sábado, 5 de maio de 2018

Angola | UMA COMUNIDADE SACRIFICADA PELA ORGIA NEOLIBERAL IV – (continuação)


Martinho Júnior | Luanda 

7- Em 2012 foram avançadas decisões de reforma, após “estudo actuarial” no sentido de reformar na Caixa de Protecção Social do MININT os oficiais operativos, decisões essas que, por razões pouco transparentes para a ASPAR, foram abandonadas intempestivamente implicando prejuízos humanos de toda a ordem, inclusive impactos emocionais nocivos em pessoas a entrar na terceira idade, cujas aspirações à dignidade não foram tidas nem achadas, apesar de ser necessário a sua reinserção social sem quebra de vínculos em conformidade com os juramentos do passado.

Além da necessidade de definição completa das questões que se prendem ao quadro de oficiais operativos, com vista à reforma e à reinserção social condignas, subsiste a necessidade de definir o estatuto na reforma dos oficiais que serviram nos organismos da Segurança do Estado, tendo em conta a natureza e o carácter dos seus vínculos (que implicam deveres, obrigações e só depois direitos), de modo a também corresponder aos custos de sua formação, integralmente suportados pelo estado angolano com o apoio quantas vezes de seus então aliados naturais.

A própria ASPAR deveria ter um estatuto de enquadramento que espelhasse o carácter de seus vínculos institucionais com os organismos de responsabilidade, de onde a comunidade é proveniente.

Uma avaliação dos prejuízos directos e indirectos causados ao estado por causa do abandono a que tem sido sujeita uma parte significativa da comunidade (que em parte está associada na ASPAR), também em resultado da insuficiente definição do quadro funcional de oficiais operativos, seria também recomendável, até por que se nos afigura que o rigor que se pretende de novo implementar em benefício do estado angolano enquanto fiel depositário dos interesses de todo o povo angolano, deve ser também aplicado nessa avaliação.

Esse desafio preenche um repto inadiável, legítimo e justo para o âmbito das políticas de “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem” que vão nortear o presente mandato presidencial de 5 anos, ora inaugurado em correspondência mais profunda com as aspirações de independência, soberania, identidade nacional e interesses de todo o povo angolano.

 8- A Direcção Executiva da ASPAR exorta por conseguinte os quadros que compõem no activo as Instituições que podem encontrar soluções com implicações de vida e âmbito social sobre o efectivo desmobilizado que compõe a comunidade, a definitivamente as tomar, executar e pôr em prática, enquanto forma de honrar o passado, a nossa história e trilhar o rumo da lógica com sentido de vida que advém do carácter essencial do Movimento de Libertação, também por que combater a corrupção é ética e moralmente, num activo e não num passivo, dar resposta a tantas obrigações que têm sido ostensivamente proteladas ano após ano, num assunto de estado em relação a uma significativa franja desta comunidade, precisamente quando se está a verificar que a orgia neoliberal foi dando para apropriação indevida de capacidades públicas, numa roda-viva de privatizar os lucros e socializar as perdas, desrespeitando, esvaziando e sobrecarregando o próprio estado.

Martinho Júnior - Luanda, 5 de Maio de 2018

Do anterior:
UMA COMUNIDADE SACRIFICADA PELA ORGIA NEOLIBERAL – I – http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/uma-comunidade-sacrificada-pela-orgia.html

UMA COMUNIDADE SACRIFICADA PELA ORGIA NEOLIBERAL – II – http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/uma-comunidade-sacrificada-pela-orgia_2.html

UMA COMUNIDADE SACRIFICADA PELA ORGIA NEOLIBERAL – III – http://paginaglobal.blogspot.pt/2018/05/angola-uma-comunidade-sacrificada-pela.html

Fotos das iniciativas de aquisição, remodelação e inauguração da sede da Acção Social Para Apoio e Reinserção no Zango III, em Luanda, anos de 2011, 2012, 2013 e 2014 (a inauguração foi a 7 de Janeiro de 2014 – (fotos 1, 2, 3 e 5).
Foto relativa ao Conselho Consultivo Alargado da Acção Social Para Apoio, realizado nos dias 20 e 21 de Novembro de 2011 – (foto 4).

MOÇAMBIQUE | Cerimónias fúnebres de Afonso Dhlakama marcadas para 9 de Maio


Cerimónias públicas decorrem na quarta-feira. No dia seguinte tem lugar o funeral organizado pela família, anunciou a RENAMO. Ossufo Momade foi eleito líder interino do partido até ao próximo congresso.

As cerimónias fúnebres de Afonso Dhlakama, presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), vão decorrer na quarta-feira, dia 9 de maio, a partir das 08:00, no campo desportivo do Ferroviário da Beira, anunciou este sábado (05.05) a comissão política nacional do partido.

O corpo do líder da oposição de Moçambique vai sair da morgue do Hospital Central da Beira diretamente para o recinto, que vai acolher as cerimónias públicas, detalhou Ossufo Momade, coordenador da comissão política, numa conferência de imprensa na cidade da Beira.

Na quinta-feira, dia 10 de maio, será realizado o funeral organizado pela família em Mangunde, distrito de Chibabava, no interior da província de Sofala, terra natal do líder da RENAMO, a cerca de 300 quilómetros da Beira.

Durante o anúncio do programa das cerimónias, Ossufo Momade pediu aos membros e simpatizantes do partido e à sociedade em geral "muita calma e coragem".

O programa foi acordado entre o maior partido da oposição moçambicana e familiares de Dhlakama, referiu Ossufo Momade. O anúncio ocorreu depois de uma reunião da comissão política nacional da RENAMO iniciada na sexta-feira à tarde na cidade da Beira.

O Conselho de Ministros moçambicano já tinha anunciado na sexta-feira, após reunião extraordinária, em Maputo, que Dhlakama teria um funeral oficial ao abrigo do estatuto especial do líder do segundo partido com assento parlamentar (líder da oposição). Segundo o jornal moçambicano CanalMoz, o Governo não vai decretar luto nacional.

Ossufo Momade eleito presidente interino

Entretanto, o ex-deputado e antigo secretário-geral da RENAMO Ossufo Momade foi nomeado presidente interino do partido, na sequência da morte de Afonso Dhlakama, na quinta-feira, na Serra da Gorongosa, devido a complicações de saúde.
A informação foi avançada este sábado pelo porta-voz da RENAMO Alfredo Magumisse: "O tenente-general Ossufo Momade foi eleito por unanimidade coordenador do trabalho da comissão política nacional da RENAMO".

