Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias
| opinião
O que incomoda tanto em Rui Rio
que está sempre a empurrar Marcelo para a oposição ao líder da oposição? Se Rio
não faz é porque não faz, se faz é porque não devia fazer. E se o líder do PSD
diz qualquer coisa que fique nos ouvidos dos portugueses, lá tem o presidente
que aparecer a comentar.
A atração mais recente diz
respeito à Banca. Rio disse no Parlamento que seria "uma vergonha e uma
ingratidão" se os bancos tivessem lucros avultados este ano e no próximo,
recordando que "a Banca deve muito, mesmo muito a todos os
portugueses" e que se "impõe que agora ajude".
Em crise será difícil que tenham
lucros, mas é sempre melhor avisar para não defenderem ao máximo os acionistas,
preocupando-se ao mínimo com os contribuintes. Na sequência, o que se lembrou
Marcelo de comentar? Que era "muito fácil bater nos bancos".
Os tais bancos que nos levaram
milhares de milhões de euros e que, não tivesse chegado a Covid-19, já iam
distribuir milhões aos acionistas, sem que houvesse levantamento de rancho. Ou
seja, é mais fácil Marcelo bater em Rio do que quem quer que seja bater nos
bancos.
A semana passada foi por causa do
governo de salvação nacional. Depois de Rio ter dito que o assunto não se
colocava nesta altura, lá acabou por dizer que esse governo haverá de aparecer
mais à frente, deixando claro que até pode ser este que já existe.
Ou seja, a característica de ser
de salvação nacional prende-se mais com a situação altamente critica que
vivemos do que com a composição político-partidária desse governo. A
Comunicação Social, viciada em polémicas, entendeu as palavras de Rio como
estando a fazer-se a um lugar, e Marcelo, tão zeloso no comentário, também foi
atrás do diz-que-diz.
Marcelo Rebelo de Sousa arrisca
mesmo perder pau e bola. Sempre muito atencioso com o governo, tentando seduzir
um eleitorado que anda insistentemente à procura de um candidato que não o
obrigue a votar à direita, onde coloca Marcelo. E sempre muito disponível para
deixar órfão uma parte do eleitorado de Direita que, sem eutanásia nem
regionalização, pouco tem para se identificar com o presidente.
*Jornalista
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