quinta-feira, 29 de março de 2018

Reino Unido deve mostrar prova de que agente químico era da Rússia, dizem especialistas


Um ex-chefe da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) rejeitou as alegações de que a Rússia esteja por trás do ataque químico de Salisbury, no Reino Unido. O especialista acrescentou que o Irã foi mais recentemente conhecido por ter Novichok [substância A-234] - não a Rússia.

Enquanto os EUA, a Europa e outras nações participam de uma expulsão em massa de diplomatas russos, após as alegações do Reino Unido de que o Kremlin é "culpado" pelo envenenamento de Sergei e Yulia Skripal, o Dr. Ralf Trapp tem reservas. O ex-secretário do Conselho Consultivo Científico da OPAQ disse que, nesta fase, não há evidências conclusivas de responsabilidade russa.

Em uma entrevista exclusiva à organização INSURGE, a ex-autoridade sênior disse que, embora haja evidências convincentes de que a Rússia tenha executado um programa secreto de pesquisa para fabricar agentes químicos da categoria Novichok, não há provas de que tais programas ainda existam hoje.

"Não tenho informações sobre se a Rússia continuou o programa depois de meados dos anos 90”, disse ele, “mas não excluiria a possibilidade de que pequenas quantidades do que poderia ser 'explicado' como materiais necessários em pesquisas de proteção tenham sido retidos ou recentemente sintetizado. Mas novamente — não há dados reais sobre isso", afirmou.

Quando perguntado se a Rússia era a responsável pelo ataque aos Skripals, Trapp disse: "… há outras possibilidades teóricas", acrescentando que "isso dependeria do que mais o Reino Unido conhece e ainda não tornou público", explicou ele, que "não pode ver imediatamente motivo ou oportunidade" para outras partes envolvidas "exceto para o Reino Unido, como sugerido pela Rússia". No entanto, ele acrescentou que ele não "considerou [essa teoria] credível em tudo".

A falta de provas do governo britânico também foi levantada pelo ex-embaixador do Reino Unido no Uzbequistão, Craig Murray. Documentos judiciais proferidos na semana passada em uma decisão sobre os cuidados médicos da Skripal também notaram que o produto químico usado era um “agente nervoso de classe militar de um tipo desenvolvido pela Rússia” — mas não confirmou conclusivamente a origem da arma.
Depois que o governo britânico colocou a culpa pelo ataque de Salisbury à Rússia, Moscou exigiu uma amostra do agente usado por seus próprios especialistas para analisar. Isso teria permitido à Rússia publicar suas próprias descobertas, mas o Reino Unido se recusou a fornecer uma amostra.
Leonard Rink, um dos cientistas russos que confirmou a existência do programa Foliant que originalmente desenvolveu os produtos químicos Novichok, acredita que a recusa do Reino Unido em fornecer a amostra química sugere que ela não é necessariamente de origem russa.
"Para qualquer país com armas de destruição em massa — o Reino Unido, os EUA, a China e todos os países desenvolvidos — qualquer país com pelo menos alguma química não teria problemas para criar esse tipo de arma", disse. "Por que os britânicos não estão fornecendo amostras para Moscou? Porque não importa o quanto os especialistas [britânicos] tentem, uma tecnologia sempre diferirá um pouco. Esta é sua assinatura exclusiva. Ficará imediatamente claro que não é uma tecnologia fabricada na Rússia".
Sputnik

REINO UNIDO | Ex-espião russo pode ter sido envenenado em casa


Polícia britânica diz ter encontrado uma grande concentração do agente nervoso que envenenou Sergei Skripal na porta de entrada de sua residência. Reino Unido acusa a Rússia pelo ataque, que gerou resposta internacional.

A polícia britânica afirmou nesta quarta-feira (28/03) que o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, envenenados no início de março na cidade de Salisbury, na Inglaterra, podem ter sido expostos pela primeira vez ao agente tóxico em sua própria residência, localizada no mesmo município.

"Especialistas identificaram a maior concentração do agente nervoso encontrada até o momento na porta da frente de seu endereço", afirmou a Scotland Yard em comunicado. "Acreditamos que os Skripal tenham entrado em contato com o agente nervoso pela primeira vez nesse local."