A morte inesperada de Dhlakama gera incerteza quanto aos próximos passos nas negociações de paz com o Presidente Filipe Nyusi. "Nós vamos dar honra e dignidade ao trabalho que ele [Afonso Dhlakama] iniciou", referiu Ossufo Momade, coordenador do órgão nacional, na conferência de imprensa da RENAMO na cidade da Beira.

O líder da oposição e o Presidente de Moçambique já tinham divulgado, em fevereiro, um acordo acerca da descentralização do poder, permitindo a eleição de autoridades regionais e locais. A proposta de alteração constitucional para acomodar o acordo, a tempo das eleições autárquicas de 10 de outubro, encontra-se em discussão na Assembleia da República. 

Ficou por anunciar antes da morte de Dhlakama um outro entendimento relativo à desmilitarização, desmobilização e reintegração do braço armado da RENAMO. Um novo acordo para a paz em Moçambique depende dos dois dossiês, conforme foram anunciando Filipe Nyusi e o líder da oposição, nos últimos meses, num tom geralmente otimista sobre o decorrer das negociações.

Momade disse ainda que vai liderar a RENAMO até o próximo congresso, cuja data não avançou. "A partir daí vamos ter alguém para decidir em relação aos destinos do partido", acrescentou Momade, sem mais pormenores. "Deixem-nos realizar o funeral do nosso presidente. Não é altura de procurarmos o dia e a data em relação àquilo que vai acontecer no futuro", concluiu. 

Ossufo Momade era até agora chefe do departamento de defesa da RENAMO. Foi ainda nessa qualidade que na sexta-feira à noite leu o primeiro comunicado oficial do partido, em que a RENAMO confirmava a morte do seu líder. 

Agência Lusa, mjp | Deutsche Welle

GUINÉ-BISSAU | Cidadãos condenam entrega de viaturas a deputados


Presidente José Mário Vaz entregou esta semana aos deputados 90 viaturas oferecidas ao país pelo rei de Marrocos. Movimento de Cidadãos Guineenses Inconformados fala em "ofensa ao povo guineense".

O presidente do Movimento de Cidadãos Guineenses Inconformados, o jurista Sana Canté, manifestou-se esta sexta-feira (04.05) contra a entrega pelo chefe de Estado de viaturas novas aos deputados ao Parlamento que, disse, não mereciam "aquelas prendas".  

Em conferência de imprensa, Sana Canté considerou a entrega por José Mário Vaz de 90 viaturas "zero quilómetros" aos deputados uma "ofensa ao povo guineense".

Canté, que lidera o movimento dos inconformados, grupo composto essencialmente por jovens dos liceus e das universidades de Bissau que se têm batido contra a crise política no país, afirmou que os deputados, depois de terem fechado o Parlamento "ainda receberam prendas" do Presidente.

O ativista referia-se ao facto de o Parlamento ter estado bloqueado durante mais de dois anos devido às divergências entre os dois principais partidos que compõem o órgão, o PAIGC e o PRS.

Jipes polémicos

José Mário Vaz entregou, na quinta-feira (03.05), numa cerimónia que decorreu na Presidência da República, em Bissau, as viaturas oferecidas ao país pelo rei de Marrocos em 2017 aos deputados.

"Desde agosto do ano passado a esta data muito se tem falado sobre estas viaturas. Foram muitos os rumores veiculados à volta deste assunto. Hoje somos testemunhas de que nenhum carro foi vendido, nenhum carro foi oferecido e que nenhum carro foi afeto à Presidência da República", afirmou o chefe de Estado guineense.

As 90 viaturas chegaram a Bissau em agosto de 2017 e foram doadas pelo reino de Marrocos à Presidência guineense, mas a sua chegada ao país provocou polémica com alguns a afirmarem que os jipes eram para os deputados e outros a defenderam que tinham sido enviados ao chefe de Estado, José Mário Vaz.

Os jipes chegaram a Bissau em 45 contentores e José Mário Vaz explicou que foram enviados pelo reino de Marrocos à Presidência guineense, que os decidiu doar aos deputados da Nação.

Críticas nas redes sociais

Nas redes sociais, vários cidadãos guineenses têm manifestado estar contra a entrega das viaturas aos deputados, lembrando que no país não há educação nem saúde.

Para Sana Canté, o Presidente "devia era doar aquelas viaturas" aos jogadores da seleção nacional de futebol, que disse, deram "muitas alegrias ao povo guineense" na Taça das Nações Africanas de Futebol, competição disputada no Gabão, e em cuja fase final a Guiné-Bissau esteve presente pela primeira vez.

O líder do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá, ao referir-se também hoje às viaturas que o próprio alega ter pedido ao rei de Marrocos, defendeu que servem para que os deputados possam visitar o eleitorado nas suas aldeias e criticou também o facto de vários deputados do PAIGC não terem recebido uma viatura.

"Posso afirmar que pela primeira vez na história no nosso país, consegui entregar a cada deputado uma viatura", destacou Cassamá, que remeteu para o secretário-geral do órgão o esclarecimento sobre se as viaturas foram dadas a título definitivo ou enquanto durar o mandato do deputado.

Agência Lusa, mjp | Deutsche Welle

Guiné-Bissau | CITANDO O CAMARADA AMÍLCAR CABRAL

CITANDO O CAMARADA CABRAL PARA DEMONSTRAR A IMPERTINÊNCIA TOTAL DESTA EXTRAVAGANTE OFERTA DE VIATURAS AOS DEPUTADOS E EM GERAL

Abdulai Keita* | opinião
   
Camarada Amílcar Cabral uma vez disse num tom, primeiramente muito pessoal e depois geral, referindo-se a um dos aspectos das suas ambições pessoais e a dos outros dirigentes, da melhoria ou não das suas condições de vida ou de se tornarem ou não ricos, o que segue.

Cito, “a nossa luta na Guiné, não é para mim, do ponto de vista material, de melhorar a vida. Se alguma vez na minha vida, voltar a ter na nossa terra, na Guiné ou em Cabo Verde, a vida que eu tinha antes… E mesmo, se os dirigentes da nossa terra amanhã, na Guiné ou em Cabo Verde, viverem tão bem como eu vivia em Portugal, isso quererá dizer que o nosso país é muito rico. Devemos estar vigilantes para não os deixarmos, os nossos dirigentes, viverem assim, porque é uma vida demasiada boa, para um país pobre que tem que trabalhar muito ainda” (A. Cabral, 1979:18, “Análise de alguns tipos de resistência”, Ed. do PAIGC, Imprensa Nacional Bolama, Guiné-Bissau, 136 p.).

Porque caso contrário, continuava ele numa outra ocasião, é criar condições através da autoridade que esses dirigentes e responsáveis terão amanhã na nossa terra graças à autoridade do PAIGC e a do nosso povo, de constituir a camada de uma elite burocrática, cujo interesse fundamental será o seguinte: defender seus privilégios contra os interesses do povo.

