quinta-feira, 14 de junho de 2018

O Estado de Podridão (EDP) e o É Fartar Vilanagem (EFV) de mãos dadas


O Diário de Notícias apresenta uma peça de Paulo Pena que é leve e de simples entendimento do que é a EDP no que toca à sua definição de razão social e sombreados se a encararmos como fornecedora de eletricidade e outros.

O mesmo não se pode dizer sobre a associação nada abonatória daquela marca EDP - Estado De Podridão. É que aí  tudo se relaciona com a descarada arregimentação de políticos e/ou ex-políticos - que junto a outros em circunstâncias semelhantes militam nos gigantes empresariais - cujas contratações suscitam sérias dúvidas relativamente à transparência e honestidade das empresas e dos contratados, ex-governantes, ex-deputados, etc.

Que em Portugal existe um Estado de Podridão relativamente ao que ocorre nesta miscelânia entre políticos e grandes empresas, grandes empresários e grandes interesses é dito à boca-cheia pelos cidadãos. Mas então assim sendo é atual a já muito antiga expressão É Fartar Vilanagem (EFV). O que vem demonstrar que nem as moscas mudaram apesar de a merda ser a mesma. CDS, PSD e PS, que em cerca de 40 anos têm partilhado os governos e os poderes, são os que agora fazem parte da vilanagem que não se farta, do mesmo modo que alguns vilões do salazarismo também nunca se fartaram e na atualidade delegaram em descendentes e outros de sua confiança, para compor a vilanagem. Eles estão por aí, muito ativos. Vivos da Costa. De mãos dadas, contra Portugal e contra os portugueses. (MM | PG)

Governo-sombra da EDP vai ao Parlamento

Há, na cúpula da EDP, ministros de cada um dos quatro governos que decidiram sobre as polémicas "rendas" que o Estado paga à empresa

O conflito de interesses entre público e privado é um tema central da comissão de inquérito no Parlamento.

1- A novidade de António Vitorino

Já se sabia que quando António Vitorino saiu do governo, em 1997, fora contratado como assessor jurídico da EDP. Em 2012, após ter sido comissário europeu e deputado, foi nomeado para cargos dirigentes da empresa. A um trajeto destes, chama-se, na gíria, "porta giratória". E funciona assim: um legislador que é contratado por uma empresa torna a ser decisor público e regressa uma vez mais à empresa.

Até agora, o que não se conhecia, no caso de António Vitorino, era qualquer intervenção, enquanto deputado, ministro, comissário ou conselheiro político que tivesse afetado, de forma direta, a EDP. Mas um e-mail de 19 de janeiro de 2007, a que o Bloco de Esquerda teve acesso, enviado por Manuel Pinho, então ministro da Economia, para a comissária europeia da Concorrência, Neelie Kroes, mostra que Vitorino interveio no mais decisivo tema da relação do Estado com a EDP: a definição dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC). Aquilo a que a troika chamou "renda excessiva" paga pelo Estado à EDP.

O mail é parte de uma conversa antiga e complexa: qual o valor da "renda" que o Estado se comprometia a pagar à EDP a partir de então. Pinho sugeria dois valores, no mail. Mas se a comissária considerasse "útil", o governo podia ir a Bruxelas debater o assunto presencialmente. A representar o Estado estariam, escreveu Pinho, Rui Cartaxo, o seu "conselheiro pessoal", e "António Vitorino". Esta informação fez que António Vitorino figurasse na lista do BE das pessoas a prestar depoimento na comissão de inquérito das rendas da EDP - que começa hoje.

Vitorino não precisava de apresentações. Tinha sido comissário europeu da Justiça e dos Assuntos Internos, entre 1999 e 2004. Fora deputado, entre fevereiro de 2005 e setembro de 2006 - quatro meses antes. Tinha sido também, segundo a declaração de interesses, "consultor jurídico da EDP", entre 1998 e 1999, antes de ser comissário.

