…no caso dos salvamentos no
Mediterrâneo
O caso de Miguel Duarte foi
analisado à lupa na emissão do Governo Sombra desta semana.
Pedro Mexia sentiu-se
"ativista" face ao caso de Miguel Duarte, o jovem português de 25
anos que está acusado pelas autoridades italianas de auxílio à
emigração ilegal por ter colaborado com a Organização Não Governamental (ONG)
alemã Jugend Rettet, que salvava migrantes de morrerem afogados nas águas do
Mediterrâneo.
Sendo o ativismo coisa que normalmente
não o atrai, Pedro Mexia explica que neste caso abre uma exceção, e explica que
a tarefa de tentar perceber se "salvar vidas é bom ou mau" não deveria levantar
dúvidas e que, por isso, defende o apoio do Estado português ao caso: "Não é
preciso ter nenhuma especial ideologia política, nem sequer uma opinião
específica sobre como resolver o problema da imigração, para achar que salvar
pessoas é um ato positivo e que o estado português se deve empenhar na defesa
desde ativista", conclui.
João Miguel Tavares vê o caso
como sendo de natureza política - e não judicial -, e explica
que o barco da ONG com a qual Miguel Duarte colaborou se limitava a recolher
pessoas que estavam na água, que eram de seguida entregues a um barco da
polícia: "Tendo em conta que é esta a mecânica, é muito difícil
compreender como pode haver sequer uma acusação de auxílio à imigração
ilegal", explica o jornalista, defendendo que a acusação se limita a ser
uma estratégia para afastar as ONG do Mediterrâneo.
Já Ricardo Araújo Pereira está em
contracorrente dos restantes ministros, acha que salvar pessoas no Mediterrâneo
é, efetivamente, prestar auxílio à imigração ilegal e faz um paralelismo com
salvar pessoas que estejam a morrer de overdose. O humorista defende, em
registo irónico, que tanto num caso como no outro, "o ideal é deixar
morrer as pessoas, para não estimular as atividades ilícitas", e
acrescenta que "não serve de desculpa a história de salvar a pessoa
do afogamento e entregá-la no barco da polícia - é prender a polícia também,
porque a polícia também esteve envolvida no tráfico", conclui.
Ana António | TSF
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