O Governo considerou hoje
"inaceitável" que a TAP, empresa que "tem 100 milhões de euros
de prejuízos" em 2019, atribua prémios a uma minoria de trabalhadores,
ressalvando que a decisão não é da administração, mas da gestão privada.
"É uma falta de respeito
para com a esmagadora maioria dos trabalhadores da TAP e para com os
portugueses", avançou o ministro das Infraestruturas e da
Habitação, Pedro Nuno Santos, em resposta ao deputado do PS Hugo Costa que
questionou se é moralmente aceitável a atribuição de prémios na TAP, face aos
prejuízos da empresa.
Numa audição parlamentar na
Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, o ministro disse
que os prejuízos na TAP são "uma matéria que preocupa" o Governo,
defendendo que o processo de reversão da privatização da companhia
aérea de bandeira portuguesa foi "importante", mas o histórico da
empresa "se deve contar pelos dedos de uma mão os anos em que não deu
prejuízo".
O processo de reversão da privatização da
TAP, em 2015, manteve o caráter privado da gestão em 100%, sublinhou
o governante, explicando que a reversão garante que o Governo tenha uma palavra
decidida na estratégia da empresa, mas não na gestão.
"No Conselho de
Administração, a maioria é o do Estado. Na gestão, é 100% privada",
reforçou Pedro Nuno Santos, referindo que a decisão de atribuição de prémios
aos trabalhadores "é uma questão da gestão".
"Foi dito à TAP que não
permitiremos a atribuição de prémios", avançou o ministro, reforçando que
tal é uma falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores,
num universo de 10 mil trabalhadores, recompensas para uma minoria de
trabalhadores.
Sobre os prémios atribuídos no
passado quando a empresa também dava prejuízos, o governante indicou que esses
foram atribuídos à generalidade dos trabalhadores e não a uma minoria.
Segundo o jornal 'online' Eco, a
TAP voltou a registar prejuízos acima de 100 milhões de euros em 2019, próximos
dos 118 milhões de 2018, resultados que vão ser divulgados na quinta-feira.
Nos primeiros nove meses do ano
passado, a TAP registou prejuízos acumulados de 111 milhões de euros que
atribui a "variações cambiais sem impacto na tesouraria", de acordo
com um comunicado divulgado em novembro.
"A TAP S.A. apurou um
prejuízo acumulado, nos primeiros nove meses do ano, de 111 milhões
essencialmente devido a variações cambiais sem impacto na tesouraria. Excluindo
esta variação cambial, o lucro líquido consolidado do grupo TAP, no terceiro
trimestre de 2019, foi de 61 milhões de euros positivos, compensando em mais
50% o prejuízo gerado no primeiro semestre de 2019", avançou a companhia,
nessa altura.
A empresa tinha registado quase
120 milhões de euros em prejuízos nos primeiros seis meses de 2019.
Notícias ao Minuto | Lusa (ontem)
| Imagem: © Lusa
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