sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Brasil | Moro, juiz sem credibilidade. Ministro por recompensa

Dia de todos os santos finados, não é? Um feriado que não é mas que está a valer como tal para alguns. Desfrutem porque a vida é curta e filha de uma megera que merece ser arrastada por um possante cavalo a galope. 

Há os que fazem fim de semana prolongado devido a terem feito “a ponte” por benesse do feriado de ontem, dia 1 de Novembro. E há os que até nem sabem o que é isso de parar de trabalhar, dos feriados e fins de semana. E mesmo assim são sempre pobres por via dos salários de miséria que anafados e cheirosos patrões lhes entregam no final dos meses com aqueles olhos penosos por terem de se desfazer de umas míseras centenas (p’rái 4,5 ou no máximo 6). São os feios, porcos e maus do empresariado que abunda mas se refastela na permanente exploração que lhes alimenta os vícios e as chulices. Não são todos os patrões mas é facto que esses tais são demasiados. Está mais que provado.

Adiante que se faz tarde.

Então e o que dizem sobre as “novidades” acerca daquele trapaceiro apelidado de Moro e se embrenhou no golpe fascista que vai de vento em popa lá pelos brasis?

Moro, o trapaça de juiz que “encanou” Lula e outros daquela coisa chamada “lava jato” afinal vai ser um recompensado super ministro do super fascista, racista e outros istas e ismos que dá pelo nome de Bolsonaro. E esta, hem!? Isso não é novidade, é a paga. A retribuição pelos “trabalhos” de Moro. Golpistas mesmo, hem!

No Curto de hoje, de autoria do jornalista do Expresso, Valdemar Cruz, vão desembocar na abertura que salienta categoricamente que “Moro não resistiu a dar o golpe de misericórdia na credibilidade da justiça brasileira”. Mas que credibilidade, senhor Valdemar Cruz? Isso já foi, se é que alguma vez foi digna de credibilidade, a justiça brasileira. Quanto a Moro está tudo visto. O mundo olha-o abaixo de uma minhoca conspurcada, malcheirosa e indigna dos da sua espécie.

Que houve nepotismo e corrupção durante os governos do PT não ponhamos dúvidas, mas também Moro e outros “justiceiros” aproveitaram os erros e a boleia para empolar e usar lupas aumentativas das realidades que poderiam cair justificadamente nas teias de violação das leis e merecedoras de serem submetidas à apreciação da Justiça. Não de “justiceiros” de pequenez de carater e, também por isso, imerecidos saladistas juízes-políticos que nos seus âmagos ainda devem idolatrar fascistas europeus, latino-americanos e de outras paragens deste planeta. Além do mais a corrupção, os roubos, vão acelerar - como é carecteristica da direita. Sempre assim foi.

Que raio. Lá estamos nós novamente a fazer pronuncia sobre o Brasil da pequenez que ficamos a poder mirar no espelho com a tristeza da oportunidade confirmada eleitoralmente e que revelou a iliteracia, as manipulações religiosas, a beatice tresloucada, bacoca e fanática, a ausência de consciência de classe e a estupidez com o dobro do tamanho do tal Pão de Açúcar de braços abertos para, talvez, enxotar insectos da espécie de Moros, Bolsonaros e outros que tais.

“Puxa vida! Não enche mais o saco, rapaz!” Como dirão além Atlântico. Por mares tão poluídos e navegados.

Adeus. Depois de todas as nuvens negras, da repressão, da mortandade institucionalizada, de todas as desgraças do povoléu... O sol brilhará para todos vós - é o que desejamos.

Até ao nosso regresso. Adeus Pobre Brasil. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto


Moro. Num País Tropical

Valdemar Cruz | Expresso

Já está. Moro não resistiu a dar o golpe de misericórdia na credibilidade da justiça brasileira. Demasiado cheio de si próprio para evitar cair na tentação de dar o salto que ,em nome da decência, não devia, não podia dar, assume em definitivo o papel de justiceiro. De caudilho providencial. De iluminado num país de trevas. Sérgio Moro vê-se a si próprio como o guardião mor das virtudes abastardadas. Para isso, e ao aceitar o cargo de ministro da Justiça, junta-se a uma encarnação tosca de aprendiz de fascista.

Moro é o juiz que tripudiou todas as regras para precipitar a prisão de Lula da Silva, de modo a impedi-lo de se candidatar a Presidente da República do Brasil quando liderava todas as sondagens. Abriu assim uma larga estrada para a vitória de Bolsonaro. O mesmo a propósito de quem, na sua última edição, e num editorial raro, o Expresso sentiu a necessidade de reafirmar o seu posicionamento em defesa dos valores essenciais da democracia e “contra o fascismo”. Moro abandona 22 anos de magistratura para se colocar ao serviço do homem que mais beneficiou com as suas decisões na “Operação Lava-Jato”. Tudo isso o descredibiliza.

