domingo, 25 de março de 2018

VENCER ASSIMETRIAS – II (Continuação)

Martinho Júnior | Luanda 

5- A Venezuela Bolivariana está numa fase mais adiantada que Angola em relação à capacidade de vencer as assimetrias, não só por que o processo histórico de sua independência e soberania é mais longevo, mas também por que as lutas de libertação contra o colonialismo, o “apartheid” e contra as suas sequelas em Angola, produziram um desgaste “fértil” para os impactos de capitalismo neoliberal, factores conjugados que tiveram e continuam a ter influência nas capacidades de luta contra o subdesenvolvimento.

Assim no que à economia diz respeito, a Venezuela Bolivariana está a adiantar-se a Angola, colocando-se a nível global como uma vanguarda para as emergências tricontinentais: começou a incrementar o “arco de desenvolvimento mineiro do Orinoco”, , na transição entre as regiões de de ocupação e de intervenção humana, criando atractivos populacionais onde nunca houve, visivelmente em municipalidades como Ciudad Bolivar (fundada a 22 de Maio de 1.764) e Ciudad Guayana (fundada a 2 de Julho de 1.961), que constituem polos dessa abrangente iniciativa e ao mesmo tempo, fortaleceu sua economia e agora as finanças, respondendo à agressão da hegemonia unipolar, o império conforme à doutrina Monroe!

A Ciudad Bolivar, capital do Estado de Bolivar e plantada à beira-rio (margem direita do Baixo Orinoco), possui 380.00 habitantes, mas é a Ciudad Guayana, situada mais para leste e ainda junto do Orinoco (imediatamente antes dos braços do seu delta), com cerca de 1.200.000 habitantes que é estrutural e economicamente mais pujante.

As duas cidades estão a leste desse poderoso “arco de desenvolvimento mineiro do Orinoco” que ocupa com uma parte substancial do Baixo Orinoco (111.843,7 km 2), com as principais instalações industriais na área de Ciudad Guayana, que tem, para ligação com o exterior, Puerto Ordaz.

É em Ciudad Guayana que o afluente da margem direita do Orinoco, o Caloní, mistura as suas águas azuis (provenientes da velha meseta planáltica de Guiana), com as águas castanhas do Orinoco (cor dos sedimentos transportados pelas correntes que escorrem dos Andes)…

É também aí onde se encontram as duas principais barragens hidroeléctricas da Venezuela, Macagua e Guri, responsáveis por cerca de 70% da energia que o país consome.

As duas cidades do Estado de Bolivar, um dos mais despovoados da Venezuela, ficam a nordeste do centro geográfico do triângulo do espaço nacional, mas são reitoras de toda a riqueza mineira que está a ser explorada, ao longo do Baixo Orinoco, decisiva para a mobilização patriótica da Revolução Bolivariana em prol da Pátria Grande, desde já nas questões económicas e financeiras (sua riqueza é base da concepção da criptomoeda que é o Petro)!

A sul das cidades, o Parque Nacional de Canaima, o 2º em extensão do país (30.000 km2), cobre a região mais despovoada do Estado de Bolivar.

O 1º Parque Nacional em extensão da Venezuela, situa-se por seu turno no sudeste do Estado de Amazonas (a capital, Puerto Ayacucho,  fica a oeste dele e na fronteira fluvial com a Colômbia).

É também a partir das cidades maiores do Estado de Bolivar que a Missão Piar, vocacionada para os cuidados ambientais a ter nas áreas de mineração, mais se aplica, considerando que é na bacia do Orinoco onde estão as maiores reservas de petróleo globais, sendo também rica em ouro, diamantes, bauxite, coltan…

Numa projecção de desenvolvimento sustentável para os próximos séculos, a Ciudad Bolivar, que fica a relativamente poucos quilómetros a oeste da Ciudad Guayana, seria um lugar propício à instalação duma futura capital bolivariana nos alicerces da Pátria Grande, pois caso isso acontecesse, seria importante para enfrentar os enormes desafios das imensas áreas de intervenção que se propiciam no corpo sul do país, nos Estados de Apure, Bolivar e Amazonas, assim como para além fronteiras.

6- Em função do Orinoco, do seu curso internacional (Médio Orinoco) e de suas riquezas, (o Orinoco possui uma bacia com cerca de 880.000 km2), as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, desenvolveram por via da Armada Nacional, um Corpo de Fuzileiros, com cerca de 17.500 efectivos, dos quais uma parte significativa cobre a imensa região de intervenção onde se desenham todos os afluentes da margem direita do poderoso rio e alguns da margem esquerda (uma parte dos quais tem curso na Colômbia).

O Comando das unidades fluviais dos fuzileiros, já distribuídas por três bases fluviais, tem Caicara de Orinoco como projectada base operacional principal, que comandará todos os actuais dispositivos, assim distribuídos:

- Quinta Brigada de Infantaria de Marinha Fluvial “CF. José Tomas Machado” –  sedeada no Orinoco, Ciudad Bolívar, Estado deBolívar;

Sexta Brigada de Infantaria de Marinha Fluvial “Alm. Manuel Ezequiel Bruzual” – sedeada no rio Apure (afluente da margen esquerda do Orinoco), em San Fernando, capital do Estado de Apure;

Séptima Brigada de Infantería de Marina Fluvial “G/B Franz Risquez Iribarren” – sedeada em Puerto Ayacucho, capital do Estado de Amazonas, na fronteira fluvial com a Colômbia.

A actuação das Forças Ermadas Nacionais Bolivarianas têm sido um esteio para as amplas medidas de intervenção, uma autêntica missão de vanguarda, e reconhecimento, de pesquisa e de inteligência, abrindo canais para dentro das áreas até hoje inertes mas ávidas de intervenção humana!
  
As Unidades de Fuzileiros Fluviais têm já uma vasta experiência pelo que a Armada Nacional Venezuelana possui capacidades que os países africanos e latino-americanos podem equacionar para o desenvolvimento interior de suas unidades militares de Fuzileiros, integrando-os nos dispositivos internos das geoestratégias para um desenvolvimento sustentável, num horizonte de séculos!

