Dois analistas comentam o
relatório estadunidense sobre o poder militar da China, no qual os EUA advertem
sobre o desenvolvimento das capacidades navais chinesas.
O Departamento de Defesa dos
Estados Unidos publicou recentemente um relatório dedicado às capacidades militares da China.
Segundo o documento, Pequim presta grande atenção ao reforço da Marinha, assim
como à exploração do Ártico. O autor do documento opina que, graças à
modernização do Exército, a China pode manter o estatuto de superpotência
mundial.
Entretanto alguns analistas
consideram que o reforço do poder das Forças Armadas da China está
principalmente ligado com a proteção das vias marítimas, que adquiriram
importância considerável à luz do crescimento económico do país.
A China tem tido um
desenvolvimento económico considerável, cerca de 6.5 % ao ano, indicador
duas vezes superior à média mundial, declarou o vice-diretor do Centro de
Pesquisas Socioeconómicas da China, Pavel Kamenov, em entrevista ao RT.
"Pequim quer garantir a
segurança das comunicações marítimas. Esta é a razão principal do
desenvolvimento da sua infraestrutura militar no Oriente Médio e na
África", disse o analista.
O relatório afirma que a China
continua aumentando sua presença militar no mundo. Mas Pavel Kamenov aponta a
diferença entre uma base militar e um posto de abastecimento e apoio logístico,
sublinhando que, atualmente, a China não dispõe de nenhuma verdadeira base
militar fora do país.
"Hoje em dia, a China não
tem nenhuma base militar no exterior. Porque esse conceito inclui armamentos,
armazéns de munições, postos de manutenção, infraestrutura de treinamento
etc.", disse ele.
A secretaria de Defesa norte-americana
exagera intencionalmente as capacidades da China para provar a tese da
agressão e expansão chinesas. De fato, os EUA e a China têm um nível de poder
militar completamente diferente, afirma Pavel Kamenov.
"Basta dizer que os EUA têm
11 porta-aviões e a supremacia completa nos navios nucleares. Mas a China não
visa alcançar a paridade com Washington. O objetivo principal de Pequim é
conter os EUA, e a China tem vindo a realizar essa tarefa com sucesso",
afirmou o analista.
Outro analista russo, Aleksei
Maslov, diretor da Universidade Nacional de Pesquisa — Escola Superior da
Economia (HSE), partilha o mesmo ponto de vista. Ele também acha que a
modernização das Forças Armadas da China não visa um confronto com os EUA, a
questão principal para a China é garantir a segurança da logística.
"Na maioria, a Marinha
chinesa consiste de material bélico desatualizado. Isso mesmo acontece com o
único porta-aviões, Liaoning. […] Não haverá um aumento significativo do número
de navios. Entretanto, a Marinha dos EUA planeia incorporar dezenas de novos
navios de guerra, segundo o plano de [presidente norte-americano] Trump",
disse ele em entrevista ao RT.
O analista considera que a
modernização das Forças Armadas da China é necessária para reduzir a distância
tecnológica entre o país e outros Estados. Ao mesmo tempo, o deslocamento de
forças chinesas no Ártico é uma invenção estadunidense.
Segundo ele, a verdadeira razão é
o crescimento da concorrência económica e geopolítica entre a China e os
EUA.
"Claro que a China tem
grandes apetites militares, mas devemos ter em conta que durante muito tempo
Pequim não investiu nas suas Forças Armadas. Em resultado, a China atingiu
posições de liderança na economia, mas não conseguiu que o Exército acompanhasse
esse nível", explicou Aleksei Maslov.
Sputnik, análise
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