Ao quinto dia do estado de
emergência em Cabo Verde, as ruas estão vazias e o comércio ressente-se.
Polícia admite que pré-reformados poderão reforçar a fiscalização das regras de
prevenção da Covid-19.
Ao meio-dia, o bairro da Achada
de Santo António, o mais populoso da capital cabo-verdiana está praticamente
vazio. Nas ruas circulam só as viaturas autorizadas ou de uma ou outra pessoa
que pretende fazer compras rápidas nos supermercados ou farmácias.
O país cumpre o quinto dos 20
dias de emergência nacional. A recomendação é que todos fiquem em casa.
Poucos clientes
Os lavadores de carros estão
duplamente preocupados: com a doença e com o seu ganha-pão. "Hoje ainda
não lavei sequer um carro", desabafa um deles. "O lugar está parado,
não há nenhum carro. Estes dias têm sido vir, sentar e regressar a casa."
Explica que dantes, num dia,
fazia 2.500 a 3.000 escudos (cerca de 25 a 30 euros). "Mas ultimamente a
situação piorou, está mesmo muito mal". Agora faz apenas 800 escudos
(cerca de 8 euros).
Nas estradas, há poucos táxis a
circular. Mesmo os que se aventuram têm poucos clientes.
Um taxista conta que há poucos
passageiros, "as pessoas não estão a sair". A meio do dia ainda só
tinha feito cerca 1.000 escudos (10 euros). "Antes desta crise fazia diariamente
8.000 escudos (80 euros), mas agora se conseguir 4.000 (40 euros) já me dou por
satisfeito", afirma.
Setor alimentar em queda
Com os cabo-verdianos em casa, as
peixeiras deambulam pelos bairros, mas a venda está fraca. "Ainda não
vendi nada", conta uma peixeira que traz garoupa, bica e salmão mas que
não encontra ninguém a quem vender.
Os restaurantes estão vazios -
podem funcionar até às 21 horas, mas só para fazer entrega ao domicílio.
Num restaurante a funcionar
"mais para entrega do que outra coisa", as entregas são poucas.
"Está todo o mundo em quarentena e assim sendo as pessoas fazem as suas
compras e cozinham em casa".
Infeções dentro e fora de
Cabo Verde
Cabo Verde regista até ao momento
seis casos do Covid-19 e um óbito. Portugal anunciou no início da semana que
importou quatro casos do novo coronavírus de Cabo Verde.
O Diretor Nacional da Saúde,
Artur Correia, pediu esclarecimentos às autoridades portuguesas, mas ainda não
obteve uma resposta. "Esta é uma questão que me está a angustiar também.
Todos os dias enviamos e-mails e falamos por telefone, e estamos à
espera."
"Daqui a pouco começo a
duvidar se são casos importados de Cabo Verde", diz.
Pré-reformados no reforço da
fiscalização
Em entrevista à Rádio de Cabo
Verde, o Diretor Nacional da Polícia Nacional, Emanuel Estaline Moreno, admitiu
que poderá recorrer aos pré-reformados para reforçar a fiscalização e o
cumprimento do estado de Emergência, se a situação piorar.
Existe um despacho nesse sentido
em "stand-by" pronto a ser aplicado "conforme for a evolução da
situação", referiu Moreno. "Assim saberemos também ajustar o nosso
plano operacional de forma a poder dar respostas à situação atual."
Nélio dos Santos (Praia) |
Deutsche Welle
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