos e há escassez de enfermeiros. O país já está trazendo muitos
trabalhadores do exterior para aliviar a situação emergencial.
Com vista a remediar esta
situação, o governo alemão introduziu uma lei que, entre outras coisas,
pretende fornecer orientações concretas sobre a relação entre cuidados de
enfermagem e a quantidade de pessoal em hospitais.
As instituições que empregam poucos
enfermeiros devem receber menos reembolsos. No entanto, apenas 13% dos
entrevistados acreditam que essa medida será bem-sucedida.
Menos tolerância
Mas os alemães também veem
necessidade de ação também nas políticas sociais e Previdência (64%), segurança
nacional (55%), política climática (52%) e habitação acessível (51%).
Comparando com esses números, os
39% que disseram considerar a política migratória e de refugiados muito
importantes representam um valor notavelmente baixo. Atrás deles estão somente
os 28% que se preocupam com a digitalização.
Um clássico em todas as pesquisas
sobre tendências alemãs (Deutschlandtrend) é a chamada "pergunta de
domingo", com a qual os pesquisadores de opinião e clima político
determinam as atuais chances eleitorais dos partidos.
Resultado infeliz para a
chanceler federal Angela Merkel: a coligação de seu partido, a CDU, com a
legenda-irmã da Baviera, CSU, conseguiria apenas 29% dos votos. Assim, a dupla
caiu na preferência dos alemães pela primeira vez abaixo da marca de 30%.
O Partido Social-Democrata (SPD),
parceiro na grande coalizão em Berlim, estagna em 18%. Ou seja, a aliança
governista conseguiria apenas 47% dos votos e não teria maioria própria no
Parlamento alemão.
A AfD continua em ascensão: a
legenda populista de direita conta com 17% das intenções de voto, a apenas um
piscar de olhos do SPD. O Partido Verde também cresceu (15%), ao contrário do A
Esquerda, com 9%, e do Partido Liberal Democrático (FDP), com 7%, que perderam
um pouco na preferência dos eleitores.
Independentemente do atual apoio,
todos os partidos devem considerar outra constatação da pesquisa: 80% dos
entrevistados afirmaram que a política atual é marcada demais por emoções e é
muito pouco objetiva.
Quase o mesmo número (77%) disse
ter a impressão de que posições extremas estão ganhando peso demais no debate
político. E 80% afirmaram lamentar uma tolerância cada vez menor frente a
outras opiniões.
Marcel Fürstenau (ca) | Deutsche
Welle
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