“O grupo parlamentar do Movimento
para a Alternância Democrática apela às autoridades daqueles países a
absterem-se de ingerir nos assuntos internos do nosso país e respeitarem a soberania,
as leis e as instituições da República da Guiné-Bissau”, refere, em comunicado,
o segundo partido mais votado nas legislativas de 10 de março na Guiné-Bissau.
O Movimento para a Alternância
Democrática da Guiné-Bissau (Madem-G15) apelou hoje às autoridades portuguesas
e angolanas para se absterem de “ingerir” nos assuntos internos da
Guiné-Bissau.
“O grupo parlamentar do Movimento
para a Alternância Democrática apela às autoridades daqueles países a
absterem-se de ingerir nos assuntos internos do nosso país e respeitarem a
soberania, as leis e as instituições da República da Guiné-Bissau”, refere, em
comunicado, o segundo partido mais votado nas legislativas de 10 de março na
Guiné-Bissau.
Segundo o Madem-G15, a “falsa
crise política” em curso na Assembleia Nacional foi iniciada com a “conduta
antidemocrática e ilegal do Partido Africano para a Independência da Guiné e
Cabo Verde (PAIGC) e o seu líder”, que decidiram violar de “forma grosseira” a
Constituição da República e o regimento da Assembleia Nacional Popular e
“demais normas que regem o normal funcionamento do parlamento” ao “usurparem,
abusivamente, o posto de primeiro secretário” e “recusarem categoricamente a
representatividade do líder da oposição” na mesa.
O Madem-G15 considera também que
foram “induzidos em erro através de uma conspiração e intriga política
internacional contra o país”.
“Aos deputados em pleno exercício
da democracia na casa da democracia, o Governo angolano exige sanções [na União
Africana] contra os legítimos representantes do povo guineense, pensando que
estamos em Angola, onde o núcleo dos direitos fundamentais são sistematicamente
vandalizados”, refere o comunicado.
Em relação a Portugal, o
Madem-G15 salienta que não estranha a atitude das autoridades portuguesas, que
“em tempos condecoraram com medalha de mérito o chefe de uma rebelião, a “Junta
Militar”, no dia 22 de agosto de 1999, em São João da Barra, que derrubou um
Presidente democraticamente eleito, pondo em crise o sistema democrático da
Guiné-Bissau.
As eleições legislativas na
Guiné-Bissau realizaram-se a 10 de março, mas o Presidente José Mário Vaz só
hoje começou a ouvir os partidos para indigitar o primeiro-ministro e
consequente nomeação do Governo.
O Presidente guineense tem
justificado o atraso na indigitação do futuro chefe do Governo com o impasse
que existe no parlamento para a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular.
Os novos deputados guineenses
tomaram posse a 18 de abril, mas não se entenderam quanto à eleição do segundo
vice-presidente da mesa.
Depois de Cipriano Cassamá, do
Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ter sido
reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia
do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), ter sido eleito
primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o
nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15),
Braima Camará, para segundo vice-presidente do parlamento.
O Madem-G15 recusou avançar com
outro nome para cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a
votação, mas que foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Por outro lado, o Partido de
Renovação Social (PRS) reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário
da mesa da assembleia.
O parlamento da Guiné-Bissau está
dividido em dois grandes blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado
nas legislativas, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o
Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que juntou o Madem-G15
(segundo partido mais votado) e o PRS, com 48.
O artigo 27.º do regulamento da
Assembleia Nacional Popular refere que as eleições dos vice-presidentes e dos
secretários da mesa fazem-se por escrutínio secreto, “considerando-se eleitos
os candidatos que obtiverem o voto favorável da maioria absoluta dos deputados
que constituem a assembleia”.
O mesmo artigo refere no seu
segundo ponto que os lugares de primeiro e segundo vice-presidente e do
primeiro secretário são “atribuídos aos partidos de acordo com a sua
representatividade no parlamento”.
Já o terceiro ponto do artigo
refere que o segundo secretário é proposto pelo partido com maior número de
deputados e o quarto ponto que se “algum dos deputados não tiver sido eleito procede-se
de imediato, na mesma reunião a novo sufrágio para o lugar que ele ocupar na
lista”.
Segundo o artigo 68.º (alínea g)
da Constituição da República da Guiné-Bissau, são atribuições do chefe de
Estado “nomear e exonerar o primeiro-ministro, tendo em conta os resultados
eleitorais e ouvidas as forças políticas representadas na Assembleia Nacional
Popular”.
Económico | Lusa
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