sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

ÀS ARMAS?

Trump e o fantoche dos EUA Juan Guaidó, auto proclamado PR da Venezuela
Mais Venezuela no Curto do Expresso, assim como em toda a comunicação social global. O diálogo urge. Maduro deve tomar essa possibilidade em consideração a fim de evitar a guerra que dizimará milhares de venezuelanos e semeará ainda mais caos e miséria por entre o povo sofrido e refém dos EUA e do capitalismo global.

Não será cobardia poupar vidas se num entendimento for encontrado o processo de preservar a paz que permita a estabilidade na vivência dos da Pátria Bolivariana. ONU e países da América Latina devem colaborar em conversações que ponham travão aos criminosos da administração Trump, assim como à obstinação de Maduro. O meio-termo é urgente, a paz também, a independência e soberania da Venezuela ainda mais.

Os EUA não têm o direito internacional a seu favor nas suas acções de interferir na Venezuela como o está a fazer e, pior, planeia fazer. Maduro não deve deixar-se empurrar para extremos. A Venezuela e o seu povo é o mais importante, a soberania também.

Em vez de se apelar às armas importa apelar à paz. Que seja e aconteça.

Deixamos o Curto para ler. Valdemar Cruz é o jornalista de serviço. A cafeína está servida já aqui em baixo. Vá ler. (PG)

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Às armas, cidadãos!

Valdemar Cruz | Expresso

Um sopro de morte percorre as ruas de Caracas, na Venezuela. Há quem, como na revista Foreign Affairs, fale do suicídio de um país falido. O espetro da tragédia percorre os recantos de uma nação diabolizada. Ontem, na edição da tarde da SIC Notícias, a um investigador em Ciências Sociais da Universidade de Lisboa não lhe tremeu a voz quando vaticinou a existência de apenas duas possibilidades para a Venezuela: a guerra civil, ou massacres. Isto é, a morte, ou a morte.

Desgraçado país este para o qual tantos parecem apostar num futuro imediato feito de guerra entre homens e mulheres que, seja qual for o lado em que se posicionem, só quererão um quotidiano de paz e tranquilidade.

Não há narrativas fáceis para o que se passa há vários anos naquele país sul-americano, por muito que haja a tentação de tudo acantonar na habitual e simplista dicotomia bons e maus. Não há inocentes, na Venezuela. Não há, sequer, uma oposição. Há um conglomerado de oposições, quase sempre muito divididas como reflexo dos muitos e contraditórios interesses representados. E há um setor de extrema-direita, cada vez mais radicalizado,a assumir o palco, empurrado e alimentado por atores externos, cuja intervenção desejam.

A Venezuela vive uma situação política, social e económica desastrosa, seja quais forem as razões que cada um entenda privilegiar para justificar o caos instalado, com exponencial aumento da pobreza, colapso dos serviços públicos, hiperinflação e crescente violência nas ruas.

As chefias miliares declararam estar ao lado do Presidente da República, Nicolas Maduro, e deixaram clara a existência de “um golpe de Estado”. A situação é de uma gravidade extrema. No El País escreve-se que “a crise na Venezuela expõe a divisão internacional”, com os EUA a liderarem o apoio ao autoproclamado presidente, enquanto “China, Rússia e Turquia apoiam Maduro e a EU e a ONU apelam ao diálogo”.

Ontem à noite, enquanto na generalidade da imprensaportuguesa e internacional os grandes títulos continuavam focados nas múltiplas incidências do conflito, outros jornais, como o La Jornada, do México, ou “El Público”, de Espanha, avançavam com informações importantes para quem não está interessado em banhos de sangue. Maduro terá aceitado uma proposta dos governos do México e Uruguai para que sejam mediadores da abertura de uma nova linha de diálogo de modo a encontrar uma solução para a crise do país, tal como defendem a ONU e a UE.

Há muito em jogo no país que se estima possuir as maiores reservas de petróleo do mundo. Num artigo datado de Washington e intitulado “O martelo de Trump sobre Caracas”, escreve-se no El País que a política do presidente dos EUA na Venezuela, secundada, de resto, pelo chamado “Grupo de Lima” “tem consistido numa pressão em crescendo face à deriva autoritária de Maduro, deixando inclusive passar a ideia de uma intervenção militar”.

Quando ressalta a evidência de uma “ingerência externa em questões internas da Venezuela”, com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, a apelar na prática a um golpe de Estado, e Mike Pompeo a dar instruções aos diplomatas norte-americanos para ignorarem as ordens de Maduro para abandonarem o país,teme-se o pior para um país onde residem 300 mil portugueses ou luso-descendentes.

