Asilado no México, o
ex-presidente elogia ofertas da Espanha e União Europeia para mediar o conflito
boliviano. Morales revela ter "muito medo de uma guerra civil" no
país sul-americano.
O ex-presidente da Bolívia, Evo
Morales, declarou-se neste domingo (17/11) a favor de que o governo da Espanha
e outros membros da União Europeia participem como mediadores, a fim de acabar
com a grave crise que atravessa seu país.
"Como seria bom se a Espanha,
ou [o ex-presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez] Zapatero, um
especialista em mediação, Pepe Mujica, ou outros governos se juntassem à
mediação para a pacificação", afirmou, em entrevista à agência de notícias
Efe, de seu asilo na capital do México.
O ex-mandatário boliviano afirmou
não ter contato com diplomatas espanhóis, nem de outros países europeus, desde
sua renúncia, em 10 de novembro, mas que considera positivo o envolvimento da
Espanha ou de algumas nações da UE. Por outro lado, criticou "alguns
países da União Europeia que se posicionaram", referindo-se ao apoio do
Reino Unido ao novo governo interino.
"Não gostei, mas se vocês
aceitarem esta posição [de mediadores], serão bem-vindos." Morales, que
aceitou o asilo oferecido pelo governo mexicano, também elogiou a Espanha e a
UE, por agirem sem nada pedir em troca, "ao contrário da ajuda oferecida
pelos EUA, que é sempre condicional".
Na entrevista à Efe, ele revelou,
ainda, ter "muito medo de uma guerra civil" na Bolívia. Entretanto,
está procurando convencer os que questionam seu pedido para um "diálogo
nacional" com o governo de transição, visando encerrar o confronto no
país. Alguns líderes duvidam "e o povo diz: 'Como vamos dialogar com os
responsáveis pelos massacres?'"
Morales afirmou que após as
recentes mortes em confrontos com forças de segurança, quem pede diálogo
"pode ser declarado um traidor". "Agora, após esse massacre, os
que estão mobilizados não querem mais diálogo. Primeiro descartam um novo
governo e depois veem como reconstruir o Estado." Durante o domingo ele
entrou em contato com seus apoiadores em La Paz, Cochabamba e El Alto, entre
outras cidades.
Segundo o governo interino da
Bolívia, as manifestações violentas pelo país estariam arrefecendo: o número de
focos de distúrbio "caiu pela metade", afirmou o ministro do
Interior, Arturo Murillo. Grupos de agricultores próximos a Morales continuam
exigindo a renúncia da governante provisória, Jeanine Áñez.
Desde as eleições de 20 de
outubro, a Bolívia vive uma grave crise, com pelo menos 20 mortos e mais de 500
feridos em confrontos entre apoiadores e opositores de Morales.
Há uma semana, o ex-presidente
anunciou a repetição das eleições presidenciais depois de a Organização dos
Estados Americanos (OEA) ter encontrado diversas irregularidades no pleito
anterior, em que ele fora reeleito para um quarto mandato.
No entanto, pouco depois,
seguindo conselhos da Polícia e das Forças Armadas, Evo Morales renunciou à
presidência depois de quase 14 anos no poder. O governo do México declarou ter
lhe oferecido asilo para proteger sua vida.
Deutsche Welle | AV/efe,afp
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