No caso angolano, é uma recomendação que faço, até por que à água interior dum vital valor, se juntam tal como na Venezuela enormes riquezas mineiras.

Tudo isso é algo que não está a deixar indiferente a vizinha África do Sul, que se fará representar os seus intereses no “arco mineiro do Orinoco” e apresentou recentemente um seu Embaixador em Caracas!...

7- O rio Cuanza, comparativamente ao Orinoco, é menor, todavía, tendo nascente no fulcro geográfico do país, sua bacia está próxima de todas as mais importantes bacias existentes em territorio nacional, pelo que podem-se formar sistemas de transvases para um Corpo de Fuzileiros Fluviais das Forças Armadas Angolanas, integrado numa geoestratégia para um desenvolvimento sustentável a muito longo prazo:

Em relação aos ríos da bacia do Congo equatorial, o segundo rio mais caudaloso do mundo (em especial o Cuango e o Cassai, ricos em depósitos aluviais de diamantes e com cursos internacionais antes de penetrarem na RDC), a norte;

- Em relação aos rios que integram a poderosa bacia do Zambeze (Luena, Lungué Bungo e Cuando), a leste;

- Em relação à bacia do Cubango, a sudeste (e aos maiores Parques Nacionais e Reservas Naturais angolanas e internacionais, englobando a Namíbia, a Zâmbia, o Zimbabwe e o Botswana);

- Em relação ao sistema subterrâneo do Cuvelai, a sul, que desemboca no Etosha Pan, na Namíbia, pérola que anima o Parque Natural do Etosha;

- Em relação à bacia do Cunene (que possui um troço final de curso internacional), a sudoeste, o rio que a seguir ao Cuanza mais aproveitamentos de barragens para produção hidroeléctrica e irrigação possui;

- Em relação a todas as pequenas bacias de rios que em território angolano desaguam no Atlântico (oeste).

As experiências desse Corpo de Fuzileiros Fluviais que proponho desde já criar bebendo da experiencia da Venezuela Bolivariana, seriam importantes para controlar os cursos iniciais, médios e terminais dos ríos, algo essencial para se lançarem as bases para uma geoestratégia para um desenvolvimento sustentável, pois as suas abordagens, tendo em conta o grau de mobilização da juventude, integraria os procesos próprios da gestação dum cultura nacional de segurança e inteligência vocacionada para o futuro, sendo desde logo um manancial para as Universidades, Institutos Superiores e de Pesquisa, que se venham a mobilizar para um projecto tão decisivo quanto esse!

O esforço patriótico a desenvolver-se numa tal projecção, similar ao que a Revolução Bolivariana está já a fazer no outro lado do Atlântico, integrando desde logo os esforços das FAA e dos organismos do Interior, é um processo incontornável, pois seria também importante para melhor asseguramento em relação às riquezas nacionais, contrariando a tendência para processos anárquicos que podem ser um dia reutilizados por um qualquer quadro de subversão, como hoje têm sido tão mal aproveitados em função dos processos de terapia neoliberal que tanta corrupção tem trazido à amada Pátria de Agostinho Neto!

Martinho Júnior - Luanda, 24 de Março de 2018

Mapas e foto:
- Localização do “arco de desenvolvimento mineiro do Orinoco” no mapa da Venezuela;
- Definição do quadrado angolano e dos quatro triângulos que integram o espaço nacional;
- As riquezas do “arco de desenvolvimento mineiro do Orinoco”;
- Evidências orográficas e hidrográficas, distribuídas nos quatro triângulos do quadrado angolano;
- Confluência do fluente de águas azuis, o Caloní, no barrento Orinoco, um “V” de - -- Vitória para a Venezuela Bolivariana – os rios esperam pela garantia de futuro, a partir do empenho dos melhores filhos das pátrias angolana e venezuelana.

Porque o Reino Unido, a UE e os EUA atacam a Rússia


James Petras

Durante a maior parte desta década os EUA, o Reino Unido e a UE têm executado uma campanha para minar e derrubar o governo russo, em particular para afastar o presidente Putin. Questões fundamentais estão em causa, incluindo a possibilidade real de uma guerra nuclear.

A mais recente campanha de propaganda ocidental, e uma das mais virulentas, é da responsabilidade do regime britânico da primeira-ministra Theresa May. Eles afirmaram que agentes secretos russos conspiraram para envenenar um antigo agente duplo russo e a sua filha na Inglaterra, ameaçando a soberania e segurança do povo britânico. Nenhuma prova foi alguma vez apresentada. Ao invés disso o Reino Unido expulsou diplomatas russos e pediu sanções mais duras, para aumentar tensões. O Reino Unido e seus patronos dos EUA e UE estão a mover-se rumo a uma ruptura de relações e a uma acumulação militar.

Um certo número de questões fundamentais levanta-se quanto às origens e intensidade crescente este ânimo anti-russo.

Por que os regimes ocidentais sentem agora que a Rússia é uma ameaça maior do que do no passado? Acreditarão eles que a Rússia está mais vulnerável a ameaça ou ataques ocidentais? Por que líderes militares ocidentais procuram minar defesas da Rússia? Será que as elites económicas dos EUA acreditam ser possível provocar uma crise económica e a demissão do governo do presidente Putin? O que é o objectivo estratégico dos decisores políticos ocidentais? Por que neste momento o regime do Reino Unido assumiu a liderança na cruzada anti-russa através das falsas acusações de veneno?

Este documento destina-se a proporcionar elementos chave para tratar destas questões.

O contexto histórico da agressão ocidental 

Vários factores históricos fundamentais remontando à década de 1990 explicam o surto actual de hostilidade ocidental à Rússia.

Em primeiro lugar, durante a década de 1990 os EUA degradaram a Rússia, reduzindo-a a um estado vassalo e impondo-se como um estado unipolar.

Em segundo lugar, elites ocidentais pilharam a economia russa, capturando e lavando centenas de milhares de milhões de dólares. Os bancos da Wall Street e da City de Londres, além dos paraísos fiscais, foram os principais beneficiários.

Em terceiro, os EUA capturaram e tomar o controle do processo eleitoral russo, o que assegurou a "eleição" fraudulenta de Yeltsin.

