"É extremamente inapropriado
um país interferir nos assuntos de Hong Kong", afirmou Carrie Lam, em
conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong,
antes da reunião semanal com o seu conselho executivo.
A líder do Governo de Hong Kong
disse esta terça-feira que a interferência dos Estados Unidos nos assuntos
internos da cidade é "extremamente inapropriada" e que qualquer
ingerência ameaça os interesses económicos que ambos partilham.
"É extremamente inapropriado
um país interferir nos assuntos de Hong Kong", afirmou Carrie Lam, em
conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong,
antes da reunião semanal com o seu conselho executivo.
"Espero que ninguém em Hong
Kong se mobilize para pedir aos Estados Unidos que adotem essa lei",
acrescentou, referindo-se às centenas de milhares de manifestantes
pró-democracia que se instalaram, no domingo, à frente do consulado
norte-americano em Hong Kong para apelarem ao congresso dos Estados Unidos a
aprovação de uma lei que exige que Washington certifique anualmente que a
cidade asiática permanece com um alto grau de autonomia em relação à China
continental.
Se Washington concluir que o grau
de autonomia está ameaçado, a cidade pode perder alguns privilégios comerciais
com os Estados Unidos.
Mais de 1.000 empresas
norte-americanas estão em Hong Kong e desfrutam de benefícios do
"relacionamento bilateral positivo", afirmou Carrie Lam.
"Quaisquer acordos que
temos, ou quaisquer disposições específicas aplicadas a Hong Kong, dos
norte-americanos, não são exclusivamente para o benefício de Hong Kong",
reiterou.
Outros dos aspetos da proposta de
lei é a possibilidade de congelar ativos nos EUA e a proibição de entrar no
país aos titulares de cargos governativos de Hong Kong que reprimam a
democracia, os direitos humanos ou as liberdades dos cidadãos.
Esta lei foi proposta pela
primeira vez em 2015 e retomada em 13 de junho pelo senador republicano Marco
Rubio e o congressista democrata Jim McGovern, para reafirmar que os Estados
Unidos continuam "comprometidos com a democracia, com os direitos humanos
(...) no momento em que estas liberdades e autonomia em Hong Kong estão a ser
corridas".
Na segunda-feira, milhares de
estudantes formaram um cordão humano em várias escolas de Hong Kong em
solidariedade para com os manifestantes pró-democracia, após mais um fim de
semana marcado por violentos confrontos.
O protesto silencioso dos
estudantes foi promovido após o Governo de Hong Kong condenar o
"comportamento ilegal de manifestantes radicais" e alertar os
governos estrangeiros a "não interferirem de forma alguma nos assuntos
internos" da região administrativa especial chinesa.
Milhares de manifestantes
promoveram uma marcha pacífica no domingo até ao Consulado dos EUA para pedirem
o apoio de Washington, mas a violência, à semelhança do que aconteceu ao longo
de todo o verão, acabou por eclodir mais tarde.
Alguns jovens vandalizaram
estações de metro, foram responsáveis por vários focos de incêndio no centro da
cidade e bloquearam o tráfego, levando a polícia a disparar gás lacrimogéneo e
a realizar cargas policiais para dispersar os manifestantes.
O Governo de Hong Kong anunciou
na semana passada a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição
que esteve na base da contestação social desde o início de junho.
Contudo, os manifestantes continuam
a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação
dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas
como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a
demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para
este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência de Hong Kong para
a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país,
dois sistemas". Tal como acontece com Macau, para aquela região
administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado
grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo
central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
Expresso | Lusa
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