O chefe da diplomacia do
Luxemburgo pediu hoje aos seus homólogos da União Europeia um debate sobre o
reconhecimento da Palestina para ajudar, segundo ele, a salvar a solução de
dois Estados que os colonatos israelitas ameaçam.
"Assistimos, dia após dia,
ao desmantelamento da solução de dois Estados, peça por peça. A viabilidade
dessa solução é corroída pelas atividades de colonização, as
demolições, os confiscos e os deslocamentos forçados, todos ilegais
face ao direito internacional, em particular a quarta Convenção de
Genebra", lamentou Jean Asselborn num correio eletrónico dirigido
ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, ao qual a agência
France-Presse teve acesso.
A solução de dois Estados -- o de
Israel e a criação de um Estado da Palestina, que viveriam lado a lado - é
aceite por grande parte da comunidade internacional como uma hipótese de
solução para o conflito israelo-palestiniano.
"Um modo de ajudar a salvar
esta solução seria criar uma situação mais equitativa para os dois
lados. Neste sentido, penso que é tempo de iniciar um debate no seio da União
Europeia (UE) sobre a conveniência de um reconhecimento do Estado da Palestina
por todos os seus Estados membros", defende.
Asselborn fez chegar hoje
uma cópia daquela carta a cada um dos seus homólogos da UE durante uma reunião
em Bruxelas e pediu a Josep Borrell para organizar o debate
"no quadro de uma próxima reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da
União Europeia".
"O reconhecimento da
Palestina enquanto Estado não seria nem um favor, nem um cheque em branco, mas
um simples reconhecimento do direito do povo palestiniano ao seu próprio
Estado", assinala.
"Não seria em qualquer caso
dirigido contra Israel. De facto, se queremos contribuir para resolver o
conflito entre Israel e a Palestina nunca devemos perder de vista as condições
de segurança de Israel, bem como a justiça e a dignidade do povo
palestiniano", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros luxemburguês.
A criação de dois Estados -- um
judeu e um árabe - na região da Palestina foi aprovada pelas Nações
Unidas em 1947. Em maio do ano seguinte, Israel declara a sua
independência e um dia depois é invadido por cinco exércitos árabes, que
não aceitam o novo país.
Os palestinianos designam de Nakba (catástrofe),
o período posterior ao da criação do Estado hebraico, quando cerca de 700.000
mil fugiram ou foram expulsos das suas casas devido à guerra israelo-árabe,
até março de 1949.
Notícias ao Minuto | Lusa, em 09.12.19
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