Segundo Dean Haydon, da Polícia Metropolitana de Londres, traços do mesmo agente nervoso foram encontrados pelos policiais em outros locais ao longo das últimas semanas, mas em concentrações menores. As autoridades devem agora concentrar as investigações na residência da família.

A polícia afirmou que cerca de 250 detetives especializados em antiterrorismo estão trabalhando no caso, que ainda pode levar meses para ser solucionado. Como parte da investigação, cerca de 500 testemunhas foram identificadas, e 5 mil horas de vídeos capturados por câmeras de segurança na região estão sendo analisadas.

"Aqueles que vivem no bairro da família Skripal podem esperar ver policiais realizando buscas como parte da investigação, mas eu garanto a eles que o risco continua baixo e que nossas buscas são apenas preventivas", disse Haydon.

Especialistas internacionais da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) chegaram a Salisbury em 20 de março para acompanhar as investigações britânicas. O órgão obteve uma autorização judicial na semana passada para coletar amostras de sangue das duas vítimas.

Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33, permanecem internados em estado crítico desde que foram encontrados inconscientes, em 4 de março passado, num banco próximo a um parque em Salisbury, localizada a 120 quilômetros da capital britânica, Londres.

Especialistas britânicos identificaram o agente nervoso como pertencente a um grupo de substâncias tóxicas conhecido como Novichok, fabricado pela União Soviética nos anos 1970 e 1980.

Respostas ao ataque

O Reino Unido acusa a Rússia de responsabilidade pelo crime, que elevou ainda mais as tensões entre Moscou e o Ocidente. Londres e seus aliados, incluindo os Estados Unidos e vários países europeus, anunciaram a expulsão de cerca de 150 diplomatas russos.

O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, disse nesta quarta-feira que o Kremlin subestimou a resposta ocidental ao envenenamento de Skripal e de sua filha. Segundo Johnson, chegou a 27 o número de países que já promoveram reduções diplomáticas.

"Se eles [os russos] pensaram que nós havíamos nos tornado tão moralmente enfraquecidos [...] e tão temerosos ante à Rússia que não nos atreveríamos a responder, aqui está sua resposta", disse Johnson a uma plateia de embaixadores em Londres.

Moscou, por sua vez, nega qualquer envolvimento no ataque. Nesta quarta-feira, antes do anúncio da polícia britânica sobre os novos detalhes da investigação, o Ministério do Exterior russo afirmou que o próprio Reino Unido pode ter sido responsável pelo envenenamento.

"Uma análise de todas as circunstâncias revela um desinteresse das autoridades britânicas em encontrar os verdadeiros motivos e os perpetradores do crime", disse o ministério em nota. "Isso nos leva à ideia de um possível envolvimento dos serviços especiais britânicos."

EK/dpa/ap/afp/rtr | em Deutsche Welle

O IMPÉRIO MOSTRA A SUA FACE


Enfraquecido eleitoralmente, Trump recompõe equipe e instala partidários da guerra nuclear, dos golpes de Estado e da tortura em postos-chave. Quem são eles. Como querem provocar Irã e Coreia do Norte

Shahed Ghoreishi, no Counterpunch | Outras Palavras | Tradução: Inês Castilho

Na última quinta, o presidente Trump deu um passo a mais no sentido de completar sua equipe preferida. O general H. R. McMaster, que Trump disse ser enfadonho, foi substituído como conselheiro de Segurança Nacional pelo ultrafalcão John Bolton. Ele é o mesmo John Bolton que escreveu a apresentação do livro cheio de ódio de Pamela Geller sobre o presidente Obama, conclamou Israel a atacar o Irã com armas nucleares, incitou os Estados Unidos a bombardear o Irã e a Coreia do Norteabusou de uma funcionária da Agência norte-americana para o Desenvolvimento (Usaid), defendeu pela Associação Nacional de Armas que os cidadãos russos tivessem mais direitos para armar-se, e ainda defende a guerra do Iraque. Eu poderia dizer muito mais.

