Após aval da OMC, entram em vigor
aumentos tarifários de 10% e 25%, afetando 7,5 biliões de dólares em produtos
do bloco europeu. Bruxelas poderá retaliar com sanções.
As autoridades de comércio dos
Estados Unidos confirmaram que passam a valer nesta sexta-feira (18/10) os
aumentos planeados de 10% e 25% nas tarifas de importação sobre aviões da
Airbus e uma série de produtos europeus, somando 7,5
biliões de dólares.
A medida entra em vigor após o
aval da Organização Mundial do Comércio (OMC), que considerou as novas tarifas
americanas proporcionais aos efeitos adversos sofridos pela empresa americana
Boeing, a maior concorrente da Airbus, em termos de perdas de vendas e
impedimentos na entrega de suas aeronaves.
Nesse litígio que já dura 15
anos, as perdas teriam sido acarretadas por subsídios ilegais fornecidos para a
Airbus principalmente pela França, Alemanha, Espanha e Reino Unido. Segundo a
OMC, esses quatro países ofereceram financiamentos a juros mais baixos do que
os do mercado, o que teria permitido à empresa desenvolver alguns de seus
modelos mais recentes e avançados.
A partir desta sexta-feira, os
EUA passam a impor tarifas de 10% aos aviões da Airbus, e 25% sobre uma
variedade de mercadorias europeias totalizando 7,5 biliões de dólares. A lista
inclui produtos espanhóis, como queijos, manteiga, azeite de oliva e carne de
porco em conserva, além de vinhos e queijos franceses, waffles e biscoitos
alemães, whisky e doces britânicos, e queijos italianos como parmesão e
provolone. Incluídos estão também alguns frutos do mar, como mariscos,
mexilhões e uma variedade de moluscos.
A União Europeia (UE) que, por
sua vez, aguarda uma decisão da OMC sobre um caso de ajuda do governo americano
á Boeing, deverá adotar medidas semelhantes contra os EUA. Apesar de Alemanha,
França e Espanha serem os mais afetados pelo aumento, os efeitos das medidas
americanas também se farão sentir nas demais economias do bloco.
O presidente americano, Donald
Trump, disse não acreditar que a UE adote medidas de retaliação. "Em
teoria, não pode haver retaliação. Isso foi um prémio que recebemos pelo tratamento
injusto dado aos Estados Unidos pela União Europeia. Foi uma questão de ficar
quites."
No entanto o ministro francês da
Economia, Bruno Le Maire, anunciou que a UE se prepara para reagir com suas
próprias medidas punitivas: "Se o governo americano rejeitar a mão que foi
estendida pela França e pela União Europeia, estamos preparando nossas próprias
sanções", alertou.
Por sua vez, o ministro alemão
das Finanças, Olaf Scholz, adotou um tom mais conciliador, comentando nesta
sexta-feira que as autoridades europeias trabalham nos bastidores para selar um
acordo comercial com os EUA e evitar tarifas ameaçadas. Ele se disse favorável
a uma abordagem mais ponderada, que não agrave ainda mais as tensões com
Washington.
Deutsche Welle | RC/afp/rtr/efe
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