Paula Ferreira | Jornal
de Notícias | opinião
Era hora do Governo dar um sinal
claro e inequívoco de que a Saúde é uma prioridade. Não, o aumento de 800
milhões no orçamento do setor em 2020, em relação ao ano passado, não confirma
esse sinal.
O Serviço Nacional de Saúde, sem
dúvida, carece de uma injeção de verbas, e não será aquele aumento a resolver
um problema crónico, agravado quase ao limite durante os anos em que o País
esteve sob intervenção da troika.
Por muitos milhões encaminhados
para o Serviço Nacional de Saúde, o problema ficará incompletamente resolvido.
O sistema, antes de mais, precisa de uma estratégia clarificadora. O Governo
não pode ir respondendo de forma casuística, de acordo com cada crise, e deixar
na linha de tiro a ministra da Saúde: um certo setor da sociedade portuguesa
resolveu colocar-lhe a etiqueta de incompetente. Marta Temido não me parece
incompetente, parece-me, isso sim, sozinha a lutar contra uma série de
interesses, muitos dos quais corporativos - usando argumentos que, tantas vezes
repetidos, se tornam impossíveis de desmentir.
Sou defensora do Serviço Nacional
de Saúde, a ele recorro quando estou doente, é lá que levo os meus filhos e
parto sempre com o sentimento de que tudo correrá bem. Nunca correu mal. A má experiência
tive-a, precisamente, num hospital privado e nem sequer foi grave, apenas
anedótica, mas retrata como tudo aquilo funciona. Consultei um neurocirurgião
de renome para colher uma segunda opinião, sobre à necessidade de uma
intervenção cirúrgica. Fui examinada e o médico em causa marcou exames
complementares. No final da consulta, pedi-lhe para observar uma outra parte do
meu corpo, relativamente à qual levava comigo um exame. Apenas lhe pedi para
ver o exame, como me tinha aconselhado a minha médica de família. Resposta:
"Não quer que a veja toda hoje! A asa (o problema era no ombro) tem que
ficar para a próxima". Para quê cobrar uma consulta se posso cobrar duas?
*Editora-executiva-adjunta
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