Em resposta ao DN, António Vitorino esclareceu que participou, com Manuel Pinho, numa reunião sobre a lei dos CMEC, mas nega ter alguma vez participado em reuniões com Neelie Kroes a este respeito. "Em 2007 participei numa reunião interna no Ministério da Economia com o objetivo de detalhar as razões que haviam levado a Comissão de que fiz parte a considerar os CAE contrários à legislação europeia. E a dar opinião sobre se a legislação então em preparação respondia aos motivos invocados pela Comissão. Não me foi dado nenhum mandato nessa reunião nem fiz qualquer contacto seja com a comissária Kroes, seja com qualquer funcionário da Comissão, sobre o modelo dos CMEC como podem facilmente verificar junto de quem tratou desse assunto quer do lado português quer do lado da Comissão", escreveu.

Terá sido de forma informal que Vitorino foi chamado pelo ministro a dar o seu parecer sobre uma lei complexa que ditou um lucro excecional à EDP - e que está agora envolta em polémica. Segundo as contas da Entidade Reguladora do Setor Energético, a EDP recebeu do Estado 510 milhões de euros a mais do que devia, entre a publicação da lei de Manuel Pinho (sobre a qual Vitorino foi ouvido), em 2007, e o ano passado. Dito de outra forma, e por outro regulador, a Autoridade da Concorrência, esta "renda" representou, nos últimos anos cerca de um terço dos lucros da empresa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR), que investiga alegadas suspeitas de corrupção neste processo dos CMEC, já se pronunciou sobre a legalidade do processo. O Conselho Consultivo da PGR emitiu os Pareceres 23/2018 e 24/2018 onde se lê que o processo de fixação dos montantes dos CMEC "pode ser declarado nulo" e que os atos do governo sobre esta matéria indicam uma "usurpação de poder".

Jorge Costa é o deputado do BE que propôs a atual comissão de inquérito. Na sua opinião, "deve ser bem esclarecido o estatuto e funções de António Vitorino em 2007, no momento em que foram introduzidas, de rajada, alterações decisivas no regime dos CMEC com impactos milionários na fatura elétrica". Para Jorge Costa, a comissão de inquérito deve esclarecer "quais foram e como foram tomadas as decisões que instalaram estas rendas garantidas no sistema elétrico e que colocam Portugal na posição de recordista em custos energéticos das famílias". Este esclarecimento público pode ajudar a definir políticas corretivas e "levar à recuperação de pagamentos excessivos".

2- E os conflitos de interesse?

O nome de António Vitorino será uma das novidades da comissão de inquérito, mas a lista de governantes que passaram, ou estão, na EDP é longa. Mesmo hoje, há vários ex-ministros, ex-secretários de Estado e ex-assessores na sede da principal companhia elétrica.

No Conselho Geral, que tem 21 membros, dos quais 11 são portugueses, sete deles são ex-governantes. Os ex-ministros e secretários de Estado estão em maioria na Comissão de Estratégia: quatro em cinco. Na Comissão de Auditoria são metade: dois em quatro. Na Comissão de Sustentabilidade e na Mesa da Assembleia Geral todos os membros portugueses são ex-governantes.

A uma série de perguntas detalhadas do DN, a EDP respondeu com uma resposta genérica. Nomeadamente não explica as razões concretas para a contratação de tantos ex-governantes. Nem refere em profundidade quais são os critérios de prevenção de conflito de interesses: se não há impedimento legal, a contratação é possível.

"A escolha dos membros dos órgãos sociais da EDP, nomeadamente do Conselho de Administração Executivo e do Conselho Geral de Supervisão, é da competência dos acionistas, não existindo qualquer incompatibilidade ou impedimento legal relativos às funções que exerceram anteriormente a essa nomeação. No que se refere ao recrutamento de trabalhadores, a EDP segue todos os preceitos legais e políticas internas, que privilegiam naturalmente as competências e adequação dos perfis. A política de recursos humanos do Grupo tem, aliás, vindo a ser reconhecida nacional e internacionalmente, em particular pela estratégia de Diversidade e Inclusão", diz a empresa.

Para a OCDE, há uma definição que explica melhor o problema: "Um conflito de interesses envolve uma oposição entre o dever público e o interesse privado de um servidor público, no qual o interesse privado pode influenciar negativamente o desempenho de deveres e responsabilidades públicas."

3- Lóbi que condiciona governos

"Se você precisar de mim para eu dar aí alguns entendimentos... Eu disponho--me a isso. Porque eu tenho essa visão da política que não é partidária." Esta frase ficou registada por uma câmara que Eduardo Catroga não sabia estar a gravar, em abril de 2016, e deixou António Costa aparentemente incomodado. A completar a sugestão, Catroga pedia também uma reunião entre o atual governo e a EDP.

