quarta-feira, 31 de julho de 2019

A chegada ao poder da extrema-direita


Da profunda crise financeira que assolou o Mundo, após 2008, despontou um fenómeno político e social; o surgir de uma extrema-direita, readaptada aos tempos modernos; apareceu como uma oposição muito forte ao estabelecido; em resultado, de profundas clivagens sociais, politicas e económicas, surgidas na sociedade em resultado da crise económica; surgiu como uma reacção directa ao neoliberalismo pan-mundial; doutrina económica que dominou o Mundo, no pós queda do Muro de Berlim; a qual falhou, nas promessas defendidas pelos seus apologistas; relacionadas com progresso económico e social global, para todos; em vez disso trouxe depressão, marginalização, enfraquecimento dos Estados e dos povos, conflitos sociais e demográficos.

Mas os movimentos de extrema-direita também se desenvolveram, em virtude da corrupção generalizada que assolou o Mundo; a qual teve por base, a fome de privilégios das elites políticas e económicas, possuidoras do poder; inseridos num sistema neoliberal onde a ética e a moral desapareceram, substituídas por um vale tudo, podre e defraudante; na busca de riqueza, sucesso e aparência; á custa dos Estados e das comunidades.

Foi o profundo desencanto das pessoas comuns, que tem servido de profícua terra arável para a implantação da extrema-direita, em muitos países; e onde tomaram o poder, tem-se assistido à imposição de regimes autocráticos e autoritários, apesar de terem aparência democrática.

A maioria dos regimes ditatoriais do passado seculo, tinha origem castrense, de raiz ideológica fascista; justificavam-se a si mesmos, pelo combate às ideologias de esquerda; mas ao mesmo tempo, serviam o interesse e privilégio das classes dominantes; actualmente, embora possam ter apoio militar mais ou menos explicito, os regimes autoritários ganham a sua justificação na necessidade de segurança que as pessoas sentem, na defesa dos interesses económicos das élites nacionais, e como reacção emocional dos povos ao que é diferente da sua cultura predominante.

São normalmente, regimes dirigidos por personalidades carismáticas; as Filipinas de Duterte e o Brasil de Bolsonaro, devido à progressiva quebra de segurança das populações; a Turquia do Erdogan, devido ao islamismo xenófobo; a Hungria do Viktor Urban, devido à xenofobia e a problemas culturais e rácicos internos; os EUA de Trump, devido às causas económicas negativas, provocadas pela aplicação das doutrinas neoliberais!

Outro aspecto que caracteriza este neo-autoritarismo; a sua irracionalidade; porque embora, quem o promova tenha as suas agendas politicas bem definidas; os argumentos, que os sustentam não são razoáveis; pois normalmente residem no medo do diferente; no preconceito de ideias arreigadas e difundidas massivamente; na fé messiânica em líderes mal formados, mas carismáticos; num nacionalismo profundamente xenófobo; em linhas ideológicas muito mal formadas e informadas; até em fundamentalismos religiosos muito ultrapassados.

Mas para os verdadeiros democratas, logo se verifica não serem solução; pois realmente não têm capacidade para o ser; as elites que com eles se instalam na manjedoura do poder, são medíocres e profundamente corruptas; amigas de viver à sombra do Estado; e de desenvolverem sistemas protegidos de influências, que enriquecem interesses; que apenas sobrevivem, porque conseguem controlar a informação, e manipular demagogicamente o sentir das populações.

No fundo, não são mais do que a deriva autoritária, dos sistemas de democracia representativa; os quais se tornaram reféns, pela via eleitoral, de grupos de interesses que se instalaram no poder, e manipularam a vontade popular em seu proveito, perpetuando pela via autoritária o seu domínio sobre a sociedade; o que só vem comprovar a ineficiência dos sistemas supostamente democráticos, arquitectados com base na democracia representativa.

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