segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Petróleo na Batalha | Quando há quem se manifeste contra aquilo que apoiou!


Jorge Rocha* | opinião

Durante a semana que passou as televisões deram conta do protesto das populações da Batalha e do Pombal contra os furos para prospeção e pesquisa convencional de petróleo nos seus concelhos. Ora, se há quem tenha total falta de legitimidade para criar este facto político é, de facto, quem é eleitor em tais autarquias. É que, não só as concessões em causa foram atribuídas pelo ministro do Ambiente de Passos Coelho - Jorge Moreira da Silva - cinco dias antes das últimas eleições legislativas, como, quer nelas, quer nas autárquicas de 2017, o PSD continuou a ser quem mais votos recebeu. E o somatório das direitas até deu entre 65 e 75% nos resultados finais de ambos os concelhos.

O que querem afinal quem assim votou? Se gostam tanto de políticas, que cheiraram claramente a esturro nos dias em que os seus promotores adivinhavam-se em vias de serem arredados do poder, porque protestam contra elas? Porque hão-de exigir de um governo, que não quiseram apoiar, uma decisão contrária aos de quantos lhes iam, e parecem continuar a estar, nos afetos partidários?

Eu sei que posso estar a ser injusto. Admito que os contestatários pertençam às minorias derrotadas nessas mais recentes autárquicas. Mas tê-lo-ão sido, ou pertencerão àquele núcleo duro de irredutíveis militantes das direitas sempre prontos a manifestarem-se ruidosamente quando, independentemente das razões em causa, podem-se sentir realizados com a contestação às esquerdas?

Não simpatizando com eventuais explorações petrolíferas no país - mas reconhecendo que os hidrocarbonetos continuarão a ser imprescindíveis na economia do futuro por muito avanços, que as energias renováveis conheçam! - antipatizo deveras com esses manifestantes, que aposto estarem contra aquilo que, em urna, quiseram defender.

*jorge rocha | Ventos Semeados

Portugal | Costa está a entrar pelo cano. Por agora não descarreguem o autoclismo


Bom dia. Boa semana que se inicia hoje, segunda-feira. O Curto que “colamos” a seguir é referente ao passado sábado, 10 deste mês a mês e meio do natal mas que na modernidade já tem tudo da quadra do “menino Jesus”. Assim há os que ficam com a cabeça tonta, entram na quadra de natal e vai lá disto a gastarem o que podem e o que não podem. Quando do natal propriamente dito, dias antes, já estão depenados nas contas bancárias, nas carteiras e aumentaram as dívidas sem pensarem que vão ter um ano seguinte tramado. É moderno e os que tudo fazem nos apelos aos compradores compulsivos, esses, é que têm bons natais com todo o dinheiro entregue pelos papalvos que trabalham que nem mouros para sustentarem os “tubarões” do capital. Pffff. Moralidades bacocas, é o que vão pensar do escrito neste parágrafo. Pois. Mas é a realidade.

Do outro lado do “espelho” estão os que não têm níqueis nem notas para gastar no tal natal ou noutros dias ordinários que preenchem o ano. Imensos nem podem sustentar uma ceia natalícia de “rancho melhorado”, nem um carrinho ou boneco da loja chinesa para os filhos… Chamam-lhes desigualdades, afinal são a costumeira miséria que assola e persegue as famílias pobres. Assim está um milhão ou até dois milhões de portugueses. É o costume. Já eram esses tantos nos tempos fascistas de Salazar, só que a população desses tempos era talvez de quatro ou cinco milhões. Talvez nem isso porque, nos anos 60, Bidonville – nos arredores de Paris – era Portugal e a França suportava um milhão de portugueses nos barracais ou em casas de porteiras/os. Imensos na construção civil… e o que mais desse para “agarrar”. Foi a fuga à miséria desses tempos num Portugal Salazar-fascista. Há poucos anos aconteceu o mesmo com Passos Coelho. Já não se lembram? E continua a acontecer com este PS mal amanhado e intrujão. Costa e o partido da rosa com muitos espinhos está a entrar pelo cano pelo modo como está a gerir estes tempos de falhas graves de um governo que tanto prometeu e não cumpre. Apesar de tudo, a sua sorte – nosso azar? – é continuar a existir uma direita que anteriormente nos arrasou, com Sócrates, com Passos, com Portas, com Cristas e muitos outros servidores do grande capital nacional e global. Os tais que roubam bancos e fazem outras “avarias”… mas podem contar com a impunidade.

Costa está a falhar (é o costume) para com os portugueses, com o trabalho dos que sustentam este país. Está e “entrar pelo cano”. Não puxem agora o autoclismo porque ainda no esgoto estão os do PSD e do CDS. Nada de misturas, por agora. Do mal o menos.

 Foi (e é) natal para os donos dos bancos e outros do capital selvagem e ilhargas. Roubaram e continuam em liberdade. São gente que sabe como assaltar bancos e que o principio da impunidade reside nos colarinhos brancos, no conluio com políticos, na corrupção e nepotismo. E é vê-los, por aí andam à espera de mais um grande natal à custa da exploração do trabalho e da miséria dos outros. E abraçam-se, cumprimentam-se. Trocam mensagens de votos de prosperidade, alegria, paz e amor com presidentes, primeiros-ministros, outros governantes, deputados. Enfim, onde estão os do poder político que os serve... Com a boca cheia de democracia e promessas de melhores “tempos” que virão. Pois.