Eduardo Catroga era chairman (presidente não executivo) da EDP desde 2012. Estava nos quadros superiores da empresa desde 2006. Tinha sido ministro das Finanças de Cavaco Silva mas, na realidade, nunca abandonou a política. Foi ele, por exemplo, que liderou - a pedido de Pedro Passos Coelho - as negociações com o governo de Sócrates para que o Orçamento de 2011 fosse aprovado. Uns meses depois, foi também ele que encabeçou as negociações do PSD com a troika para a assinatura do memorando de entendimento (que no ponto 5.6 se referia diretamente aos CMEC pagos à EDP). Segundo todas as notícias reveladas na altura, Catroga foi também o coordenador do programa eleitoral com que Passos Coelho venceu as eleições de 2011.

Nos órgãos sociais da EDP está também Rui Medeiros, que foi ministro da Modernização Administrativa no governo de Passos Coelho. Ou Luís Amado, que era colega de Manuel Pinho quando o governo Sócrates aprovou a referida "renda" a pagar à EDP. Ou Jorge Braga de Macedo, que era conselheiro de Passos Coelho quando a troika impôs, sem êxito, o fim desta "renda excessiva". O líder da EDP é António Mexia, que era ministro de Santana Lopes quando a "renda" foi criada.

4-Críticos e champanhe

Estes são apenas alguns exemplos da lista. E não é por isso de estranhar que seja um dos ex-responsáveis políticos pelo setor a assumir que "o lóbi da energia tem condicionado os governos". Henrique Gomes foi secretário de Estado da Energia na primeira fase do governo de Passos Coelho e tentou diminuir o valor dos CMEC, sem êxito.

Na sua memória está uma cena que descreve a sua experiência. "Foi um trabalho interessante, foi entregue ao ministro Álvaro [Santos Pereira] numa quinta-feira ao fim do dia, em papel, o sr. ministro leu durante a noite, falou connosco de manhã, fizemos os ajustes que ele achou por necessários e mandou entregar ao sr. primeiro-ministro ao fim da manhã. À hora de almoço, estava a almoçar com a minha equipa, começámos a receber chamadas da EDP a perguntar que relatório era aquele", contou, em entrevista ao DN.

A experiência de Henrique Gomes terminou de forma abrupta, com a demissão, após não ter autorização do governo para dar uma conferência sobre custos excessivos, numa universidade de Lisboa. "A propaganda e o lóbi dos grandes operadores e o silêncio do governo, igualmente ensurdecedor, têm assegurado os privilégios do setor elétrico", escreve no Jornal de Negócios pouco depois de ter deixado a secretaria de Estado.

Do outro lado, Álvaro Santos Pereira recordava esse momento numa entrevista DN/TSF: "Quando o meu anterior secretário de Estado da Energia (Henrique Gomes) saiu, tive um dos principais presidentes das produtoras de energia elétrica em Portugal a telefonar para várias pessoas, a celebrar com champanhe."

5- UE, troika e preços altos na energia

O assunto das rendas excessivas parece eternizar-se. E por muito que a troika tenha insistido, os CMEC sobreviveram. "É necessária uma maior determinação para concretizar reformas que podem atingir interesses instalados sensíveis do ponto de vista político e económico", escreveram os representantes do FMI, CE e Banco Central Europeu. Chegada a geringonça, o discurso manteve-se crítico, mas não houve alterações.

"Acho que há rendas excessivas na energia", criticou o atual secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches. Mas a mera possibilidade de al-terar o que foi definido em 2004, pelo governo Santana Lopes, e 2007, pelo governo Sócrates, fez que a EDP ameaçasse com processos: "Caso esta intenção de correção do ajustamento final dos CMEC venha a confirmar-se é intenção da EDP iniciar as respetivas ações legais", garante o relatório e contas da empresa.

Ora, tudo isto tem um reflexo no dia--a-dia dos portugueses. A eletricidade acaba por se tornar mais cara do que podia. Já o escrevia o comissário italiano da Concorrência, Mario Monti, quando deu luz verde à lei dos CMEC: "Os auxílios [do Estado à EDP] serão financiados através de uma tarifa imposta sobre os consumidores finais de eletricidade."