Outras pessoas nomeadas por Trump têm atributos semelhantes. Mike Pompeo, indicado para assumir o Departamento de Estado, comparou o Irã ao Estado Islâmico e chamou  o país de “estado policial agressivo” que “tem intenção de destruir a América”. Gina Haspel, indicada para assumir a CIA, tem um histórico de tortura a detentos na administração Bush. Ela inclusive destruiu, anos depois, os documentos comprovando as torturas. Enquanto isso, John Kelly continua numa posição precária como chefe de gabinete.

Essa equipe constitui uma gangue do mal. As iniciativas antidiplomacia, pró-tortura, pró-guerra que ela apoiou custaram vidas e criaram instabilidade no Oriente Médio em detrimento da segurança nacional e reputação internacional dos EUA. Some-se a isso o fato de que Bolton  e Pompeo têm ligação com grupos de ódio que promovem divisão interna (não tenha dúvidas de que Trump os aprecia). Algumas de suas nomeações iniciais pertencem à mesma gangue, incluindo a embaixadora nas Nações Unidas, Nikki Haley, e Michael D’Andrea, chefe das operações do Irã na CIA.

Três datas próximas provavelmente encorajaram Trump a fazer essas rápidas mudanças.

O presidente dos EUA programou encontrar-se pessoalmente com Kim Jong-Un em maio próximo. As mudanças no gabinete de Trump colocaram um amortecedor nos preparativos, enquanto a data se aproxima. Contudo, as mudanças não são acidentais. Trump tem usado linguagem belicosa com relação à Coreia do Norte desde o início de seu mandato.

Tendo ao lado um secretário de Estado e um conselheiro de Segurança Nacional com ideias semelhantes às suas, ele envia um sinal proposital a Kim Jong-Un. Se Trump vai atuar como principal diplomata, ainda tem a seu lado membros ameaçadores do gabinete como uma força auxiliar. Como as conversações já começam no mais alto nível, como têm repetido vários analistas, sobrapouco  espaço para recursos diplomáticos no caso das discussões de Trump e Kim falharem. Bolton seria, nesse caso, a pessoa ideal para fazer o próximo movimento do jogo e mostrar uma postura agressiva. O fato de algumas pessoas no próprio partido do presidente não se importarem, aparentemente, com as consequências da guerra, ou mesmo as consequências de um ataque limitado, se as negociações falharem (ou nem sequer começarem), não é nada bom.

O acordo nuclear com o Irã é outro caso preocupante. Em 12 de maio, Trump vai decidir se o compromisso deve ser recertificado. A Agência Internacional de Energia Atômica, designada para supervisionar a implementação, afirma que o Irã cumpriu  sua parte, para benefício da comunidade internacional. Enquanto isso, europeus e iranianos ficaram frustrados diante das ameaças de rasgar o tratado, feitas por Washington. Os europeus propuseram acrescentar um adendo relativo aos mísseis balísticos, mas os iranianos não concordam. O Irã continua irritado diante da falta de investimento e empresas e bancos estrangeiros, e culpa o discurso belicoso de Trump por isso.

A recente convocação de Bolton envia um importante sinal às lideranças iranianas, de que os Estados Unidos estão dobrando a agressividade de sua postura. De novo, é intencional. Trump quer ou provocar o Irã para que se retire do acordo – e assim tirar a culpa de Washington – ou acrescentar sanções, violando diretamente o acordo e sepultando-o, portanto.  De um modo ou de outro, a presença de Bolton aumenta a chance de um conflito que já preocupa aliados dos EUA.

Vários inimigos regionais do Irã apoiariam uma intervenção norte-americana. A sobreposição da escolha de Bolton com a visita a Washington do beligerante príncipe coroado saudita, Mohammed bin Salman, responsável pela letal intervenção no Iêmen, não é provavelmente uma coincidência.

Tudo aponta para novembro. O presidente e o Partido Republicano sabem ser provável que sofram uma “onda azul” na noite das eleições. Essa é a terceira data que provavelmente inspira as recentes jogadas de Trump.