Há o risco de vingar a tese muito defendida por vários setores extremistas de que não há diálogo possível. A ideia dos cidadãos em armas parece entusiasmar muita gente. Mas a ideia de cidadãos em armas ou do exército na rua a disparar indiscriminadamente será, não apenas uma tragédia, como a materialização do horror. E o horror é tudo o que sobre quando falta inteligência contra a intolerância.

OUTRAS NOTÍCIAS

Em 2017, mais de 11.100 mulheres foram atendidas na rede nacional de apoio às vítimas de violência doméstica. Umas 850 foram recolhidas em casas Abrigo, vistas como a última solução de atuação das autoridades perante casos de violência doméstica

Os pagamentos em atraso dos hospitais públicos aos fornecedores chegaram no ano passado aos 500 milhões de euros, após reforços de financiamento. Aqueles números correspondem a uma redução de 42% face a 2017, segundo dados oficiais.

Os enfermeiros terminam hoje uma greve de quatro diasconvocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). Iniciada na passada terça-feira, a paralisação atinge hoje as regiões do Algarve, Alentejo e Açores, e visa protestar contra o fim das negociações relativas à carreira.

Os médicos portugueses e espanhóis querem leis que proíbam as terapias alternativas. Ordens portuguesa e espanhola afirmam que há cada vez mais doentes em situações graves pelo uso das “pseudoterapias”, noticia o JN.

Associações e moradores do bairro da Jamaica protestam hoje em frente à Câmara do Seixal, no distrito de Setúbal, contra o que classificam como “brutalidade policial” e “por habitações dignas”.

Os Xutos & Pontapés, a celebrarem 40 anos, editam hoje um novo álbum, intitulado “Duro”, que conta com temas gravados pelo guitarrista Zé Pedro e a participação de Capicua, Carlão e Jorge Palma

LÁ FORA

O Departamento de Estado norte-americano ordenou que todo o pessoal diplomático e funcionários federais "não essenciais" a trabalhar na Venezuela abandone o país. A administração de Donald Trump garante, porém, que não vai encerrar a sua embaixada nem os consulados no país.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, noticia a Lusa, apelou hoje para que a Organização dos Estados Americanos (OEA) reconhecesse Juan Guaidó como “presidente interino da Venezuela”, sem contudo conseguir a unanimidade dos 34 membros ativos da entidade

O Senado norte-americano reprovou os planos concorrentes dos democratas e dos republicanos para terminar com o encerramento dos serviços do governo federal (o designado ‘shutdown’), que já dura há 35 dias, o mais longo de sempre.

A Nigéria declarou o “estado de epidemia” após a morte desde o início de janeiro, de 16 pessoas vítimas do vírus “Lassa”. Oito dos 37 estados do país estão já afetados por este vírus identificado em 1969, que provoca vómitos, dores musculares e, em casos mais graves, hemorragias e encefalites.

O deputado federal Jean Wyllys (do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL), assumidamente homossexual, está fora do Brasil e não tenciona voltar, disse o próprio numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, na qual confessou ainda sentir-se em risco de vida devido às múltiplas ameaças que tem recebido.

A Procuradoria de Israel acusou um adolescente israelita de 16 anos de idade de homicídio voluntário. O jovem é acusado de atirar uma pedra a um carro que circulava a alta velocidade e matar uma mulher palestina. De acordo com a acusação, o suspeito visou deliberadamente o carro da família.

Um livro que terá pertencido a Adolf Hitler, e que os investigadores suspeitam ser um modelo para um Holocausto na América do Norte, foi adquirido pelo arquivo nacional do Canadá.

Termina hoje em Davos, uma estância nos Alpes suíços, o habitual encontro dos principais agentes do capitalismo mundial, que ali se reúnem desde 1971. Muito antes destes fóruns da elite financeira, Davos conquistou um espaço próprio por ser onde os doentes ricos da Europa tentavam curar-se da tuberculose, e onde muitos escritores famosos passaram temporadas. Foi lá que Robert Louis Stevenson acabou a “Ilha do Tesouro”, ou que Thomas Mann desenvolveu a ideia da sua “Montanha Mágica”, após uma visita de três semanas à sua mulher, que permaneceu em Davos um ano numa tentativa de se livrar da tuberculose.

