sexta-feira, 10 de maio de 2019

Porque o Pentágono se preocupa com crescimento do poder da Marinha chinesa?


Dois analistas comentam o relatório estadunidense sobre o poder militar da China, no qual os EUA advertem sobre o desenvolvimento das capacidades navais chinesas.

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos publicou recentemente um relatório dedicado às capacidades militares da China. Segundo o documento, Pequim presta grande atenção ao reforço da Marinha, assim como à exploração do Ártico. O autor do documento opina que, graças à modernização do Exército, a China pode manter o estatuto de superpotência mundial. 

Entretanto alguns analistas consideram que o reforço do poder das Forças Armadas da China está principalmente ligado com a proteção das vias marítimas, que adquiriram importância considerável à luz do crescimento económico do país. 

A China tem tido um desenvolvimento económico considerável, cerca de 6.5 % ao ano, indicador duas vezes superior à média mundial, declarou o vice-diretor do Centro de Pesquisas Socioeconómicas da China, Pavel Kamenov, em entrevista ao RT

"Pequim quer garantir a segurança das comunicações marítimas. Esta é a razão principal do desenvolvimento da sua infraestrutura militar no Oriente Médio e na África", disse o analista. 


O relatório afirma que a China continua aumentando sua presença militar no mundo. Mas Pavel Kamenov aponta a diferença entre uma base militar e um posto de abastecimento e apoio logístico, sublinhando que, atualmente, a China não dispõe de nenhuma verdadeira base militar fora do país. 

"Hoje em dia, a China não tem nenhuma base militar no exterior. Porque esse conceito inclui armamentos, armazéns de munições, postos de manutenção, infraestrutura de treinamento etc.", disse ele. 

A secretaria de Defesa norte-americana exagera intencionalmente as capacidades da China para provar a tese da agressão e expansão chinesas. De fato, os EUA e a China têm um nível de poder militar completamente diferente, afirma Pavel Kamenov. 

"Basta dizer que os EUA têm 11 porta-aviões e a supremacia completa nos navios nucleares. Mas a China não visa alcançar a paridade com Washington. O objetivo principal de Pequim é conter os EUA, e a China tem vindo a realizar essa tarefa com sucesso", afirmou o analista. 

Outro analista russo, Aleksei Maslov, diretor da Universidade Nacional de Pesquisa — Escola Superior da Economia (HSE), partilha o mesmo ponto de vista. Ele também acha que a modernização das Forças Armadas da China não visa um confronto com os EUA, a questão principal para a China é garantir a segurança da logística. 

"Na maioria, a Marinha chinesa consiste de material bélico desatualizado. Isso mesmo acontece com o único porta-aviões, Liaoning. […] Não haverá um aumento significativo do número de navios. Entretanto, a Marinha dos EUA planeia incorporar dezenas de novos navios de guerra, segundo o plano de [presidente norte-americano] Trump", disse ele em entrevista ao RT. 

O analista considera que a modernização das Forças Armadas da China é necessária para reduzir a distância tecnológica entre o país e outros Estados. Ao mesmo tempo, o deslocamento de forças chinesas no Ártico é uma invenção estadunidense.

Segundo ele, a verdadeira razão é o crescimento da concorrência económica e geopolítica entre a China e os EUA. 

"Claro que a China tem grandes apetites militares, mas devemos ter em conta que durante muito tempo Pequim não investiu nas suas Forças Armadas. Em resultado, a China atingiu posições de liderança na economia, mas não conseguiu que o Exército acompanhasse esse nível", explicou Aleksei Maslov.

Sputnik, análise

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