Expresso Curto, por Valdemar Cruz, a lembrar que hoje é sexta-feira e Dia de Marcha pelo Direito ao Retorno em Gaza. Sabem onde é? Não? É aquele campo imenso junto ao muro da lixeira judia onde radicais criminosos, militares e civis, dão uso aos apetrechos guerreiros e assassinam os legítimos donos do país que Israel ocupou. Tudo com a alta aprovação das diretivas de um tal Netanyahu e todo o governo israelita que ele chefia.
É muito triste referirmo-nos assim a Israel mas não podem aplicar-se modos gentis para um país e povo que ocupa outro e assassina sistematicamente o seu povo, só porque os ocupados lutam pela sua libertação. É uma guerra interminável, que já cansa e não podemos deixar de repudiar esses judeus assassinos.
Os palestinos manifestam-se naquele campo imenso e os criminosos israelitas atiram a matar como se aqueles não fossem pessoas. Muitos mortos e imensos feridos são o resultado persistente, do lado dos que se manifestam de mãos a abanar, quanto muito com umas pedras. Para os israelitas assassinos, militares e supostamente militares, é como um campo de tiro aos patos. E assim acontece a mortandade.
Depois vem mais Curto do Expresso. por cá o Francisco de Assis continua a puxar o PS o mais que pode para a direita. Não se entende porque Assis não se filiou no no CDS ou no PSD, ele e outros como ele. Corre a ironia que se filiou no PS numa noite de borga, jovem e bem bebido e fumado. Talvez, ou é só brincadeira? Não seria nada demais, a juventude proporciona-nos essas coisas. E então estudantes, com dinheirinho e boa pinga...
A lucidez ao parágrafo que vai dar para despedirmo-nos até para a semana que vem, talvez na segunda-feira. Vamos ver se Trump e May não nos estragam ainda mais o fim de semana. Divirtam-se e sorriam. Para a semana que vem não chove, mas o "frescote" continua. Enfim, não há como resolver estas temperaturas demasiado baixas para a época. Há umas horas nevou em Lisboa. Imaginem. Uns farripos, mas era neve. Credo! Desenrasquem-se, protejam-se, abriguem-se... (CT | PG)
Bom dia este é o seu Expresso
Curto
“Estás a apontar? Dispara!”
Valdemar Cruz | Expresso
Hoje é sexta-feira. Dia de Marcha
pelo Direito ao Retorno, em Gaza.
Há um campo árido naquele longe constituído pela fronteira da faixa de
Gaza. Percebem-se movimentações de figuras humanas. Do lado de cá, do lado de
quem observa através de uma mira telescópica, ouvem-se vozes. Procuram a
melhor oportunidade. O que se presume ser uma voz de comando, pergunta: “estás
a apontar? Dispara!”.
O tiro não sai de imediato. Aparece uma criança. Uns segundos depois, um
só tiro, uma só bala na cabeça de um jovem desarmado e está mais um
palestiniano morto na fronteira da Faixa de Gaza. Ouvem-se gritos de celebração
dos soldados israelitas. Um dos francoatiradores grita: “Oh, que vídeo. Yess!
Filho da puta”. Outra voz diz que estão a correr para evacuar a vítima. De novo
uma voz: “Deu-lhe na cabeça.
Que
grande vídeo”.
Lembram-se das últimas palavras proferidas pelo coronel Kurtz no final de
Apocalipse Now? “
The
horror. The horror”. Ali era o Vietname. Aqui é o eterno terror, o
constante massacre consentido pela comunidade internacional. Israel goza
de um estatuto único no mundo de absoluta impunidade.
Aquele vídeo está a desencadear ondas de choque. Terá sido feito em dezembro do
ano passado, mas contém cenas que poderão repetir-se hoje, sexta-feira, mais um
dia de
Marcha
pelo Direito ao Retorno, iniciada no passado dia 30 de março, por ser o Dia
da Terra Palestiniana. A Marcha vai prolongar-se, com especial incidência às
sextas-feiras, até 15 de maio,
dia que
marca a expulsão das suas terras, em 1948, de centenas de milhares de
palestinianos durante o conflito que desembocou na criação do estado de Israel.
