Presidente da Câmara acredita
que, nos últimos dias, muita gente de fora entrou no concelho para fintar as
restrições especiais de circulação da Páscoa.
Castro Daire, um dos concelhos do
distrito de Viseu mais afetados pela Covid-19, com 81 casos positivos, poderá
vir a ser o segundo município do país a implementar um cordão sanitário depois
de Ovar.
"Em articulação com as
autoridades de saúde, avaliámos a situação e concordamos que deve ser imposto o
cordão sanitário porque os dados são alarmantes", justifica ao JN o
presidente da Câmara Municipal de Castro Daire, Paulo Almeida.
A medida está a ser equacionada
pela ministra da Saúde, tal como confirmou ontem Graça Freitas, a
diretora-geral da Saúde, durante a habitual conferência de Imprensa de balanço
da pandemia. A decisão terá de ser tomada em Conselho de Ministros.
A maioria dos casos positivos,
65, é de utentes e funcionários de lares, mas também há 16 casos na comunidade.
"Estamos na fase da transmissão comunitária ativa, em que já não sabemos
como se está a dar a transmissão e isso é que é preocupante e faz com que as
medidas restritivas se imponham", justifica o autarca Paulo Almeida.
O cordão sanitário parece ser
agora a única alternativa para travar os movimentos da população. Foi nesse
sentido que Câmara Municipal, bombeiros e GNR fizeram ações de sensibilização,
um trabalho que se revelou inglório, refere o autarca, que acredita que muitos
fintaram a medida de proibição de circular fora do concelho de residência,
entre 9 e 13 de abril.
"Nos últimos dias há um
movimento normal nas ruas, com pessoas de fora, que certamente anteciparam a
vinda antes da entrada em vigor das medidas restritivas de circulação da Páscoa
", afirma o presidente da Autarquia, que chegou a alertar a GNR.
O vírus, acredita, chegou de
França ou da Suíça. "Há três semanas quando chegaram muitos emigrantes
bati-me pela quarentena obrigatória para quem viesse do estrangeiro, bem como
de outras zonas do país. Mas não aconteceu", lamenta Paulo Almeida.
LARES PREOCUPAM
Entre as situações mais
preocupantes está um lar em S. Joaninho , com 38 casos positivos. Já nas
instituições da Santa Casa da Misericórdia, o provedor Rui Samora explica ao JN
que no Lar de São João de Deus foram testados 26 utentes e 25 deram positivo.
"O que deu negativo estava
de quarentena porque tinha regressado do hospital de Viseu", adianta.
No Lar Padre Sebastião Vieira
entre os 33 utentes só um testou positivo. Hoje, vão fazer testes os 49 idosos
do Lar de S. Pedro. Há ainda uma funcionária da Unidade de Cuidados Continuados
que está infetada. Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia, os utentes
contagiados, os que chegam do hospital e os que não têm sintomas estão em
diferentes alas.
Rui Samora também defende a
implementação do cordão sanitário. "Só com uma medida de choque é que a
população parece perceber o que está a acontecer", afirma.
Caso a medida avance, a GNR de
Viseu terá de estabelecer os pontos de controlo. Em alguns sítios ficaram
militares a fazer vigilância 24 horas e noutros pontos serão colocadas
barreiras a impedir a passagem", explicou ao JN Adriano Resende, relações
públicas da GNR de Viseu.
Sandra Ferreira | Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário