sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Caldeiradas, touradas, olés de sangue, fartum de Bruno e mais...


Expresso Curto em hora mais avançada, responsabilidade do PG. Adiante. Avance para uma autêntica e saborosa "caldeirada" de temas por Miguel Cadete, lá da casa de Balsemão Bilderberg. Lêmos e vomitamos muito com as touradas tão fecundas neste país. Sobressai a tourada de olés, sangue e sofrimento dos animais, assim como de sofrimento dos milhões que andam a pagar as touradas, os portugueses, para uns quantos sanguinários se divertirem, aplaudirem e tocarem música quando vêem sangue a escorrer pelo cachaço e lombo dos toiros, ou todo o stress dos cavalos toureiros. E chamarem àquilo cultura. Obra de marialvas e falsos burgueses asquerosos, uns riquinhos frustrados, outros cravas mas manientos e tipinhos com roupas apertadinhas ao estilo Maria Alice no país dos de antigamente e dos míopes que nem viram o século passar. Urge avançar e deixar-vos inteirar dos temas. Uns até de grada importância. Ide lá. Adeus, até segunda-feira. (CT | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

A guerra da Europa, mais a de Bruno de Carvalho, de Angola e das touradas. E a do Natal

Miguel Cadete | Expresso

Ainda não passou uma semana desde que o Presidente de França, Emmanuel Macron, reuniu os outros Chefes de Estado em Paris para celebrar os cem anos do Armistício e a Europa já regressou à guerra.

No Reino Unido, que durante o fim de semana não se fez representar ao mais alto nível em Paris, o princípio de acordo de saída da União Europeia a que o Governo de Theresa Maychegou em Bruxelas gerou uma tempestade, que o Expresso seguiu em direto, capaz de deixar o Partido Conservador em guerra civil, nas palavras do “Financial Times”. No fim do dia de ontem, a primeiro-ministro inglesa não vergou voltou a garantir que as 585 páginas do acordo traçavam “o caminho certo para o país e para o povo”. “Se não aceitarmos o acordo, ninguém sabe quais as consequências que se seguirão. Estaríamos a tomar um caminho de grave e profunda incerteza”, disse.

Esse é o caminho pretendido pelos mais furiosos adeptos, dentro do Governo, da saída do Reino Unido. Ontem de manhã foi conhecida a demissão do executivo do Secretário de Estado para o Brexit, Dominic Raab, e da Secretária do Trabalho e das Pensões, Esther McVey, além de outros quatro membros do Governo. É possível que hoje sucedam mais demissões, nomeadamente a de Michael Gove, o influente secretário do Ambiente e candidato à liderança do Partido Conservador, que rejeitou ontem a proposta de Theresa May para assumir o cargo de Dominic Raab. Segundo o “Guardian”, Chris Grayling(secretário dos Transportes) e Penny Mordaunt (secretária do Desenvolvimento Internacional) também podem resignar ao longo do dia de hoje.

Outro ferrenho adepto do Leave entre os conservadores, o deputado Rees-Mogg, montou uma conferência de imprensa em Westminster para anunciar uma moção de desconfiança contra Theresa May, para a qual necessita da assinatura de mais 47 deputados, o que deixaria a primeira-ministra em situação ainda mais delicada. Rees-Mogg pronunciou-se contra a união aduaneira preconizada pelo acordo de princípios: “isso não é um Brexit”, disse.

Mesmo que seja capaz de passar esta tormenta, Theresa May tem que fazer passar o acordo no Parlamento, o que se afigura terrivelmente difícil pelas contas que o “Guardian” ontem publicou: contam-se 415 votos contra e 224 a favor.

Entre os que votarão contra estão os deputados do Partido Trabalhista. Jeremy Corbyn deixou ontem claro, que o partido que lidera não apoiará o acordo de princípio com Bruxelas, segundo o “El País”, apostando no desgaste dos conservadores até que sejam marcadas novas eleições.

Em Portugal, o líder dos socialistas e chefe do governo, António Costa tomou o lado de Theresa May, congratulando-se com o acordo por consagrar a “defesa dos direitos dos nossos cidadãos e à proteção das nossas denominações de origem” (em particular do vinho do Porto e do vinho da Madeira).

OUTRAS NOTÍCIAS

O “Jornal de Angola” anuncia hoje que a empresa petrolífera angolana, Sonangol, vai sair da Unitel, a empresa de telecomunicações detida por Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos. O anúncio acontece nas vésperas da visita oficial do atual Presidente de Angola, João Lourenço, que chega a Lisboa na quinta-feira.

Em entrevista de fundo a ser publicada na Revista do Expressode amanhã, Lourenço adianta mais: diz que a Sonangol deverá alienar as suas participações no capital de grandes empresas portuguesas como a Galp ou o BCP.

Carlos Saturnino, presidente do Conselho de Administração da Sonangol, anunciou também que a petrolífera angolana irá igualmente deixar o capital de bancos como o Banco Angolano de Investimentos (BAI), Caixa Angola, Fomento Angola(BFA), Banco Económico e de Comércio e Indústria (BCI), além de empresas como a MSTelcom, Porto Amboim Estaleiros Navais, Sobanet, Sonils, Petromar e Anglofex.