Gleisi Hofman, presidente do Partido dos Trabalhadoresdenunciou o que apelidou como a “fraude do século”.

Moro agora em transição para ministro, é o mesmo Moro que hás anos, numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, negava com todas as letras a hipótese de poder vir a entrar na política. “Não, jamais. Jamais. Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política", disse. Como em política dois anos podem ser muito tempo, em junho do ano passado, em entrevista a Christiana Martins, do Expresso, quando questionado sobre se mantinha a recusa em entrar na política, respondeu: “Sim, já repeti várias vezes. Não existe nenhuma possibilidade”. Como definição de caráter, estamos conversados.

A jornalista, escritora e documentarista brasileira Eliane Brum, multipremiada, inclusive com o Inter American Associated Press Award, escreveu um twiitt a dizer que a decisão de Moro “é indecente de tantas maneiras diferentes que precisaremos encontrar palavras novas. Por enquanto, escolho uma: obscenidade. O ego de Sérgio Moro ainda vai levá-lo à latrina da História”.

O anúncio da participação de Moro no Governo de Bolsonaro fez a Bolsa de Valores de São Paulo bater recordes históricos. Os investidores mostraram-se eufóricos com o nome do novo ministro.

Tudo isto é Moro. Num país tropical que ameaça transformar-se num novo tipo de República das Bananas.

OUTRAS NOTÍCIAS

A EDP Distribuição não estava a aplicar a lei para proteção da floresta em Pedrógão Grande, noticia a TSF. A empresa defende que não podia aplicar a legislação e culpa o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios (PMDFCI), que neste concelho estava caducado, à data do fogo, há seis anos.

A partir de 2019, a Proteção Civil e as câmaras municipais vão passar a poder enviar alertas às populações, no caso de existirem riscos graves para a saúde pública, em particular em situações de acidentes graves e catástrofes.

A associação pediátrica do Hospital de São João, no Porto, está a estudar a apresentação de uma queixa-crime contra quem mandou “parar a obra da ala pediátrica” daquela unidade. A queixa poderá incluir políticos, por manterem crianças internadas em contentores “miseráveis” desde 2011.

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, é ouvido na Assembleia da República, esta sexta-feira, durante a apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2019. Os professores vão concentrar-se no exterior e realizar um plenário de protesto.

O Bloco de Esquerda quer saber o que se passa com a regulamentação da canábis. Com a lei aprovada em junho e publicada a 18 de julho, o prazo de regulamentação, de 60 dias, foi largamente ultrapassado. .

A Torre do Tombo vai comprar um pergaminho do século XIV no sítio de vendas OLX. A notícia é do Público e refere que o documento regista a escritura da entrega do Castelo de Lisboa ao Conde de Barcelos em Janeiro de 1383.

Se estiver na região do Porto, não perca o espetáculo que vi na noite de ontem no Teatro Rivoli. "A Love Supreme" é um quarteto criado pelas coreógrafas belgas Salva Sanchis e Anne Teresa De Keersmaeker. Keersmaeker. Até domingo, tem no Teatro do Campo Alegre "Boudoir - 7 Diálogos Libertinos", de Martim Pedrosa/Nova Companhia, a partir de "A Filosofia de Alcova", do Marquês de Sade.

Helena Ramos, apresentadora da RTP, morreu ontem aos 64 anos. Era uma das caras mais conhecidas do canal público. Morreu vítima de um cancro contra o qual lutava há quasecinco anos.

LÁ FORA

No Dia Internacional de Proteção aos Jornalistas não será desajustado recordar como Bolsonaro está empenhado numa campanha de descredibilização e ataque aos principais órgãos de comunicação social brasileiros. Em linha, de resto, com a atuação de Donald Trump.

Na Foreign Affairs está um artigo sintomaticamente intitulado “Trumpismo chega ao Brasil”, no qual se fala do momento em que perante apoiantes que gritavam “EUA! EUA!”, Bolsonaro, “quebra uma tradição de independência”, vira-se e saúda “uma imagem de TV com uma bandeira americana a ondular”. Na esteira de Trump, já anunciou a mudança da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém.

Donald Trump revelou ter dito aos militares destacados para a fronteira com o México que se os imigrantes da América Central lhes atirarem pedras, devem agir como se as pedras fossem "espingardas".

