- Há 300 anos...
Capital da escravatura!
A cidade alta em frente, ao seu
lado num plano mais abaixo o Forte de S. Miguel de Loanda, (Luanda... depois)
mais próximo à direita, a cidade baixa, vendo-se a igreja de Nª. Sª. dos
Remédios, e que em 1716, passou a ser a sede da Diocese de Angola (Ndongo) e Congo,
transferida de São Salvador do Congo para Luanda, o que terá levado
eventualmente, a Igreja dos Remédios, a se transformar em Catedral.
- Em frente ficavam as Portas do
Mar... na Baía de Luanda... e por um túnel subterrâneo os escravos caçados nas
Lundas, e de outros sítios, através do agarra, agarra... a Guerra do Kuáta,
Kuáta... caça aos nativos para a escravidão, que eram embarcados, mesmo depois
do fim da escravatura.
Ao seu lado esquerdo, a zona onde
nasceu a cidade baixa, junto ao local onde se situa a rua dos Mercadores,
próximo dos Coqueiros.
Depois a cidade foi-se
desenvolvendo para norte, (lado esquerdo da imagem onde se vê duas nativas de
Angola) até ao Bungo, local onde se situava o maior solar de Angola, que passou
a ser conhecido por Palácio Dona Ana Joaquina... a maior escravocrata de Angola
e de uma poderosa frota de navios negreiros que atravessavam o Atlântico,
nomeadamente para o Brasil.
E que no regresso carregavam
pedras do Brasil, para fazer um lastro nos barcos para navegarem de novo de
regresso até Luanda, com pedras que foram utilizadas na construção do
sobrado... e que eu conheci também, em pavimento feito em parte do edifício
onde está sediada a Associação 25 de Abril em Angola, de que fui seu
vice-presidente.
Lamentavelmente, este grande
Solar... um sobradão, o maior monumento visível da memória da escravatura
existente em todo o território angolano, foi demolido pelos assimilados do
poder... com poder até... de apagarem os registos da história da escravidão e
do colonialismo... que imagine-se até... chegarem ao ponto de recusaram uma
proposta da UNESCO, para a recuperação do grande e histórico edifício.
*António Jorge - editor e livreiro
em Angola
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