O presidente é um showman por vocação. Ele é mais timing e aparência que substância. É provável que Trump acelere as tensões com o Irã e a Coreia do Norte em reação ou prevenção à onda democrata. Claro, Trump precisaria da improvável aprovação do Congresso para qualquer intervenção maior, mas a intervenção não precisa ser por meio de um conflito armado regular. Poderia também ser na esfera cibernética. Ou ser clandestina, o que requer menos supervisão do Congresso.

Durante a campaha, Trump adorava dizer que era contrário à guerra do Iraque, que chamava de “desastre”. Aparentemente, durante as negociações com Bolton, Trump o fez prometer que “não começaria nenhuma guerra”. Contudo, este é o mesmo Trump que continuou a guerra dos EUA com o Grande Oriente Médio, embora lamentasse “os trilhões de dólares gastos e as milhares de vidas perdidas” na região.

O presidente tem vários atributos, mas a consistência não é um deles. Colocar Pompeo e Bolton em tais posições de poder sugere que Trump e sua gangue estão se preparando exatamente para os conflitos que prometeram evitar.

OS DIRIGENTES DA LÁSTIMA DO FUTEBOL DOS MILHÕES EM PORTUGAL

O futebol português dos milhões anda numa lástima, estalou o verniz dos dirigentes dos clubes maiores e a maleita parece que vai descendo na escala dos regra geral mais pontuados. O trato de polé de uns para os outros fariam as nossas avós exclamar que “eles são uns grandessíssimos ordinários”, perguntando-se “porque é que gente assim é eleita para dirigir os clubes”. Mas essas avós e avôs já cá não estão, assim como a urbanidade e desportivismo desses tais dirigentes dos dias de hoje, de ontem e, infelizmente, dos anos futuros. Estamos perante a presença daquilo que antes se chamaria “carroceiros” a dirigirem os maiores clubes de futebol – salvo uma ou outra excepção.

Através de A Bola vimos que a Liga apela (e bem) ao sentido de responsabilidade desses dirigentes. É o que trazemos para o Página Global, com uma recomendação: para dirigentes da cachaporra a solução é a lei dessa mesma cachaporra, punindo-os disciplinarmente e sériamente nas bolsas. Talvez até no impedimento de assistirem a uns quantos jogos ou de entrarem nas instalações dos clubes que dirigem durante o período punitivo que lhes for ordenado.

Para isso não existe legislação, pois que a façam. O que não é admissível é que os dirigentes dos clubes de futebol dos milhões se comportem e façam declarações à laia dos “carroceiros”, incendiando ânimos e sendo causa principal de animosidades clubisticas exacerbadas e até de violências que nada têm que ver com o desporto são e elevado. 

É hora de acabar com a lástima em que está o futebol dos milhões por via de certos e incertos dirigentes.  PG

LIGA APELA AO SENTIDO DE RESPONSABILIDADE DOS DIRIGENTES

A Liga de Clubes assumiu preocupação com os constantes discursos ofensivos dos tempos mais recentes entre dirigentes dos clubes, nomeadamente à troca de insultos entre os presidentes de Sporting e SC Braga.

«Estamos preocupados com o nível extremado da discussão e os discursos inflamados. A Liga não se revê nesses discursos e apela a todos os intervenientes para que tenham o máximo sentido de responsabilidade. Temos orgulho em ter um dos mais competitivos campeonatos da Europa, mas tudo isto está a arruinar a imagem das nossas competições», afirmou fonte do organismo a A BOLA, vincando:

«Queremos uma reta final do campeonato repleta de emoção, entusiasmo e desportivismo. Só assim se poderá mostrar a excelência do futebol português. Reiteramos o apelo ao fair-play e à elevação.»


Mimos e Calotes (em A Bola)

PORTUGAL | Assim também quero ser banqueiro


Paulo Tavares | Diário de Notícias | opinião

O prejuízo revelado ontem pelo Novo Banco foi classificado como "histórico" e o Estado, através do Fundo de Resolução, vai ter de entrar com mais 450 milhões. Boa parte desse prejuízo justifica--se com o registo de imparidades - créditos que o Novo Banco julga não poder recuperar, à luz de novas regras definidas pela nova administração e pelos novos acionistas.