Um bom natal… É lá possível para dois milhões ou mais de portugueses! Nem um bom dia!

A seguir Expresso Curto de sábado, lavra de Cadete, que nada tem que ver com o que acaba de ler. Se é que leu. Aborda muito e José Silvano. E ainda a trama que virou drama há décadas, sobre os deputados que parasitam e que até se calhar serão condecorados, ou já foram. Mordomias não lhes faltam. Boa Vida são as suas alcunhas. 

Boa semana… Talvez. (MM | PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

As vidas airadas de José Silvano, Jorge Mendes e Sara Sampaio

Miguel Cadete | Expresso

Bom dia!

O comportamento irregular, ou mesmo ilegal, dos deputados à Assembleia da República volta a estar na ordem do dia. Depois da acumulação de subsídios por parte de Carlos César (PS) – que o Expresso revelou em abril -, é o caso das faltas injustificadas de José Silvano (PSD) que faz manchete na edição de hoje.

Esta é uma investigação que começou a ser tornada pública na semana passada à qual se somaram vários desenvolvimentos nos últimos dias. Depois de ser confrontada pelo Expresso, a deputada Emília Cerqueira (também do PSD) prestou-se a uma conferência de imprensa na sexta-feira onde assumiu que realmente marcou, ainda que “inadvertidamente”, a presença de José Silvano no hemiciclo em dois dias.

O uso de passwords de outros deputados foi então condenado por vários deputados (ontem Mariana Mortágua do BE e Adolfo Mesquita Nunes dos CDS seguiram essa linha nas suas intervenções na SIC Notícias), mas também pelo líder da bancada do PSD Fernando Negrão (“não podia nem devia ter acontecido”) e, sobretudo, pelo Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que ao Expresso considerou ser necessário “banir procedimentos lesivos da credibilidade de qualquer deputado”, referindo-se ao comportamento de José Silvano. Num país onde desde há mais de um século emergem laivos de anti-parlamentarismo, é essa declaração que ocupa a manchete da edição de hoje do Expresso, encontrando-se ainda nas páginas interiores o caso das senhas de presença de todos os deputados à Assembleia Municipal de Mirandela cujo valor era depositado numa conta titulada pelo mesmo José Silvano. Leia a história toda aqui.

Jorge Mendes, o super-empresário de futebol, está a ser investigado em cinco países por suspeitas de irregularidades fiscais. Há transferências de 34 jogadores que estão a ser passadas a pente fino pelas autoridades fiscais de Portugal, Espanha, Irlanda, Reino Unido e Holanda. A investigação, que procura esclarecer se as transferências pagaram todos os impostos devidos, dura há um ano. Entre 2015 e 2016, o período em questão, as transferências de jogadores das empresas de Jorge Mendes somaram algo como 1300 milhões de euros. Esta é uma investigação da rede European Investigative Collaborations, da qual o Expresso faz parte.

Pagamentos da Junta de Freguesia de Arroios, presidida por Margarida Martins (ex-Presidente da associação Abraço), estão a ser analisados pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP). Há uma compra inusitada de dois mil sacos de cimento.

Nos primeiros seis meses deste ano, 59% das queixas de violação sexual entregues à Polícia Judiciária terão ocorrido num ambiente de intimidade. Maridos, namorados, amigos ou familiares são os principais suspeitos, segundo os depoimentos das vítimas.

Na Revista do Expresso, a capa foi entregue a Sara Sampaio, a modelo portuguesa mais famosa de sempre. O pretexto para esta entrevista de fundo foi a estreia de Sara Sampaio no cinema (o filme “Cargo” está em exibição desde quinta-feira), mas a manequim não se furta a falar nos seus tempos de estudante, nos conflitos com revistas e fotógrafos ou nos ataques de ansiedade e pânico que tem sofrido nos últimos meses.

Uma descida ao submundo dos informadores da polícia é outra das propostas desta edição da Revista. A propósito do caso de Tancos, em que os vários informadores das várias polícias têm desempenhado um papel decisivo, Hugo Franco, Rui Gustavo e Micael Pereira penetram um universo em que além de roubos de paióis há digressões por casas incendiadas, ataques à martelada em discotecas e, claro, clubes de futebol. Conheça aqui, a fronteira do crime.

Celebra-se por estes dias o centenário do fim da I Guerra Mundial. As mais altas figuras dos mais poderosos estados irão reunir-se em Paris. Mas como terá sido o armistício em Portugal, há um século? Mal foi conhecida a notícia, em Lisboa, o povo saiu à rua.

A descida do IVA não provoca a correspondente descida dos preços. É uma das conclusões de um trabalho publicado no caderno de Economia sobre uma das mais comentadas medidas inscritas neste Orçamento do Estado. No caso particular dos espectáculos, há várias suspeitas de que assim seja, mas também possíveis irregulares na discriminação entre eventos em recintos fixos e outros ao ar livre.

As famílias portuguesas, juntamente com o Banco de Portugal, são os grandes credores do Estado português. Nos últimos quatro anos, a corrida aos Certificados de Aforro e do Tesouro fez com que o Estado tomasse emprestado dos portugueses mais de 16 mil milhões de euros.

O Web Summit terminou na quinta-feira. Mas vai continuar por mais dez anos. Saiba tudo o que sucedeu nesta edição que o Presidente da República encerrou com um apelo à paz no mundo.

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