E assim voltamos ao e-mail de Manuel Pinho que refere Vitorino. No dia 19 de outubro de 2012, a Direção-Geral da Concorrência da UE fez forward do mail de Pinho para o diretor-geral da Energia português. Com uma queixa: "Este é o único contacto das autoridades portuguesas depois de 2005 que está documentado no nosso registo." Na verdade, a União Europeia devia ter sido informada da evolução anual do valor dos CMEC - algo que não aconteceu, assim como não recebeu do governo português qualquer nota sobre as alterações promovidas neste complexo dossiê. "Não conseguimos encontrar informações sobre alegadas trocas de informação entre as autoridades portuguesas e a Comissão relativamente às variáveis que não foram especificamente definidas no Decreto-Lei 240/2004, de 27 de dezembro, designadamente o valor dos contratos e o custo de capital considerado para a anuidade correspondente a ser paga aos produtores", diz o mail de Bruxelas.

O único documento arquivado no registo de Bruxelas é um curto mail do ministro português, com dois erros, em que sugere à comissária Neelie Kroes um encontro com o ex-comissário António Vitorino.

As portas giratórias na EDP


1- António Mexia

(Presidente do Conselho de Administração Executivo)

Na política: foi adjunto do secretário de Estado do Comércio Externo (1989/1991, governo Cavaco Silva); ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (2004, governo Santana Lopes).

2 -Rui Medeiros

(Vice-presidente da mesa da Assembleia Geral)

Na política: ministro da Modernização Administrativa (2015, governo Passos Coelho).

3 -Joaquim Poças Martins

(Conselho de Ambiente e Sustentabilidade)

Na política: secretário de Estado do Ambiente e do Consumidor (1993/95, governo Cavaco), vice-presidente do Município de Vila Nova de Gaia, vereador do Urbanismo e presidente da empresa municipal Águas de Gaia.

4 -António Gomes de Pinho

(Conselho de Ambiente e Sustentabilidade)

Na política: fundador, deputado e líder parlamentar do CDS, secretário de Estado da Cultura (1981/83, governo Balsemão), representante do Estado no conselho de administração da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (desde 2013, governo Passos).

5 -Rocha Vieira

(Conselho Geral e de Supervisão, Comissão de Vencimentos, Comissão de Estratégia e Performance)

Na política: ministro da República nos Açores (1986/1991) e 112.º e último governador de Macau (1991/1999, governos Cavaco e Guterres), chanceler do Conselho das Antigas Ordens Militares (2011/2016, Presidente Cavaco).

6 -Augusto Mateus

(Conselho Geral e de Supervisão, Comissão de Governo Societário e Sustentabilidade, Comissão de Estratégia e Performance)

Na política: militante do MES, diretor do jornal Poder Popular, secretário de Estado da Indústria e ministro da Economia (1995/1997, governo Guterres).

7 -Braga de Macedo

(Conselho Geral e de Supervisão, Comissão de Governo Societário e Sustentabilidade, Comissão de Estratégia e Performance)

Na política: deputado, ministro das Finanças (1991/1993, governo Cavaco), Conselho de Jurisdição Nacional do PSD, comissão de relações internacionais do PSD, conselheiro do governo de Passos Coelho.

8 -Celeste Cardona

(Conselho Geral e de Supervisão, Comissão de Governo Societário e Sustentabilidade, Comissão para as Matérias Financeiras / Comissão de Auditoria)

Na política: ministra da Justiça (2001-2004, governo Durão).

9- Eduardo Catroga

(Conselho Geral e de Supervisão, presidente da Comissão de Estratégia e Performance)
Na política: ministro das Finanças (1993/1995, governo Cavaco), chefe da equipa de negociação do PSD do Orçamento do Estado (2011), coordenador do programa eleitoral do PSD (2011), chefe da equipa do PSD na negociação do Memorando de Entendimento com a troika.

