domingo, 15 de dezembro de 2019

A longa história do apoio do New York Times a golpes promovidos pelos EUA

A primeira página do New York Times em 12 de setembro de 1973. Foto | @OnThisDayNYT

O New York Times é um exemplo emblemático do papel dos grandes media na ofensiva do imperialismo norte-americano contra os povos. Este artigo apresenta um breve historial desse contributo ao longo das últimas seis décadas. O padrão é de tal forma sistemático que os termos usados para justificar o golpe de 1953 no Irão são no essencial os mesmos para justificar o recente golpe na Bolívia.

O presidente boliviano Evo Morales foi deposto num golpe de Estado apoiado pelos EUA no início deste mês, depois de generais do exército boliviano apareceram na televisão exigindo a sua renúncia. Enquanto Morales fugia para o México, o exército nomeou a senadora de direita Jeanine Añez como sua sucessora. Añez, uma conservadora cristã que tem descrito a maioria indígena da Bolívia como "satânica", chegou ao palácio presidencial segurando uma enorme Bíblia, declarando que a Cristandade estava de regresso ao governo. Anunciou de imediato que iria "tomar todas as medidas necessárias" para "pacificar" a resistência indígena à sua tomada do poder.

Isso incluiu pré-exonerar os notórios serviços de segurança do país de todos os crimes futuros no seu "restabelecimento da ordem", levando a massacres de dezenas de pessoas na maioria indígenas.

O New York Times, o jornal mais influente dos Estados Unidos, aplaudiu imediatamente os eventos, com o seu conselho editorial recusando-se a usar a palavra "golpe" para descrever o derrubamento, alegando em vez disso que Morales havia "renunciado", deixando um "vácuo de poder" que Añez fora forçada a preencher. O Times apresentou o presidente deposto como um “arrogante” e “cada vez mais autocrático” tirano populista “abusando descaradamente” do poder, “preenchendo” o Supremo Tribunal com partidários seus, “esmagando qualquer instituição” no seu caminho e presidindo um “altamente duvidoso” processo eleitoral.

Isto, para os bolivianos de espírito democrático, foi "a gota d'água" e forçá-lo a sair "tornou-se a única opção restante", exaltou o Times. Expressou alívio por agora o país estar nas mãos de "líderes mais responsáveis" e declarou enfaticamente que toda a situação era culpa dele; "Não resta dúvida de quem foi o responsável pelo caos: Evo Morales, presidente que recentemente renunciou", afirmou o conselho editorial no primeiro parágrafo de um artigo.

O Times, de acordo com o professor Ian Hudson, da Universidade de Manitoba, co-autor de "Gatekeeper: 60 Years of Economics According to the New York Times", continua sendo o mais influente veículo de notícias dos EUA na formação da opinião pública.

“Apesar da mudança no cenário dos media e dos problemas financeiros dos modelos de jornalismo da velha escola - incluindo o New York Times -, continua a ser quem marca a agenda. Os media sociais frequentemente usam ou respondem às histórias do Times. Ainda é provavelmente o veículo de notícias mais referenciado nos EUA. Outros sites, como Yahoo, obtêm mais acessos, mas não fazem reportagem ou criam as suas próprias histórias. O New York Times ainda é tido como a principal organização de notícias de investigação e formação de opinião ”, disse ao MintPress News.

O primeiro rascunho da história

As redacções nos Estados Unidos recebem com antecipação cópias da primeira página do Times, para que saibam o que são "notícias importantes" e ajustem a sua própria cobertura de acordo com isso. Dessa maneira a sua influência vai muito para além dos seus quase 5 milhões de assinantes, e a sua produção torna-se o primeiro rascunho da história. No entanto, quando se trata de intervenção dos EUA, o Times oferece o seu "apoio consistente" às acções norte-americanas em todo o mundo, diz Hudson, alegando que o mais recente exemplo da Bolívia "seguiu muito essa tendência". De facto, raramente houve uma acção de mudança de regime que o jornal não tenha totalmente endossado, incluindo os seis exemplos seguintes.

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