Um autocarro que reproduz, à escala, a icónica escola da Bauhausconstruída por Walter Gropius em Dessau, na Alemanha, onde funcionou entre 1919 e 1923, está desde ontem em Berlim no âmbito de uma digressão que o levará a quatro cidades de diferentes continente. A iniciativa decorre no contexto do centésimo aniversário da Bauhaus, que este ano se celebra. Depois de Dessau e Berlim, o autocarro concebido pelo arquiteto Van Bo Le-Mentzel, passará por Kinshasa, na República Democrática do Congo, e Hong Kong. Ao longo de 10 meses haverá oportunidade apra a realização de simpósios, debates e conferências.

PRIMEIRAS PÁGINAS

Clubes burlam o Estado em subsídios de viagem – JN

Deputados europeus pressionam EU para derrubar Maduro – Público

(Venezuela) – “Salário mínimo dá para comprar uma caixa de ovos e um pedaço de carne” – I

Ministério da Saúde tem 114 imóveis desocupados – Negócios

Crimes da Caixa sem castigo – Correio da Manhã

Leõs amarram Renan – A Bola

Voltou o caos – O Jogo

Águia admitiu não jogar mais – Record

FRASES

“Os sindicatos sempre foram a organização mais importante da sociedade civil”. João Proença, presidente do conselho geral e de supervisão da ADSE no jornal I

“Não há muros que detenham a emigração”. António Vitorino, diretor-geral da Organização Internacional das Migrações, no Público

“Promove-se o ideologismo fácil, qualquer que seja o seu colorido político, o apelo à justiça sumária na praça pública, a suspeita gratuita generalizada sobre todas as instituições democráticas, o apelo ao imediatismo populista, e tudo aquilo que caracteriza, diariamente, a lição sistemática da produção colunística do novo Comissário”. Ruy Vieira Nery sobre a escolha pelo P.R. do colunista João Miguel Tavares para Comissário do Dia de Portugal

O QUE ANDO A VER

Num tempo de profunda berraria televisiva, marcada por um amontoado de programas feitos de nada e coisa nenhuma, a RTP 2 continua a surgir-nos como o oásis onde podemos beber a diferença, a curiosidade, a inquietação, a interrogação que nos faz seres pensantes e não apenas recetáculos acéfalos.

Só num canal virado para o serviço público, capaz de entender a televisão como um espaço por onde flui a inteligência, seria possível um programa como “O Sentido da Beleza”, transmitido às terças-feiras e em parte ainda disponível na RTP Play.

O que é a beleza? Eis uma das perguntas cruciais com que se tem defrontado o homem ao longo dos tempos. Escreveram-se tratados. Há infinitas reflexões filosóficas. Trilharam-se inúmeros caminhos à procura de uma resposta.

Há correspondência entre o belo e o feio? O que é belo aos olhos de alguns – um rosto, uma paisagem, uma obra de arte – pode configurar o horrendo aos olhos de outros? Saberá alguém definir exatamente o que é a beleza? Ou essa, e ainda bem, é uma impossibilidade absoluta?

O homem começou a procurar e a expressar o sentido de beleza mesmo antes de ter desenvolvido uma qualquer noção de linguagem. Nas cavernas encontramos as primeiras obras de arte alguma vez criadas pelo homem. Olhá-las, como olhar a reprodução do imaginário rosto de um homem ou mulher daqueles tempos primordiais, é perceber como os conceitos de beleza se modificaram ao longo dos tempos.

Há diferentes atitudes culturais perante a beleza, conforma o contexto geográfico, ou até social, em que nos encontremos. Mesmo com a galopante padronização ocidental a embrenhar-se no mundo todo, a noção de belo para um asiático ou para um africano contém ainda substanciais diferenças em relação à noção de belo de um europeu ou um norte-americano.

A série documental em seis episódios da responsabilidade de Massimo Brega e apresentada pelo escritor inglês Dominic Frisby coloca-nos perante o poder da beleza através de uma viagem á volta do mundo e das diversas noções de beleza, com o contributo de artistas, críticos de arte, filósofos e cientistas.

Com imagens belíssimas, o programa recorda-nos a cada instante como a beleza sempre esteve, está e continuará a estar no centro das preocupações humanas. Ou será por acaso que todos os dias são investidos milhões de euros por pessoas que querem tornar as coisas mais bonitas, ou querem elas próprias sentirem-se ou parecerem mais bonitas? E porque será que, segundo vários estudos, as pessoas mais atraente ganham, em média, mais 12,5% do que as pessoas com aparência normal?


É tudo por hoje. Tenha um bom dia à volta das muitas leitura sproporcionadas pelas diferentes plataformas do Expresso.

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