Mas que fique claro, continuava ele ainda, dizendo, a ideia fundamental do nosso Partido é que nós não queremos nenhum privilégio para ninguém, contra os interesses do nosso povo. Somos totalmente contra as ambições profundas daqueles que pensam, talvez já hoje, “que a luta está abrir caminho para eles mesmos e as suas famílias ficarem cada dia mais ricos. Isso, digo-vos desde já, é incompatível com os interesses do nosso povo de sair da miséria, da ignorância, do sofrimento em que tem vivido durante séculos na Guiné e Cabo Verde” (A. Cabral, 1971: 19, in: PAIGC, “Reunião do Conselho Superior de Luta [9 a 16 de Agosto de 1971], sobre a agressão à República da Guiné e os acontecimentos ulteriores nesse país, Intervenção do camarada Amilcar Cabral; documento dactilografado não publicado, 30 p. na posse do autor).  

Sendo assim, o líder fundador do PAIGC concluía: Nós, os dirigentes, responsáveis e militantes do PAIGC, “na medida em que somos capazes de pensar no nosso problema comum, nos problemas do nosso povo, da nossa gente, pondo no devido nível os nossos problemas pessoais e, se necessário, sacrificando os interesses pessoais, somos capazes de fazer (até) milagres… […] ao serviço da liberdade e do progresso do nosso povo” (A. Cabral, 1978: 155, “III. O nosso Partido e a luta devem ser dirigidos pelos melhores filhos do nosso povo“, in: Arma da teoria: unidade e luta, obras escolhidas, Lisboa, Sera Nova, 2a ed., 248 p.).

Obrigado.

Pelo caminho de Cabral, “luta ka na pudi maina” (N’Fanmara Mané, Djidiu di Luta).

Por uma Guiné-Bissau de Homem Novo (Mulheres e Homens), íntegro, idôneo e, pensador com a sua própria cabeça.

Que reine o bom senso e modéstia.

Amizade.
A. Keita

*Pesquisador Independente e Sociólogo (DEA/ED) | E-mail : abikeita@yahoo.fr

ARMAGEDÃO | O que pode ser feito?

Está na dependência da Europa a Terra morrer ou não num Armagedão nuclear 

Paul Craig Roberts

Os governos europeus não percebem seu potencial para salvar o mundo da agressão de Washington, porque os europeus ocidentais estão habituados desde a II Guerra Mundial a serem estados vassalos de Washington e os do leste e do centro da Europa aceitaram a vassalagem a Washington desde o colapso da União Soviética. A vassalagem é compensadora se não forem contados todos os custos.

Ao aderirem à NATO, os europeus do leste e do centro permitiram a Washington que avançasse a presença militar dos EUA às fronteiras da Rússia. Esta presença militar sobre as fronteiras russas deu a Washington a confiança indevida de que a Rússia também poderia ser coagida a uma existência como estado vassalo. Apesar do terrível destino dos dois melhores exércitos já reunidos – o Grande Exército de Napoleão e a Wehrmacht da Alemanha – Washington não aprendeu que as duas regras da guerra são: (1) Não marche sobre a Rússia. (2) Não marche sobre a Rússia.

Devido à subserviência da Europa à Washington, é improvável que esta aprenda a lição antes de marchar sobre a Rússia.

Na sua arrogante idiotice, Washington já começou parcialmente esta marcha com o golpe na Ucrânia e com seus ataques a posições militares sírias. Como escrevi anteriormente,www.paulcraigroberts.org/2018/04/30/syrian-cisis-escalates/ , Washington está a escalar a crise na Síria.

O que pode travar isto antes que expluda em guerra é uma decisão da Europa Oriental e Central de se desvincular da condição de facilitadora da agressão de Washington.

Para a Europa não há benefícios em estar na NATO. Os europeus não estão ameaçados pela agressão russa, mas eles estão ameaçados pela agressão de Washington contra a Rússia. Se os neoconservadores americanos e seu aliado israelense tivessem êxito em provocar uma guerra, toda a Europa seria destruída. Para sempre.

O que haverá de errado com políticos europeus que assumem este risco com os povos que governam?

A Europa ainda é um lugar de beleza construída pelos humanos ao longo de eras – arquitecturalmente, artisticamente e intelectualmente – e o museu não deveria ser destruído. Uma vez livre da vassalagem a Washington, a Europa poderia mesmo retornar à vida criativa.

A Europa já está a sofrer economicamente com as sanções ilegais de Washington contra a Rússia impostas aos europeus pelos EUA e com os milhões de refugiados não europeus a inundarem seus países fugindo das guerras ilegais de Washington contra povos muçulmanos, guerras que americanos são forçados a combater em benefício de Israel.

O que é que os europeus obtêm das penalidades extremas impostas sobre eles como vassalos de Washington? Eles não obtêm nada excepto a ameaça do Armagedão. Um pequeno punhado de "líderes" europeus obtém enormes subsídios de Washington para permitir as suas agendas ilegais. Basta olhar para a enorme fortuna de Tony Blair, a qual não é a recompensa normal para um primeiro-ministro britânico.

Os europeus, incluindo os "líderes", têm muito mais a ganhar em estarem conectados ao projecto Estrada da Seda, da Rússia e da China. É o Oriente que está em ascensão, não o Ocidente. A Estrada da Sede ligaria a Europa à ascensão do Oriente. A Rússia tem um território subdesenvolvido cheio de recursos – a Sibéria – que é maior do que os Estados Unidos. Na base da paridade de poder de compra, a China já é a maior economia do mundo. Militarmente a aliança russo-chinesa é muito mais do que aquilo com que Washington pode competir.

Se a Europa tivesse qualquer bom senso, qualquer liderança, ela diria adeus a Washington.

O que é que vale para a Europa a hegemonia de Washington sobre o mundo? Como é que europeus, excepto um punhado de políticos que recebem de Washington sacos cheios de dinheiro, recebem benefícios da sua vassalagem a Washington? Nenhum benefício pode ser identificado. Apologistas de Washington dizem que a Europa está temerosa de ser dominada pela Rússia. Então por que é que os europeus não estão temerosos dos seus 73 anos de dominação por Washington, especialmente uma dominação que está a levá-los para o conflito militar com a Rússia?

Ao contrário dos europeus e dos russos, os americanos têm escassa experiência com baixas em tempo de guerra. Só uma batalha da I Guerra Mundial, a Batalha de Verdun, produziu mais baixas do que as mortes em batalha que os EUA experimentaram em todas as guerras da sua existência, a começar pela Guerra Revolucionária pela independência contra a Grã-Bretanha.

