Andreia Sofia Silva | Hoje Macau
| opinião
É triste ouvir, por estes dias,
em Portugal, as maiores barbaridades sobre o novo coronavírus e os hábitos
alimentares dos chineses. Há quem pense que, por entrar numa “loja de chineses”
e experimentar roupas e sapatos que fica infectado com o Covid-19.
Por toda a parte se ouve “ai, eu
agora entrar nos chineses, nem pensar! Ainda me pegam o vírus”. E quando
tentamos explicar como o vírus se transmite, ignoram-nos e duvidam do que
dizemos. É gritante a desinformação e a falta de interesse em saber a verdadeira
origem deste problema. Os portugueses também estão a deixar de ir a
restaurantes chineses por pensarem que, por comer o crepe chinês ou o arroz
chau chau (a falsa comida chinesa, como todos sabemos) ficam infectados.
E no campo dos hábitos
alimentares, recordo-me das palavras que o artista José Drummond, a residir em
Xangai, escreveu na sua página de Facebook. Nós, portugueses, comemos rins e
coração de porco como petisco a acompanhar uma cerveja, lampreia, tripas à moda
do Porto, pés de porco de coentrada e pratos onde usamos o sangue do porco
acabado de matar. Eu não como, porque sempre odiei.
Ok, não comemos cobras, morcegos
ou pangolins porque não faz parte dos nossos hábitos europeus. Devemos
pensar em nós, primeiro, antes de criticarmos o outro só porque é para nós um
corpo estranho e vive a milhares de quilómetros. A comunidade chinesa em
Portugal e no mundo necessita, por estes dias, de muita solidariedade e apoio
face à discriminação de que é alvo.
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