segunda-feira, 8 de abril de 2019

Portugal | “A EDP esteve nos escritórios dos ministros a fazer as leis”


Este domingo, em declarações aos jornalistas após a reunião da Mesa Nacional do Bloco, Catarina Martins falou do que já foi apurado na comissão de inquérito às rendas de energia, dizendo que houve “promiscuidade” entre “os interesses da EDP e os governos”.

A coordenadora do Bloco considera que o trabalho da comissão de inquérito às rendas de energia é “um dos trabalhos mais importantes em debate no parlamento”. Proposto pelo Bloco e aprovado por unanimidade no parlamento, deve contar com “empenho de todos os partidos até tirarmos conclusões e consequências".

O relatório foi apresentado pelo deputado do Bloco Jorge Costa e, de acordo com Catarina Martins, “o que já foi apurado confirma que a estratégia de privatização levou vários governos a conceder garantias de alta consideração à EDP”. “Quem paga isso hoje são os consumidores”, afirma a coordenadora do Bloco, acrescentando que “estamos a pagar muito mais pela energia do que devíamos”.



Catarina Martins aponta ainda o dedo, dizendo que os números “resultam de uma grande promiscuidade e do trânsito constante entre os órgãos de administração da EDP, os cargos do governo e as assessorias técnicas”, já que as que foram feitas “estão diretamente ligadas aos interesses da EDP”. “Ou seja”, acrescenta, “muitas vezes a EDP esteve nos escritórios dos ministros a fazer as leis”.

“Houve promiscuidade entre os interesses da EDP e os governos para assinar contratos que favoreceram a EDP”, acusa a coordenadora do Bloco, que espera “que o poder judicial possa fazer o seu trabalho no que possa constituir um crime” e que, do ponto de vista político, se trabalhe “para ressarcir os consumidores de energia do que andámos a pagar até agora”.

Lado a lado, agora o povo

Na resolução (link is external) aprovada na reunião da Mesa Nacional, o Bloco apresenta-se como “a alternativa ao bloco central, que conduziu um processo de integração desigual assente num quadro institucional que condiciona as políticas económicas e sociais e limita a democracia”. O partido lembra que PS, PSD e CDS partilharam responsabilidades no rumo da União Europeia, considerando que as suas recriminações mútuas “tentam esconder a ausência de divergências de fundo sobre o futuro da Europa e do país”.

Por sua vez, o Bloco “rejeita a escolha que o centro procura impor, entre o percurso de uma integração injusta e disfuncional e os fantasmas do passado que essa integração contribuiu para mobilizar”.

Apresentando-se como alternativa, o Bloco afirma-se como “uma esquerda que defende a soberania democrática, numa Europa refundada nos direitos do trabalho e no Estado social, em que democracias de alta intensidade se reforcem nos direitos de quem trabalha, aberta ao mundo e à sua responsabilidade, determinada e empenhada na cidadania e na resposta a emergência ambiental”.

E sublinha que não está sozinho mas “apresenta-se com outras forças transformadoras da Esquerda Europeia por uma Europa da solidariedade contra os tratados que constitucionalizaram a desigualdade, a divergência e a crise social que hoje abre caminho à extrema-direita”.

Notícia atualizada às 19.08 com a ligação para a resolução aprovada na Mesa Nacional do Bloco.

Esquerda.net

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