Ao Expresso, o Presidente de Angola referiu estar interessado no investimento português, e não tanto no comércio, abrindo ainda a porta à entrada de técnicos de saúde e educação no seu país. As suas maiores críticas vão, no entanto, para os seus sucessores: “são conhecidos os traidores da pátria”, disse em entrevista que ocorreu em Luanda há uma semana e que será publicada amanhã.

Bruno de Carvalho em liberdade. A acusação ao ex-Presidente do Sporting lavrada pela procuradora Cândida Vilarnão inclui indícios suficientemente fortes que permitam manter Bruno de Carvalho em prisão preventiva, a mais gravosa medida de coação. Depois de detido durante 90 horas, e, apesar de ser obrigado a apresentar-se diariamente, o ex-Presidente do clube de Alvalade saiu ontem em liberdade, tal como o dirigente da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, mais conhecido como Mustafá.

Bruno de Carvalho é, no entanto, acusado de 101 crimes, entre eles a autoria moral da invasão a Alcochete, terrorismo e sequestro. Ao todo existem 44 arguidos neste processo.

Facebook debaixo de fogo. Uma investigação do “New York Times” relativamente à forma como (não) é tratada a desinformação e as fake news publicadas naquela plataforma deixou Mark Zuckerberg a arder. Ontem, em conferência com jornalistas, o bilionário CEO de 34 anos confessou ser impossível controlar tudo o que se passa numa empresa com dez mil funcionários. A forma como lida com os seus críticos e concorrentes também está sob escrutínio, mas é a fúria de políticos, ativistas e acionistas que está a gerar desconfiança quanto à incapacidade daquela rede social se auto-regular. A influência russa nos conteúdos falsos publicados é só a ponta do iceberg.

PS a favor das touradas. Apesar das declarações da Ministra da Cultura, Graça Fonseca, que durante a discussão do Orçamento do Estado considerou aquele espectáculo pouco civilizado, a bancada parlamentar do PS vai propor a descida do IVA para 6%,mantendo-o em linha com o dos outros eventos culturais. A questão, que já havia motivado a troca de cartas abertas entre Manuel Alegre e o primeiro-ministro, voltou a merecer comentários de António Costa que se mostrou surpreendido com a tomada de posição da bancada do seu partido. Em mais uma vistosa verónica, António Costa assumiu que votaria contra a proposta.

Antigo primeiro-ministro da Macedónia reaparece na Hungria. Nikola Gruevski, condenado por ter governando a Macedónia num caldo de corrupção, surgiu quarta-feira misteriosamente na Hungria, onde lhe será concedido asilo político. Viktor Órban não foi capaz de explicar o tratamento preferencial concedido a este refugiado: “perguntem aos advogados”, disse.

Juízes consideram que residência alternada deve estar na lei. Depois da PGR, também o Conselho de Magistratura considerou que o princípio de que um filho de pais separados deve viver com ambos os progenitores deve ficar expresso no Código Civil. É a manchete de hoje do “Diário de Notícias”.

FRASES

“Bom filho a casa torna. Mas o Benfica tem excelente treinador e tenho de respeitá-lo”. Jorge Jesus em entrevista a “A Bola” no Dubai

“Fiquei surpreendido com a detenção de Bruno de Carvalho”.Idem

“Foi o pior momento da minha vida”. Bruno de Carvalho depois de libertado

“O que se passa na associação mutualista em termos de salários é pornográfico”. António Godinho, candidato à liderança do Montepio, no jornal “i”

“Fico muito satisfeito que o governo de Theresa May esteja a ir abaixo. É um capítulo horrendo da história britânica”. Johnny Marr, guitarrista dos Smiths que vai atuar no Super Bock em Stock, em declarações à BLITZ

O QUE ANDO A VER

Elton John anunciou que ia abandonar os palcos. A digressão que está atualmente a levar por diante, “The Farewell Yellow Brick Road”, será a última mas ainda ontem foram reveladas mais datas. Para Portugal nenhum concerto foi confirmado mas ainda nada está perdido: a tournée de despedida dura três anos e ainda é provável que a primeira grande estrela a pisar palcos portugueses, no festival de Vilar de Mouros, em 1971, então bem vigiado pela PIDE, volte a Portugal.

Elton John é também o protagonista do anúncio de Natal dos armazéns John Lewis, uma instituição no Reino Unido ainda que por cá seja pouco reconhecida. As campanhas de Natal desses armazéns são notáveis e a deste ano volta a fazer chorar as pedras da calçada. O enredo dura pouco mais de dois minutos e está montado à volta da canção “Your Song”, numa viagem que começa no Elton John dos dias de hoje, isto é o da pré-reforma, até ao dia em que petiz, recebeu um piano como presente de Natal.

Hoje, agora, acredite que vale a pena perder esses dois minutos e 20 segundos da sua vida.

Aqui não há spoilers mas vale a pena sublinhar que a frase “some gifts are more than just a gift” não tem boa tradução para português porque “gift” tanto significa “presente” como “dom”.

Agora que o comércio vai atacar o Ocidente em força com as campanhas do Black Friday e a do Natal, vale a pena usar o tempo que nos sobre destes dois minutos e 20 segundos para pensar que prenda de Natal pode realmente mudar a vida de uma criança. À sua escolha.

Por hoje é tudo. Siga a informação atualizada em permanência no Expresso Online. Amanhã, o semanário chega, como de costume, às bancas. Boas prendas.

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