Presidente e filho atacam a
separação de poderes em reação às investigações da Justiça
Dizer que o Brasil está à beira
da rutura tornou-se tão habitual nos últimos meses que é legítimo perguntar se
a expressão ainda terá significado. Na quinta-feira, o deputado Eduardo
Bolsonaro, filho do Presidente da República, alertava para uma “rutura institucional”.
“O problema não é mais ‘se’, mas ‘quando’”, afirmou. “Estamos vendo uma
iniciativa atrás da outra para esgarçar essa relação. E depois não se engane.
Quando o Presidente não tiver mais saída e tiver que tomar uma medida enérgica,
ele é que será taxado como ditador.”
“O poder moderador para
restabelecer a harmonia entre os poderes não é o Supremo Tribunal Federal
[STF], são as Forças Armadas”, defendeu o filho que Jair Bolsonaro designa por
“03” . O
progenitor invocou na rede social Twitter uma “intervenção militar pontual” e
partilhou uma entrevista em que um constitucionalista defendia isso ao abrigo
do artigo 142 da Constituição. Esta estipula que as Forças Armadas estão “sob a
autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da pátria,
à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem”. O que não diz, mas pai e filho Bolsonaro parecem inferir, é
que a tropa possa estar acima da Justiça.
MSN, do Expresso (exclusivo) | Manuela Goucha
Soares, Pedro Cordeiro
Imagem: © Evaristo Sá | AFP/Getty
Images | O Presidente Jair Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão
(terceiro e segundo a contar da esq.), numa cerimónia militar em Brasília
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