A data é denominada Nakba (catástrofe em árabe).
“Independentemente de o vídeo ter sido gravado há um mês ou há uma semana,
todos os que servimos em territórios da Palestina sabemos que mais de 50 anos
de ocupação conduziram a uma grande corrupção moral, ao ponto de se
disparar contra civis desarmados”. As palavras são da ONG israelita
Breaking the Silence (Quebrando
o Silêncio), composta por antigos militares que se opõem á ocupação da
Palestina.
Num longo e bem documentado artigo, de leitura indispensável, publicado
quarta-feira no Expresso Diário, intitulado “
O
Governo de Israel insulta a história dos judeus”, Daniel Oliveira
sublinhava que as sociedades israelita e palestiniana estão doentes de tanta
dor e tanta guerra.
Este texto e o seu conteúdo são chocantes? Infinitamente mais chocante é a
continuada prática de crimes de guerra na faixa de Gaza ter entrado
no banal quotidiano, perante a indiferença mediática e o silêncio cúmplice da
comunidade internacional.
“Estás a apontar? Dispara!”.
OUTRAS NOTÍCIAS
Num artigo de opinião ontem publicado no jornal Público, Francisco Assis
defendia que, face às declarações do ministro das Finanças,
Rui
Rio devia manifestar de imediato adisponibilidade para viabilizar a
próxima proposta de Orçamento de Estado. Como o caminho se faz caminhando, o
mesmo jornal revela hoje que na próxima semana será assinado o assinado
o
primeiro acordo formal “ao centro desde 2006”. PSD e Governo terão tudo
pronto para assumir uma posição conjunta na negociação de fundos
estruturais para a próxima década. Este acordo determinará os princípios
de negociação a assumir pelo executivo nas conversações que a partir de maio
decorrerão com a União Europeia.
Aquela notícia não pode ser dissociada desta: o Governo entrega hoje na
Assembleia da República o Programa de Estabilidade 2018-2022. Os parceiros
parlamentares, PCP, BE PEV já manifestaram as maiores reservas e até
oposição, com exigências de um recuo na revisão em baixa do défice para 2018 e
a manutenção da meta acordada no orçamento. Há uma semana, Eco e Jornal de
Negócios divulgaram que, naquele documento, o Governo pretende rever em
baixa as metas orçamentais para este ano, de modo a
fixar
o défice orçamental em 0,7% do PIB, o que seria o défice mais baixo da
democracia portuguesa. Ou seja, €800 milhões a menos em relação ao
que ficou definido para o OE de 2018, aprovado pelo PCP, BE e PEV. Começa a
notar-
se
indignação à esquerda e nos Sindicatos, pelo objetivo rasgar de
um acordo feito e face à constatação de que a subida da folga
orçamental não tem tradução em mais investimento público, aumentos salariais na
função pública ou no fim das penalizações nas reformas de trabalhadores com longas
carreiras contributivas.
Afinal Rui Rio criou ou não um “Governo sombra”? O presidente do PSD diz
que não. A generalidade dos jornais não tem outro nome para o gabinete com
os
32 nomes que compõem o conselho estratégico nacional (CEN) do PSD. Rio
assegura que embora a lógica do CEN seja inspirada num Governo, não se trata de
um Governo. O presidente do PSD recorreu a antigos ministros do Governo de
Durão Barroso (Luís Filipe Pereira e Maria da Graça Carvalho) e de Cavaco
Silva (Silva Peda e Arlindo Cunha). Ângelo Correia, mentor político de Pedro
Passos Coelho, é um dos eleitos de Rio. A média de idades do Governo
sombra que não o é
anda
pelos 60 anos.
O Sporting fez do jogo uma festa. Construiu mesmo, em longos momentos, um saboroso
festival de futebol. Do outro lado tinha uma equipa competente e segura, mesmo
se ontem teve uma jornada muito
abaixo
do seu rendimento habitual. O golo ainda na primeira parte deu esperança.
Os sportinguistas acreditaram na possibilidade de virar o resultado. Os
jogadores tudo fizeram para tornar o sonho realidade. No final
impôs-se a dura realidade dos números. O Atlético de Madrid venceu por 2-1 no
conjunto das duas mãos e segue para as meias finais. Na Tribuna fala-se do
Sporting e do admirável
novo
mundo das vitórias morais.