A Batalha de Verdun da I Guerra Mundial, que se verificou antes da entrada dos EUA na guerra, foi a mais longa e a mais custosa batalha da história humana. Uma estimativa feita em 2000 descobriu um total de 714.231 baixas, 377.231 franceses e 337.000 alemães, numa média de 70 mil baixas por mês. Outras estimativas recentes aumentam o número de baixas para 976 mil durante aquela batalha, com 1.250.000 feridos em Verdun durante a guerra.

Em contraste, as baixas dos EUA na I Guerra Mundial após a sua entrada foram de 53.402 mortos em batalha e 200 mil feridos não mortais.

Aqui está a lista dos mortos estado-unidenses em batalha desde a Guerra Revolucionária até a "guerra global ao terror" em Agosto de 2017:

Revolução americana: 4.435
Guera de 1812: 2.260
Guerras contra nativos americanos (1817-1898): 1.000
Guerra mexicana 1.733 

Guerra de agressão nortista:
   Norte: 104.414
   Sul: 74.524 

Guerra hispano-americana: War 385 

II Guerra Mundial: 291.557

Guerra da Coreia: 33.739 

Guerra do Vietname: 47.434

Guerra do Golfo: 148

Isto dá um total de 561.629 mortes em batalha.

Se acrescentarmos as mortes em batalha da guerra global ao terror a partir de Agosto de 2017 – 6.930 – temos 568.550 mortes estado-unidenses em batalha em todas as guerras dos EUA. Ver:www.infoplease.com/us/american-wars/americas-wars-us-casualties-and-veterans

A comparar com as 714.231 baixas, de que não sou capaz neste momento de separar as mortais das não mortais, da única batalha da I Guerra Mundial que não envolveu soldados estado-unidenses.

Por outras palavras, excepto para os Estados Confederados e americanos nativos, que aguentaram enormes crimes de guerra da União, os EUA não têm experiência de guerra. Por isso Washington entra em guerra com facilidade. Da próxima vez, contudo, serão o Armagedão e Washington deixará de existir. Assim como o resto de nós.

As mortes estado-unidenses na I Guerra Mundial foram baixas porque os EUA não entraram na guerra senão no último ano. Analogamente, na II Guerra Mundial, o Japão estava derrotada pela perda da sua Marinha e Força Aérea pelo bombardeio incendiários de Tóquio e outras cidades japonesas, o que exigiu poucas mortes em batalha estado-unidenses. Os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki foram gratuitos e tiveram lugar quando o Japão queria render-se. Aproximadamente 200 mil civis japoneses morreram nos ataques nucleares e não havia quaisquer prisioneiros de guerra americanos naquelas cidades. Na Europa, como na I Guerra Mundial, os EUA não entraram na guerra contra a Alemanha até no ano final em que a Wehrmacht já havia sido derrotada pelo Exército Vermelho soviético. A invasão da Normandia enfrentou escassa oposição pois todas as forças alemãs estavam na frente russa.

Se houvesse uma 3ª Guerra Mundial os EUA e todo o mundo ocidental seria imediatamente de destruído pois não há nada entre o ocidente e a extraordinária capacidade nuclear da Rússia excepto a probabilidade da destruição da totalidade do mundo ocidental.

Por que a Europa facilita este cenário? Não haverá nenhuma humanidade, nenhuma inteligência, que reste na Europa? Será a Europa algo como um ajuntamento de gado à espera da carnificina proveniente dos enlouquecidos neocons americanos? Não haverá líderes políticos europeus com um grama de senso comum, um grama de integridade?

Se não houver, o colapso está sobre nós pois não há humanidade ou inteligência em Washington.

A Europa deve tomar a liderança, especialmente os centro-europeus. Trata-se de povos que foram libertados dos nazis pelos russos e que no século XXI experimentaram muito mais agressão vinda de Washington, em busca da sua hegemonia, do que experimentaram vinda de Moscovo.

Se a Europa se desligar do controle de Washington, há esperança de vida. Do contrário, estaremos mortos.

30/Abril/2018

O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/2018/04/30/can-done-paul-craig-roberts/

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ 

350 palestinianos feridos esta sexta-feira na fronteira entre Gaza e Israel - 42 com balas verdadeiras


Já morreram 48 palestinianos desde 30 de março, quando começaram os protestos da Grande Marcha do Retorno

É mais uma sexta-feira violenta em Gaza. Segundo o Ministério de Saúde palestiniano, pelo menos 42 palestinianos ficaram feridos depois de os soldados israelitas, que defendem a fronteira, terem disparado balas verdadeiras contra a população que se manifestava do outro lado do fosso que separa Gaza de Israel.

Pelo menos 42 palestinianos foram esta sexta-feira feridos por balas reais disparadas pelas forças israelitas - quando tentavam aproximar-se da vala de separação em Gaza durante a sexta semana de protestos da Grande Marcha do Regresso mas o total de feridos está perto dos 350.

"Durante o dia, cerca de 7.000 palestinianos participaram nos protestos em cinco localidades ao longo da Faixa de Gaza", comunicou por sua vez o exército israelita. O comunicado diz que os manifestantes "são violentos, queimaram pneus, lançaram pedras em direção à vala de segurança [que separa Gaza e território israelita] e aos soldados, e projéteis com objetos a arder com a intenção de provocar fogos em território israelita". Dos 350 feridos desta sexta-feira, 42 foram atingidos por balas reais, 20 por balas de borracha e os restantes por inalação de gás, quedas e outras causas", precisou o Ministério da Saúde palestiniano. Durante os protestos de hoje, fontes palestinianas informaram que dois drones israelitas com câmaras foram derrubados por pedras lançadas pelos manifestantes. O exército judaico confirmou a queda dos seus aparelhos que estavam "em missão de documentação".

Desde o início dos protestos, em 30 de março, 48 palestinianos já foram mortos por balas reais, a maioria em manifestações e outros incidentes violentos ou quando tentavam cruzar a fronteira, e mais de 7.000 ficaram feridos, segundo as autoridades médicas de Gaza. 

Antes do início dos protestos de hoje, o exército israelita advertiu os palestinianos para não enviarem projéteis com bombas incendiárias em direção a Israel, como sucedeu nas últimas semanas, mas alguns participantes anunciaram que lançariam 300 destes artefactos em direção a Israel para queimar campos de cultivo.

Mahmud al Zahar, um responsável do Hamas, advertiu esta sexta-feira Israel que caso continuem a disparar contra manifestantes na fronteira "o mundo inteiro vai surpreender-se com a nossa resposta". As sextas-feiras são o dia em que milhares de palestinianos participam nestas manifestações de protesto que se vão prolongar por diversas semanas. A maioria fica a algumas centenas de metros da barreira de segurança fortemente guardada pelo exército israelita, mas alguns aproximam-se da cerca e tentam lançar projéteis contra os soldados, arriscando a vida.