Em quarto, o ocidente degradou instituições militares e científicas da Rússia e avançou suas forças armadas para as fronteiras da mesma.

Em quinto, o ocidente garantiu que a Rússia fosse incapaz de apoiar seus aliados e governos independentes por toda a Europa, Ásia, África e América Latina. A Rússia foi incapaz de ajudar seus aliados na Ucrânia, em Cuba, na Coreia do Norte, na Líbia, etc.

Com o colapso do regime Yeltsin e a eleição do presidente Putin, a Rússia retomou sua soberania, a sua economia recuperou-se, suas forças armadas e institutos científicos foram reconstruídos e fortalecidos. A pobreza foi drasticamente reduzida e capitalistas gangster apoiados pelo ocidente foram constrangidos, presos ou fugiram, principalmente para o Reino Unido e os EUA.

A recuperação histórica da Rússia sob o presidente Putin e a sua gradual influência internacional estilhaçou a pretensão dos EUA de dominar sobre um mundo unipolar. A recuperação da Rússia e o controle dos seus recursos económicos diminuiu a dominância estado-unidense, especialmente dos seus campos de petróleo e gás.

Quando a Rússia consolidou sua soberania e avançou economicamente, socialmente, politicamente e militarmente, o ocidente aumentou sua hostilidade num esforço para reverter a Rússia aos Tempos Negros da década de 1990.

Os EUA lançaram numerosos golpes e intervenções militares, além de eleições fraudulentas, para cercar e isolar a Rússia. A Ucrânia, Iraque, Síria, Líbia, Iémen e aliados russos na Ásia Central foram alvejados. Bases militares da NATO proliferaram.

A economia da Rússia tornou-se alvo: sanções às suas importações e exportações foram estabelecidas. O presidente Putin foi sujeito a uma virulenta campanha de propaganda nos media ocidentais. OGNs dos EUA financiaram partidos e políticos da oposição.

A campanha de desmantelamento dos EUA-UE fracassou.

A campanha de cerco fracassou.

A Ucrânia fragmentou-se – aliados da Rússia ganharam controle do Leste; o povo da Crimeia votou pela unificação com a Rússia. A Síria juntou-se à Rússia para derrotar vassalos armados dos EUA. A Rússia virou-se para o comércio multilateral, as redes de transportes e financeiras da China.

Como toda a fantasia unipolar dos EUA dissolveu-se isto provocou ressentimento profundo, animosidade e um conta-ataque sistemático. A custosa e fracassada guerra ao terror dos EUA tornou-se um ensaio geral para a guerra económica e ideológica contra o Kremlin. A recuperação histórica da Rússia e a derrota do ocidente desmantelado intensificaram a guerra ideológica e económica.

A trama do veneno no Reino Unido foi cozinhada para altear tensões económicas e preparar a opinião pública ocidental para confrontações militares agravadas.

A Rússia não é uma ameaça ao ocidente: ela está a recuperar sua soberania a fim de promover um mundo multi-polar. O presidente Putin não é um "agressor" mas ele recusa-se a permitir que a Rússia retorne à vassalagem.

O presidente Putin é imensamente popular na Rússia e odiado pelos EUA precisamente por causa da sua oposição a Yeltsin – ele criou uma economia florescente, ele resiste às sanções e defende as fronteiras da Rússia e dos seus aliados.

Conclusão 

Numa resposta sumária às questões do início.

1) Os regimes ocidentais reconhecem que a Rússia é uma ameaça à sua dominância global; sabem que a Rússia não ameaça invadir a UE, América do Norte ou seus vassalos. 

2) Regimes ocidentais acreditam que podem derrubar a Rússia através da guerra económica incluindo sanções. De facto a Rússia tornou-se mais auto-confiante e diversificou seus parceiros comerciais, especialmente com a China, e incluiu mesmo a Arábia Saudita e outros aliados ocidentais.

A campanha de propaganda ocidental falhou em virar eleitores russos contra Putin. Na eleição presidencial de 19 de Março de 2018 a participação aumentou para 67%. Vladimir Putin assegurou uma maioria recorde de 77%. O presidente Putin está politicamente mais forte do que nunca.

A exibição de armamento nuclear e outros avançados tem tido um grande efeito dissuasor, especialmente entre líderes militares dos EUA, tornando claro que a Rússia não é vulnerável a um ataque.

O Reino Unido tem tentado unificar e ganhar importância junto à UE e aos EUA através do lançamento da sua conspiração tóxica anti-Rússia. A primeira-ministra May fracassou. O Brexit forçará o Reino Unidos a romper com a UE.

O presidente Trump não substituirá a UE como um parceiro comercial alternativo. Se bem que a UE e Washington possam apoiar a cruzada do Reino Unido contra a Rússia, eles perseguirão a sua própria agenda comercial – a qual não inclui o Reino Unido.

Numa palavra, o Reino Unido, a UE e os EUA estão a agrupar-se sobre a Rússia, por diversas razões históricas e contemporâneas. A exploração da conspiração anti-russa por parte do Reino Unido é uma trama temporária para juntar-se à gang, mas não mudará o seu declínio global inevitável e a ruptura do Reino Unido.

A Rússia permanecerá uma potência global. Continuará sob a liderança do presidente Putin. As potências ocidentais dividir-se-ão e abandonarão seus vizinhos – e decidirão que é do seu melhor interesse aceitar e trabalhar dentro de um mundo multi-polar.

21/Março/2018

O original encontra-se em www.globalresearch.ca/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

17 HORAS NO AR | A mulher que comandou o primeiro voo direto entre Austrália e Europa


Mulher, mãe de dois filhos, piloto de aviões. Lisa Norman fica para a história da aviação como a comandante do primeiro voo a ligar diretamente Austrália e a Europa.

A primeira ligação aérea direta entre Austrália e Europa (Reino Unido) foi concluída este domingo de madrugada com sucesso, depois de mais de 17 horas no ar.

O voo QF9 ligou as cidades de Perth e Londres, e foi efetuado pela companhia aérea Qantas, numa ligação que percorreu 14498 quilómetros num Boeing 787-9 Dreamliner.