A história, no essencial uma limpeza de balanço semelhante à que foi operada na CGD também com dinheiro público, não vai ficar por aqui. Agora ficaram registados 2056 milhões de imparidades, mas "amanhã" há de ficar anotado o resto que falta até perfazer o total da garantia estatal, de 3,9 mil milhões. Não é nada de estranho. A Lone Star, detentora de 75% do banco bom que sobrou da resolução do BES desde outubro do ano passado, tem todos os incentivos para proceder desta forma. Repito. Nada do que a Lone Star está a fazer pode ser censurável. Está apenas a beneficiar das condições de um negócio que fechou há cinco meses em condições quase perfeitas para o comprador e perto de desastrosas para o vendedor. Dir-me-ão: "Foi o negócio possível naquelas circunstâncias." Certo, mas talvez fosse bom pensar no caminho percorrido até à venda do Novo Banco naquelas condições, no acumular de erros que levaram a esse cenário e no eventual apuramento de responsabilidades.

Nada disso acontecerá, claro, e o fundo norte-americano age da forma mais racional. A mecânica está prevista no acordo assinado entre a Lone Star, o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução. Os ativos que forem levados a imparidades passam para o Fundo de Resolução e o Novo Banco recebe dinheiro do Fundo, limpando o balanço e ficando com os rácios de capital mais apresentáveis. Isto poderá continuar até que se esgotem os tais 3,9 mil milhões de garantia estatal. Se parece um belo negócio, é porque é um belo negócio.

Talvez seja altura de termos uma longa conversa sobre a qualidade da gestão bancária em Portugal nos últimos anos, sobretudo nos bancos que tinham capital e acionistas portugueses. Tinham. Já não têm. Nesta semana ficámos a saber que a conta das ajudas públicas à banca já vai nos 17 mil milhões de euros nos últimos dez anos - quase 9% do produto interno bruto. É a medida real da qualidade da gestão que a banca portuguesa tem tido, aparentemente com uma especialização em maus negócios e perda de valor.

PORTUGAL | Secretas alertam: extrema-direita está de regresso em força


A criminalidade violenta desceu em 2017 para os níveis mais baixos de sempre, a representar apenas 4,4% do total dos crimes

Os movimentos conotados com a extrema-direita voltaram em força em 2017, de acordo com o balanço feito pelos serviços de informações para o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), ontem aprovado pelo Conselho Superior de Segurança Interna (CSSI). Esta constatação surge poucos dias depois dos incidentes que envolveram dois grupos de motards, um deles liderado pelo ex-líder skinhead Mário Machado.

Na avaliação de ameaça à segurança interna, as secretas salientam que "a extrema-direita portuguesa continuou a aproximar-se das principais tendências europeias, na luta pela "reconquista" da Europa pelos europeus" e que "para além de intensificarem os contactos internacionais, estes extremistas desenvolveram um esforço de convergência dos seus diferentes setores (identitários, nacional-socialistas, skinheads), no sentido de promoverem, no plano político e metapolítico, os seus objetivos".

Foi "caracterizada e avaliada a ameaça representada pelas novas organizações e movimentos de extrema-direita em Portugal, e mantido o acompanhamento das atividades das demais organizações". Uma destas novidades é o grupo dos motards "Los Bandidos", que Mário Machado trouxe para o nosso país, históricos rivais dos "Hell Angels", e que foram os protagonistas do incidente no restaurante de Loures, com estes últimos a atacarem os primeiros. Monitorizada esteve também a "Nova Ordem Social", um movimento político também criado pelo ex-dirigente dos cabeças rapadas Mário Machado.

Os espiões do SIS, que acompanharam as respetivas "atividades", revelam que se "assistiu a um reforço da propaganda online e à multiplicação de iniciativas com alguma visibilidade - como concertos, conferências, apresentações de livros e protestos simbólicos - participadas por militantes de diferentes quadrantes". No entanto, sublinham, "violência permaneceu como um traço marcante da militância de extrema-direita, havendo registo de alguns incidentes, nomeadamente agressões a militantes antifascistas". Além disso, notam, "no seio do movimento skinhead neonazi, alguns militantes continuaram envolvidos em atividades criminosas extra militância".

