É improvável que Israel decida
usar armas nucleares em um conflito, mas caso isso aconteça, o país seria capaz
de "reescrever a arquitetura diplomática e de segurança do Oriente
Médio", escreve Robert Farley em seu artigo para o National Interest.
Segundo o artigo, Israel tem mantido uma dissuasão nuclear para
manter um equilíbrio de poder favorável com seus vizinhos desde a década de 70.
O governo israelense nunca considerou seriamente o uso dessas armas, exceto em
um momento histórico preocupante durante a Guerra do Yom Kippur, que levou à
ocupação das Colinas de Golã por Israel.
Para o autor da matéria, o
"cenário mais óbvio para Israel usar armas nucleares seria em resposta a
um ataque nuclear estrangeiro".
A revista afirma que
as defesas aéreas e os sistemas de mísseis de Israel são tão sofisticados
que é difícil de imaginar um possível cenário em que algum país, que não seja
uma das grandes potências nucleares, pudesse lançar tal ataque.
Qualquer país que ataque o Estado
judeu rapidamente sofrerá uma retaliação maciça, pois a principal meta
israelense "é destruir a capacidade militar do inimigo", escreve o
autor, adicionando que "qualquer ataque nuclear contra Israel originaria
uma retaliação catastrófica e inimaginável".
Hipoteticamente falando, o
colunista usa o exemplo do Irã, supondo que, se Teerã estiver a ponto de
conjugar dispositivos nucleares com meios para seu lançamento, os israelenses
"poderiam muito bem considerar um ataque nuclear preventivo". Como
resposta, e na ausência da intervenção direta dos Estados Unidos, "Israel
poderia facilmente realizar um ataque nuclear limitado contra instalações
iranianas".
Pelo fato de Teerã não possuir
significativas defesas contra mísseis balísticos, Tel Aviv "provavelmente
lançaria as armas nucleares com seus mísseis balísticos de alcance
intermediário Jericho III", limitando o ataque a "alvos
especificamente ligados ao programa nuclear iraniano e suficientemente
afastados de áreas civis", escreve o autor.
"As armas nucleares
causariam mais danos do que a maioria dos ataques convencionais imagináveis, e
também transmitiriam um nível de seriedade que poderia surpreender até mesmo os
iranianos. Por outro lado, o uso ativo de armas nucleares por Israel
provavelmente aumentaria o interesse de todos os países da região [e
potencialmente em todo o mundo] em desenvolver seus próprios arsenais
nucleares", de acordo com o colunista.
O maior medo dos militares
israelenses é a ideia de que alguma potência nuclear entregue ou venda armas
nucleares a uma organização não governamental, pois seria mais difícil deter
grupos terroristas, como o Hamas ou o Hezbollah, do que Estados-nação tradicionais.
A edição completa afirmando que é
nesse cenário que Israel poderia considerar o uso de armas nucleares para
evitar uma transferência de armas ou destruir o dispositivo nuclear inimigo.
Outra preocupação da nação
israelense, que fez com que Israel desenvolvesse seu programa nuclear, seria se
os Estados árabes criassem uma vantagem militar decisiva que pudessem usar em
campo de batalha.
"Israel tem atualmente
superioridade militar convencional esmagadora, mas essa superioridade depende,
até certo ponto, de um ambiente estratégico regional favorável. Mudanças
políticas poderiam deixar Israel diplomaticamente isolado e vulnerável mais uma
vez a ataques convencionais. Em tal situação, as armas nucleares
continuariam a fazer parte do conjunto de ferramentas para garantir a
sobrevivência da nação."
A edição conclui afirmando que a
melhor maneira de evitar que esse hipotético ataque nuclear israelense ocorra,
seria limitar "as razões pelas quais Israel pode querer utilizar essas
armas, ou seja, impedir a continuação da proliferação de armas nucleares".
Sputnik | Imagem: © Fotolia /
Twindesigner
Sem comentários:
Enviar um comentário