Um grupo de jovens chineses,
residentes em Portugal há vários anos, pediu ao realizador Carlos Fraga para
fazer um vídeo com o objectivo de combater a discriminação de que a comunidade
chinesa em Portugal está a ser vítima devido ao surto do novo coronavírus.
O filme passa-se na zona do
Chiado, em Lisboa, onde o grupo de jovens, com máscaras, enverga cartazes que
apelam à não discriminação. No final, vários transeuntes dão abraços e apertos
de mão, solidários com a acção.
Ao HM, Carlos Fraga diz que
resolveu dar o seu contributo a esta causa por conhecer de perto vários casos
de discriminação. “Falo principalmente de discriminação no trabalho. Alguns
estão dispensados do trabalho durante dois ou três meses, quando são pessoas
que nasceram cá ou que vivem cá há vários anos. Não há explicação. Não vieram
da China, nem estão cá temporariamente. São diversos os empregos que têm, mas
trabalham por conta de outrem. Os que têm negócios próprios, como lojas ou
restaurantes, também se estão a ressentir seriamente.”
COM FÉRIAS E SEM TRABALHO
Anting Xiang, uma das promotoras
do vídeo, vive em Portugal há vários anos e trabalha numa loja de uma conhecida
marca de alta costura na Avenida da Liberdade há cinco anos. Apesar de não ter
viajado para a China recentemente, os chefes pediram-lhe para tirar férias
durante dois meses assim que começou a crise do coronavírus. Anting acabou por
tirar apenas um mês de férias.
“Ligaram-me a dizer que podia
tirar as férias todas naquele momento. Mas tenho uma amiga que tem uma filha na
escola e os colegas não querem aproximar-se dela, dizem-lhe coisas más. Os
colegas não se querem aproximar no recreio. Por isso quis fazer este vídeo para
dizer às pessoas de todo o mundo para nos dar apoio e para dizer que não somos
um vírus”, disse ao HM.
A jovem assegura que as lojas na
Avenida da Liberdade se ressentiram muito com a falta de turistas chineses. Já
Lucas Borges, um colega de trabalho brasileiro, diz ter assistido a muitas
cenas na loja, em que clientes estrangeiros evitaram aproximar-se de clientes
chineses.
Xu Ye, com 23 anos, também
participa no vídeo e viu-se obrigado a deixar de trabalhar temporariamente como
agente de viagens. Daniela Yin, trabalhadora num escritório de contabilidade,
não foi vítima de discriminação, pois o patrão é chinês. Mas a jovem deseja que
o racismo não estrague a boa relação que portugueses sempre tiveram com
chineses. “A relação entre a China e Portugal é muito boa e vai desenvolver-se”,
adiantou ao HM.
Andreia Sofia Silva | Hoje Macau
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