"Gostava de lhes dar as boas-vindas ao livro da história da aviação", disse a comandante Lisa Norman, dirigindo-se aos passageiros depois de aterrar em Londres.

"O mundo esteve a observar-nos hoje. Obrigado por terem feito parte de algo mágico e tão especial", acrescentou, em declarações ao jornal britânico "The Guardian".

Lisa Norman dividiu os comandos do voo com o comandante Jeff Foote e os copilotos Dave Summergreene e Troy Lane. Cerca das 16 horas deste domingo, iniciou já o regresso à Austrália, sob a designação QF10.

Dois dias antes do "take-off", Lisa Norman falou ao jornal "Perth Now", da cidade australiana de onde saiu este histórico voo.

"Quando me juntei à Qantas, nem nos meus maiores sonhos pensei que isto seria possível", disse Lisa Norman, confessando que sempre teve dúvidas sobre a possibilidade de este voo se concretizar.

Com 29 anos de serviço na Qantas, Lisa fez praticamente tudo na companhia de bandeira australiana: comandante de treino dos Boeing 767, comandante dos gigantes 747 da empresa norte-americana e dos A330 da rival europeia Airbus e, agora, responsável pelos voos do 787-9 Dreamliner.


Achava que tinha nascido no corpo errado para ser piloto

Nada mau para uma mulher que tinha poucas esperanças de um dia entrar num cockpit de um avião, pelo simples facto de achar que não tinha o género necessário.

"Creio que sempre quis ser piloto, mas achava que tinha nascido no corpo errado e as pessoas que me rodeavam não reconheciam o meu desejo de pilotar", desabafou.

Uma visita ao aeroporto de Sidney, na juventude, e os (bons) conselhos de uma amiga deram asas ao desejo, que se fez uma vida inteira de voo. Agora, recorda, é o filho mais novo, de sete anos, que já pensa em seguir os altos voos da mãe.

AC | Jornal de Notícias

Fotos: 1 - Qantas; 2 -  Epa/brent Winstone; 3 - Twitter

DIREITO POR LINHAS TORTAS


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Quem acredita que "o que pode ser feito acabará sempre por ser feito se houver quem retire benefício económico disso", numa perspetiva de que o poder do dinheiro se sobrepõe a todos os outros poderes e ao Estado de direito; quem acredita que "o Direito tem de se adaptar sempre à realidade" correndo atrás de determinismos tecnológicos deve ter ficado surpreendido com dois acontecimentos recentes. O primeiro foi o abalo provocado pela revelação do uso ilegal de dados pessoais coligidos pela Facebook. A perspetiva da condenação desta mega empresa nos tribunais está a provocar enorme queda no seu valor bolsista e os cidadãos sentem-se apreensivos face a esta ilegalidade. O segundo, o atropelamento mortal causado por um veículo sem condutor da Uber, seguido da imediata suspensão destes estúpidos testes realizados na via pública, decisão tomada na hora para evitar maiores complicações jurídicas.

Um certo clima de condenação geral vai rapidamente ser controlado por poderes económicos, financeiros e comunicacionais que se estruturam e alimentam da imensa riqueza propiciada pela subversão do Direito. Mas estas duas empresas (ou outras do mesmo tipo) podem vir a juntar-se às muitas que, no passado, sucumbiram em consequência de conflitos com o Direito e com os tribunais.

Estes incidentes servem para nos lembrar que a ética e o Direito podem, em muitas circunstâncias, impedir que seja feito o que pode mas não deve ser feito. Por que razão deve o Direito adaptar-se a inovações tecnológicas que permitem fazer o que consideramos não dever ser feito? Por que razão não é a tecnologia a acomodar-se a objetivos que nos permitam realizar o que desejamos e é justo fazer?

No domínio do Direito do Trabalho todos os dias ouvimos que ele tem de se adaptar às novas realidades do "mercado de trabalho", ou seja, à financeirização da economia, à mercantilização do trabalho, ao individualismo exacerbado, à acumulação desmedida de riqueza pelos acionistas e gestores de topo de grandes grupos empresariais, à substituição de leis democráticas pela lei do patrão. Inventam-se atividades "desmaterializadas", proletarizam-se velhas profissões liberais ao mesmo tempo que muitos dos antigos e atuais proletários são forçados a transformar-se em empresários de si mesmo.

Também o Direito do Trabalho não pode ir atrás destas pretensas novas realidades. Ele sempre influiu e não pode deixar de influir nos impactos vindos da evolução tecnológica, das alterações demográficas, das opções económicas e políticas, das mudanças organizacionais e gestionárias. Sem ele os desequilíbrios de poder entre o capital e o trabalho destruirão as sociedades democráticas. O Direito do Trabalho choca frontalmente com a transformação das relações laborais de tipo salarial em relações de "prestação de serviços" propiciada por plataformas digitais como a Uber. Por outro lado, empresas como a Facebook não podem continuar a ser predadoras impunes que ganham milhões vendendo informação privada sem o direito de dispor dela.

Na utopia de mercado generalizado, a Uber prenuncia que todos poderemos ser consumidores e prestadores de serviços, uns ligados a outros num mercado digital, onde os prestadores estão sempre às ordens e os consumidores sempre e prontamente a serem bem servidos. Tudo parece perfeito e emanando "naturalmente" do uso das novas tecnologias, mas de facto as pessoas que estão naquela engrenagem não passam de peças descartáveis e o tal mercado digital é propriedade de uma empresa.

Como vão ser autonomizadas e desmaterializadas as funções da esmagadora maioria dos trabalhadores que continuarão, necessariamente, a trabalhar concentrados em espaços concretos para garantirem a produção na indústria, nos mais diversos setores de atividade e para executar as funções da Administração Pública?

Será que está em marcha a privatização do que nunca foi privatizado - o próprio mercado, ou segmentos de mercado?

É preciso impedir a transformação das pessoas em objetos facilmente descartáveis e será um absurdo deixar privatizar os mercados. Estas são boas razões para o Direito se entrepor, impedindo que a vantagem de alguns transforme a vida de todos num inferno.

Um certo clima de condenação geral vai rapidamente ser controlado por poderes económicos, financeiros e comunicacionais que se estruturam e alimentam da imensa riqueza propiciada pela subversão do Direito.

