A primeira página do New York
Times em 12 de setembro de 1973. Foto | @OnThisDayNYT
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O New York Times é um exemplo
emblemático do papel dos grandes media na ofensiva do imperialismo
norte-americano contra os povos. Este artigo apresenta um breve historial desse
contributo ao longo das últimas seis décadas. O padrão é de tal forma sistemático
que os termos usados para justificar o golpe de 1953 no Irão são no essencial
os mesmos para justificar o recente golpe na Bolívia.
O presidente boliviano Evo
Morales foi deposto num golpe de Estado apoiado pelos EUA no início deste mês,
depois de generais do exército boliviano apareceram na televisão exigindo a sua
renúncia. Enquanto Morales fugia para o México, o exército nomeou a senadora de
direita Jeanine Añez como sua sucessora. Añez, uma conservadora cristã que tem
descrito a maioria indígena da Bolívia como "satânica", chegou ao
palácio presidencial segurando uma enorme Bíblia, declarando que a Cristandade
estava de regresso ao governo. Anunciou de imediato que iria "tomar todas
as medidas necessárias" para "pacificar" a resistência indígena
à sua tomada do poder.
Isso incluiu pré-exonerar os
notórios serviços de segurança do país de todos os crimes futuros no seu
"restabelecimento da ordem", levando a massacres de dezenas de
pessoas na maioria indígenas.
O New York Times, o jornal mais
influente dos Estados Unidos, aplaudiu imediatamente os eventos, com o seu
conselho editorial recusando-se a usar a palavra "golpe" para
descrever o derrubamento, alegando em vez disso que Morales havia "renunciado",
deixando um "vácuo de poder" que Añez fora forçada a preencher. O
Times apresentou o presidente deposto como um “arrogante” e “cada vez mais
autocrático” tirano populista “abusando descaradamente” do poder, “preenchendo”
o Supremo Tribunal com partidários seus, “esmagando qualquer instituição” no
seu caminho e presidindo um “altamente duvidoso” processo eleitoral.
Isto, para os bolivianos de
espírito democrático, foi "a gota d'água" e forçá-lo a sair
"tornou-se a única opção restante", exaltou o Times. Expressou alívio
por agora o país estar nas mãos de "líderes mais responsáveis" e
declarou enfaticamente que toda a situação era culpa dele; "Não resta
dúvida de quem foi o responsável pelo caos: Evo Morales, presidente que
recentemente renunciou", afirmou o conselho editorial no primeiro
parágrafo de um artigo.
O Times, de acordo com o
professor Ian Hudson, da Universidade de Manitoba, co-autor de
"Gatekeeper: 60 Years of Economics According to the New York Times",
continua sendo o mais influente veículo de notícias dos EUA na formação da
opinião pública.
“Apesar da mudança no cenário dos
media e dos problemas financeiros dos modelos de jornalismo da velha escola -
incluindo o New York Times -, continua a ser quem marca a agenda. Os media
sociais frequentemente usam ou respondem às histórias do Times. Ainda é provavelmente
o veículo de notícias mais referenciado nos EUA. Outros sites, como Yahoo,
obtêm mais acessos, mas não fazem reportagem ou criam as suas próprias
histórias. O New York Times ainda é tido como a principal organização de
notícias de investigação e formação de opinião ”, disse ao MintPress News.
O primeiro rascunho da história
As redacções nos Estados Unidos
recebem com antecipação cópias da primeira página do Times, para que saibam o
que são "notícias importantes" e ajustem a sua própria cobertura de
acordo com isso. Dessa maneira a sua influência vai muito para além dos seus
quase 5 milhões de assinantes, e a sua produção torna-se o primeiro rascunho da
história. No entanto, quando se trata de intervenção dos EUA, o Times oferece o
seu "apoio consistente" às acções norte-americanas em todo o mundo,
diz Hudson, alegando que o mais recente exemplo da Bolívia "seguiu muito
essa tendência". De facto, raramente houve uma acção de mudança de regime
que o jornal não tenha totalmente endossado, incluindo os seis exemplos seguintes.
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