Jorge Rocha* | opinião
No cartoon de hoje no
«Público» Luís Afonso pôs o cliente do bar a considerar que a oposição interna
do PSD estava a criticar a ausência total de Rui Rio durante o atual período
político, ao que o barman contestou argumentando que se ele
viesse a terreiro talvez fosse pior.
A realidade veio-lhe dar razão
esta tarde com Rio a pronunciar muitos «achos», inseridos profusamente no seu
discurso. Ora sabemos que o uso do «acho» revela uma notória insegurança em
quem a ele recorre enquanto forma de justificar a subjetiva opinião, dissociada
da objetividade dos factos. O «acho» equivale a quem, perante um
interlocutor, que sente em situação de superioridade, enfrenta-o com os braços
cruzados como se esperasse agressão e visse nessa postura a melhor forma de
conter os golpes.
Se David Justino conseguira ser
patético, Rui Rio decidiu imitá-lo reconhecendo que, acaso fosse
primeiro-ministro, também teria declarado a crise energética e a requisição
civil. Ou quando declarou a ignorância pelas condições de trabalho dos
motoristas de acordo com o que leu nos jornais, como se os considerasse a fonte
exclusiva de informação para poder emitir os seus «achos». Um líder com alguma
seriedade cuidaria de informar-se mais consistentemente antes de fiar-se em
argumentações apenas emitidas por quem protagonizava um dos lados e
em quem abundaram mentiras e mistificações.
No final de tanto atabalhoamento
Rio fez esquecer ao que vinha: repetir mil vezes que a culpa da greve fora dos
socialistas, na ingénua crença de se ver acreditado por um eleitorado, que o
despreza. É que não há quem não saiba tratar-se de um conflito entre privados e
ao qual o governo só teve de moderar, garantindo a relativa normalidade da vida
dos portugueses por ele inquietados.
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