* Investigador e professor universitário

PORTUGAL, GOVERNADO POR SOCIALISTAS DE FAZ DE CONTA


Hélder Semedo | Coimbra

Um domingo tempestuoso com nuvens que ao deslocarem-se deixam o sol mortrar-se. Nada mau. Frio trama tudo. Há os que dizem que o tempo está fresco em vez de frio, são os encalorados, os que são do contra. Então 10 ou 12 graus não é frio? E quando à noite chega aos 5 ou 6 graus, o que é isso se não frio. Ora abóboras. Raio de primavera mais estranha.

Chegou o horário de verão. A hora avançou nesta madrugada passada, domingo. Até a hora avança e olha para o país a tiritar, trumbudo, quase parado. Não parece, António Costa e demais do seu séquito vão anestesiando o país, porém, é certo que a legislação laboral tem andado ao pé-coxinho, os funcionários públicos estão nas lonas e não sabem o que é aumentos a acompanhar a inflação há anos. As carreiras congelaram e agora é o que se vê… Que não há dinheiro para tudo. Pois não. Nem haverá se continuarem a dar benesses às grandes corporações empresariais, largar torrentes de milhões para os bancos privados, enfim, o costume.

Mas então isto está mau? Perguntará quem não é deste mundo português. Pior que com o governo de Passos Coelho/Portas? Inquirirá. Não, houve um pouco de melhorias, só que o PS meteu travões e agora distrai os portugueses com os fogos e mais uns quantos lamirés de dispersão e alienação. O PS continua PS sem que seja socialista, sem que siga, mesmo moderadamente, a cartilha que não permita que os portugueses na sua grande maioria tenham ordenados de miséria e reformas dessa mesma estuporada miséria. Distribui umas migalhas aos pobres que produzem ou que muito produziram e foram (são) explorados. Em contrapartida não se atira aos que são motivo da gigantesca, escandalosa, vergonhosa e inadmissível desigualdade. O fosso entre ricos e pobres aumentou e nada sério tem sido feito. Os ricos continuam a estar mais ricos e os pobres mais pobres. A fome e as dificuldades grassam entre os que trabalham no duro para levarem para casa um salário de miséria. Para continuarem a ser pobres e carenciados de bens essenciais. Quanto aos reformados… Em poucas palavras: ou não comem, pagam as contas e a farmácia onde compram os medicamentos, ou comem, não pagam todas as contas, sobrevivem sem eletricidade, sem gás, sem água, sem telefone, e ainda “desenrascam” os filhos desempregados ou até sem casa, os netos… É uma vida de cão, que este governo de Costa mantém. Aumentou uma nesga as reformas e pensões mas aquilo são umas migalhas. Ao longo da vida de trabalho roubaram-lhes muito mais do que agora lhes retribuem. Costa pode bem chegar ao cognome de Migalhas se continuar assim. Contudo é público que Portugal vai no “bom caminho”, que “tudo cresce”, que as finanças são uma maravilha para um país que mal saiu da crise… Blá blá e mais blá blá. A realidade para a maioria dos portugueses é penosa. Não se espere muito mais deste governo do PS quanto a combater a pobreza, a exploração relativa à desproporção daquilo que os trabalhadores produzem e ao que têm por pagamento. 

O PS prepara-se para avançar para uma maioria absoluta nas próximas eleições se os portugueses não atentarem e não a evitarem nas urnas de voto. E também se os portugueses se esquecerem dos “enormes sacrifícios” infligidos pelo PSD e o CDS quando foram governo - aí, então, é que foi fome de rachar, famílias destroçadas, habitações e empregos perdidos. Foi muito pior que agora. O que não significa que o governo de Costa não pudesse fazer muito melhor no combate às baixas reformas e pensões, aos salários, à abolição da precariedade no emprego, à reforma das carreiras dos funcionários públicos e reposição do seu poder de compra, a melhores condições escolares de jovens e crianças, na saúde, etc., etc.

Em imensos aspetos do quotidiano em Portugal a realidade é muito diferente do que se quer fazer acreditar nos órgãos de comunicação social. Independentemente das grandes letras garrafais que vimos e que são muitas vezes títulos e prosas de serrar presunto, uma distração, um anestésico de acordo com as cores partidárias e os interesses pessoais ou empresariais dos grupos e grupinhos que nos tentam “fazer a cabeça” em consonância com o melhor para a chamada “economia de mercado”, senhora e dona da exploração selvagem que em muitos casos roça o esclavagismo e a violação do constante na carta de Direitos Humanos das Nações Unidas, de que Portugal é signatário. Por via de muitos portugueses vítimas essas violações são flagrantes.

Estamos na vivência de um Portugal governado por socialistas de faz de conta. Merecemos melhor. É o que devemos exigir a António Costa e aos moderadíssimos do PS, aos lobies e de suas ilhargas. Lobies (p. ex.) que também abundam no PSD e no CDS, que não representam os interesses dos eleitores mas sim de forças antagónicas aos interesses dos portugueses.

Dia Mundial do Teatro com debates, lançamento de livros e espetáculos gratuitos


Peças de teatro, debates, lançamentos de livros, leituras encenadas, publicação das mensagens do Dia Mundial do Teatro e uma homenagem a João Ricardo marcam as comemorações da data, que se assinala na terça-feira.

Em Lisboa, o Teatro Nacional D. Maria II volta a abrir as portas ao público, com entradas livres para atividades e espetáculos, sujeitos ao levantamento de bilhetes.

Uma visita guiada à exposição que assinala o 120.º aniversário de nascimento de Amélia Rey Colaço, a exibição do documentário "Canção a meio", de Maria Remédio, sobre o projeto "Montanha-russa", o lançamento de "Preparação pessoal do ator no seu processo criador de vivência das emoções", de Konstantin Stanislávski, e da "Biografia Sousa Bastos", de Paula Magalhães, são propostas do D. Maria II para terça-feira.

O Nacional D. Maria abre ainda ao público as representações de "Ex-zombies: uma conferência", às 19:00, na sala de cenografia, "Montanha-russa", às 21:00, na sala Garrett, e "Sweet home Europa", às 21:30, na sala Estúdio.