A última grande operação contra este género de organizações foi em novembro de 2016, com a Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ deter 17 skinheads neonazis que tinham agredido pessoas motivados por motivos racistas, ideológicos e xenofóbicos. Nenhum ficou em prisão preventiva. Mais de metade dos suspeitos eram novos recrutas - hangarounds e prospects - da fação mais perigosa da organização, os Portugal Hammerskins (PHS).

Pelo menos desde 2014 que as autoridades têm estado atentas às movimentações destes grupos extremistas, tendo em conta a experiência que têm observado noutros países europeus, com o fenómeno migratório a a crise dos refugiados a servir de pretexto à radicalização de discursos. Mas só em 2017 as secretas notaram um maior impulso destas organizações em Portugal.

Só 4,4% de crime violento

Boa notícia no RASI é a descida da criminalidade violenta e grave, a qual atingiu no ano passado o mais baixo valor de sempre (ver gráfico), com uma descida de 8,7%, e representa atualmente apenas 4,4% dos crimes totais registados pelas autoridades. A criminalidade geral sofreu um aumento de 3,3%, devido, principalmente, ao recrudescimento dos crimes de moeda falsa, burlas por via informática e incêndios florestais.

Este relatório foi ontem aprovado no Conselho Superior de Segurança Interna e, no final, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, não escondeu a sua satisfação com os resultados globais. "Portugal é um dos países mais seguro do mundo e a evolução na área de segurança interna é decisiva para a qualidade de vida, mas também a evolução da economia portuguesa", sustentou.

Em 2017, as polícias registaram 15 303 crimes violentos, menos 1458 que no ano anterior. Nunca houve, pelo menos desde que é feita esta estatística (2003), um número tão reduzido. Nas variações mais relevantes a subir, destacam-se os aumentos das violações (+21,8%), do roubo a farmácias (+ 25,7%), das "ofensas à integridade física grave", (+12.1%) e dos homicídios (+7,9%, com mais seis casos). Os roubos na via pública, em residência ou em transportes públicos, todos diminuíram.

Com menor expressão no total de crimes, mas com grande impacto público, os roubos aos ATM aumentaram 73%, embora estejam praticamente extintos desde outubro, conforme assinalou o ministro da Administração Interna, revelando que em fevereiro, pela primeira vez nos últimos meses, não houve nenhum assalto desta natureza.

Valentina Marcelino | Diário de Notícias

Imagem: A última operação contra a extrema-direita foi em final de 2016. Todos os 17 detidos estão em liberdade. Na foto o material apreendido pela PJ / Pedro Rocha/Global Imagens

LULA BRASIL | "Se eles acham que com pedras e tiros vão quebrar minha vontade de lutar, estão errados"





E mais:

Denúncia de Dilma sobre violência contra Lula repercute em todo o mundo

Coletiva ganhou enfoques distintos das agências internacionais

Assessoria/Dilma Rousseff

Repercutiu com bastante destaque em muitos veículos globais a entrevista coletiva concedida pela ex-presidente Dilma Rousseff e o embaixador Celso Amorim, no Rio de Janeiro, na tarde de segunda-feira, 26.

Material produzido pelas agências internacionais – Reuters, AFP, AP, Bloomberg, EFE e BBC –, denunciando a escalada da violência que atingiu a caravana de Lula no Sul do país.

A coletiva ganhou enfoques distintos das agências internacionais.

Houve quem priorizasse a denúncia da ex-presidente e do ex-chanceler brasileiro aos ataques e violência à caravana de Lula por brigadas e milícias no Sul do país, mas também o alerta de Dilma sobre o risco de um banho de sangue nas eleições presidenciais no país.

Também repercutiu fortemente a denúncia de Dilma acusando o cineasta José Padilha de promover o assassinato de reputações dela e de Lula, lançando mão de mentiras na série de tevê “O Mecanismo, lançada no final de semana pela Netflix.

O material da Associated Press foi reproduzido em 9,6 mil veículos estrangeiros, incluindo o New York Times, Washington Post, Daily Mail e ABC, destacando que o tribunal brasileiro rejeitou os recursos do ex-presidente Lula, condenado pela Justiça brasileira. O mesmo tom foi adotado pela agência France Presse, reproduzido em 30,1 mil jornais e sites noticiosos em todo o mundo.