10 -Luís Amado

(Presidente do Conselho Geral e de Supervisão, presidente da Comissão de Governo Societário e Sustentabilidade, presidente da Comissão para as Matérias Financeiras / Comissão de Auditoria)

Na política: deputado à Assembleia Legislativa Regional da Madeira, deputado à Assembleia da República, secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação (1995/2001, governos Guterres), secretário nacional para as Relações Internacionais do PS, ministro da Defesa Nacional e dos Negócios Estrangeiros (2005/2011, governos Sócrates).

11 -António Vitorino

(Presidente da mesa da Assembleia Geral, Conselho Geral e de Supervisão)

Na política: deputado desde 1980 (primeiro pela UEDS, depois pelo PS), secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (governo Bloco Central), secretário do governo de Macau, deputado no Parlamento Europeu, ministro da Defesa e ministro da Presidência (1995/1999, governo Guterres), comissário europeu (1999/2004), dirigente nacional, mandatário e coordenador de programas eleitorais do PS.

Paulo Pena | Diário de Notícias

Futebol. Do fartote ao fartum


O sol brilha já p’ra todos nós... e pode ser de borla, apesar de em alguns casos não o ser. Já há quem venda sol e até sombra (touradas). Também noutros casos… Mas não estamos aqui por isso.

Hoje, aqui em baixo, há futebol de três em pipa. Assim será até meados de Julho. É o mundial na Rússia. Se antes foi um fartote agora vai ser um grande fartum. Martim Silva, do Expresso, faz jus ao acontecimento no Curto. Não estamos para isso mas deixamos para quem gostar. Há ainda outras abordagens neste Expresso Curto que se segue. É de ler. Pela nossa parte passamos a bola aos da bola.

Até amanhã. Bons fígados e boas festas aos animais que passarem por si. Cuidado com alguns daqueles que se dizem racionais. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

32 seleções. 736 jogadores. 64 jogos. 32 dias. Eis o Mundial da Rússia que começa

Martim Silva | Expresso

Bom dia,

Este é o seu Expresso Curto, no dia em que na Rússia começa mais uma edição do Mundial de Futebol. Vai ser um mês e um dia para os loucos por futebol no planeta vibrarem com os feitos dos maiores astros, Messi, Ronaldo, Griezman, Salah, Neymar. Um mês de sonhos, ilusões e desilusões. Por cá, um mês para sonharmos com os feitos de Fernando Santos, Cristiano Ronaldo e Cia. E um mês para nos vermos livres das tristezas à volta de Bruno de Carvalho e do Sporting.

Bom, talvez seja mais realista acreditar nos feitos da selecção na Rússia do que achar que o clima pelas bandas de Alvalade vai serenar...
Quanto a mim, fica o aviso. Qualquer dificuldade em contactar-me nos próximos tempos entre as 13.00 e as 15.00, as 16.00 e as 18.00 e as 19.00 e as 21.00 já sabe que é porque estou retido numa importantíssima reunião. Eu depois respondo de volta.

Ainda antes do Mundial começar, a FIFA anunciou ontem que a realização da competição em 2026 será nos EUA, México e Canadá. A candidatura conjunta da América do Norte foi a vencedora da eleição, o que permitirá que dentro de oito anos o Mundial de Futebol volte a ser realizado em países inteiramente democráticos (dentro de quatro será no Qatar). Aqui se explicacomo Putin vai tentar fazer da competição que agora começa um momento para se afirmar no plano internacional. E aqui lhe deixou o texto que escrevi no Diário, intitulado “Mundial de Futebol, a vitória das democracias liberais”.

A competição inicia-se hoje com um Rússia-Arábia Saudita. Um duelo do mais importante que há em matéria geopolítica mas que se antevê muito fraquinho em termos de futebol.

No dia seguinte, amanhã, estreia-se Portugal, frente à Espanha. Espanha que tem sido notícia nos últimos dias, e pelos piores motivos. A selecção espanhola deu uma de Sporting e entrou numa crise a dois dias de começar a competição. O seleccionador anunciou que ia para o Real Madrid depois do Mundial, a Federação não gostou da forma como tudo se processou (e pelo facto de ter sido avisada apenas 5 minutos antes) e despediu Lopetegui, anunciando horas depois Fernando Hierro como novo seleccionador. Aqui pode ler sobre as piores 19 horas da história da 'roja'. E aqui saber quais foram as primeiras palavras de Hierro, antiga estrela do Real Madrid, depois de assumir o lugar.