Antes do início da vaga de protestos semanais, o exército israelita disse que usaria fogo real contra quem tentasse danificar a vala de segurança e entrar em Israel. O uso de balas letais contra manifestantes foi criticado dentro e fora de Israel, e organizações de direitos humanos pediram ao Supremo tribunal israelita para cancelar as regras de combate que permitem aos soldados disparar contra manifestantes, por não serem uma ameaça imediata nem concreta. O Governo israelita considera, pelo contrário, que estes protestos se incluem na categoria de "estado de guerra", e que as leis de direitos humanos se aplicam às normas de combate.

Lusa | em Expresso | Foto: Anadolu Agency/Getty

PORTUGAL | Um par de cornos


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Quando pensávamos que aqueles dois palitos - ou cornos - feitos por Manuel Pinho havia sido um deslize de mau-gosto, afinal era um gesto dirigido a todos os portugueses. É uma nova forma de interpretar um gesto feito por alguém que era simultaneamente ministro e avençado do Banco Espírito Santo. Recebeu quase 800 mil euros de Ricardo Salgado enquanto ministro da Economia, em contexto de relações promiscuas com a EDP e na mudança feita pelo próprio das regras dos custos de manutenção do equilíbrio contratual.

O silêncio impera, como de resto é habitual nestes casos. Mas na verdade de que adiantou a Manuel Pinho distorcer a prestação de serviço público no desempenho das funções de ministro? Ficará na memória dos portugueses quer pelo gesto dos ditos cornos e ficará na história como o ministro que recebeu perto de 800 mil euros enquanto ministro da Economia das mãos de Ricardo Salgado. Orgulho.

* Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

SÓCRATES | A mosca atrás da orelha


Domingos de Andrade | Jornal de Notícias | opinião

O processo judicial estalou quando António Costa chegava a secretário-geral do PS. A detenção de José Sócrates agitou o país em vésperas do congresso que aclamou o então candidato a primeiro-ministro e tornou-se um incómodo constante. Um incómodo gerido, durante três anos e meio, com o silêncio e um único argumento: à justiça o que é da justiça, à política o que é da política. Cada gesto foi de tal modo pesado ao pormenor que até a única visita de Costa à cadeia foi feita a 31 de dezembro de 2014, com o país em pausa e as atenções mediáticas descidas para o nível mínimo.

A inversão estratégica é tão evidente e súbita que chega a ser desconcertante. O coro de vozes socialistas abriu caminho à declaração marcante de Carlos César, presidente do partido e próximo de Sócrates. Para logo de seguida o primeiro-ministro, a partir do Canadá, dar a estocada que faltava. O processo Sócrates saía subitamente da esfera judicial, para se tornar político. Não admira que Sócrates tenha reagido politicamente, fazendo o que tem feito nos últimos anos, usando mais um pretexto para se considerar crucificado na praça pública. Mostrando também, com o anúncio da saída do partido, o isolamento em que se encontra.

O que explica esta súbita mudança estratégica? O zumbido incómodo da mosca atrás da orelha subiu de tom quando a Sócrates se juntou Manuel Pinho. As suspeitas sobre o antigo ministro da Economia trouxeram à luz um dado mais decisivo do que qualquer outro: o de que assumiu a pasta já com a promessa de reforma paga pelo BES. Juntando às investigações judiciais em curso a investigação política anunciada com a comissão de inquérito, ganhou dimensão a tese de que a corrupção não terá sido o problema de um homem, mas de uma governação.

Com o tema cavalgado por Rui Rio e o risco de contaminação do próximo congresso socialista, mais uma vez, António Costa decide sacudir de uma vez a mosca atrás da orelha. Esvaziar o assunto e distanciar-se de qualquer vestígio do primeiro-ministro de quem foi o número 2.

Estrategicamente faz todo o sentido, claro. Costa fez tudo bem. Organizado. Meticuloso. Rápido. Fulminante. Tem feito tudo bem. Já tinha amarrado Rio a acordos. Dá algumas compensações sociais ao Bloco e ao PCP. Secou agora a oposição interna e externa, a da Esquerda e a da Direita. Permite ao PS renascer. E ganha um peso inimaginável no início da sessão legislativa para chegar à maioria absoluta em 2019.

Isto, se as eleições antecipadas não forem provocadas já em outubro, sem que os parceiros de Parlamento tenham sequer tempo para se aperceberem. Isto, se a mosca não voltar a colar-se ao seu ouvido com o curso dos processos judiciais. É que é arriscado o permanente jogo de cintura entre o orgulho com o trabalho que o José Sócrates primeiro-ministro fez pelo país, e a vergonha pelos crimes com que eventualmente o José Sócrates arguido manchou a democracia portuguesa.

*Diretor-executivo do JN

SPORTING x BENFICA | É hoje, é hoje, é hoje!


Os jokers de Jesus, a cartada de Vitória e Conceição no sofá

Sporting e Benfica defrontam-se este sábado em Alvalade. Jesus e Vitória querem ganhar. Se empatarem é Conceição quem faz a festa (literalmente).

Chegou o dia. Chegou o momento de Sporting e Benfica medirem forças naquele que é o maior dérbi da cidade de Lisboa. Com tanto em causa, os dois treinadores garantem que só pensam em ganhar. Na montra está um segundo lugar que vale o acesso à 3.ª eliminatória da Liga dos Campeões, uma vez que o FC Porto é dono e senhor da liderança e está apenas a um ponto da confirmação do título. 

O Benfica está neste momento no segundo lugar do campeonato em igualdade pontual com o Sporting - ambos têm 77 pontos. No sofá está Sérgio Conceição, técnico do FC Porto que pode já festejar o título no caso de o dérbi acabar com um empate. 

Benfica e Sporting passam por momentos diferentes. As águias sofreram uma surpreendente derrota caseira frente ao Tondela, na última jornada.

Por seu turno, os leões estão com a moral em alta depois de uma vitória arrancada a ferros - graças aos dois golaços de Bruno Fernandes - em Portimão. 

Na primeira volta, Sporting e Benfica não foram além de um empate a um golo na Luz, precisamente o resultado que menos interessa às duas equipas amanhã em Alvalade. 

As dúvidas que podem virar jokers 

Os dois treinadores não abriram o jogo quanto aos onzes das equipas. Do lado do Sporting, está por saber se William Carvalho, Piccini e Mathieu vão alinhar de início. Do lado das águias, é Jonas a maior dúvida, o maior abono da equipa encarnada. 

