Paulo Baldaia | Jornal
de Notícias | opinião
Anúncios de morte manifestamente
exagerados são o pão nosso de cada dia na política, mas se as sondagens revelam
sobretudo tendências, então é certo que o PSD acaba de entrar em coma induzido
e com ele toda a Direita. O PS já sonha com quatro anos de farra, ou seja, com
uma maioria absoluta.
Ela pode até não chegar, porque a
campanha na estrada e os debates ainda terão algum efeito, mobilizador ou
desmobilizador, e o PS será sempre o principal interessado na dinâmica que for
criada. Reside aqui, aliás, o principal dilema de Rui Rio. Precisa de fazer-se
de morto para não criar nesta corrida uma tensão que ajude a mobilizar os
eleitores do PS para uma maioria absoluta, mas também precisa de ganhar
claramente os debates com o seu principal adversário, para a impedir.
Mesmo que venha a ganhar sem
maioria, a sondagem da Pitagórica, para o JN e TSF, mostra que o PS estará de
mãos livres na próxima legislatura, dominando completamente o xadrez político,
podendo obter o apoio de metade dos deputados mais um, formando uma aliança com
qualquer um dos grupos parlamentares. Jogando à Esquerda, onde esteve como peixe
na água nesta legislatura, ou à Direita, onde se socorreu sempre que quis ser o
velho PS nesta legislatura.
O pós-eleições não será dramático
apenas para o PSD. Em relação às últimas eleições, a Direita no seu conjunto,
diz a sondagem, perde 11 pontos percentuais, os mesmos que o PS ganha nesse
período. No CDS já se começa a pensar no depois de Assunção Cristas e o mais
certo é que o partido dê uma valente guinada à Direita, ficando menos popular e
mais populista.
A grande frustração poderá ser do
Bloco de Esquerda que aparece nas sondagens a consolidar o lugar de terceira
força partidária, com possibilidade até de superar o recorde do número de
deputados das últimas legislativas (19). O desejo de chegar ao poder é
evidente, mas se há namoro que António Costa não aprecia é este com o BE, mesmo
que os eleitores do PS vejam no partido de Catarina Martins o parceiro mais
apetecível. Com menos votos e menos deputados, o PCP não terá vontade de
repetir um acordo como PS, mas o que toda a gente vai querer saber é o que vai
ser o PAN com um grupo parlamentar a rondar os 7 a 10 deputados.
P.S.: Rui Rio perguntava ontem se
"com tantas sondagens que saem, ainda vale a pena fazer eleições?". É
evidente para todos que as eleições se perdem nas urnas, não numa linha telefónica
de uma empresa que faz estudos de opinião. Está difícil? É preciso ir à luta!
*Jornalista
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