No Porto, o Teatro Nacional S. João também abrirá portas ao público, proporcionando um dia de espetáculos e outras atividades de acesso gratuito.

Na terça-feira, o S. João irá divulgar a programação para os últimos quatro meses desta temporada (abril a julho deste ano), numa cerimóinia em que estarão presentes o presidente do conselho de administração e o diretor artístico, Pedro Sobrado e Nuno Carinhas, respetivamente, e criadores que ali vão apresentar os seus projetos, como Olga Roriz, Joana Providência e António Durães.

O S. João vai ainda fazer uma visita guiada, gratuita, com tradução em inglês, francês, espanhol e com um videoguia em língua gestual portuguesa.

As comemorações da efeméride, no S. João, terminam com a exibição do documentário de Paulo Abreu "I don't belong here", sobre o projeto de teatro documental, concebido pelo ator e encenador Dinarte Branco e pelo escritor e guionista Nuno Costa Santos, sobre a deportação de cidadãos portugueses, nos EUA e no Canadá, para os Açores, com memórias e experiências do repatriamento.

Um espetáculo coproduzido pelo S. João, que foi protagonizado pelos próprios deportados, estreado em 2015, no arquipélago, e apresentado no Teatro Carlos Alberto. No final da exibição haverá uma conversa com Paulo Abreu, Dinarte Branco e alguns dos participantes no filme.

No Teatro Aberto, em Lisboa, a efeméride é assinalada pelo seu diretor, João Lourenço, com uma iniciativa subordinada ao título "Lembrando".

A comemoração inclui um debate sobre "O teatro e o futuro", em que participam a atriz e encenadora Cristina Carvalhal, a encenadora Marta Dias e o encenador Rui Francisco.

Em Carnide, a Junta de Freguesia inaugura, no sábado, uma escultura de homenagem ao ator João Ricardo, que morreu em novembro, do artista plástico e cenógrafo Luís Sousa, do Teatro da Cornucópia.

Trata-se de uma cadeira, que simboliza as homenagens realizadas há 11 anos pela Junta de Freguesia no âmbito das comemorações.

A cadeira, uma ideia do próprio João Ricardo, que se iniciou como ator e encenador no Teatro de Carnide, ficará localizada no Largo das Pimenteiras, em frente à sede da junta.

Depois da homenagem, será inaugurada, na sede da junta, uma exposição sobre o percurso do ator, no Teatro de Carnide e, no domingo, será reposta a peça "O dragão cor de framboesa", uma encenação de João Ricardo em 1994, que agora retoma o elenco inicial -- Conceição Loureiro, Gonçalo Ferreira, Paula Granja, Pedro Górgia e Rita Martins.

A peça terá representações na terça-feira e nos dias 06 de abril, às 21:30, e 07 e 08 de abril, às 16:00.

CP // MAG // Lusa | em Expresso

PORTUGAL | O incómodo dos patrões e o muito que falta fazer

José Soeiro | Expresso | opinião

Ao momento está associada uma solenidade que é também um ritual. Mas quem esteja mais atento sabe que a proposta do Governo sobre as alterações à lei laboral não é propriamente nova. É, no essencial, a expressão do que já constava do programa de Governo aprovado na sequência dos acordos feitos à esquerda (nomeadamente a eliminação do banco de horas individual e a taxa de rotatividade) e também dos compromissos negociados com o Bloco e publicados no Relatório do Grupo de Trabalho de Combate à Precariedade, nomeadamente sobre a limitação dos contratos a prazo (com cinco alterações concretas), do trabalho temporário e sobre o reforço da Autoridade para as Condições de Trabalho.

A reação das confederações patronais, mesmo antes da divulgação do documento, também não surpreende ninguém. Invocam a “concertação social”, como se a representação democrática estivesse sujeita ao visto prévio de quem ninguém elegeu. No essencial, encenarão a indignação do costume contra tudo o que possa diminuir os atuais desequilíbrios nas relações de trabalho, sempre de mão estendida para mais compensações e subsídios. O costume, portanto.

O que fica por saber são três aspetos essenciais.

O primeiro é o calendário. O programa do Governo foi votado há dois anos e o relatório assinado pelo Governo e pelo Bloco saiu há um ano. Ora, não podemos esperar até ao fim da legislatura para concretizar o que está consensualizado há tanto tempo. Por isso mesmo, ouvir os parceiros sociais não pode ser pretexto para arrastar decisões e concretizar compromissos. Vamos mudar a lei do trabalho ainda antes do verão? É essa a expectativa criada.

O segundo é saber como serão concretizadas as medidas agora enunciadas nos seus princípios. A taxa de rotatividade é uma medida positiva com um objetivo correto, mas para ser eficaz tem de ser robusta no seu âmbito (falamos apenas do desvio em relação ao padrão de rotatividade de cada setor? Mesmo em sectores em que o padrão é em si mesmo excessivo?) e no seu valor (é esse que vai definir o seu efeito de dissuasão). Noutro campo, o do trabalho temporário, acontece o mesmo. Atualmente a lei permite renovações diárias ao longo de dois anos, ou seja, uma sucessão de 720 contratos temporários para o mesmo trabalhador para o mesmo posto de trabalho. É absurdo, mas é lei. A intenção de limitar está certa, mas o essencial é saber até quantas renovações se pretende limitar (limitar a 3 é diferente de “limitar” a 300...).

A terceira questão é saber se o Governo pretende, com esta proposta, encerrar o atual ciclo político no campo da lei laboral. Creio que isso é impossível, por duas razões. A primeira é que o que está proposto relativamente à contratação coletiva fica ainda claramente aquém do razoável. A utilização indevida da caducidade é hoje, na prática, autorizada pela lei e não devia sê-lo; os mecanismos de arbitragem, mesmo que fossem capazes de mitigar o abuso, não vão resolver esse problema. A segunda razão é que estão neste momento em discussão outras matérias em relação às quais o Parlamento já deu um sinal de compromisso: o trabalho por turnos e o reconhecimento do estatuto dos cuidadores e das cuidadoras informais. Uma e outra implicam alterações ao Código de Trabalho. Há ainda zonas que não podem ficar sem resposta - um exemplo é o valor das indemnizações por despedimento, cortadas para metade.

