O primeiro-ministro israelita
reúne-se esta quinta-feira com António Costa, depois do encontro de quarta-feira em Lisboa com Mike Pompeo. As relações entre Portugal e Israel vão
ficar reforçadas com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa àquele país no próximo
ano.
Cooperação tecnológica na área da
cibersegurança, colaboração no combate ao terrorismo e nas áreas científica e
académica, serão pontos na agenda do encontro, esta quinta-feira, entre os
primeiros-ministros israelita e português - soube o DN junto a fontes
diplomáticas.
"As relações comerciais
entre os dois países nunca estiveram tão boas", sublinha João Rebelo,
ex-presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Israel. "E do ponto
de vista político e diplomático terão o seu ponto alto com a visita do
Presidente da República a Israel, em janeiro, no âmbito do dia de memória do
holocausto", assinala ainda. Será a primeira visita a Israel de um chefe
de Estado, desde que Mário Soares ali se deslocou em 1994, que coincidiu com o
assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin.
Fonte de Belém confirmou que a
visita está "prevista", bem como fonte diplomática israelita.
A lutar pela sobrevivência
política, Benjamin Netanyahu - que ainda não conseguiu formar governo desde as
eleições de setembro e está acusado de corrupção - aproveitou a sua vinda a
Lisboa, cujo objetivo principal foi encontrar-se com o secretário de Estado
norte-americano, Mike Pompeo, para também procurar apoio do governo português
na sua 'guerra' contra o Irão.
A 'cruzada' contra o Irão
Da parte do gabinete da António
Costa apenas foi revelado que na reunião, prevista para a tarde desta
quinta-feira na residência oficial de S. Bento, seriam apenas as relações
bilaterais o tema de discussão. No entanto, fontes diplomáticas que
acompanharam a preparação do encontro garantiram que a agenda tem também
questões 'quentes' do palco internacional, como é o caso das sanções ao Irão
por causa do programa nuclear deste país, que Israel considera uma ameaça à paz
do médio oriente.
Segundo a imprensa israelita, Costa
assinalará a Netanyahu que o nosso país é, desde esta quarta-feira, membro
integral da International
Holocaust Remembrance Alliance (IHRA), fundada em 1998 pelo
ex-primeiro-ministro sueco, Goran Persson. Reúne já 48 países - na Europa só faltava Portugal - e é um fórum político de alto
nível para a memória, educação e prevenção de antissemitismo. A definição
de antissemitismo da IHRA, considera que são comportamentos antissemitas alegar
que Israel tem atitudes racistas, comparando-o à Alemanha nazi, ou acusar
cidadãos judeus de serem mais leais a Israel do que aos seus próprios países.
Ao que o DN apurou, está previsto
que esta reunião tenha a duração de uma hora. Benjamin Netanyahu será
acompanhado por uma comitiva de quatro pessoas, com destaque para Meir
Ben-Shabat, o todo-poderoso chefe máximo do Conselho Nacional de Segurança
israelita, uma estrutura que coordena, monitoriza e analisa para o
primeiro-ministro todas as questões de segurança que envolvem o país.
Além de Ben-Shabat, está previsto
que a comitiva israelita integre também os conselheiros militar e diplomático,
bem como o embaixador de Israel em Portugal, Raphael Gamzou. Do lado português,
António Costa será acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto
Santos Silva, pelo seu chefe de gabinete, Francisco André, e pelo assessor diplomático
Francisco Duarte Lopes.
MNE em silêncio
No encontro com Pompeo esta
tarde, o Irão e o apoio dos EUA a Israel foram o foco do encontro, segundo
admitiu o próprio Benjamin Netanyahu à saída de Telavive para Portugal.
"No domingo falei com o presidente (norte-americano Donald) Trump. A
conversa centrou-se principalmente no Irão. A continuação desta conversa com o
secretário de Estado (Mike) Pompeo focar-se-á principalmente no Irão e em duas
outras questões: a aliança defensiva com os EUA, que eu gostaria de
desenvolver, e o futuro reconhecimento norte-americano da aplicação da
soberania israelita no vale do Jordão. Estas são questões muito
importantes", declarou o primeiro-ministro israelita em funções aos
jornalistas no aeroporto Ben Gurion, segundo extratos divulgados pela sua
assessoria de imprensa.
O primeiro-ministro israelita
disse que se encontraria em Lisboa com António Costa, mas que o seu
"principal objetivo" era "em primeiro lugar" encontrar-se
"com o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo". Este é
o primeiro encontro entre os dois responsáveis desde que a administração de
Donald Trump anunciou, em meados de novembro, que os EUA deixam de considerar
os colonatos israelitas na Cisjordânia contrários ao direito internacional,
contrariando uma posição defendida pelo Departamento de Estado desde 1978.
Valentina Marcelino
| Diário de Notícias
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