Três ideias de Jesus em discurso direto 

Trunfos para o jogo: "De vez em quando fazemos um bocadinho de bluff quando estamos a jogar cartas. O jogo, em si, tem momentos importantes, como ter uma estratégia coletiva e individual por parte dos treinadores. Às vezes podem lançar-se jokers. O jogo, quando mais equilibrado é, mais estratégia tem de haver. O treinador do Benfica vai querer lançar os seus trunfos e o Sporting a mesma coisa. Já não há muito para esconder. As duas equipas são conhecidas e os seus treinadores também. Pode acontecer, um ou outro, ter de puxar por um joker que possa ser bem sucedido."

Título: "Matematicamente ainda é possível, mas se me perguntar a mim digo que não. O FC Porto tem tudo para poder ser este ano o vencedor do campeonato. Claro que a segunda posição é muito importante para os dois clubes, sobretudo pelo dinheiro que envolve entrar na Champions. O Sporting, neste momento, está em desvantagem no ranking, e isso dá garantias financeiras aos clubes. Dos últimos 10 anos, que entram para o ranking, eu estou há nove. O Sporting conseguiu recuperar 20 lugares. Isto é um dado importante. "

Campeão justo: "Não posso responder diretamente já. Quem for campeão vai ser justo vencedor porque foi melhor. Quem não o conseguiu também sabe que durante a época não conseguiu estar ao nível de determinados jogos. O fator importante, na minha opinião, é qualquer destas três equipas, podem fazer 80 ou mais de 80 pontos. São números que dizem que esta época foi boa, mas que houve alguém que conseguiu fazer melhor. Foram pormenores que fizeram a diferença, às vezes de um, dois ou três pontos."

Três ideias de Vitória em discurso direto

Antevisão: "É um dérbi, sempre emotivo e ainda bem que assim é. Independentemente das circunstâncias - nós que vínhamos a ganhar e já não ganhamos ou o Sporting que já não ganha há algum tempo e que agora joga connosco - um dérbi tem sempre características muito especiais. As duas equipas vão querer ganhar, têm qualidade, vão querer impor-se uma à outra e será um dérbi muito especial e nós estamos preparados para ele. Não vale a pena fazer contas antes do jogo acontecer."

Impacto da ausência de Jonas: "É evidente que estamos a falar do melhor marcador do campeonato, de um jogador importante. Se me perguntarem se queria perder este jogador para os jogos importantes, é evidente que não. Mas nunca me ouviram a lamentar quem não estava. É uma forma de estar na vida e que eu levo praticamente para todo o lado. Os jogadores que entraram deram a resposta que tinham que dar, umas vezes melhor e outras pior, mas o futebol é assim. Estou convencido que com o caudal ofensivo que temos tido, o Jonas tinha feito mais golos, acredito que sim, pela onda que estava a correr tão positiva. Mas isto é o futebol. No final faremos o balanço. Perdemos um jogador importante, mas não há que lamentar. A vida é assim."

Importância do segundo lugar: "O Benfica não quer perder nenhum jogo. Um clube como o nosso, de grandes dimensões, não pode nem quer perder nenhum jogo. Não são este tipo de jogos que decidem os campeonatos. Normalmente, os campeonatos decidem-se nos jogos onde se perde ou ganha pontos em que os adversários perderam. Não tiro daí nenhuma ilação. É mais um jogo, importante, com uma boa equipa, que se preparou bem ao longo desta época, que não atingiu o objetivo que queria e que agora está connosco numa disputa pelos lugares de cima. Depois, no final, faremos o balanço. Não vivo nenhum jogo com a ansiedade "se isto" ou "se aquilo"."

Último onze do Sporting: Rui Patrício; Stefan Ristovski, Coates, Petrovic, Fábio Coentrão; Battaglia, Bryan Ruiz, Gelson Martins, Marcos Acuña; Bruno Fernandes e Bas Dost. 

Último onze do Benfica: Bruno Varela; André Almeida, Rúben Dias, Luisão, Grimaldo; Samaris, Zivkovic, Rafa Silva, Pizzi, Cervi; Raúl Jiménez. 

Francisco Amaral Santos | Notícias ao Minuto

CULTURA GRÁTIS | Fim de semana está aí. Saiba o que pode ver à borla em Lisboa e no Porto


Dias 4, 5 e 6. As borlas culturais na agenda Notícias ao Minuto. Dia 4 já lá vai, saiba o que perdeu e roa as unhas de danado(a). Para hoje e amanhã está muito bem a tempo de usufruir das sugestões em baixo. Escolha o que mais gostar. Bom fim de semana. (PG)

As borlas em Lisboa e Porto

Fique a conhecer as sugestões de borlas culturais que este fim de semana tem para si, na Grande Lisboa e no Grande Porto.

Como já vai sendo hábito, o Notícias ao Minuto esteve à procura de eventos para todos os gostos, para estes dias 4, 5 e 6 de maio, no Grande Porto e na Grande Lisboa.

Este fim de semana nem os nossos amigos de quatro patas precisam de ficar de fora da agenda. Há propostas para eles mas também para crianças e adultos.

Entre dança, artes plásticas, música, workshops e feiras há muita coisa para descobrir. Percorra a galeria abaixo:

Grande Lisboa

Feira Animal em Oeiras
O Jardim Municipal de Oeiras recebe este sábado, dia 5 de maio, entre as 10h e as 18h, a Feira Animal. Neste evento pretende-se promover a adoção dos animais à guarda do Município, bem como aconselhamento nutricional, atividades lúdico pedagógicas, demonstrações caninas entre outras atividades. A entrada é gratuita para humanos e para os melhores amigos dos humanos.

Uma década de Museu do Oriente
O Museu do Oriente organizou uma festa de celebração dos dez anos que vai durar até dia 27 de maio.  Há exposições, concertos, palestras e workshops. A oferta? As entradas ao domingo são de borla. Saiba tudo aqui.

FIMFA Lx18
O FIMFA é um espaço de discussão, formação e de reflexão sobre o teatro de marionetas contemporâneo. Há espetáculos, workshops, apresentação de filmes, encontros com os criadores, entre outras evento. O FIMFA Lx18 decorre entre até dia 20 de maio em vários locais por Lisboa. Há espectáculos e workshops para todos os gostos, alguns necessitam de inscrição, outros são pagos mas com entrada gratuita garantida aos mais pequenos. O melhor mesmo é conhecer a agenda. Clique aqui.

Jam Session no Café Tati
Domingo é dia de jam session no Café Tati, em Lisboa. A entrada é livre, a música fica por conta dos ritmos e improvisos do jazz. Encontro marcado para as 17h. A partir daí, jazz, jazz e mais jazz.