É inaugurada hoje à noite na Casa da Arquitectura, em Matosinhos, a exposição
“Os Universalistas – 50 Anos de Arquitetura Portuguesa".
No
Expresso já se escreveu sobre esta mostra, que
começou
por ser apresentada em Paris, e chega agora a Portugal. A partir das 21
horas, para lá da visita guiada pelo curador, arquiteto Nuno Grande, há a
divulgação de um testemunho de Eduardo Lourenço, e uma conversa com os
arquitetos Alexandre Alves Costa e João Belo Rodeia.
Os bispos portugueses
admitem
referendo sobre a eutanásia, mas preferem aposta nos cuidados
paliativos
A Plataforma pela Reposição das SCUT vai realizar
hoje
uma marcha lenta , que parte da Covilhã e Castelo Branco e termina na
Lardosa
LÁ FORA
O ex-director do FBI James Comey, demitido pelo Presidente norte-americano
em Maio de 2017, lança na próxima terça-feira nos EUA o livro
A
Higher Loyalty: Truth, Lies and Leadership, no qual compara Donald
Trump a um chefe da Mafia. Quem já leu passagens do livro, como a
Associated
Press ou o Wahshinton Post, sustenta que se trata de um presidente
cujas ações são dominadas pelo seu ego e conduzidas por questões de lealdade
pessoal.
Ontem recebi um Tweet que dizia assim: “A vida é uma coisa demasiado importante
para falarmos seriamente sobre ela”. Pouco antes tinha recebido um outro no
qual se escrevia: “a beleza, com o seu poder, levaria menos tempo para
transformar a honestidade em alcoviteira do que esta em modificar a beleza à
sua imagem”. O primeiro é assinado pelo senhor Oscar Wilde. O segundo é
enviado em nome do senhor William Shakespeare e sai diretamente do Ato III,
Cena I, de Hamlet, a mesma cena onde é dito o célebre “ser ou não ser, eis a
questão”. A minha questão é mesmo esta: porque é que em vez dos inenarráveis
Tweets do senhor Trump, não optamos por dar outra cor à vida com a presença no
nosso quotidiano de gente que, estando fisicamente morta, continua a ser uma grande
e insubstituível inspiração? É possível. Basta subscrever os tributos
materializados nas contas Twitter de gente como
Shakespeare,
Wilde,
Virginia Woolf,
Silvia Plath e tantos outros
que por aí continuam à nossa espera.
FRASES
"Os compromissos que o Governo assume em Bruxelas são compromissos do
Governo. Em Portugal o Governo tem que cumprir o que está no Orçamento do
Estado". António Filipe, deputado do PCP No programa da TSF
Política Pura
“O BE e o PCP sabem bem que, se as nossas contas públicas correrem mal, isto
vai tudo por água abaixo”. Carlos César, presidente do PS
“Sempre dissemos que tem de ser aceite um Estado palestiniano com a capital em
Jerusalém. (…). Não mudaremos a nossa embaixada para Jerusalém”. Marcelo
Rebelo de Sousa na Universidade de al-Azhar, no Egito
“No que respeita ao acolhimento de refugiados, a atitude da União Europeia e da
Hungria não são assim tão diferentes”. Pedro Neto, diretor-executivo
da Aministia Internacional Portugal no Expresso Diário
“O intuito (eventual bombardeamento da Síria) não é abrir caminho a
uma democracia pluralista. Essa é uma ilusão conveniente para a opinião pública
ocidental. O objetivo é substituir um regime autoritário de tipo secular por um
governo islamita sunita, que será opressor de uma forma talvez ainda mais
odiosa”. José Pedro Teixeira Fernandes, investigador, Professor de
Relações Internacionais e Estudos Europeus no Público
PRIMEIRAS PÁGINAS
Pacto a dois – Governo e PSD já têm acordo sobre fundos da EU – Público
GNR – Quatro anos e meio por torturar detidos – JN
Lisboa vai ter 120 câmaras em semáforos e mais radares – DN
Défice – Costa totalmente inflexível com Bloco e PCP – I
Pensões com novo aumento extra – Correio da Manhã
Só 9% das cotadas têm mais de metade do capital em bolsa – Negócios
Leão caiu de pé – O Jogo
Leões encostaram Atlético às cordas - Record
Leão merecia mais - A Bola
O QUE ANDO A LER E A VER
Daqui a doze dias comemoram-se os 44 anos da Revolução de 25 de abril de 1974.