O novo governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel afirmou à imprensa brasileira que a melhor maneira de combater a criminalidade no Estado é matar os "bandidos que estejam de arma". A polícia, disse, “vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro".

Os EUA anunciaram novas e "pesadas" sanções contra a Venezuela, acusada de fazer parte, com Cuba e a Nicarágua, de uma "troika da tirania" na América Latina.

A Toyota vai chamar à revisão mais de um milhão de automóveis em todo o mundo devido a um problema nos "airbags" que podem inflar sem haver um choque ou não funcionar em caso de acidente.

A Ryanair está a aplicar, desde ontem, dia 1 de novembro, uma taxa de cinco a oito euros para permitir a entrada de bagagens de mão na cabine dos seus aviões. A empresa alega que pretende, assim, diminuir os atrasos no embarque de passageiros. Até agora, levar na cabine malas até dez quilos era gratuito.

PRIMEIRAS PÁGINAS

Saúde vai telefonar a 65 mil idosos para avaliar a sua “fragilidade” – Público

Fundos europeus fechados na gaveta há cinco anos – JN

“Bomba.relógio na habitação” – I

Valor das pensões antecipadas caiu 10% em dez anos – Negócios

Despedimento (de Peseiro) custa 800 mil ao Sporting – Correio da Manhã

Governo lançará um plano de choque contra o desemprego juvenil– El País

Salvini devora Di Maio. Para os italianos é ele o verdadeiro chefe do governo – La Republicca

Comparando pedras com fuzis – Trump aumenta a retórica anti-imigrante na casa Branca – The Guardian

Juiz que derrubou Lula premiado por Bolsonaro – Libération

Trump fez um discurso falso sobre a imigração na casa Branca – New York Times

FRASES

“O único objetivo de Centeno é reduzir o défice”. Manuela Ferreira Leite, ex-líder do PSD, na TVI

“Não me vejo a ocupar as Finanças”. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, na TSF

“É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros”. Manuel Alegre no Público a propósito de declarações da ministra da Cultura sobre touradas

“Os alimentos orgânicos não são, nem mais seguros, nem mais nutritivos”. Bernhard Url, diretor da Agência Europeia de Segurança Alimentar no El País

O QUE ANDO A LER

A primeira figura da literatura mundial a sublinhar a importância de um bom serviço de informações foi Deus. A afirmação, embora possa parecer atrevida, tem a sustentá-la um imenso saber acumulado por Christopher Andrew, antigo presidente da Faculdade de História da Universidade de Cambridge e o primeiro historiador do MI5, o célebre serviço secreto inglês. É com aquela afirmação que abre o seu monumental “O Mundo Secreto”, cujo primeiro volume acaba de ser editado pela D. Quixote, e promete conduzir-nos através de uma fascinante viagem ao universo dos espiões, desde a Bíblia até a atualidade.

Embora ainda vá no início de uma leitura longa, deu já para perceber duas ideias centrais defendidas pelo autor. Desde logo a constatação de que a espionagem vem de tempos imemoriais. A primeira menção literária à espionagem aparece no Livro do Êxodo, quando Deus ordena a Maomé que envie espiões para as terras de Canaã.

Depois põe a nu a surpreendente ignorância dos serviços secretos sobre o seu próprio passado, o que terá feito com que estes homens cuja especialidade é roubar segredos, como dizia um antigo diretor da CIA, tenham passado o tempo a inventar a roda. Por exemplo, os historiadores e investigadores que decifraram as transmissões secretas de Hitler ignorariam que antecessores seus tinham já decifrado os códigos de Filipe II e Napoleão. Quando os militares dos EUA usam a técnica de simulação de afogamento nos interrogatórios a que submetem os prisioneiros do 11 de setembro em Guantanamo, desconheceriam que o processo fora inventado 500 anos anos pela Inquisição espanhola.

Sempre me cativaram as histórias reais de espiões. Sempre me deliciei com os estereótipos difundidos pela literatura e pelo cinema assentes na fábula do bom espião, em geral sedutor, atraente e inteligente, por oposição ao espia do outro lado, por definição carrancudo, mal cheiroso e mau. De alguma forma, como dizia o historiador Sherman Kent, a espionagem era a única profissão que carecia de literatura séria. Christopher Andrew dá um contributo decisivo, não para a melhoria da percepção literária da segunda mais antiga profissão do mundo, mas para que melhor se consiga perceber como a História é também condicionada pelas pequenas histórias tecidas por estes homens e mulheres que fazem do segredo uma profissão e conseguem, por vezes, mudar o curso da História.

Tenha um bom dia e um excelente fim de semana na companhia das muitas leituras proporcionadas pelo Expresso, on line ou em papel.

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