quarta-feira, 1 de abril de 2020

Mais um máximo de 864 mortos em Espanha nas últimas 24 horas


Já morreram mais de 9000 pessoas

Pelo segundo dia consecutivo é batido o recorde diário de mortos. O total de mortes em Espanha por covid-19 é agora de 9053. Os casos superam os 100 mil com 102.136 registados, 7.719 nas últimas 24 horas.

Espanha registou mais 864 mortes nas últimas 24 horas o que faz elevar o total de vítimas mortais por covid-19 para 9053, de acordo com as autoridades de saúde espanholas. São já mais de 100 mil os casos de infeção pelo novo coronavírus no país - 102.136 no total -, com o último dia a ter mais 7.719, um número inferior ao registado na terça-feira que foi 9222.

Nas unidades de cuidados intensivos estão 5.872 (mais 265 pessoas em relação ao dia anterior) e já foram dadas como curadas 22.647 pessoas, o que representa mais 3388 do que na terça-feira.

As autoridades de saúde têm referido que a situação está a estabilizar, com menos novos casos, o que se confirma hoje, mas sempre admitindo que as mortes vão continuar nos próximos dias. O jornal El País analisa hoje que as mortes por covid-19 dão sinais de desaceleração e que os números de entradas de pessoas nas urgências estão a diminuir, como aponta o Ministério da Saúde espanhol. "O número de mortos agora dobra a cada quatro a cinco dias em vez de a cada dois. A curva está a achatar após duas semanas de confinamento", lê-se no diário espanhol, que é contudo prudente, tendo em conta a tendência de outros países, como a Itália, que levam ao receio de milhares de mortes nesta semana.


Espanha decretou o "estado de emergência" até 11 de abril. As atividades consideradas não essenciais estão paralisadas até fim de semana de Páscoa, a fim de reduzir ainda mais a mobilidade e o risco de infeção, e para tentar evitar o colapso nas unidades de cuidados intensivos quando o pico de contágios chegar.

O executivo liderado por Pedro Sanchez segue sob grande pressão política e procura implementar medidas que tranquilizem a sociedade espanhola. Adianta que irá gradualmente levantar as restrições a partir de 12 de abril, dependendo da situação sanitária, e admitiu "erros", chegando a pedir "desculpas" por não informar a oposição, as regiões autónomas e os agentes sociais antecipadamente das suas decisões. Sanchez precisa de votos no parlamento para aprovar as medidas económicas de fundo. O PP ameaça votar contra e os bascos do PNV - que apoiaram a sua investidura - já disseram que retiravam o seu apoio ao governo.

No combate à crise económica e social entre os cidadãos, o governo espanhol aprovou na terça-feira a concessão de um subsídio extraordinário de desemprego de 440 euros por mês aos trabalhadores temporários cujo contrato tenha terminado durante o "estado de emergência" e não tenham direito a outros apoios. Uma medida com semelhanças à que está a ser aplicada em Portugal.

Este subsídio de desemprego excecional pretende proteger os trabalhadores cujo contrato temporário tenha terminado após a declaração do "estado de emergência" e não tenham direito a outras ajudas ao desemprego, renda mínima, subsídio de inclusão, salário social ou auxílio similar concedido por qualquer administração pública.

Há mais de 50 medidas incluídas no decreto-lei aprovado, que procura reforçar o chamado escudo social contra o coronavírus. O governo aprovou uma dilação de três meses para os pagamentos de crédito ao consumo de pessoas em situação de vulnerabilidade económica, com o apoio a pode ser solicitado pelos trabalhadores independentes cuja atividade tenha sido suspensa devido ao "estado de emergência" ou que tenham registado uma redução significativa no seu nível de rendimentos.

O vice-presidente do executivo Pablo Iglesias disse que também está garantido que "todos os pequenos proprietários irão receber a mensalidade" das casas que tenham alugadas. As novas medidas incluem ainda a suspensão dos despejos de pessoas sem uma habitação alternativa e a prorrogação dos contratos por seis meses.

Mais de 2000 presos em casa

Com os perigos do covid-19, Espanha colocou 2.071 presos a cumprir penas menos graves, em regime aberto. Estão em casa controlados por uma pulseira eletrónica ou por telefone.

Segundo dados obtidos pela agência espanhola Efe, os números das instituições penitenciárias correspondem apenas aos reclusos que se encontravam em Centros de Inserção Social (CIS) ou em Secções Abertas das prisões, ou seja, apenas os já classificados no regime de semiliberdade (terceiro grau).

Além dos 2.071 novos presos a cumprir penas em casa, há 2.690 presos que já se encontravam nesta situação antes da declaração do "estado de emergência", de modo que atualmente há 4.761 presos em casa.

Em 18 de março último, a Secretaria-geral das Instituições Penitenciárias enviou aos presídios dependentes da administração central - todos, exceto os da Catalunha - as medidas adicionais com as novas restrições impostas em relação às visitas.

De acordo com essa instrução, cada comissão de tratamento do estado dos reclusos poderia estudar caso a caso e decidir se o prisioneiro em terceiro grau devia cumprir a sua pena em casa, controlado por uma pulseira telemática ou, se no caso de não haver pulseira, através de chamadas telefónicas aleatórias.

No caso da Catalunha, está instalada a polémica, após o Supremo Tribunal espanhol ter avisado que podia processos por prevaricação aos dirigentes das juntas penitenciárias da Catalunha por estarem a preparar a libertação de mais pessoas condenadas incluindo os nove cidadãos condenados a prisão no caso de tentativa de independência da Catalunha, referidos na comunicação.

Ester Capella, ministra da Justiça da Generalitat da Catalunha, acredita que o Supremo Tribunal ameaçou e coagiu os funcionários que compõem as juntas dos centros penitenciários. "Não podemos tolerar ameaças e coação dos conselhos dos centros penitenciários da Catalunha", disse, acrescentando que agem sempre "de forma independente, com critérios objetivos e sempre levando em consideração o que a lei diz".

Antes o Supremo avisou que se as referidas juntas avançassem com a libertação das pessoas condenadas abordaria cada uma delas e o diretor das prisões "para que o mais rapidamente possível explicassem a base jurídica para essa decisão e identificassem nominalmente os funcionários que apoiaram esse acordo". E acrescentou que "tal faria parte da exigência de responsabilidade criminal pela possível prática de um crime de prevaricação".

Os nove presos condenados por sedição obtiveram antes da pandemia a flexibilidade do segundo grau na aplicação deste artigo, o que lhes permitiu ir trabalhar fora da prisão, cuidar de um membro da família ou realizar trabalhos de voluntariado durante a semana.

David Mandim, com AFP e Lusa | Diário de Notícias

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