Manlio Dinucci | Global Research, Abril 07,
2020
Os 30 Ministros dos Negócios
Estrangeiros da NATO (Luigi Di Maio, em representação da Itália), que se
reuniram, em 2 de Abril, por videoconferência (1)
encarregaram o General norte-americano Tod Wolters, Comandante Supremo Aliado
na Europa, de “coordenar o apoio militar necessário para combater a crise do
coronavírus”.
É o mesmo general que, no Senado
dos Estados Unidos, em 25 de Fevereiro passado, declarou que “as forças
nucleares apoiam todas as operações militares USA, na Europa” e que ele é “um
defensor de uma política flexível do primeiro uso” de armas nucleares, ou seja
do, ataque nuclear de surpresa. (2)
(“ O Doutor Strangelove cuida da nossa saúde”, il manifesto, 24 de Março).
(3)
O General Wolters é o Comandante
Supremo da NATO, na qualidade de Chefe do Comando Europeu dos Estados Unidos,
portanto, faz parte da cadeia de comando do Pentágono, que tem prioridade
absoluta. Quais são as suas regras rígidas, confirma-o um episódio recente: o
Capitão do porta-aviões Roosevelt, Brett Crozier, foi afastado do comando
porque, perante a propagação do coronavírus a bordo, violou o segredo militar
ao solicitar o envio de ajuda. (4)
Para “combater a crise do
coronavírus”, o General Wolters tem “corredores preferenciais para vôos
militares através do espaço aéreo europeu”, onde os vôos civis quase
desapareceram. Os corredores preferenciais também são usados pelos bombardeiros
americanos do ataque nuclear B2-Spirit: em 20 de Março, descolaram de Fairford,
em Inglaterra, juntamente com caças noruegueses F-16, rumo ao Árctico, em
direcção ao território russo (5). Deste
modo – explica o General Basham, da Força Aérea dos EUA na Europa – “podemos
responder, rápida e eficazmente, às ameaças na região, demonstrando a nossa
determinação em levar o nosso poder de combate para qualquer lugar do mundo”. (6)
Enquanto a NATO está comprometida
em “combater o coronavírus” na Europa, dois dos principais aliados europeus, a
França e a Grã-Bretanha, enviam os seus navios de guerra para as Caraíbas. O
navio de ataque anfíbio Dixmund partiu de Toulon para a Guiana Francesa, em 3
de Abril, para o que o Presidente Macron define como “uma operação militar sem
precedentes”, denominada «Resiliência» no
contexto da «guerra ao coronavírus». (7)
O Dixmund pode desempenhar a função secundária de navio hospitalar com 69
camas, 7 das quais para terapia intensiva. O papel principal deste navio
enorme, de 200 m de comprimento e com uma ponte de voo de 5000 m2, é o de
ataque anfíbio: ao aproximar-se da costa inimiga, ataca com dezenas de
helicópteros e meios de desembarque que transportam tropas e veículos
blindados. Características semelhantes, embora em menor escala, tem o navio
britânico RFA Argus, que zarpou, em 2 de Abril, para a Guiana Britânica (8)
Os dois navios europeus
posicionar-se-ão, nas mesmas águas das Caraíbas, perto da Venezuela, onde está
a chegar a frota de guerra – com os mais modernos navios de combate costeiro
(construídos, também, pela Leonardo italiana, para a Marinha dos EUA) e
milhares de fuzileiros navais – enviados oficialmente pelo Presidente Trump
para impedir o tráfico de drogas. Ele acusa o Presidente da Venezuela, Nicolas
Maduro, “de se aproveitar da crise do coronavírus para aumentar o narcotráfico
com o qual ele financia o seu narco-Estado”. (9)
O objectivo da operação, apoiada
pela NATO, é fortalecer o aperto do embargo para estrangular economicamente a
Venezuela (um país com as maiores reservas de petróleo do mundo), cuja situação
é agravada pelo coronavírus que começou a espalhar-se. O objectivo é depor o
Presidente Maduro, eleito regularmente (sobre cuja cabeça os USA colocaram uma
recompensa de 15 milhões de dólares) (10) e
instaurar um governo que conduza o país para a esfera de domínio USA. Não se
pode excluir que possa ser provocado um incidente que sirva de pretexto para a
invasão da Venezuela.
A crise do coronavírus cria
condições internacionais favoráveis a uma operação deste tipo, talvez
apresentada como “humanitária”.
Manlio Dinuci
The original source of this
article is ilmanifesto.it
Copyright © Manlio Dinucci, ilmanifesto.it, 2020
Artigo original em italiano:
il
manifesto, 7 de Abril de 2020
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
Notas:
(9)https://nypost.com/2020/04/02/us-to-deploy-navy-near-venezuela-to-stop-drug-trade
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