segunda-feira, 17 de junho de 2019

Pequim apoia líder de Hong Kong e imprensa oficial atribui protestos a "forças estrangeiras"


Pequim, 17 jun 2019 (Lusa) - Pequim manifestou hoje apoio à chefe do Executivo de Hong Kong, após protestos maciços contra as alterações à lei da extradição, descritos pela imprensa oficial chinesa como "violentos" e originados por "forças estrangeiras".

Em editorial, o jornal oficial em língua inglesa China Daily afirmou que o apoio do Governo central a Carrie Lam "não vai tremer", apesar dos crescentes protestos, que exigiram a demissão da responsável, que no sábado anunciou a suspensão e adiamento do debate das emendas à lei da extradição.

Propostas em fevereiro, as alterações permitiriam que a chefe do Executivo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

O delegado de Hong Kong na Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo chinês, Tam Yiu-chung afirmou que o regime chinês "apoia, respeita e entende" a decisão de Lam.

Segundo Tam, o diretor do Gabinete de Ligação de Governo central em Hong Kong, Wang Zhimin, afirmou que as emendas à lei da extradição são "para o bem do povo" da região administrativa especial chinesa, mas que o processo legislativo "sofreu interferências constantes e foi difamado por forças estrangeiras".

Um artigo do China Daily defendeu que "a violência" foi "instigada por aqueles que não se importam com os interesses" de Hong Kong, e lembrou que Lam é a responsável por aplicar o princípio "um país, dois sistemas", que garante à região um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário.

O jornal afirmou que as alterações à proposta de lei estão enquadradas no referido princípio e fortalecem o sistema judiciário de Hong Kong, recordando que a forma como o território lida com a entrega de fugitivos a outras jurisdições é "uma questão puramente interna".

"Nenhum país estrangeiro, seja os Estados Unidos, o Reino Unido ou qualquer outro, tem direito a exprimir opinião sobre isto", advertiu.

A mesma publicação considerou que a posição daqueles países é "hipócrita" e visa apenas "alimentar sentimentos antigovernamentais e incitar à anarquia".

O jornal oficial considerou que os jovens que estão à frente do que descreveu como "confrontos violentos" estão a ser utilizados como "peões por aqueles cuja agenda não garante o seu futuro".

Também o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, apontou ligações entre os protestos e forças estrangeiras.

Em editorial, o jornal alertou os Estados Unidos para não usarem a situação em Hong Kong como moeda de troca na guerra comercial que travam com a China.

Apesar de as autoridades de Hong Kong terem suspendido o debate da proposta de lei, na sequência dos protestos da semana passada, não conseguiram apaziguar os manifestantes, que no domingo voltaram a encher as ruas do território, exigindo a retirada total do documento e a demissão de Lam.

De acordo com os organizadores, cerca de dois milhões de pessoas participaram no domingo em Hong Kong no terceiro protesto contra as alterações à lei da extradição. A polícia estimou que 338 mil pessoas aderiram ao protesto.

No domingo, Lam pediu desculpa aos cidadãos da ex-colônia britânica e prometeu "aceitar todas as críticas".

JPI // EJ | Na imagem: Carrie Lam anunciou a suspensão da extradição durante uma conferência de imprensa de 75 minutos // Foto: KY Cheng

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