segunda-feira, 8 de abril de 2019

“Retaliação catastrófica e inimaginável”: como seria um ataque nuclear de Israel?


É improvável que Israel decida usar armas nucleares em um conflito, mas caso isso aconteça, o país seria capaz de "reescrever a arquitetura diplomática e de segurança do Oriente Médio", escreve Robert Farley em seu artigo para o National Interest.

Segundo o artigo, Israel tem mantido uma dissuasão nuclear para manter um equilíbrio de poder favorável com seus vizinhos desde a década de 70. O governo israelense nunca considerou seriamente o uso dessas armas, exceto em um momento histórico preocupante durante a Guerra do Yom Kippur, que levou à ocupação das Colinas de Golã por Israel.

Para o autor da matéria, o "cenário mais óbvio para Israel usar armas nucleares seria em resposta a um ataque nuclear estrangeiro".

A revista afirma que as defesas aéreas e os sistemas de mísseis de Israel são tão sofisticados que é difícil de imaginar um possível cenário em que algum país, que não seja uma das grandes potências nucleares, pudesse lançar tal ataque.


Qualquer país que ataque o Estado judeu rapidamente sofrerá uma retaliação maciça, pois a principal meta israelense "é destruir a capacidade militar do inimigo", escreve o autor, adicionando que "qualquer ataque nuclear contra Israel originaria uma retaliação catastrófica e inimaginável".

Hipoteticamente falando, o colunista usa o exemplo do Irã, supondo que, se Teerã estiver a ponto de conjugar dispositivos nucleares com meios para seu lançamento, os israelenses "poderiam muito bem considerar um ataque nuclear preventivo". Como resposta, e na ausência da intervenção direta dos Estados Unidos, "Israel poderia facilmente realizar um ataque nuclear limitado contra instalações iranianas".

Pelo fato de Teerã não possuir significativas defesas contra mísseis balísticos, Tel Aviv "provavelmente lançaria as armas nucleares com seus mísseis balísticos de alcance intermediário Jericho III", limitando o ataque a "alvos especificamente ligados ao programa nuclear iraniano e suficientemente afastados de áreas civis", escreve o autor.

"As armas nucleares causariam mais danos do que a maioria dos ataques convencionais imagináveis, e também transmitiriam um nível de seriedade que poderia surpreender até mesmo os iranianos. Por outro lado, o uso ativo de armas nucleares por Israel provavelmente aumentaria o interesse de todos os países da região [e potencialmente em todo o mundo] em desenvolver seus próprios arsenais nucleares", de acordo com o colunista.

O maior medo dos militares israelenses é a ideia de que alguma potência nuclear entregue ou venda armas nucleares a uma organização não governamental, pois seria mais difícil deter grupos terroristas, como o Hamas ou o Hezbollah, do que Estados-nação tradicionais.

A edição completa afirmando que é nesse cenário que Israel poderia considerar o uso de armas nucleares para evitar uma transferência de armas ou destruir o dispositivo nuclear inimigo.

Outra preocupação da nação israelense, que fez com que Israel desenvolvesse seu programa nuclear, seria se os Estados árabes criassem uma vantagem militar decisiva que pudessem usar em campo de batalha.

"Israel tem atualmente superioridade militar convencional esmagadora, mas essa superioridade depende, até certo ponto, de um ambiente estratégico regional favorável. Mudanças políticas poderiam deixar Israel diplomaticamente isolado e vulnerável mais uma vez a ataques convencionais. Em tal situação, as armas nucleares continuariam a fazer parte do conjunto de ferramentas para garantir a sobrevivência da nação."

A edição conclui afirmando que a melhor maneira de evitar que esse hipotético ataque nuclear israelense ocorra, seria limitar "as razões pelas quais Israel pode querer utilizar essas armas, ou seja, impedir a continuação da proliferação de armas nucleares".

Sputnik | Imagem: © Fotolia / Twindesigner

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