Marino Boeira*
Você já imaginou um país chamado
Estados Socialistas da América do Norte? Em vez de USA (United States of
America), SSNA (Socialist States of North America)
Utopia? Provavelmente. Mas, mesmo
que seja um sonho quase impossível, existem alguns dados para
justificar esse quase da frase.
Entre as décadas de 1920 e 1940,
o Partido Comunista dos Estados Unidos, o Communist Party USA (CPUSA) foi um
partido marxista bastante atuante, fruto principalmente da ação dos emigrantes
italianos que chegaram ao País após a Primeira Grande Guerra.
Seus membros tiveram atuação
importante nos movimentos sindicais e na defesa dos direitos civis dos negros.
Após a segunda guerra mundial,
1945, com o início da guerra fria e de uma ampla campanha de mídia,
principalmente, o cinema, contra o comunismo, o partido foi diminuindo de
importância, mas ainda permanece vivo.
O CPUSA, dirigido em escala
nacional por Sam Webb, tem sua sede no Bairro Chelsea, em Nova York e conta
hoje com entre 3 e 3,5 mil membros, mas seus dirigentes esperam que a atua
crise económica nos Estados Unidos, com o aumento cada vez maior da pobreza
tragam novos adeptos para o partido.
Aparentemente essa não é uma
expectativa de todo irreal.
Uma pesquisa patrocinada por
uma instituição anti-comunista, a Foundation Victims of Commnism Memorial
revelou que o número de pessoas nascidas entre 1980 e 2000, ou seja jovens entre
20 e 30 anos, que prefeririam viver num regime socialista, é de 44% do total
dos entrevistados, contra 42% que escolheriam o capitalismo. Outros 14% se
disseram divididos entre comunismo e fascismo.
É importante levar em conta o
alto grau de desconhecimento dessa faixa de público sobre a política,
refletindo uma alienação que é bastante grande em todos os segmentos de público
nos Estados Unidos.
Um exemplo disso é que 66% dos
entrevistados foram incapazes de dar uma definição correta de socialismo e 30%
confundem comunismo com fascismo.
Mesmo assim, preocupou os
pesquisadores que Karl Marx (32%), Che Guevara (31%), Lenin (23%) Mao (19%) e
até Stalin (6%) recebessem opiniões favoráveis dos jovens.
Se na área política, o comunismo
e mesmo as ideias socialistas, têm pouca força na vida política, o Marxismo,
que dá sustentação ideológica ao comunismo, cresce em influência na área
cultural, principalmente nas universidades.
Os filósofos alemães, como Adorno
e Marcuse, da Escola de Frankfurt, entre outros, ao fugirem do nazismo e se
radicarem nos Estados Unidos, deixaram muitas ideias de cunho marxista nos
meios académicos americanos.
Hoje, nomes importantes
como David Harvey, Mike Davis, Fredric Jameson, Erik Olin Wright e Michael
Burawoy seguem essa tradição académica em estudos que refletem uma influência
marxista.
Perry Anderson, historiador e
professor da UCLA e editor da revista New Left
Review, acredita numa possível reunificação do marxismo com as lutas
populares concretas, principalmente por causa da globalização da economia,
abrindo um novo caminho para as revoluções sociais, que não deixariam de fora
os Estados Unidos.
Portanto, camaradas, não percamos
as esperanças.
*Marino Boeira é jornalista,
formado em História pela UFRGS
Em Pravda.ru
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