O Presidente chinês reiterou
ontem o seu apoio à Chefe do Executivo de Hong Kong, apesar de assumir que a
região semiautónoma enfrenta o ano “mais sombrio e complexo” desde a
transferência da soberania para a China.
Xi Jinping elogiou Carrie Lam por
respeitar a fórmula “Um País, Dois Sistemas” e pela sua “coragem e compromisso”
durante um “período excepcional” para Hong Kong.
Lam reuniu em Pequim com Xi
Jinping e o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, na sua primeira visita à
capital chinesa desde que os candidatos pró-democracia venceram as eleições
para os conselhos distritais em Hong Kong, no mês passado, reflectindo o
descontentamento popular com a sua governação e o amplo apoio aos protestos que
há seis meses abalam o território.
Hong Kong foi “assombrada pela
agitação social”, disse Lam, após os encontros, em conferência de imprensa,
acrescentando que os líderes chineses consideraram que a situação actual “não
tem precedentes”.
“Dada a gravidade da situação e
as dificuldades que enfrentamos, posso dizer que os líderes apreciam plenamente
os esforços necessários”, disse. “Mas sabemos que o nosso trabalho para impedir
a violência não terminou. Ainda não estamos fora da crise”, assumiu.
FÚRIAS E REJEIÇÕES
A região é desde Junho palco de
manifestações, iniciadas por um projecto de lei que permitiria extraditar
criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental,
e, entretanto, retirado, mas que se transformou num movimento que exige
reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no
território.
Os protestos têm assumido
contornos cada vez mais violentos, com actos de vandalismo e confrontos com as
forças de segurança.
Na noite de domingo,
manifestantes atiraram tijolos contra a polícia, que respondeu com disparos de
gás lacrimogéneo. Segundo as autoridades, os manifestantes incendiaram
barricadas, bloquearam estradas e partiram semáforos com martelos.
A violência e os confrontos em
vários centros comerciais da região, no domingo, onde a polícia usou ainda gás
pimenta e fez várias detenções, terminaram uma pausa de duas semanas nos
confrontos entre polícia e manifestantes.
Os manifestantes acusam a polícia
de brutalidade policial e exigem um inquérito independente à sua atuação.
Lam voltou ontem a rejeitar aquela exigência fundamental do movimento. Um conselho de supervisão sob a actuação da polícia que está a investigar a actuação das forças de segurança deve ter “espaço e tempo” para concluir o seu relatório no início do próximo ano, defendeu.
Um grupo de especialistas internacionais
abandonou o conselho, na semana passada, devido às preocupações de que o órgão
carece de capacidade e independência. O conselho não tem poderes para solicitar
documentos ou convocar testemunhas.
Hoje Macau | Imagem: AP Photo/Schiefelbein
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