Outro dos adversários de Portugal na fase de grupos é o Irão, treinado por Carlos Queiroz que anda indignado depois da Nike ter anunciado que, devido às sanções comerciais impostas pela Administração de Donald Trump ao país, já não vai poder fornecer chuteiras aos jogadores. Resultado? Os seleccionados de Queiroz andam a pedir botas de futebol emprestadas a outros colegas.

Na nossa Tribuna (que vai contar com crónicas diárias do Luís Franco Bastos) tem tudo o que precisa de saber sobre a selecção nacional e sobre as outras 31 equipas que participam no Mundial. Na edição semanal do Expresso também pode contar com crónicas de escritores conhecidos da nossa praça. Na última semana foi Francisco José Viegas. Neste sábado será Luísa Costa Gomes.

Aqui pode ver o guia da competição feito pelo Le Monde. E aqui o especial preparado pelo Observador.

Conhecida é já a música oficial da seleção portuguesa para este Mundial. Chama-se In My Blood e é do cantor e compositor Shawn Mendes, um lusodescendente. No refrão ouve-se:
"Eu vou acreditar! Que vamos conseguir, que vamos conquistar. Nós somos Portugal. Uma só voz e um coração!".
Ainda sobre Portugal, vale a pena relembrar o que foi a conquista do Euro 2016, pela óptica desta reportagem da SIC toda focada em Éder, o herói improvável da nossa improvável conquista. Uma reportagem a puxar à lagrimita.

Neste trabalho do DN, pode ficar a perceber curiosidades como quanto mede o jogador mais alto deste mundial, quanto pesa o mais leve, qual o clube como mais seleccionados, qual a liga com mais seleccionados, qual o jogador mais velho e quem é o mais novo.

Como isto do Mundial é futebol mas não é só futebol e é muito mais que futebol, o Guardian decidiu olhar para os uniformes oficiais das selecções e analisar quais é que estão mais na moda, quais são melhores e piores. Aparentemente, a vitória vai para a Nigéria (não quero parecer careta, mas manifesto as minhas maiores reservas quanto à escolha). Veja aqui.

Finalmente, destaque para o novo anúncio publicitário em que aparece Cristiano Ronaldo. Mas também Quaresma. E William. E Bruno Alves. Todos eles de cabelos brancos e já bem barrigudos.

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,

De visita aos EUA, António Costa esteve ontem na Google, que anunciou a criação de um projeto piloto para Portugal, de formação de mil programadores de Android. O primeiro-ministro diz que esta iniciativa dá grande centralidade a Portugal.

Marcelo deve encontrar-se com Trump no final deste mês.

Ainda sobre o Presidente da República, ontem esteve na Feira do Livro e a fila para tirar uma selfie com o chefe do Estadoera maior que a fila para comprar farturas.

Continua o clima de crise (talvez seja pouco chamar-lhe assim) no Sporting. Ontem, mesmo sendo feriado em Lisboa, o clube voltou a viver um dia de loucos, com a Comissão de Fiscalização a anunciar pela manhã a suspensão imediata de Bruno de Carvalho e da sua direção. O resto do dia foi marcado pelas sucessivas réplicas e respostas dos dois lados. No final das contas, ninguém se entende. Hoje, Bruno de Carvalho diz que vai trabalhar normalmente. Seja lá o que isso for. Se quiser aprofundar o seu conhecimento sobre a problemática leonina, leia a suspensão de Bruno, a resposta de Bruno, a resposta de Marta Soares à resposta de Bruno e, finalmente, as palavras de Rogério Alves.

partir de agora, na nossa Liga de futebol, passa a ser penalizado com perda de pontos quem pagar incentivos a outros para ganhar.

O condutor e o proprietário da carrinha acidentada em Março de 2016, em França, da qual resultaram doze mortos portugueses, foram condenados a penas de prisão.

O Bloco de Esquerda propõe o fim dos vistos gold.

No 2.59 desta semana, perguntamos o que é ser pobre e quantos pobres há em Portugal.

Lá fora,

Hoje há reunião do BCE e é aguardada com expetativa a decisão de Mário Draghi sobre o fim do programa de estímulos às economias europeias.