O despacho da AP destaca as declarações de Dilma afirmando que o PT e ela vão lutar até o fim “para provar a inocência de Lula e seu direito de concorrer”.

E ressalta que a ex-presidente criticou os manifestantes que jogaram pedras, fogos de artifício e ovos nos ônibus de Lula e seus partidários durante a turnê da caravana do petista pelo sul do país.

O material da AFP foi replicado pelos jornais francesesLibération e Le Figaro, além de outros veículos na França, África e Europa, destacando a declaração de Dilma de que teme um banho de sangue no Brasil, por conta do clima de violência que está se armando contra o ex-presidente Lula.

A Radio France Internacional deu destaque às críticas de Dilma à Netflix, por conta da série dirigida pelo cineasta José Padilha.

A BBC também destacou a condenação de Dilma à obra de Padilha, apontando as críticas dela à Netflix por promover a série que “distorce a realidade” e lança mentiras contra ela e Lula.

O mesmo tom foi adotado pela Bloomberg, que reproduziu trechos da nota emitida por Dilma no final de semana comparando as mentiras contidas na série televisiva a situações históricas de outros países.

A agência russa Sputnik também deu destaque ao alerta de Dilma para o risco de um banho de sangue durante a disputa eleitoral no segundo semestre no Brasil e suas acusações de que a série “O Mecanismo” contém mentiras.

O material saiu no serviço noticioso em diversas línguas. A emissora TeleSur também veiculou reportagens sobre os dois assuntos: violência política e a controvérsia em torno da série da Netflix.

O material da agência EFE teve impacto nos veículos e veículos noticiosos da América Latina, sendo reproduzido em 50,2 mil sites na internet com destaque à denúncia de Dilma sobre o “proselitismo político” da Netflix.

Segue um compilado de algumas das principais reportagens veiculadas nas últimas 24 horas em veículos da imprensa estrangeira.


ASSOCIATED PRESS

Brazil Appeals Court: Da Silva Conviction, Sentence Stands

By THE ASSOCIATED PRESS MARCH 26, 2018, 9:08 P.M. E.D.T.

SAO PAULO — As the slow wheels of Brazilian justice turn, former President Luiz Inacio Lula da Silva is inching toward jail.

On Monday, appeals court judges unanimously upheld their decision to rejectda Silva's appeal of his conviction on corruption charges — a move that bringshim one step closer to being barred from the presidential ballot and put behind bars.

Despite his legal woes, da Silva is leading polls for the October presidential election, and he is currently traveling through Brazil's south to rally hissupporters. His caravan has been met by protesters along the way. 

At rallies Monday, he repeated his contention that the charges against him aretrumped up and meant to keep him from regaining the presidency.

"I don't respect the (court's) decision because if I respect a decision that is a lie,when my great-granddaughter ... grows up, she will feel shame that hergrandfather was a coward who didn't have the courage to fight," he told a crowdin Iguazu Falls in Parana state. 

At an earlier rally in Francisco Beltrao, protesters threw eggs into the crowd, asthey have done at several other sites along the tour.

That's a sign of how divisive a figure the once-beloved politician has become. For some, the man universally known as Lula is a symbol of the boom years, when millions of Brazilians rose out of poverty. For others, he represents widespread corruption in Brazil's halls of power. 

Da Silva was convicted last year of trading favors with construction company OAS in return for the promise of a beachfront apartment. The conviction wasupheld by a group of federal magistrates in January, and they increased hissentence to 12 years and one month in prison.

In Brazil, the defense can enter a motion that questions such decisions, pointingout inconsistencies or contradictions. But the magistrates rejected the substance of the defense's motion Monday, meaning the conviction stands.They did acknowledge one mistake in how they referred to a company, whichhas no concrete effect on the case's outcome.

Da Silva's defense still has one more motion it can file with the same court, butlaw professor Carolina Cleve said it was very unlikely to change anything sinceMonday's ruling clearly showed the court's position.

- em Carta Maior

BRASIL | Querem matar Lula. Vão conseguir matar Lula?