O Palacete recebe o Mercado da Diversidade
O Palacete Gomes Freire, em Lisboa, recebe este sábado um dia de multiculturalidade, com ritmos e cores de África. Há moda, artesanato, workshops de kizomba e turbante, tudo no mesmo espaço para um dia em cheio (e de entrada livre...).

Geometria Abstrata no Colombo
Além de concertos, a Fnac é também uma boa oportunidade para descobrir trabalhos dos mais diversos artistas. Danny Ivan é um artista digital português, de 33 anos, que através de plataformas criativas digitais viu o seu trabalho ser reconhecido por diretores criativos, diretores de arte e agências em todo o mundo. O seu trabalho está patente na Fnac do Colombo até esta sexta-feira, dia 4 de maio.

Feira da bagageira em Algés
A itinerante feira da bagageira vai decorrer este sábado na Praceta Manuel Martins, em Algés. Artigos em segunda mão, velharias, reciclados e projectos inovadores. DJ, Animação, massagens e ateliers de reciclagem. O desafio é simples: vá de carro e faça da bagageira do seu automóvel a banca de vendas. No fim, feche a mala e regresse a casa. A feira decorre durante este sábado, 5 de maio.

Cristina Bacelar para ouvir nas Fnac
Entre o fado e o flamenco, o novo álbum de Cristina Bacelar inclui temas inéditos da autoria da cantora e versões de fados de Beatriz da Conceição e Amália Rodrigues. Sábado, às 17h, atua na Fnac do Almada Shopping. No domingo, à mesma hora, vai atuar na Fnac do Colombo.

Grande Porto

Veggie Fest no Porto
O Shopping Cidade do Porto recebe este fim de semana um festival vegetariano. O Veggie Fest tem conversas, demonstrações, aulas gratuitas e muito mais para descobrir, e de forma gratuita. Decorre este sábado e domingo. Saiba mais aqui.

Exposição Coletiva de Pintura e Fotografia
A Cordeiros Galeria, no Porto, conta com uma exposição Coletiva de Pintura e Fotografia nos meses de abril e maio. São vários os artistas que estão a mostrar os seus trabalhos. Saiba mais clicando aqui.

Dominguinho de Atelier de Escultura
O MAR Shopping continua a dar-nos Dominguinhos, manhãs de domingos com animação a pensar na pequenada. Este domingo, 6 de maio, há Atelier de Escultura. É gratuito mas será necessário inscrição. Saiba mais informações aqui. No sábado há ainda 'Uma Aventura em Estado Líquido', para ver no MAR Shopping a partir das 14h30.

Barry White Gone Wrong nas Fnac
Barry White Gone Wrong junta a voz de Peter de Cuyper aos instrumentos de Mário Moral, Miguel Décio, Pedro Frazão e Ivo Xavier. A sua música pode ser descoberta este fim de semana em dois momentos diferentes: sábado, 5 de maio, há atuação na Fnac de Santa Catarina, a partir das 17h. No dia seguinte, também às 17h, atuam no Gaia Shopping.

Um olhar sobre Varanasi
A objetiva do fotógrafo Tiago Figueiredo leva-nos a uma viagem de cor e cultura pela Índia, o lugar continuamente habitado mais antigo do mundo, a cidade de mil rostos onde vida e morte passeiam de mãos dadas. A exposição está patente na Fnac do Norte Shopping até ao dia 10 de maio. 

Bom fim de semana e boas descobertas culturais!

Notícias ao Minuto

200 ANOS | 5 de Maio de 1818, nasce o homem que havia de influenciar os povos do mundo: Karl Marx


Karl Marx - 200 anos do seu nascimento

As suas ideias influenciaram a segunda metade do século XIX e a maior parte do século XX. Advogou a transformação das sociedades através do papel revolucionário da classe operária. O seu legado permanece em aberto.

Nasce em Treyer
5 de maio de 1818 Karl Heinrich Marx nasce em Treyer, filho de Heinrich Marx, jurista de origem judaica que se converteu ao protestantismo, e de Henriette Pressburg. A família tinha um passado relevante na área dos negócios e alguns dos seus antepassados foram rabinos de nomeada. Marx, que tem um irmão e cinco irmãs, será batizado pelos pais na igreja luterana.

Universitário em Bona
15 de outubro de 1835 Marx inscreve-se na Universidade de Bona para estudar Direito. No ano seguinte transfere-se para a Universidade de Berlim onde estuda História e Filosofia. Entra em contacto com os princípios da filosofia de Hegel.

Doutoramento em Jena
15 de abril de 1841 Apresentação da sua tese de doutoramento na Universidade de Jena, sob o título 'Diferenças na Filosofia da Natureza de Demócrito e de Epicuro'. Não consegue lugar de professor nesta Universidade.

Jornalista em Colónia
15 de outubro de 1842 Torna-se chefe de redação do 'Rheinische Zeitung' ('Gazeta Renana'), sediado em Colónia. Fundado no início do ano, o jornal é de tendência democrática e terá vida breve. É interdito no início de 1843.

Casa com Jenny
19 de junho de 1843 Casamento com Jenny von Westphalen em Bad Kreuznach. Jenny é de família aristocrática da Prússia e amiga de Marx desde a juventude. O casal muda-se para Paris. Terá sete filhos, entre eles Jenny Laura, que casou com Paul Lafargue, e Jenny Caroline, ativista socialista. É na capital francesa que conhece Friedrich Engels (1820-1895) em agosto de 1844. Os dois nunca mais deixarão de manter contacto, iniciando pouco depois a elaboração da obra comum 'A Ideologia Alemã' (1845).

Em Bruxelas
3 de janeiro de 1847 Início da publicação do bissemanário 'Deustche Brüsseler Zeitung', em Bruxelas. Karl e Jenny tinham acabado de chegar à Bélgica.

A Liga dos Comunistas
15 de junho de 1847 Publicação de 'A Miséria da Filosofia' em Bruxelas. Sob influência de Marx e Engels, a Liga dos Justos, formada por socialistas alemães no exílio, adota a designação Liga dos Comunistas. Para o congresso desse ano em Londres, os dois redigem o 'Manifesto do Partido Comunista', publicado na capital britânica em fevereiro de 1848. O texto termina com o lema "Proletários de todos os países, uni-vos!".

Paris
3/4 de março de 1848 A família Marx é expulsa da Bélgica. Em agosto deste ano, após o triunfo do movimento revolucionário de março, visita Colónia e assume a chefia da 'Neue Rheinische Zeitung'. Em 1849, é absolvido num processo em que era acusado de "incitamento à rebelião". Expulsos da Alemanha, os Marx fixam-se em Paris, onde permanecem até agosto de 1849, viajando então para Londres. Na capital britânica inicia a elaboração das suas principais obras: 'Contribuição à Crítica da Economia Política' e 'O Capital' ('Das Kapital').