A forma como o novo Governo italiano está a líder com a questão da imigração já está a levantar ondas de choque na Europa. Ontem foi cancelado um encontro ministerial entre França e Itália e a visita do novo chefe do governo italiano a Paris também está em dúvida. Entretanto, a chegada do navio Aquarius a Valência deverá acontecer entre amanhã, sexta-feira, e sábado.

Um escândalo de evasão fiscal já levou à queda do primeiro elemento do governo de Pedro Sánchez em Espanha. Guirao Cabrera é agora o novo titular da pasta da Cultura.

Numa semana muito marcada pela história cimeira entre os presidentes dos EUA e da Coreia do Norte, e pelo acordo entre os dois lados, o Financial Times tenta analisar a política internacional de Trump, e não é meigo para o presidente dos EUA, acusado de tecer loas a um ditador enquanto hostiliza aliados. Ainda no rescaldo do encontro, Pompeo diz acreditar que o desarmamento da Coreia do Norte será feito até final desta década.

A Assembleia Geral das Nações Unidas condenou ontem Israel pelo uso de força excessiva contra civis palestinianos e pediu a António Guterres que intervenha.

Dez anos. É quanto tempo a comunidade internacional tem para reverter a situação atual e conseguir travar o degelo da Antártica. O alerta, vermelho, é dado por um conjunto de cientistas, entre os quais o português José Xavier, num artigo publicado na Nature.

De acordo com uma investigação agora publicada, osembondeiros estão a morrer num conjunto de países do sul de África e ninguém sabe bem porquê.

O Parlamento Europeu já aprovou a sua nova composição para o futuro pós-brexit e a boa notícia para Portugal é que vamos manter os atuais 21 eurodeputados em Bruxelas.

O acordo anunciado entre os responsáveis gregos e macedónios para a mudança do nome deste país para República da Macedónia do Norte está a provocar forte agitação política nos dois países, e na Grécia Alexis Tsipras pode mesmo enfrentar uma moção de censura. Para se perceber o que está em causa é preciso recuar mais de dois mil anos, até aos tempos de Alexandre, o Grande.

Sabe como se chama o primeiro-ministro da Geórgia? Kvirikashvili. Se achar o nome difícil de pronunciar, não se preocupe em perder muito tempo a tentar fazê-lo corretamente. É que o governante acabou de se demitir, na sequência de manifestações populares no país por acusações de tráfico de influências junto do aparelho judicial.

Urdangarin, o cunhado do Rei de Espanha, foi condenado a cinco anos e dez meses de cadeia e pode agora decidir qual o estabelecimento prisional em que vai cumprir a pena.

Nos EUA, a Comcast decidiu entrar na luta pela compra da Fox e subiu a parada. A Disney tinha dado 52 mil milhões de dólares pela empresa de Murdoch, a Comcast oferece 65 mil milhões.

O QUE ANDO A LER

Quando há duas semanas morreu Philip Roth fui buscar aos cantos mais empoeirados da biblioteca lá de casa alguns volumes já lidos daquele que era considerado um dos maiores, senão o maior, escritor norte-americano das últimas décadas. Dos livros retirados das estantes, dois já mereceram segunda leitura. "A Pastoral Americana" e "Casei Com Um Comunista". Retratos duros, crus, secos e brutais da América do século XX, com os seus conflitos étnicos, religiosos, sociais e políticos. É difícil recomendar Roth aos leitores desta newsletter, pois creio que a maioria seguramente que está familiarizada com as páginas do falecido escritor norte-americano. Ainda assim, são livros, estes como outros - "Mancha Humana", "Conspiração Contra a América", "Teatro de Sabath" - que valem muito uma redescoberta tantos anos depois.

A propósito do Mundial de Futebol de que já muito falei hoje aqui, deixo ainda algumas sugestões. Como o livro "O Grande Livro da Seleção", do Rui Miguel Tovar, jornalista com memória, e arquivos, enciclopédicos sobre tudo o que diz respeito ao futebol. Aqui se lembram e relembras estórias antigas e deliciosas de décadas de jogos e competições disputadas pela seleção nacional.