Façamos então caminho. O momento de hoje é um passo importante num caminho que vem do início da atual solução política. Mas não é ainda uma garantia nem encerra o debate.

NATO | Ensaio de guerra no Mediterrâneo Oriental


O "Iniochos 2018", exercício multinacional de forças aéreas

KKE*

O exercício multinacional "Iniochos 2018" – com a participação de um grande número de forças dos EUA, Grã-Bretanha, Itália, Israel, Emirados Árabes Unidos e Chipre – não está a ser efectuado para o fortalecimento da defesa [da Grécia] nem para a protecção dos direitos de soberania do país, mas constituem um "ensaio de guerra". Tais exercícios testam na prática os planos operacionais estabelecidos pelas potências imperialistas, com o objectivo de pilhar os recursos da região e controlar as suas rotas de transporte, sangrando e desenraizando os povos, como na Síria. Por essa razão o embaixador dos EUA, G. Pyatt, foi convidado para assistir ao exercício.

As declarações do ministro da Defesa [da Grécia] respeitantes ao "reforço geopolítico" do país, com os elogios aos EUA, à UE e à NATO, obscurecem o facto de que, por este caminho, a Grécia está envolvida nos planos e rivalidades dos poderosos centros imperialistas os quais "instalam" suas forças militares, defendendo os interesses monopolistas interessados em avançar na região.

Ao mesmo tempo, [o ministro da Defesa] está a tentar deliberadamente enganar o povo quanto aos enormes perigos que [tais exercícios] apresentam para a segurança dos povos, quando o governo aceita a transformação do território da Grécia num vasto terreno de testes para planos de guerra e para a instalação de bases militares estrangeiras".

Finalmente, o "reconhecimento" da capacidade de combate dos pilotos gregos dentro do quadro do exercício da NATO "Iniochos 2018" é uma enorme provocação e um insulto a todo o pessoal das Forças Armadas, quando a própria aliança predatória fecha os olhos às violações turcas do espaço aéreo grego, onde estes mesmos pilotos arriscam a vida a fim de confrontá-los. O mesmo se aplica à declarações do embaixador dos EUA, G. Pyatt, quanto ao caso da prisão dos dois soldados gregos, desempenhando mais uma vez o papel de Poncio Pilatus". 

21/Março/2018

A versão em inglês encontra-se em inter.kke.gr/...

Este comunicado encontra-se em 
http://resistir.info/ 

EUA | "Nunca mais!" A América junta-se aos sub-18 para travar as armas


Marcha pelas Nossas Vidas chegou a mais de 800 localidades. Iniciativa partiu dos sobreviventes do ataque em Parkland, Florida, e reservou os discursos aos menores de idade - as vítimas sempre que há um novo tiroteio numa escola.

Meio milhão de pessoas esperadas só em Washington DC, marchas-irmãs em mais de 800 cidades por todos os Estados Unidos e protestos solidários de Londres a Sydney, de Genebra a Tóquio. A América - com o apoio do resto do mundo - juntou-se ontem (sábado) à chamada geração dos tiroteios na Marcha Pelas Nossas Vidas - um protesto global contra as armas, convocado pelos sobreviventes do ataque de 14 de fevereiro na escola de Parkland, na Florida, que fez 17 mortos.

"Eu tenho um sonho de que basta. E que este deve ser um mundo sem armas, ponto final!", afirmou Yolanda Renée King, fazendo eco do mais famoso discurso do avô, Martin Luther King, pronunciado não muito longe dali em 1963. Yolanda foi uma das participantes na marcha de Washington DC que encheu a Pennsylvania Avenue até ao palco instalado antes do Capitólio. Aos 9 anos, Yolanda parece ter herdado os dotes oratórios do avô e apelou à multidão para repetir: "Espalhem a palavra! Ouviram? Todo o país. Vamos ser uma grande geração!".

Yolanda foi apenas uma dos oradores da tarde, num protesto em que adulto pode participar mas não fala. A voz é dos sub-18 porque as vítimas são eles sempre que há mais um tiroteio numa escola. Por isso saíram às ruas, com a América atrás, para dizer "Nunca mais!" A iniciativa partiu de um grupo de sobreviventes da escola Marjory Stoneman Douglas em Parkland, cujos rostos mais conhecidos são Emma González, David Hogg, Cameron Kasky, Alex Wind e Jaclyn Corin. Os cinco surgem na capa da revista Time com a mensagem "Basta!"

No sábado os discursos foram intercalados com atuações de jovens artistas como Miley Cyrus ou Demi Lovato. A iniciativa já havia recebido apoio de personalidades como a apresentadora Oprah Winfrey, o realizador Steven Spielberg ou o ator George Clooney que, com a mulher, Amal, doou 500 mil dólares para ajudar à organização.

O objetivo é chamar a atenção dos políticos para mudarem a lei das armas. Uma velha reivindicação, por exemplo, do ex-presidente democrata Barack Obama, que no sábado escreveu no Twitter o seu apoio aos jovens manifestantes: "A Michelle e eu estamos muito inspirados pelos jovens que tornaram possíveis as marchas de hoje. Continuem. Estão a guiar-nos. Nada pode travar os milhões de vozes que apelam à mudança". Mas essa mudança da lei nunca aconteceu, muito por influência do poderosíssimo lóbi das armas, a NRA.

Apostados em usar a indignação causada pelo tiroteio de Parkland, os jovens acreditam que chegou a hora de mudar. Mesmo se o assunto divide a sociedade americana - segundo uma sondagem da AP divulgada sexta-feira, o apoio a mais restrições atingiu o número mais alto em cinco anos: 69% - e o direito ao porte de arma é garantindo pela Constituição. E os democratas esperam registar pelo menos mais 25 mil novos eleitores a tempo das intercalares de novembro, quando pretendem recuperar o controlo de pelo menos uma das câmaras do Congresso, atualmente ambas nas mãos do republicanos.

