Martinho Júnior, Luanda
1- Muitas coisas se vão
comprovando com os sucessivos falhanços da política internacional dos Estados
Unidos e nesse aspecto, está a nu a mentira refinada e omnipresente da
administração de Barack Hussein Obama, que “angariava”tantos e
tantos “incautos” e, por contraste, a mentira desastradamente
exclusivista da administração de Donald Trump, incapaz de convencer nos termos
de sua conveniência (lembre-se “the americans first”) até os seus próprios
vassalos.
Em menos duma década se a perda
de credibilidade internacional dos Estados Unidos está cada vez mais exposta,
também é verdade que no Médio Oriente Alargado, uma das regiões mais afectadas
nos termos desta tão assimétrica IIIª Guerra Mundial, as geoestratégias
estado-unidenses e de seus vassalos da NATO e regionais estão em corrosiva
perda, desde quando, em nome da democracia, incentivaram a expansão do caos, do
terrorismo, da divisão, da desagregação e da guerra, a fim de com isso
exercitar sua própria presença no labirinto que pariram subversivamente a sul.
A comprová-lo está a
não-aceitação duma das últimas propostas da administração Trump, de que os
europeus, ambíguos, hipócritas e cínicos como só eles sabem ser, se tentam
esquivar: não querem aceitar o repatriamento de seus cidadãos tornados
mercenários e jihadistas no Médio Oriente Alargado, por que primeiro têm
de examinar, em retrospectiva e dentro do miolo de suas próprias instituições,
o papel e as implicações de seus próprios dirigentes na guerra em toda aquela região.
Os dirigentes europeus expostos
em tribunal (quiçá o Tribunal Penal Internacional), arriscam-se a serem
desmascarados por alta traição e crimes contra a humanidade!
A NATO está em crise tóxica até à
medula e os sintomas de que não se poderá mais recuperar vão-se avolumando,
dando consistência à não mais controlada deriva turca e ao surgimento das
correntes neofascistas e neonazis que brotam do húmus do “feitiço que se
vira contra o próprio feiticeiro”.
2- Trasladar automaticamente para
o “pátio traseiro” a maquiavélica “configuração” geoestratégica
que alimentaram no Médio Oriente Alargado, na Europa do Leste e em África, é
duma pobreza mental insofismável, tanto pior quando o próprio presidente Donald
Triump se rodeia de cristalizados ultraconservadores neofascistas para
desencadear as plasmadas acções segundo Leo Strauss, Gene Sharp, George Soros,
Milton Friedman e todos os fundamentalistas do caos, do terrorismo, da divisão
e da desagregação.
Na passagem dum capitalismo
financeiro transnacional, para um capitalismo produtivo, num ambiente de
descrédito progressivo e irreversível, os Estados Unidos corroem-se por que já
nem novas doutrinas e filosofias conseguem adoptar nos relacionamentos
internacionais: perdem-se na falta de criatividade em suas já estafadas opções
de hegemonia unipolar e estão desmascarados, na espectativa de ver cada vez
mais vassalos a, como ratos, abandonar o navio, ou verem-se obrigados a “correcções” e “evasivas” de
última hora, como as do grupo de Lima e as últimas manobras do regime dócil da
oligarquia portuguesa afeiçoada a Juan Guaidó!
Em Lisboa já não há soluções
segundo o “modelo” de Durão Barroso no início da campanha primeiro
contra Angola (Bicesse, 31 de Maio de 1991), mais tarde, a 16 de Março de 2003,
contra o Iraque e a estafa duma NATO do Afeganistão à Colômbia, provocará ainda
mais fissuras geoestratégicas que intoxicam as suas cegas, estáticas e
entorpecidas opções de vassalagem, por mais cosmética que se use!
3- A agressão em todas as frentes
contra a Venezuela Bolivariana, num momento em que o petrodólar se vai esvaindo
e cada vez mais um universo multipolar se vai distendendo à medida que os
rebeldes financeiros se vão afirmando num mundo à parte de negócios onde não há
espaço para as correntes que ainda alimentam a hegemonia unipolar, está a
marcar a aceleração da corrosão dos termos de relacionamento internacional dos
Estados Unidos sob a administração de Donald Trump.
As transnacionais do capitalismo
neoliberal, estando perdidas entre o capitalismo produtivo a que se propõe
Donald Trump e um ambiente internacional cada vez mais desfavorável e hostil à
hegemonia unipolar, só têm uma opção viável e humilde: render-se às evidências
do multilateralismo!