Querem matar Lula. Os últimos acontecimentos no Brasil que envolvem Lula não deixam lugar a dúvidas sobre a oligarquia corrupta, assassina, fascista, racista e criminosa a todos os níveis. Atualmente é ela que detém os poderes, reencaminhando o Brasil no caminho regressivo de há décadas atrás, próximo da ditadura dos coronéis mas com uma democracia de fachada

É indubitável que os EUA e a alta finança estão por detrás de todo este golpe, dos assassinatos políticos e racistas. Nada lhes custa assassinar Lula ou um(a) qualquer democrata que se proponha derrubar a atual oligarquia criminosa que tem de fachada o rosto de Temer, ele próprio um criminoso a contas com processos judiciais que assim vão dar em nada. Assassinar Lula é um imperativo. Ele e os demais que sejam considerados entrave aos planos e processo de regressão em curso. Todos eles que se cuidem. Oportunidades não faltarão para assassinar Lula da Silva ou qualquer outro opositor candidato a derrubar os senhores do golpe no Brasil.

Do 247 trazemos para o Página Global (em baixo) um texto por entre talvez centenas dos que descrevem a luta política, de vida ou morte, que vigora no Brasil. A luta entre a democracia a devolver ao povo brasileiro e a ditadura mascarada de democracia que Temer e capangas militares e civis, assim como do judiciário, têm vindo a consolidar e muito mais querem consolidar. Não nos surpreendamos que em breve colhamos a notícia de que Lula e/ou outros democratas foram assassinados. Vão conseguir matar Lula?

MM | PG
  
Brasil | O FASCISMO FEZ BROTAR A FRENTE DEMOCRÁTICA

A imagem simbólica da caravana de Lula pela Região Sul, captada por Ricardo Stuckert, foi a imagem que reuniu três presidenciáveis do campo progressista, um dia após o atentado fascista contra o ex-presidente; "Somos três pré-candidatos à presidência, por três partidos diferentes. Mas defendemos a democracia", apontou Manuela D'Ávila, "Nossas diferenças não vão nos impedir de sentar à mesa para enfrentar o fascismo no Brasil. Lula, Manuela, passou da hora de criarmos uma frente contra o fascismo no Brasil. Com fascismo não se conversa, não se dialoga. Se combate!", afirmou Guilherme Boulos; Lula, por sua vez, apontou a maior responsável pelo ambiente de ódio – a Globo – e deixou como mensagem que a esperança irá mais uma vez vencer o medo

247 – O atentado contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Paraná, foi o estopim para a construção de uma frente democrática, entre três candidatos do campo progressista, que, embora disputem a presidência por três partidos diferentes, discursaram juntos na noite de ontem, em Curitiba, enviando uma mensagem poderosa contra o ódio, a intolerância e o fascismo que tenta se impor no País.  "Somos três pré-candidatos à presidência, por três partidos diferentes. Mas defendemos a democracia", apontou Manuela D'Ávila, do PCdoB, "Nossas diferenças não vão nos impedir de sentar à mesa para enfrentar o fascismo no Brasil. Lula, Manuela, passou da hora de criarmos uma frente contra o fascismo no Brasil. Com fascismo não se conversa, não se dialoga. Se combate!", afirmou Guilherme Boulos, do Psol.

Lula, por sua vez, apontou a maior responsável pelo ambiente de ódio – a Globo – e deixou como mensagem que a esperança irá mais uma vez vencer o medo. "Eu não tô falando isso pra me queixar, eu só queria dizer para vocês que isso tem responsabilidade. A imprensa foi conivente com isso o tempo inteiro. O culpado desse ódio no Brasil chama-se Rede Globo de Televisão", afirmou. Em sua fala, Lula disse não ter "nada contra a Lava Jato", mas sim "contra a mentira". "Eu estou sendo vítima de uma mentira", disse. O ex-presidente também anunciou que irá processar a Netflix pela série O Mecanismo, de José Padilha, que conta mentiras contra ele e o PT.

Inscreva-se na TV 247 e confira o "Boa Noite 247", sobre a criação dessa frente antifascista.

Mais lidas da semana