Depois do tiroteio de Parkland, o presidente Donald Trump - que foi passar o fim de semana a Mar-a-Lago, na Florida, anunciou algumas medidas. Por um lado proibiu a venda de bump stocks, um dispositivo que transforma armas semi-automáticas em automáticas, por outro anunciou o reforço da segurança nas escolas e treino para armas os professores. Mas no orçamento de 1,3 biliões de dólares assinado na sexta-feira pelo presidente Trump, só uma ínfima parte se destina aos programas de segurança nas escolas e ao reforço do controlo do historial dos compradores de armas.

Num discurso que durou 6 minutos e 20 segundos, exatamente o mesmo tempo do tiroteio em Parkland, Emma Rodriguez leu o nome das 17 vítimas, dando pormenores sobre cada um deles. Depois de um longo silêncio, a jovem logo reconhecível pela cabeça rapada, rematou: "Desde que cheguei aqui passaram seis minutos e 20 segundos, e o atirador parou de disparar e vai abandonar a arma, misturar-se com os estudantes que fogem e escapar durante uma hora até ser detido. Lutem pelas vossas vidas antes que tenha de ser alguém a fazê-lo por vocês", disse antes de sair do palco sob gritos de "Nunca mais!"

Helena Tecedeiro | Diário de Notícias (ontem)

CATALUNHA | Puigdemont foi detido na Alemanha. Secretas de Espanha e Alemanha em sintonia


Puigdemont foi detido pela polícia alemã na fronteira com a Dinamarca

A polícia alemã já confirmou a detenção de Puigdemont na autoestrada A7, por onde entrou desde a fronteira com a Dinamarca. Foi detido às 11h19 (hora local), revelou o porta-voz da polícia de Schleswig-Holstein

arles Puigdemont foi detido pela polícia alemã quando viajava de carro a partir da Dinamarca, noticia o El País. O advogado do ex-presidente do governo regional da Catalunha, Juame Alonso-Cuevillas, foi informado que Puigdemont foi detido no Estado de Scheleswig-Holstein, o único com fronteira com a Dinamarca e confirma que o ex-presidente da la Generalitat está detido pela polícia alemã. Puigemont acabara de cruzar a fronteira, quando seguia na estrada em direção a Hamburgo, a partir da qual tinha intenção de regressar a Bruxelas.

A polícia alemã já confirmou a detenção de Puigdemont na autoestrada A7, por onde entrou desde a fronteira com a Dinamarca. Foi detido às 11h19 (hora local), revelou o porta-voz da polícia de Schleswig-Holstein, Uwe Keller.

O Código Penal alemão prevê penas que vão de dez anos a prisão perpétua para crimes similares aos que são imputados em Espanha a Puigdemont.

No sábado, através da rede social Twitter, o ex-presidente do governo regional da Catalunha tinha afirmado que vai "lutar até ao fim" por todos aqueles que considera "reféns de um Estado repressor" e pela "liberdade na Catalunha".

O Supremo Tribunal espanhol decidiu na sexta-feira aplicar prisão efetiva sem fiança a cinco políticos independentistas catalães, acusados de delito de rebelião, no quadro da tentativa de criação de uma república independente na Catalunha.

O ex-presidente da Generalitat, refugiado há alguns meses na Bélgica, deslocou-se nos últimos dias a Helsínquia para dar uma conferência, uma deslocação destinada a internacionalizar o processo independentista da Catalunha.

À DISPOSIÇÃO DA JUSTIÇA

De manhã, Juame Alonso-Cuevillas, advogado do ex-presidente do governo regional da Catalunha Carles Puigdemont tinha dito que não sabia “exatamente onde está” o dirigente independentista.

O advogado Jaume Alonso-Cuevillas afirmou no sábado - dia para o qual estava marcada a segunda votação para eleger o governo regional catalão, mas que não se realizou devido à detenção de cinco dirigentes independentistas – que Puigdemont ia apresentar-se à polícia finlandesa, na sequência do mandado de detenção europeu emitido pela Justiça espanhola.

Horas depois, no entanto, publicou uma mensagem na rede social Twitter, em que afirmava que o ex-presidente da Generalitat já não estava na Finlândia, mas que estava à disposição da Justiça belga.

“Confirmo que o presidente Puigdemont já não está na Finlândia. Continuará, como sempre, à disposição da Justiça belga, onde tem residência fixa”, referia a mensagem do advogado sem esclarecer se o seu cliente regressou à Bélgica.

Em entrevista hoje à rádio catalã Rac1, Alonso-Cuevillas admitiu que, “neste momento”, não sabe “exatamente onde está Puigdemont” e se este abandonou a Finlândia “antes do previsto devido ao mandado europeu”.

Segundo referiu no sábado o deputado finlandês Mikko Karna, um dos anfitriões de Puigdemont na Finlândia, o ex-candidato independentista abandonou aquele país nórdico na sexta-feira à noite e dirigiu-se à Bélgica “por meios desconhecidos”.

De acordo com as autoridades finlandesas, todos os portos e aeroportos do país estiveram sob vigilância no sábado e Puigdemont foi procurado, durante todo o dia, para cumprimento do mandado de detenção, assinado pelo juiz do Supremo Tribunal espanhol Pablo Llarena.

Secretas espanholas avisaram Alemanha para fazer espera a Puigdemont

Segundo a revista alemã Focus, os serviços de informações de Espanha sabiam do trajeto do catalão que abandonou a Finlândia na sexta-feira.

s serviços de informações de Espanha, Carles Puigdemont, sabiam do trajeto do ex-presidente do Governo da Catalunha desde que abandonou a Finlândia na sexta-feira, revela a revista alemã Focus.

Puigdemont que vive no exílio na Bélgica há vários meses tinha viajado até à Finlândia na quinta-feira para uma conferência. No dia seguinte, ao abandonar aquele país, o catalão ficou na mira das secretas espanholas que puseram de prevenção a Alemanha.

O catalão independentista foi detido numa autoestrada alemã, a 30 quilómetros da fronteira com a Dinamarca. Encontra-se detido atualmente na cidade de Schuby, a 130 quilómetros a norte de Hamburgo, Alemanha.

Expresso e Lusa | Foto: Josep Lago/Getty Images

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