Publicação
Janeiro de 1859 Publicação de 'Contribuição à Crítica da Economia Política' ('Zur Kritik der Politischen Ökonomie').

Sindicalismo
28 de setembro de 1864 Criação da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT) em Londres. Menos de uma década depois, em 1872, no âmbito da polémica entre Marx e o russo Mikhail Bakunine sobre a forma de organização política do proletariado e das suas formas de ação, a AIT sofre uma cisão definitiva entre a corrente comunista e a anarquista, representada por Bakunine.

Alemanha novamente
1861 Viagem à Alemanha durante a qual conhece Ferdinand Lassalle em Berlim.

Das Kapital
Setembro de 1867 Publicação na Alemanha do 1.º tomo de 'Das Kapital' pela editora Meissner, de Hamburgo.

Comuna de Paris
18 de março de 1871 Comuna de Paris. Tentativa de governo revolucionário e antimonárquico.

Morte de Jenny
2 de dezembro de 1881 Jenny morre de cancro em Londres.

Falece em Londres
14 de março de 1883 Morre em Londres. É sepultado no cemitério de Highgate num ato em que discursam Engels e Wilhelm Liebknecht, um dos fundadores do SPD alemão e pai de Karl Liebknecht (1871-1919), co-fundador com Rosa Luxemburgo da Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha.

Revolução bolchevista
25 de outubro de 1917 Bolchevistas assumem controlo de Petrogrado. O Palácio de Inverno é tomado no dia seguinte. Triunfa a primeira revolução comunista.

Vitória de Mao
1 de outubro de 1949 Mao Tsé Tung proclama a República Popular da China (RPC). Triunfo da segunda revolução comunista.

Fim da União Soviética
26 de dezembro de 1991 é dissolvida a União Soviética.

Regimes comunistas
2018 Existem hoje, oficialmente, cinco regimes comunistas: Coreia do Norte, Cuba, Laos, RPC e Vietname.

Abel Coelho de Morais | Diário de Notícias

Um ano depois, Emmanuel Macron divide os franceses


Um ano depois de ter chegado à presidência de França, Emmanuel Macron divide os franceses entre os que aprovam o seu dinamismo e vontade reformista e os que o acusam de ser o "presidente dos ricos".

Quase seis em cada dez franceses (57%) dizem-se insatisfeitos com a política de Macron, segundo uma sondagem BVA para a RTL divulgada na sexta-feira.

O resultado é melhor que os dos antecessores François Hollande e Nicolas Sarkozy, mas pior que os de Jacques Chirac e François Miterrand, e representa uma perda de 20 pontos percentuais num ano.

Entre as qualidades reconhecidas a Macron, os inquiridos citam especialmente as "convicções profundas", a "autoridade" e "estatura presidencial". Entre os defeitos, apontam que é "pouco unificador" e pouco "próximo das pessoas".

"Se há um ponto que une os franceses, é que o presidente age. O que os divide é a sua ação", resumiu o especialista em sondagens Jean-Daniel Lévy, da empresa de pesquisa de mercado Harris Interactive, à agência France-Presse.

Emmanuel Macron, 40 anos, venceu as eleições de 07 de maio de 2017 com 64%, no contexto particular de uma segunda volta disputada com a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.

O programa político, que definiu como "nem de esquerda nem de direita", assenta na liberalização do modelo económico francês, na refundação da unidade europeia e na reedificação da posição de França no mundo.

Quando perfaz um ano no poder, Macron tem perante si um país agitado pela contestação social e numerosas greves nos transportes.

Para hoje mesmo, e depois da violência que marcou as comemorações do 1.º de Maio em Paris, está prevista uma "Festa a Macron", convocada pelo deputado François Ruffin, da França Insubmissa (esquerda), onde cada um é convidado a participar com as suas "reivindicações, indignações e esperanças" para "fazer uma festa a Macron e ao mundo" que "representa", o "da finança" e "do patronato".

Segundo uma outra sondagem, realizada pelo instituto Elabe-Wavestone e citada pela France-Presse, metade dos inquiridos (51%) considera as suas políticas "injustas" e favoráveis às elites urbanas abastadas.

Algumas das reformas que lançou, como a do código do trabalho ou dos caminhos-de-ferro, agradaram à direita, mas afastaram uma parte considerável do eleitorado de esquerda que as considera demasiado liberais.

Há atualmente, segundo explicam analistas, um desencanto da esquerda que apoiou Macron.

Cerca de 45% dos eleitores que votaram nele na segunda volta de 2017 tinham votado no candidato socialista na primeira volta, segundo números citados pela Foreign Policy.

Este esbater da clássica divisão esquerda-direita, alertam especialistas, corre o risco de aniquilar os partidos tradicionais e favorecer os extremos e os populismos antissistema.

No plano internacional, Emmanuel Macron tem sido muito ativo e muitos atribuem-lhe a capacidade de ter afirmado desde o início a sua "estatura presidencial", impressionando positivamente a chanceler alemã, Angela Merkel, e gerindo a imprevisibilidade do presidente norte-americano, Donald Trump.

A par das muito mediatizadas visitas ao estrangeiro, Macron multiplicou iniciativas pessoais em questões que vão do nuclear iraniano ao conflito sírio.

"Podemos afirmar muito claramente que França recuperou uma liderança internacional [...] Há uma espécie de demanda de Macron no mundo", considerou o ex-primeiro-ministro de direita Jean-Pierre Raffarin.

"É o único dirigente europeu a poder falar substancialmente com Trump, Putin, [os presidentes egípcio e turco] Sissi e Erdogan", reforçou François Heisbourg, presidente do International Institute for Strategic Studies (IISS) de Londres.

As suas ambições para a Europa enfrentam contudo mais dificuldades, perante a "típica inércia de Bruxelas e a prudência da Alemanha", escreveu o Financial Times.

Mas "se Macron quer salvar a Europa, tem de salvar França primeiro", segundo a Bloomberg, que aponta o desemprego persistentemente alto, a elevada fiscalidade, o parque industrial desatualizado e a contestação social como obstáculos à afirmação da economia francesa.

E, na União Europeia, depois da crise das dívidas soberanas, da crise migratória e do 'Brexit', vários líderes insistem que é altura de cada Estado membro se fortalecer antes de pensar em grandes ideais que comprometam todos.

Externa como internamente, os analistas concordam: um ano é pouco para avaliar um presidente.

Lusa | em Notícias ao Minuto | Foto: Reuters

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