Por hoje é tudo, boas leituras e bom mundial para si, caro leitor

Professores: Ensinam e aturam nossos filhos e ainda são desconsiderados e maltratados


Ser professor deve comparar-se cada vez mais como estar no inferno a dar aulas a diabinhos. Só por masoquismo é profissão a seguir ao longo da vida. E os que para tal profissão vão e lá ficam só podem ser masoquistas dispostos a encarnarem sacos de pancadaria que fazem deles bombos da festa dos governos, de muitos políticos, de pais, de gentes com línguas viperinas e até de jornalistas ou lá rentes à profissão que já deu o que tinha a dar do seu melhor e apaixonante em troca com o escrever por escrever ou falar por falar às ordens das vozes dos donos ou até por maus fígados herdados geneticamente. Isto para não referir aqui a maleita dos troca-tintas e dos permanentemente trombudos, além dos que sabem ler mas parecem não saber interpretar…

Retirando do Notícias ao Minuto prosa do dia 11 passado vimos sem surpresa que o comentador da SIC (pois) zurze nos professores sem saber ler nem escrever. E pronto: "pus a faladura e agora dá cá o meu."

Muito se podia aqui avançar, mas nem vale o tempo do bater com os dedos no teclado. Sousa Tavares safa-se assim na vida. Ele como muitos outros comentadores das televisões e de outras paragens. E isso é que é importante: “olha o meu”.

Depois há os que gostam daquelas avantesmas palavrosas nas televisões a exibirem-se, a botarem faladura opinativa como acham que “vende”. Dizer mal, pelo visto, dá mais lucro que dizer bem ou de terem o trabalho de se informarem corretamente, de ouvirem a outra parte, e tecerem o melhor possível a sua opinião. É que as televisões são o que nos entra pela casa dentro e têm a função de esclarecer, manipular ou estupidificar. Pena que prefiram as duas últimas alternativas por causa do ‘share’. Afinal não é por uma questão de sapiência mas sim por razão de preferirem Zés Gatos… e elevados ‘shares’. É o que está a dar.

Corre a notícia em baixo. É de ler.

MM | PG

“Nenhum professor ganha como o Sousa Tavares nem se comporta como ele"

Líder da Fenprof acusa comentador da SIC Notícias de mentir sobre a carreira dos docentes.

Professores e Governo continuam em guerra aberta e Mário Nogueira, líder da Fenprof, decidiu enviar, esta segunda-feira, às redações um comunicado sobre o estatuto da carreira docente para desmentir as “barbaridades que se têm ouvido”.

De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Professores, os docentes portugueses têm sido, ao longo dos anos, injustiçados quanto a várias questões.

Mário Nogueira garante que na cimeira sobre a situação dos professores que se realizou em Lisboa, em março, Andreas Schleicher, diretor da OCDE, confirmou que o nível salarial dos professores portugueses é inferior à média dos países da OCDE e tem vindo a deteriorar-se.

Além desta questão, o líder da Fenprof afirma que, em Portugal, ao contrário do que acontece na maioria dos países da OCDE, os professores demoram 34 anos a atingir o topo “se não houver perda de tempo de serviço”, sendo que para entrar na carreira é necessário entrar nos quadros e “há professores que se mantêm 10, 20 ou mesmo 30 anos sem o conseguir, o que significa, para um horário completo, um salário bruto de 1518 euros (na ordem dos 1000 euros líquidos), estando muitos destes docentes colocados a centenas de quilómetros de casa”.

Por estas e outras razões, Mário Nogueira explica que a carreira de docente “é agravada pelas quebras de tempo de serviço que nunca foram recuperadas” e que “a perda mais mediatizada é a que resulta dos congelamentos verificados: nove anos, quatro meses e dois dias”.

No mesmo documento, o líder da Fenprof desmente que os professores exijam o pagamento de retroativos e que estes profissionais tenham uma carreira melhor que outros trabalhadores.

“É verdade que, por norma, ganham mais do que uma empregada de limpeza, o que parece cair mal a Miguel Sousa Tavares. Mas há professores nas AEC que ganham igual ou abaixo dessa trabalhadora. Por outro lado, nenhum professor ganha como Miguel Sousa Tavares nem se comporta como ele. Estas mentiras têm, no entanto, um objetivo, que é o de rever a carreira docente”, refuta Mário Nogueira, adiantando que a carreira docente precisa de ser respeitada e é por isso que os professores estão a lutar.

Natacha Nunes Costa | Notícias ao Minuto

Mais lidas da semana