Passado quase meio século, faz ainda sentido insistir nas diversas facetas da
resistência à ditadura de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano? Como é que se
explica, hoje, a um jovem de 18 ou 20 anos que, se tivesse nascido umas décadas
antes, nesta altura estaria a lidar com os medos, as revoltas ou as
indignações suscitadas pela necessidade de ter de abandonar a família, o
trabalho, os estudos, para pegar em armas e ir combater numa guerra
colonialista em África?
Nunca foi pacífico, entre a esquerda portuguesa, o modo como lidar com aquele
dilema. Os movimentos de extrema-esquerda defendiam abertamente a deserção,
com consequente exílio. Na área do PCP era incentivada a incorporação nas
Forças Armadas, desde logo para que os militantes aprendessem a manejar armas e
fizessem propaganda contra a guerra junto dos soldados. As deserções eram
aplaudidas e incentivadas, se efetuadas num contexto de movimento coletivo de
abandono dos quartéis.
Foram milhares os que se viram forçados a abandonar o país e construir uma
nova vida no exílio. Por estarem contra a guerra. Por terem uma atividade
oposicionista. Por defenderem o derrube do regime fascista. Por terem uma
atividade que os deixava rotulados como traidores à pátria. As suas
fotografias eram colocadas nos postos fronteiriços, como se de vulgares
criminosos se tratasse.
Partiram para países de acolhimento tão diversificados como o Brasil, Bélgica,
França, Suécia, URSS, Roménia, Marrocos, Argélia e outros. Uns passaram a
fronteira a salto, outros partiram em comboios vigiados ou em barcos
improvisados, nos quais deixavam a vida em suspenso e dependente da linha ténue
que separa a sorte do azar.
Viveram vidas duras, marcadas por enormes sacrifícios pessoais e familiares. O
exílio é uma marca, uma dor que fica para a vida, como se percebe em “
Memórias
do Exílio”, o comovente livro de Ana Aranha, jornalista da Antena 1, e
Carlos Ademar, mestre em História Contemporânea e professor na Escola da
Polícia Judiciária.
Recolhem, no que foi primeiro um
programa da
Antena 1 aqui disponível, doze depoimentos de homens e mulheres um dia confrontados
com a urgência e a necessidade absoluta de abandonarem o seu país.
São relatos atravessados por uma emoção na qual se roça a eminência da tragédia,
o humor, o quase inverosímil, a coragem, a dor, o sofrimento, o questionamento
pessoal, a divergência, o reposicionamento político e ideológico. Ninguém sai
incólume de um exílio forçado, como se percebe das palavras de, entre outros,
Hélder Costa, Luísa Tito de Morais, Cláudio Torres, Manuel Pedroso Marques, Margarida
Tengarrinha, Helena Cabeçadas, uma das mulheres mais jovens (aos 17 anos) a
exilar-se por motivos políticos, ou Teresa Rita Lopes, que diz: “o exílio é
sempre dolorosíssimo. Basta não poder vir ao seu país. A privação dessa
possibilidade já é terrível e sobretudo não saber quando é que isso viria a ser
possível. Até podia não ter sido possível na minha vida”.
De forma telegráfica, duas sugestões para o fim de semana. A primeira é uma
fantástica viagem pela história da arte, narrada através de três cores:
dourado,
azul e
branco. São três
episódios imperdíveis da BBC. Por fim, uma sugestão musical com forte
componente estética:
A
Sagração da Primavera, de Stravisnky, num bailado com coreografia de
Jean-Claude Gallota, gravada no Théatre national de Chaillot, em Paris, com
transmissão no próximo domingo a partir das 18h40, no
Mezzo HD Live. É uma boa alternativa ao
Benfica- FC Porto.
Tenha um bom dia e um excelente fim-de-semana. Com ou sem chuva.