Entretanto, quanto mais rápidas
se sucederem as medidas contra a Venezuela Bolivariana, mais rapidamente vai
acontecer essa corrosão, pois torna-se explícito quanto o monstro, sem mais
criatividade e depois de sucessivos desmascaramentos, vai dando cada vez mais
tiros em seus próprios pés!
Essa irreversibilidade encontrou
na Venezuela Bolivariana uma trincheira contraditória firme, unida, coesa e
apta, em torno dum processo cívico-militar que já leva várias décadas e que as
capacidades de inteligência dos Estados Unidos, embora mobilizando as oligarquias
avassaladas da América e da Europa, têm demonstrado estar incapazes de perceber
e neutralizar a fim de dar continuidade aos seus propósitos de hegemonia
unipolar, ou mesmo de hegemonia regional ao nível da Doutrina Monroe!
Para os progressistas de todo o
mundo há que com capacidade solidária e inteligente reforçar a unidade e a
coesão dessa trincheira, sabendo que ela tem, em mais justa alternativa,
suportes multipolares onde se irá integrar e melhor articular.
Por outro lado, ao começar de novo
o ataque a Cuba Socialista, que agora vai levar por diante a aplicação nos
termos duma nova Constituição, a administração de Donald Trump está presa nos
equívocos que dissemina contra a paz, por que as possibilidades de ir
alimentando guerras estão-se também a esgotar.
O grupo de Lima não quer guerra
na América que já havia sido proclamado continente de paz, por que sabe que uma
ingerência militar contra a Venezuela Bolivariana e uma Cuba Socialista, iria
desencadear um incontrolável efeito por dentro das sociedades dos países que
seus dirigentes oligárquicos e vassalos gerem, até levá-los ao seu próprio
tapete, ou mesmo ao seu próprio colapso.
A Colômbia é o país mais
vulnerável a uma agressão militar directa contra a Venezuela Bolivariana, mais
vulnerável até que a própria Venezuela, pois sua oligarquia deixará, indirecta
mas definitivamente, de garantir a “democracia representativa” instituída
por seus interesses mergulhados em estímulos paramilitares e droga, reflectindo
seu grotesco carácter, papel e feição.
A “democracia” segundo
os corrosivos modelos paridos pelos Estados Unidos, seus vassalos da NATO e da
península arábica, é contraditoriamente auto insustentável numa
representatividade que, apesar das novas tecnologias e do que elas propiciam,
está por efeito da hegemonia unipolar mergulhada em “fake news” e “falsos
positivos”, incapaz de participação e protagonismo, incapaz de assumir o futuro
fora do domínio de 1% sobre o resto da humanidade!
A democracia segundo as
administrações de turno nos Estados Unidos, é deveras uma fraude cada vez mais
evidente e insuportável de se aturar!
O espectro da derrota
geoestratégica na Síria, é o fantasma maior da administração de Donald Trump e
de todas que se lhe seguirão!
Martinho Júnior - Luanda, 3 de Março de 2019
Ilustrações:
- Mapa referente à doutrina de
ingerência e manipulação Cebrowski, afectando todo o sul do planeta (IIIª
Guerra Mundial, assimétrica, não declarada, nem reconhecida pelo países do
norte e por isso desconhecida do sul, apesar de toda a sua cronologia e
incidências);
- Foto oficial do encontro das
Lajes, a 16 de Março de 2003, na preparação do ataque dos Estados Unidos e seus
vassalos ao Iraque;
- O Senador John McCain (já
falecido) e os jihadistas agentes da CIA (23 de Maio de 2013), recolhida a
partir do twiter dele próprio (https://twitter.com/senjohnmccain/status/339455679800700928);
- Foto do presidente Donald
Trump, da representante da oligarquia venezuelana, Lilian Tintori, de Mike
Pence e de Marco Rúbio, sob o olhar da foto do 7º presidente dos Estados
Unidos, Andrew Jackson, o único presidente estado-unidense que alguma vez
experimentou ter sido prisioneiro de guerra;
- Foto de 25 de Fevereiro de 2019
– Guaidó (deputado e presidente eleito por Trump), Pence (vice-presidente dos
Estados Unidos) e Duque (presidente da Colômbia).
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